O Cisne Branco escrita por anonimen_pisate


Capítulo 6
Capítulo 6




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P.O.V – Hellena di Fontana

Não foi muito difícil de inventar uma historia qualquer para me livrar de Blake e Quenn, que ultimamente estavam bem grudadas.

Alec havia me mandado uma mensagem, pedindo para que eu encontrasse-o em um restaurante que ficava em um local mais reservado.

E não é que ele tinha se atrasado? Ele é um vampiro! Não pode se atrasar.

Eu estava sentada em uma mesinha no canto mais afastado do restaurante, esperando a porcaria do vampiro chegar.

-Deseja alguma coisa senhorita? – o garçom perguntou pela terceira vez. Revirei os olhos, eu tinha que pedir alguma coisa logo, se não eu seria expulsa.

-A sei lá, me traz uma água. – falei chateada.

O garçom concordou. Levantei meus olhos em sua direção, e ao fitar seus olhos cor de mel, me lembrei de Harold, e me senti estranhamente mal, e se ele fosse um deles também?

Mas nem tive muito tempo para pensar, ele logo se afastou.

Se Alec demorasse mais cinco minutos, eu iria embora, me decidi. Peguei minha bolsa para tirar uma nota que fosse, mas uma mão pálida e fria segurou meu pulso, me impedindo.

Ergui os olhos, e ele sorriu para mim.

-Está atrasado. – resmunguei.

-Perdono... – falou com seu italiano sedutor. Senti meu coração acelerar. E ele sorriu ouvindo a aceleração da minha pulsação. – Esta tudo bem Hellena? – riu.

-Não. – disse seca. Droga de coração.

Ele se sentou bem na hora que a minha água chegou.

-Deseja algo senhor?

-O mesmo que ela. – falou educado. Assim que o atendente se retirou, ele repetiu a fala de mais cedo. – Pergunte.

Ordenou. Da mesma forma que antes, fiquei desorientada.

-Vocês não brilham na luz do sol. – decidi começar com afirmações. – Não tem olhos vermelhos, podem hipnotizar as pessoas, não estão exatamente mortos, e o veneno de vocês... – deixei que ele completasse.

-O sol não nos faz brilhar nem explodir, só causa certa irritação... – começou a acrescentar detalhes em minhas afirmações. – Nossos olhos são de cores humanas, temos certo controle sobre mentes mais fracas, como humana ou animais. Não, não estou exatamente morto, posso comer a comida humana, meu coração bate, meu sangue corre, o ar entra em meu pulmão, apesar de eu não necessitar tudo isso... – ele citava tudo como um menino citava a lição de casa. – E nosso veneno não surte efeito no organismo de vocês. Precisa da troca de sangue, e precisa morrer.

-Então Channel virou vampira? – eu estava confusa.

-Não, ela foi atingida apenas pelo veneno. Ele possuiu glândulas de endorfina, e quando mordemos vocês elas causam prazer... – parou um pouco. – E mais uma coisa sexual. Como já percebeu, não criamos vampiros sem querer.

Concordei.

-Pode explicar melhor os seus poderes?

-Por nossos sentidos serem extremamente aguçados, preferimos ficarmos acordados à noite. Pelo dia tem muitas cores, muita luz, muitos sons, nos deixa desnorteados. Não precisamos dormir todos os dias, podemos agüentar semanas sem dormir, mas precisamos nos alimentar com mais freqüência quando isso acontece.

Parou quando a água super atrasada chegou.

Bebeu um gole e continuou.

-Mesmo os vampiros mais fracos são capazes de vergar a vontade humana, obrigar os humanos a agir segundo os seus interesses, fazer com que vejam coisas que não são reais, ou esquecer completamente coisas que aconteceram. Podemos virar alguns animais tambem...

-Que animais?

-Na maioria aves de rapina, animais caçadores.

-Tipo lobos e felinos? – sorri excitada.

-Tipo. – concordou.

-Hmm... Como podemos reconhecer um vampiro? Alem de pelos olhos sobrenaturais? – quiquei na cadeira de emoção.

-Digo que é quase impossivel. Nos somos muito adaptaveis. Nos acostumamos rapido com os custumes, culturas, modos de falar, e em questao de pouco tempo, viravos humanos praticamente originarios desse local.

-Isso é perceptivel...

-Claro que somos mais bonitos e palidos do que vocês humanos, mas nos misturamos com facilidade em multidões. Temos a pele mais fria tambem, e nosso batimento cardíaco e mais lento, mas quase passamos despercebidos.

-Vocês são basicamente, vampiros mitologicos. Tipo Conde Dracula sem explosão no sol. Ou talvez da serie The Vampire Diaries. – levei um dedo ao queixo.

-Somos mais parecidos com esses. – ele concordou.

-Mas nesse livro dizia que vocês eram afetados por algumas ervas... E madeira... – disse com certas pausas, com medo de passar por idiota.

-Isso é invenção das bruxas.

-Bruxas?

-Chegou ao ponto. – ele fez uma pausa dramatica. - Existem outras criaturas... “das sombras”... é assim que todos nos auto-denominamos. Milhares de criaturas diferentes por ai; bruxas, magos, demonios, incubos, sucubos...

Se reclinou na cadeira.

-A fala sério... – revirei os olhos esperando que ele risse e dissese que era brincadeira, pelo contrario, sua expresão se fechou e ele ficou com mais sombras a sua volta.  

-Não quer acreditar, problema seu. – cruzou os braços.

-Você não pode surgir do nada e dizer que bruxas e feiticeiros existem. – falei em voz contida e irritada do mesmo modo. – Papai noel e coelhinho da pascoa tambem?

Ele forçou uma respiração pesada.

-Continue. – martelei meus dedos na mesa.

-Vou tentar convence-lá... – murmurou apertando os olhos e segurando a ligação das sobrancelhas como que com dor de cabeça.

Abriu os olhos.

-Nos criaturas das sombras somos organizados por três... Castas. A primeira dos imortais superiores; anjos e demonios, a dos imortais comuns; vampiros, bruxas, magos e dos imortais inferiores; lobisomens, transformos e demonios selvagens.

-Como nosso amiguinho Harold... – murmurei revirando os olhos. – Vem cá, quem dá essa droga de nome para um demonio?

-A alguns anos atras esse nome era bem comum.

-Anos atrás? Quer dizer que nosso amigo era humano?

-A maioria dos imortais não nasce imortal, mas sim se torna. Vampiros pelo despertar, lobisomens pela mordida, e a casos como o dos demonios selvagens, eles... vendem a alma para o diabo.

Explodi em uma gargalhada, mas manti minha voz baixa.

-Você pode ate vir com vampiros, bruxas, anjos e demonios, mas não o diabo. – minha voz estava carregada de humor.

Alec apoiou os cotovelos na mesa e se inclinou na minha direção.

-Já parou para pensar que se existem anjos, deve existir um deus? E se existe demonios, um diabo? – estava de olhos estreitos. – Porque vocês humanos são tão ignorantes e não acreditam em nada? Deus e diabo sempre existiram, só possuem diferentes nomes.

Ele voltou ao encosto da cadeira enquanto eu parava de rir.

-Me desculpe Alec... – disse de olhos culpados, me sentindo culpada. – Agi como uma idiota... de novo... – odiava deixar as pessoas proximas irritadas comigo.

-Não... – ele apertou os olhos, de novo. – Eu que estou acabando com tudo que você um dia acreditou, destruindo suas crenças. Deveria ter sido mais paciente, é totalmente compreensivel sua atitude.

Prensei os labios.

-Disse que nem todos imortais nascem, quais nascem? – tentei amenizar o clima com outra pergunta.

-Bem... Bruxas. – abriu os olhos. – São formadas apenas por mulheres, cada uma delas possuem um elemento que as guiam, que lhes dão os poderes. Os genes delas são passados de geração para geração. Não são exatamente imortais, mas vivem muito tempo, muito.

-Nem quero saber sobre os demonios. – ignorando minha recusa, ele continuou.

-São humanos que venderam a alma para o “diabo”, assim vocês chamam nao é? – concordei. – Chamamos de Guardião. Ai eles acabam virando um demonio. Se alimentam de humanos, e quando digo alimentam, digo no verdadeiro sentido de alimentar. Alem de serem incumbidos de enviar almas para o “guardião”.

Senti minha espinha se arrepiar ao me lembrar de Harold.

-Os magos são bem parecidos com as bruxas, mas são apenas homens, com poderes magicos, e que na maioria das vezes vivem sós. São muito solitarios – ele parou e pensou um pouco. – À os anjos, caidos ou não... Existem dezenas de tipos de demonios, à os demonios mais humanizados, os demonios que viram animais sanguinarios... O nosso mundo é bem diversificado.

-Ahn... – eu não tinha palavras, já não bastavam os vampiros?

-Nos vampiros controlamos tudo por aqui. Ajudamos os outros imortais a se misturarem e viverem com os humanos. Por isso eu conhecia aquele demonio na cafeteria, nos demos aquele trabalho para ele.

Parou um pouco e pendeu a cabeça para o lado, analisando minha expreção pasma.

-Esta descrente? – ergueu uma sobrancelha.

-Como se eu soubesse o que significa isso. – zombei bebericando a água, eu sei tá? Só pra constar. Eu sei, ou não...

Ele me olhou estreitamente, então continuou.

-A casta superior controla a inferior – voltou ao assunto passado. – Mas como os demonios superiores não gostam muito de ficarem concertando as coisas por aqui, os vampiros agora controlam todos. Ficamos incubidos cada um de um “trabalho”. Todo vampiro criado tem que ser notificado as Volturi, que ficaram como os “chefes” do mundo imortal por aqui. Mas como vivemos na Europa e a maioria dos vampiros vivem na america, ou em outros lugares, isso não acontece muito.

-Cada um tem a sua função. – disse e ele concordou.

-Muitas. Ajudamos os imortais a se disfarçarem entre os mortais. Se disfarçam em foma humana, e vivem aqui, pelo menos grande parte.

-E a outra parte?

Ele pareceu relutar um pouco em falar, mas continuou.

-Existem... – relutou um pouco. – Olha, eu sei que o que vou falar pode parecer loucura mas... Existem dezenas de outros mundos... E um deles, que vive na eterna idade média, o mundo Oculto... Ele é governado pelas... – relutou mais. – Sucubo, ela mandam em tudo.

-Porque?

-Bem... As sucubo sao muito poderosas. Mais poderosas que as bruxas, que os vampiros, demonios, magos... Elas são a elite mais antiga e poderosa de criaturas das sombras, tirando os arque-demonios.

-Qual é a casta delas?

Suspirou passando a mão pelos cabelos.

-Antes do mundo ser verdadeiramente mundo, o céu e a terra travaram uma batalha, e ouve anjos caidos nessa batalha. Um dos anjos caiu por desejar ter mais poder para proteger seus irmãos que lutavam, mas diferente da maioria dos caídos, esse anjo foi amaldiçoado.

“Foi amaldiçoado a viver em eterna agonia, se alimentando de outras vidas e fugindo da luz. Desse anjo nasceu uma humana, uma vampira... O Guardião mandou um de seu demonios à terra, Lilith, esse demonio ensinou as artes das trevas para essa mulher. Esse demonio era muito poderoso, e deu um dom para a vampira/anja.”

Suspirou batendo os olhos.

-Ela disse que poderia dar o maior poder da terra para ela, mas em troca disso, ela viveria com eterna fome e sede. A anja aceitou, e virou uma sucubo e de sua carne e sangue fez suas irmãs, e juntas elas passaram a procriar.

Alec deu de ombros.

-Fale mais! – pedi.

-Ensinou-a a arte de matar, a arte de viver nas sombras e de caçar na luz do dia. Seus poderes são divididos em cinco aspectos: A água, o ar, o fogo, a terra e o espírito, cada dom dos vampiros provem de um elemento.

Passou a ponta do dedo pelo circulo do copo.

-Ela tirou parte de seu poder, de sua carne e sangue, e com ele, fez outras quatro súcubo originais como ela, cada uma representando um elemento. Os anos se passaram, e elas começaram a procriarem terem filhos com humanos. Quando nasciam meninas, elas a acolhiam lhe concediam um elemento, e criavam-na. Mas quando vinha um menino, elas o sacrificavam. Juntas, essas cinco vampiras/feiticeiras criaram o maior império que se existe. Elas abriram as barreiras para um novo mundo, onde passaram a habitar em paz com os humanos.

“Nesse mundo, os humanos endeusavam-nas, faziam de tudo para agradá-las, e elas protegiam as cidades em que viviam. Esse mundo foi chamado de Oculto. Nenhum vampiro consegue passar para lá sozinho, apenas com a ajuda de uma bruxa ou súcubo.”

-São conhecidas por usar um colar, chamam ele de Night Wisp, é uma pedra que filtra os poderes delas, nunca o tiram do pescoço. Faz parte da maldição de Lilith. O poder delas é tão grande, que seus corpos, mesmo imortais, não suportam seu poder, pois elas nascem como imortais superiores, mas como estão em um corpo mais inferior, são obrigadas a sempre usarem esse colar. Como se fosse um amuleto de proteção.

-E, tem machos da espécie delas?

-Depois de certo tempo, elas passaram a deixarem alguns meninos viverem. Descobriram que eles cresciam saudáveis e viravam vampiros, não possuindo magia como elas, sendo uma versão sua muito mais fraca, e muito mais forte que qualquer vampiro. Os incubo.

-Ok. Deixa eu ver se entendi. Essas súcubos, elas são as criaturas das sombras mais poderosas que existem, pois são anjos. – ele concordou, ofeguei passando minha mão por meus cabelos. – Mas que tipo de poder elas tem, já entendi que controlam elementos, mas como assim?

-Alem disso. São eximias lutadoras, tem um controle da mente extraordinário. Podem hipnotizar uma pessoa em questão de um olhar. Transformam-se em dezenas de animais. Alguém pode se apaixonar com apenas um olhar em sua direção. São frias e calculistas, só se importam consigo mesmas, e são capazes de mataram um exército de vampiros com um gesto de mão.

-Uau... Elas vivem em outro mundo, o mundo oculto.

-Algumas rondam por aqui, a procura de outras herdeiras dos genes das súcubo. Algumas na primeira geração já se manifestam, outras passam a vida toda como humanas.

-Há vampiros por lá?

-Muitos. Mas a maioria prefere viver aqui, em segurança. As súcubo são uma ameaça. Tomam homens a sua vontade, nos transformam em doadores e seus escravos para a eternidade.

-Bruxas?

-A maioria prefere viver aqui também. Elas odeiam quem bebe sangue, inclusive as súcubo, por quem nutrem um verdadeiro ódio eterno. Como as originais, elas passam os genes entre os humanos também.

Parou de falar.

-Isso é inacreditável. Bruxas existem, e existe outro mundo, governado por mulheres que são anjos. – olhei cética para ele. – De uma hora para outra, tudo mudou. Parece loucura falar essas coisas em voz alta.

-Acredite se quiser mia querida.

A historia era totalmente absurda, mas ele não parecia estar brincando.

-Estou sem palavras... – passei a mão por meus cabelos.

-Também fiquei quando a ouvi pela primeira vez.

-É confusa, e estranhamente conexa.

-Tem razão. – ele desviou os olhos em direção ao nada.

Olhei meu relógio de pulso, ainda tínhamos uma hora e meia.

-Quer comer algo? – ele voltou às íris esverdeadas em minha direção. Sorri com a grande mudança do ar, passou de pesado para leve em questão de segundos, era como se estar com ele fosse a coisa certa.

-Só se me acompanhar... – peguei o cardápio.

Bom, talvez a noite não fosse toda ruim... Talvez é claro.

P.O.V – Alec Volturi

Comemos em silencio. Ela me olhava como se eu fosse um experimento cientifico. Seguindo cada gesto meu com seus olhos que mais me lembravam moscas castanhas, pousando em tudo que seu olhar alcançasse.

Foi bem estranho ela ter aceitado toda aquela loucura tão bem, mas pelo visto ela não era uma das humanas mais normais que eu iria encontrar.

Pensei um pouco mais em silencio, e quando me decidi por falar, ela me cortou.

-Estou atrasada, e já esta tarde... – murmurou. – Minhas colegas de republica vão ficar irritadas se eu chegar muito tarde... – falou de olhos baixos enquanto o garçom tirava seu prato.

-Tudo bem, eu te levo ate em casa. – paguei a conta, e saímos juntos pela rua iluminada a postes de luz. Adorava a Itália em todos os sentidos. – Há demônios por todo canto aqui.

Ela pareceu meio assustada, mas se ficou, não disse.

Andávamos em silencio, sem olhar um para o outro.

Meu trabalho estava feito pela metade, não demoraria muito até ela ceder ao desejo da eternidade, todos acabavam cedendo, e ela parecia adorar tudo isso.

Mas ao analisar melhor seu rosto de uma sensualidade inocente, e nem um pouco forçada, como a de Corin, ou ate a de Sulpicia. A delicadeza de seus gestos, e a sinceridade de seus olhos, me encantava pouco a pouco – vulgo nessas quatro horas que ficamos juntos – eu não conseguiria imaginar essa “pureza” natural das humanas quebrada pelo veneno que correria por suas veias.

Ela é uma humana Alec, você esta adorando uma humana. Isso é nojento, pensei. Não quer virar um Edward, não é?

Ela ergueu os olhos em minha direção e sorriu.

-Chegamos. – parou na frente de uma casa de dois andares.

Analisei a casa de cima a baixo.

-É uma bela casa...

-Eu divido com mais quatro meninas. Não é uma coisa maravilhosa, mas pelo menos tem um espaço para treinar a dança. – uma musica tocava no fundo, e meninas começaram a gritar e discutir em inglês.

Hellena franziu o rosto, fazendo caretas conforme as meninas discutiam e começavam a quebrar coisas.

-Acho melhor eu ir, senão vai acabar com a casa. – ela se virou para subir as escadas, mas voltou. – Vamos marcar de sair outro dia... Temos mais a conversar...

-Claro... – concordei me preparando para ir embora, mas ela me chamou, tirando minha atenção da rua.

-Alec! – voltei-me em sua direção. – Obrigada. – abri a boca para contestá-la, mas ela foi mais rápida do que eu. – Nada disso, devo agradecer a você.

Abriu a porta e entrou, antes que eu falasse novamente.

Uma humana mais rápida que você Alec? O que esta havendo?


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