O Cisne Branco escrita por anonimen_pisate


Capítulo 24
Capítulo 24




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P.O.V – Alec Volturi

Hellena ficou em silencio encarando os moveis, depois que entramos, o rosto mergulhado em pensamentos. Quieta.

-Estou apenas pensando no que te dar de natal. – falou irritada.

-O que? – perguntei confuso.

-Você falou que eu estava quieta demais.

-Não, não falei. – neguei com a cabeça.

-Eu... Eu ouvi. – ela se enrolou com as palavras.

Ela fitou o nada da janela.

-Hellena... – murmurei me aproximando dela. Esfreguei meu nariz em se pescoço, e senti a pulsação dela acelerar. Nossa, como o sangue dela tinha um cheiro bom. – Fale para mim...

Fui me aproximando até colocar ela na parede. Botei minhas mãos uma de cada lado da sua cabeça, segurando a parede e impedindo-a de sair.

-Às vezes... – começou a falar lenta e pausadamente. – Eu... Ouço coisas, que as pessoas não dizem – ofegou. Desci meus lábios ate sua clavícula.

-Como telepatia?

Beijei devagar sua pele quente.

-Não é justo o que você esta fazendo. – reclamou.

-Não esta gostando? – me afastei menos de um centímetro.

-Não quis dizer isso. – riu. Voltei a beijá-la. – Alec! – reclamou rindo de novo quando toquei seu pescoço.

-Sente cócegas no pescoço? – perguntei malicioso.

-Talvez... – gemeu fechando os olhos.

Virou seu rosto, encontrado sua boca com a minha.

Movia meus dedos para cima e para baixo em suas costas nuas. Contando suas vértebras, e formando cada uma de suas costelas.

Seus cabelos castanhos estavam esparramados no meu peito, e sua cabeça tombada em um sono profundo.

Por mais profundo que o sono fosse, seus olhos ainda se moviam agitados por baixo das pálpebras, e balbuciava palavras ininteligíveis.

Não consegui dormir, a lembrança do pássaro morto e da telepatia estavam frescas em minha mente.

Ela abriu os olhos rapidamente, se sentando na cama.

-Shh... – segurei seus ombros, trazendo ela de volta para meu peito.

-Que horas são? – sua voz estava rouca.

-Hora de voltar para casa.

-Já? – se espreguiçou.

-Vou tomar banho e vamos. – comuniquei.

Fui em direção ao banheiro e liguei a água quente. Grandes quantidades de vapor circulavam pelas paredes ladrilhadas.

Ouvi a porta ser destrancada, e pelo vidro embaçado, vi Hellena passar.

Terminei meu banho e me enrolei em uma toalha.

Ela estava sentada na pia, usando uma camisa minha, e com a ponta do dedo, desenhava notas musicais no espelho embaçado. Sempre quando errava, apagava com a mão e dava uma baforejada no lugar, tentando embaçar de volta a lacuna.

Vesti a muda de roupas que trouxera para o banheiro, e fiquei observando ela compor em silencio.

Estava voltando a pintar e compor, isso era bom.

Escreveu uma rebuscada clave de dó, titubeou um pouco e apagou-a, deixando um grande reflexo espelhado, por onde eu conseguia ver parte de seu busto e pescoço. Ela não parecia ter notado minha presença, então dedicava a atenção a musica.

Pensou longamente antes de soprar o espelho, me dando uma boa vista de seu pescoço moreno claro, a pele perfeitamente lisa e macia, junto com uma fina teia de veias azuis e esverdeadas. O pingente de cristal ofuscou minha vista, como que me alertando o que eu quase estava fazendo.

Balancei minha cabeça, tentando clarear meus pensamentos.

Hellena sorriu de um jeito fraco ao me ver, esquecendo a clave de dó, e se virando na minha direção.

-Desculpe por atrapalhar sua inspiração. – me aproximei circundando sua cintura com minhas mãos, e me encostando na pia a sua frente, entre suas pernas.

-Tudo bem. – falou vaga. – A inspiração não é como o vapor que se esvai – disse olhando os vidros, o vapor ia se transformando em água rapidamente. – Ela volta uma hora ou outra. – deu de ombros.

-Como ele esta brilhando hoje. – indiquei o seu colar. Estiquei meus dedos para tocá-lo, mas ela pós a mão na minha frente, cobrindo a pedra. – Quem te deu?

-Foi um presente da minha mãe, ela me deu antes de morrer.

-Sinto muito.

-Não precisa. – ficamos nesse clima tenso por um tempo, ate que ela se moveu. – Temos de ir logo.

-Claro... – concordei. Quando Hellena se levantou e roçou sem querer seu cabelo em meu rosto... Nossa, eu nunca havia sentindo um cheiro como aquele, parecia uma mistura de tudo que eu já havia sentido, odores e sensações.

Parecia um campo de grama recém cortada molhada pela chuva, cheirava as flores silvestres que nasciam nesse campo, as amoras pretas e fortes que cresciam em arbustos por perto, a cerejas que desabrochavam. Um bosque, um bosque cheio de flores, íris, jacintos, lilás, frésias, lírios, lírios do vale, madressilvas, narcisos, e violetas. Jasmins e ramos de pinheiro, o cheiro amadeirado e almiscarado, cítrico.

Cheirava a anis e gengibre, pimenta e canela, junto com noz moscada e açúcar mascavo. Pralina... Cravo e sândalo. Patchouli.

Meu deus... Eu podia sentir o vento no meu rosto, podia sentir meu coração acelerar como não fazia há muito tempo, o sangue esquentar minha pele, a fome sendo saciada. Uma chuva fresca lavar meu corpo, e o calor do sol em mim.

Como uma única pessoa, um único sangue podia ter tantos cheiros, tanta informação junta?

Lembrava-me vagamente sobre o livro que relatava a historia do Cullen com a humana sobre ela ser a... “cantante” dele, mas isso não existe, era pura mentira.

-Alec? – ouvi a voz da razão me trazer de volta.

-Hã? – abri os olhos. Percebi que segurava os cabelos dela contra meu rosto, com força o suficiente para não deixá-la escapar de meu aperto. – Me... Me perdoe. – murmurei.

Soltei seu cabelo.

Afastou-se indo em direção ao quarto.

Balancei a cabeça como que tentando recuperar a consciência.

-O que esta acontecendo? – perguntei a mim mesmo.

“Ela é poderosa...” a voz de gelo do demônio da neve ecoava em meus ouvidos como sinos amaldiçoados.

-Hellena? – gritei.

-O que?

-Te espero lá fora. – falei descendo as escadas e saindo para o jardim.

Olhei para o lugar que outrora um passarinho morto estivera, ate ela reviver-lo. Andei ate onde a neve encobria meus tornozelos. Uma brisa invernal percorreu meu rosto, beijando minha face.

Virei-me na direção do vento, e a menina estava parada ali.

-Como se chama? – perguntei.

-Elurram. – neve em basco. Uma língua rara de se encontrar, provinda da fronteira da Espanha com a França.

-O que Hellena é?

-O que Hellena é. – ela repetiu. Sua voz era tão infantil que me assustava. Ficamos lá, com ela fitando o nada com seus olhos azuis inexpressivos e os mais fortes que eu já vira. – Isso eu não posso responder. Mas o fogo pode.

Sumiu em labaredas azuis.

O fogo pode... O que ela quis dizer com isso?

O terrível frio que o demônio havia causado foi substituído por um terrível e agressivo calor. Um formigamento doloroso cresceu por meu corpo. Me virei na direção daquele calor insuportável, e vi uma jovem de olhos e cabelos avermelhados, me encarando com extrema raiva.

-Fique longe da humana. – sua voz era o total inverso da outra. Elurram tinha a infantilidade e a frieza em todos seus movimentos, já aquela mulher tinha o calor correndo pelas veias, a voz sensual e calorosa.

Senti uma forte atração sobre ela me puxar, era como se o universo nos unisse, como um imã puxa o outro.

-Que-Quem é você? – balbuciei hipnotizado pelo calor que escapava dela.

-Não precisa saber Volturi, apenas se afaste da humana. – ordenou. Ela parou, e um sorriso estonteante brotou em seus lábios. – Hum... Estou com tanta fome... Se eu me alimentar um pouco, ninguém vai ligar não é?

Não parecia falar comigo, e eu não entendia nada do que ela dizia, mas a atração era tão forte, que não conseguia nem sequer pensar, o desejo travava na minha garganta, e naquele instante, perdi toda a sede.

O sangue dela pulsava rápido e fervoroso, a mistura de um cheiro de fogueira com tudo que é quente, dês de fogo, ate a madeira que ele consome.

Ela se aproximou, e virou minha cabeça, deixando meu pescoço totalmente a vista e desprotegido. Eu tentava pensar, algo estava errado, mas todo meu corpo pulsava desejando ela, e nada mais.

Uma coisa fincou meu pescoço, bem no lugar onde ela encostava os lábios.

-Não! – ouvi uma voz de timbre suave, gritar. – Pare Dacra! Pare!

O que quer que estivesse no meu pescoço, me soltou, e eu cai no chão.

-O que você fez? – Hellena entrou no meu campo de visão.

Ela segurava minha cabeça no seu colo, e espalmava suas mãos em cada lado da minha face.

-Meu amor... Shh, vai ficar tudo bem... Eu prometo! Shh... – ela balbuciava loucamente. O ar a minha volta ficou denso, e meus olhos se fecharam instintivamente.

Hellena.


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Notas finais do capítulo

Vou ficar um tempo sem postar porque minha internet nao esta funcionando!
beijos