O Cisne Branco escrita por anonimen_pisate


Capítulo 30
Capítulo 30




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P.O.V – Hellena di Fontana

-Ela aplicou odol em mim. – Alec puxou o ar pelos dentes cerrados.

-Nossa vampirinho, como você não morreu? – ouvi uma segunda voz, parecia feminina e afetada. Ela tinha um sotaque americano e bem puxado.

-Um dom de cura. – abri meus olhos em pequenas fendas. Alec estava sentado em uma cadeira, à manga da camisa dobrada ate o cotovelo, e em sua frente havia uma quarentona de cabelos crespos.

-Parece que funcionou meu rapaz! Teve muita sorte. – tirou uma agulha de dentro da veia em seu braço. Ele cerrou os dentes.

-Porque isso tem que doer tanto? – reclamou.

-Tenho de deixar a agulha fervendo para poder entrar em sua pele. Agradeça que eu estou te ajudando. – repercutiu. – Só fogo consegue abrir essa sua pele dura, e gelo é claro.

-A teoria do gelo é ridícula. – bufou. – Só se você estiver com uma mangueira de água gelada dentro de um frízer para me congelar. – caçoou.

-Hum... Não brinque com isso meu jovem. – replicou.

Levantei minha cintura, e percebi que estava deitada em uma cama que cheirava a lavanda.

-O que...? – passei a mão por minha franja longa.

-Oh você acordou mon cheri. – virou-se ate mim. Sorriu longamente, com seus olhos cinzentos brilhando. Ela usava luvas de dentista, e um jaleco branco, parecia uma medica.

-Onde-Onde estamos? – gaguejei sentindo minha boca seca.

-Em Siena. – ela respondeu. – Ah, nem me apresentei, meu nome é Clarisse, sou a única medica paranormal que vai encontrar nesse continente.

-Você é francesa?

-Ah não... – riu divertida. – Vivi um tempo em Paris, mas me mudei recentemente para a Itália, eu nasci nos Estados Unidos.

-Medica paranormal? – me sentia meio grogue.

-Clarisse é filha de uma bruxa, mas não se formou, então ela virou medica.

-Estudei para-normalidade, e me formei em medicina. Os Volturi queriam me matar, mas ai me concederam a vida em troca da minha ajuda.

-Achei que vampiros não adoecessem.

-Não adoecessem, mas com o tempo, tantas doenças estão surgindo, tantas coisas estão sendo criadas por ai, que algumas possíveis mutações de vírus, podem chegar a afetar o organismo vampiro.

-Já foi encontrado algum?

-Na verdade... Não. – falou meio constrangida.

-Clarisse me ajudou com o veneno.

-Você chamou de odol.

-É o nome daquela substância mortal.

-Aro já me trouxe alguns cadáveres afetados por esse veneno, vampiros, magos, bruxas uns lobisomens e uma vez... uma súcubo. – murmurou a ultima parte.

-Uma súcubo? – Alec parecia interessado.

-Isso mesmo! O corpo dela estava em um estado de conservação perfeito, diferente dos outros que estavam com o organismo destruído por completo, primeiro derrete e depois congela. – olhou para ele vencedora.

-Qual era o elemento dela? – fiquei ao lado de Alec, ele passou um braço por minha cintura.

-Não sei bem... Acho que era da água.

-Temos de ir. – ele anunciou. – Vamos chegar em Volterra tarde se não formos agora. – olhei pela janela, o sol começava a nascer adiante.

-Só um Volturi mesmo para me acordar em plena cinco da manha. – só agora percebi que Clarisse estava de pijama por baixo do jaleco. – Não quer um pouco de sangue? Fui ao banco há pouco tempo.

Ele meneou a cabeça.

-Tudo bem, estou com fome mesmo.

-Na cozinha, segunda geladeira. – falou. Alec sumiu por um corredor. – Muito bem minha querida, posso tirar uma amostra de seu sangue?

-Hã? Por quê?

-O dom não é seu?

-Sim, mas não gosto de agulhas. – me esquivei dela.

-Hum... Que pena. – parecia realmente triste.

-É a filha de uma bruxa?

-Sim sou. – começou a remexer nas coisas da mesa.

-Nasceu nos EUA. – concordou com a cabeça. – É casada?

Minha ultima pergunta fez ela parar.

-Não posso... Seria mais um humano sabendo do outro mundo. – comentou esdruxulamente, e voltou a guardar coisas.

-Vamos Hell? – ele apareceu com uma bolsa de sangue na mão. Virava o liquido na boca, como se bebesse um suco de caixinha. Fiz que sim. Ele me indicou suas costas, subi devagar.

Nos despedimos de Clarisse, e seguimos viagem.

-Como Aro a descobriu? – perguntei depois de um tempo.

-O que Aro não descobre? – falou divertido. Continuou. – Depois de que ela se formou em tudo aquilo, ele disse que deixaria ela viver se ficasse em função dos imortais. Então ela esta conosco há algum tempo.

-Ela parecia triste. – comentei.

-Não fazer parte de nenhum dos mundos deve ser triste. – me imaginei sentada em uma mesa no parque, vendo as mulheres como eu casadas e com filhos, e depois me imaginei vendo meu reflexo envelhecendo, e dezenas de imortais intocados.

-Pobre mulher... Posso perguntar uma coisa? – desviei do assunto.

-Como se fizesse outra coisa além disso. – aceitei como um sim e continuei.

-Como se mata um imortal?

-Depende do imortal.

-Um vampiro.

-Tocando fogo nele.

-Estaca funciona?

-Não. Se cortar minha cabeça, e me queimar, funciona.

-Nisso vocês são iguais no livro.

-Nisso sim. – ele riu.

Passamos mais duas horas correndo, vírgula Alec. O sol começava a nascer no horizonte quando finalmente paramos perto dos portões da cidade medieval.

Alec me deixou no chão, cambaleei e tropecei caindo.

-Tudo bem? – me segurou.

-Tudo, só um pouco tonta. – sorri.

-Hell... Temos de conversar...

-Tudo bem... Tudo bem... Eu não vou dizer nada a ninguém. – fiz um gesto com a mão. – Mas Aro não ira saber?

-Não de você. E eu darei um jeito. – piscou.

-Jane já não deve ter tido algo a alguém? – perguntei com uma centelha de esperança cintilando em mim.

-Não. – falou rápido.

Estendeu uma mão. Suspirei e segurei-a.

Fomos lado a lado para dentro dos muros sombrios. Os poucos raios de sol que nos tocavam se diluíam em uma bruma cinzenta.

-Droga. – praguejou baixinho e soltou um palavrão.

-O que foi? - apertei sua mão.

-Temos visitas.

-Quem?

Ele não respondeu, apenas devolveu o aperto e me puxou em direção a um prédio discreto e cinzento. Portas duplas de vidro se abriram automaticamente.

A mesma humana do primeiro dia estava parada detrás do balcão. Seus cabelos claros organizados em um coque mal feito. Sorriu para Alec como um cachorrinho submisso.

-Mestre. – se levantou falando em italiano, e fez uma reverencia ousada.

-Bom dia. – falou seco me puxando para o elevador, devolveu na mesma língua.

A recepcionista analisava-me com desgosto, como se eu não merecesse ser tocada por um vampiro. E uau... Só percebi agora o quanto o pescoço dela era cheio de marcas de mordida. Ele apertou um botão entre tantos outros, e o elevador se fechou.

-Ela não gostou de mim. – comentei.

-Quem?

-A recepcionista.

-Nem sei o nome dela. – deu de ombros.

-Eu podia sentir a ira dela.

-Como? – voltou o rosto na minha direção, um olhar curioso.

-Não sei bem, mas parecia que alguma coisa saltava dela. – dei de ombros como ele fizera.

-Não se preocupe Hell, futuramente ela será o jantar, e você quem ira jantá-la. – sorriu macabramente.

-Se eu for como Clarisse, não poderei. – falei baixinho.

-Você não é como Clarisse, não tem cheiro de bruxa nem de longe.

-A teoria da descendência não me ajuda muito.

-Daí é relativo da sua geração, e do seu ancestral.

-Se eu for filha de uma bruxa, o veneno me mata, mas se eu for filha de... um anjo, posso ser vampira?

-Dependeu do seu grau de descendência com ele, mas se for filha de um demônio, você pode. De um mago também.

-Você disse que meu cheiro estava mudando.

-Assim como o seu dom esta surgindo, mas você não tem o cheiro parecido com nenhuma criatura que já senti... Você é especial.

Não achava especial ser uma aberração, mas deixei para lá. Abaixei meus olhos ate o anel que cintilava em meu dedo.

-Devo tirar? – indiquei a jóia.

-Não. Só Jane e Aro sabem desse anel. – falou nervoso.

-Eu te amo. – rocei meus dedos na mão dele.

-Eu te amo. – ecoou a minha frase.

Coloquei uma mecha atrás da minha orelha, e de relance vi a marca de dois dentes no pescoço dele, agradeci por ter sido mordida no pulso, e não em um lugar tão visível. A minha do pescoço já havia sumido.

-Quando some? – apontei para as marcas.

-Rezo para que seja logo.

-A minha já sumiu. – mostrei meu pescoço.

-Sou um vampiro. Ela é uma súcubo.

O elevador parou, e as portas se abriram. Saímos em outra sala encapetada. As paredes eram cobertas de quadros, e poucas e ocasionais janelas, flores em vasos de cristal enfeitavam mesas vitorianas, havia uma grande mistura de objetos de todos os séculos possíveis, cheguei ate a ver uma escultura que parecia egípcia.

Outra mulher estava em um balcão, digitava loucamente em um computador, e remexia em dezenas de papeis. E possuía marcas, como a outra. Olhou para Alec da mesma forma que a outra, e mal chegou a me notar, ou me ignorou totalmente.

-Futuramente ela será o jantar, e você quem ira jantá-la – repetiu em português. Ri vendo a cara de desentendida dela.

-Fala português?

-Falo qualquer língua. – me guiou pelos corredores elegantes e bem arrumados, com a impecabilidade dos imortais.

Imaginei ele sentado em uma mesa com um professor a sua frente repetindo frases para ele aprender, depois imaginei Alec com o diploma sugando todo o sangue do mesmo professor.

Afastei a ultima imagem da minha cabeça, e continuei a seguir seus passos decididos pelos corredores.

Não me lembrava muito bem dos caminhos que outro dia eu tomara, mas tudo parecia diferente do que eu imaginara certa vez, tudo parecia mais bonito, como um museu mostrando todos os séculos que a humanidade existiu.

Chegamos a um corredor sombrio, e a outra sala, com outra mulher, nossa que droga, quantas recepcionistas eles tinham?

-Porque só mulheres? – perguntei fazendo um muxoxo.

-Precisamos manter as aparências, cada ala do castelo tem duas humanas no mínimo. – não respondeu muito bem minha pergunta.

Fomos por outro corredor, já esse era de pedras de construções medievais, sombrias e úmidas. Uma grande porta dupla de carvalho se erguia majestosa e nossa frente, seria preciso uns dez homens para empurrá-la.

Dois vampiros guardavam-na, imaginei que fossem vampiros, os olhos deles eram tão brilhantes que me davam arrepios.

Ta. Só podiam ser vampiros, eles estavam cobertos de sombras.

Quando me aproximei eles fizeram aquele som de quem respira bem fundo, solta o ar pela boca e rosna como se dissesse: “você tem um cheiro bom, estou com fome!”.

-Nossa convidada de honra, não nossa comida. – Alec disse em um tom friamente profissional, como se eu fosse um hambúrguer visitando eles, e que me comer era errado.

Os dois deram de ombros.

-Vou anunciar sua chegada. – o maior deles falou, seus cabelos eram escuros e desalinhados, e com aquele par de olhos azulados, nossa, ele ficava lindo!

-Quem são os outros? – me referia a ‘visita’ que Alec anunciara mais cedo.

-Os Cullen. – falou com as mãos apertadas nas costas.

-Vou conhecer meus ídolos. – caçoei. – Jacob esta ai?

-Não. – disse em tom indignado, perdendo a profissionalidade, mas logo recuperou.

-Que bom... não gosto dele. – o que havia entrado, voltou e moveu a cabeça para o companheiro, empurraram as portas nos dando passagem.

Meu coração se apertou quando entrei novamente naquela sala marmoreada, tudo era tão lindo e assustador.

-Alec! Hellena! Como é bom ver-los novamente! – Aro anunciou rindo. Juntou as mãos como se rezasse.

A grande sala estava com menos vampiros que da outra vez, graças a Deus não cheguei na hora de refeição, e havia rostos novos, rostos lindos e mais humanos que os outros.

Uma mulher de corpo pequeno e esquio sorriu para mim, seus cabelos escuros espetados ao redor da cabeça como uma auréola. Ela dançou ate mim, e eu como uma boa bailarina, adorei.

-Muito prazer Hellena, meu nome é Alice Cullen.


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