O Cisne Branco escrita por anonimen_pisate


Capítulo 34
Capítulo 34




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P.O.V – Hellena di Fontana

-Qual é a sua? – eu rosnei. Não sabia por que, mas eu já esperava por isso, tipo, ele aparecer do nada e arremessar um cara contra uma parede coberta de latas de lixo.

-Você esta terrivelmente bêbada. – o rosnado dele foi bem mais ameaçador do que o meu. Agarrou o meu braço, e começou a me arrastar ate um... um carro preto, parecia um carro, não sei bem, minha mente bêbada estava terrivelmente confusa. – E cheira a estupidez.

-O velho e poeta Alec de volta! – minha voz estava embargada.

-Cala a boca Hellena! – ele gritou, a magoa cresceu em meu âmago, a mesma magoa de um bichinho assustado, e reprimido pelo dono. Apertou os olhos e deu uma leve batida no volante com a cabeça. Ergueu-a e ligou o carro. – O que deu em você hein?

-Se você sentisse o que estou sentido, saberia o que alguns golinhos podem fazer de bom. – zombei cruzando os braços.

-Mas fazer sexo com um desconhecido no meio da rua, faz o que de bom? – gritou. O balançar do carro fez meu estomago dar uma cambalhota.

-Ninguém melhor do que você para saber o que sexo traz de bom! Para o carro. – resfoleguei prendendo os lábios. No inicio ele achou que eu ia descer e sair correndo, mas depois viu o porquê de pará-lo.

Abri a porta e larguei tudo de dentro do meu estomago.

-Ele não era desconhecido, era um amigo! - borbulhei depois de limpar a boca.

-Que você conheceu agora!

-Pelo menos ele não me traiu com uma ex-amante, e ele não me xingou toda para a irmã! - joguei na cara dele com argumentos de bêbada.

Ficamos em silencio o percurso todo. Repeti o vomito mais três vezes antes de chegar a casa dele. Pensei em gritar e dizer para ele me levar para a minha casa, mas não estava a fim de me encontrar com Blake e Quenn assim as três da manha, dado que eu devia estar dormindo.

-Tire os sapatos.

Obedeci, não porque ele mandou, mas porque meus pés estavam doendo e inchados.

Me arrastou ate o segundo andar com a pouco delicadeza dos homens que não gostam de serem contrariados.

Aubrey passou coleando sua cauda em minha direção, e miando alegre.

-Traidora! – sibilei para ela. A gata nem ligou para meu tom irritado, só me analisou com seus perspicazes olhos de gato, e se afastou.

Alec me levou ate o seu quarto, e me forçou a entrar no banheiro. Ligou o chuveiro frio. Os respingos de água que chegavam aos meus pés me faziam tremer.

-A não! Banhou frio não! – me segurou embaixo das gotas geladas de água.

P.O.V – Alec Volturi

Submergi a cabeça dela na água, a intervalos curtos, quando ela começava a engasgar e parar de respirar, eu tirava. Fiquei um tempo mais longo, segurando ela debaixo do chuveiro, e quando achei que ela estava quase a morrer afogada, tirei-a.

Ela saiu engasgando, e cuspindo água, os olhos apertados, e tremendo de frio. Cobri os ombros dela com uma toalha felpuda, e levei-a ate minha cama.

Com delicadeza, e o cuidado necessário para ela não pensar que eu tentava me aproveitar de sua condição, como o maldito humano, comecei a tirar suas peças de roupa molhada.

Deixei-a sem roupa alguma, chorando entre os lençóis.

Sequei o corpo dela com cuidado, estava tão bêbada, que nem mesmo se dava o trabalho de reclamar, ela só chorava e soluçava sem parar.

Puxei os lençóis e fiz com que ela se deitasse debaixo deles. E com rapidez e sem pudor, ela adormeceu.

Sentei-me ao seu lado, acariciando seus cabelos úmidos, e traçando caminhos delicados por sua pele. Me detive em seus pulsos, e senti meu coração parar com as finas linhas marcadas em sua pele.

-Ah Hellena, porque faz isso consigo mesma? – murmurei tristemente.

Afastei mechas desconexas de seu rosto, e depositei um beijo sutil em sua testa.

A única coisa que ela usava no corpo, era o colar de prata com o pingente de cristal, o enfeite que ela nunca tirava do corpo.

Sai do quarto, deixando o que um dia foi meu, dormindo.

P.O.V – Hellena di Fontana

Acordei com uma terrível dor de cabeça, e uma ressaca pior ainda.

Meu frágil estômago respondeu bruscamente, fazendo com que o que restava da noite de ontem subir com força.

Me debrucei sobre a privada e despejei o resto dos conteúdos ácidos na água sanitária, que aposto nunca ter sido utilizado antes.

Sentei-me no chão ladrilhado, e apertei a cabeça entre as mãos, à dor já cedia rapidamente, me recupero com uma rapidez incrível.

Estava frio, e logo descobri porque, eu estava sem roupa.

Minhas peças íntimas estavam secas em cima da escrivaninha, e ao lembrar onde estava, e quem devia ter feito isso, senti meu rosto queimar.

-Droga. – sussurrei vestindo-as.

Procurei na gaveta algo que eu pudesse usar, e encontre uma camiseta larga, - para mim né. Suspirei me sentindo uma bulemica quando outra sensação embrulhadora subiu a minha boca.

Corri para a patente, mas nada saiu. Suspirei descendo as escadas.

A camisa cheirava a ele, um cheiro que eu nunca soube descrever direito, só que era melhor que qualquer loção ou colônia que existe.

As lagrimas margearam meus olhos, mas me contive. 

Ele estava parado no primeiro andar, sentado em um banco perto da cozinha americana, olhando o nada. Eu sabia que ele já tinha me visto e sentido meu cheiro, mas a primeira a me receber foi Aubrey.

Ela veio ronronando como uma moto-serra e se enroscou nas minhas pernas com a sutileza de uma gata carente.

-Foi para cá que você veio sua fujona? – peguei ela no colo.

Alec passou a me olhar de um jeito enigmático e vazio.

-Já sei o que você vai falar. Que eu não podia ter feito aquilo, que eu parecia um gambá de tão bêbada ontem, que eu estava chapada feito uma mendiga e que sexo sem proteção com desconhecidos é errado.

-Não. Eu só ia dizer que fiz café da manhã. – deu de ombros indicando a mesa bem posta na sala de jantar que ele nunca usava.

-Ah. – foi só o que consegui dizer.

Me sentei, e ele logo ocupou um lugar a minha frente. Ficamos em silencio enquanto eu comia torradas e bebia café. Minha gata ocupou a terceira cadeira ao lado de Alec – o preferido dela.

-Porque sempre quando estamos juntos, de bem ou não, ficamos em silencio? – murmurei engolindo uma torrada.

-O silencio fala melhor que nos dois. Ouvi-lo não nos faz brigar. – falou com sua voz cantada. Ah meu deus, como eu amava a voz dele! Parecia que no lugar de cordas vocais, houvesse cordas de prata.

Meus olhos arderam ao me lembrar que eu tive aquela voz só para mim.

-Desculpe pelo que disse. – ok, eu nem disse algo de muito grave ou ruim, mas eu tinha a vontade de dizer aquilo. – Por estar igual a uma cachorra chapada, e por gritar com você.

Ele não disse nada, apenas deu um gole no café.

-Não vai dizer nada?

-Não tenho o que dizer. – respondeu solicito.

Suspirei, essa conversa não nos levaria a lugar algum.

-Como Aubrey chegou aqui? – fitei os grandes olhos amendoados da minha gata favorita.

-Ela simplesmente apareceu arranhando minha porta.

-Ela adora você. – disse meio magoada e com meu ego ferido.

-Eu que a encontrei. – falou breve, como sempre fora.

-Temos que resolver isso de uma vez por todas. – murmurei.

-O que quer dizer?

Com o cuidado de alguém que mexe com uma colméia infestada de abelhas raivosas, coloquei o anel precioso em cima da mesa. A opala cintilou junto com o lápis-lazúli.

-Foi um presente, e não se devolve presentes. – ele fechou a cara. – Não vou aceitar de volta, tudo que disse foi verdade.

-Não estou dizendo que foi mentira. – falei calma. Passei a mão por meu rosto. – Alec isso é precioso e caro demais para ficar comigo! Alguém que não é nada na sua vida.

-Um dia você foi. – falou como se esse dia não tivesse terminado.

-Fui. Não sou mais... E disse que esse foi o único objeto que a sua mãe deixou com vocês.

-Ela deixou um com Jane também. E, além disso, o anel é feminino, não vou usar um anel desses. – cruzou os braços e se recostou na cadeira.

-Pode dar para outra pessoa.

-Não à outra pessoa.

-Mas pode um dia haver. – disse baixo vendo o meu anel em seu dedo. 

-Não haverá. – teimou. Seu rosto estava coberto pelas mesmas sombras que o contornavam dês da primeira vez que nos vimos, e ele nunca esteve tão belo.

-Esta com fome?

Pareceu confuso com minha pergunta.

-Faz algum tempo que não me alimento, por quê?

-Quando esta com fome, você fica irresistível. – balbuciei. Eu não tinha segredos para Alec, nem quando éramos distantes, ou quando ficamos juntos, não teria agora. Ele era perfeito e sabia disso.

-É para ser mais fácil caçar.

-E fica coberto por sombras.

-Que tipo de sombras são essas que você tanto fala? – ele se inclinou.

-Parece que você faz parte delas, como se saíssem e entrassem o tempo todo. Quando fica com fome, irritado, quando fica mais vampiro, elas aumentam. – sua expressão taciturna se tingia em faces irreconhecíveis.

-Só ficam em mim, ou você via em outros?

-Depois que eu descobri que outros como você existem, alem de vampiros, comecei a prestar mais atenção a minha volta, e consegui reconhecer outras criaturas. Algumas com mais sombras, outras com menos, isso depende.

-Via em Jane?

-Em Jane estavam muito mais fortes. – passei a ponta de meu dedo pela borda do copo. Jane, aquela cascavel maldita e asquerosa. – Vi em Aro, e elas pareciam fazer mais parte dele do que sair dele. Corin era estranha, as sombras saiam dela com mais freqüência.

-Talvez por ela ser meio súcubo. – respondeu.

Pensou um pouco.

-Quando estávamos juntos, elas continuavam?

–Quando estava comigo, elas nunca ficavam próximas de você.

-Elas sumiam?

-Não. Elas entravam em mim.


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