O Cisne Branco escrita por anonimen_pisate
P.O.V – Alec Volturi
Hellena ficou em silencio encarando os moveis, depois que entramos, o rosto mergulhado em pensamentos. Quieta.
-Estou apenas pensando no que te dar de natal. – falou irritada.
-O que? – perguntei confuso.
-Você falou que eu estava quieta demais.
-Não, não falei. – neguei com a cabeça.
-Eu... Eu ouvi. – ela se enrolou com as palavras.
Ela fitou o nada da janela.
-Hellena... – murmurei me aproximando dela. Esfreguei meu nariz em se pescoço, e senti a pulsação dela acelerar. Nossa, como o sangue dela tinha um cheiro bom. – Fale para mim...
Fui me aproximando até colocar ela na parede. Botei minhas mãos uma de cada lado da sua cabeça, segurando a parede e impedindo-a de sair.
-Às vezes... – começou a falar lenta e pausadamente. – Eu... Ouço coisas, que as pessoas não dizem – ofegou. Desci meus lábios ate sua clavícula.
-Como telepatia?
Beijei devagar sua pele quente.
-Não é justo o que você esta fazendo. – reclamou.
-Não esta gostando? – me afastei menos de um centímetro.
-Não quis dizer isso. – riu. Voltei a beijá-la. – Alec! – reclamou rindo de novo quando toquei seu pescoço.
-Sente cócegas no pescoço? – perguntei malicioso.
-Talvez... – gemeu fechando os olhos.
Virou seu rosto, encontrado sua boca com a minha.
Movia meus dedos para cima e para baixo em suas costas nuas. Contando suas vértebras, e formando cada uma de suas costelas.
Seus cabelos castanhos estavam esparramados no meu peito, e sua cabeça tombada em um sono profundo.
Por mais profundo que o sono fosse, seus olhos ainda se moviam agitados por baixo das pálpebras, e balbuciava palavras ininteligíveis.
Não consegui dormir, a lembrança do pássaro morto e da telepatia estavam frescas em minha mente.
Ela abriu os olhos rapidamente, se sentando na cama.
-Shh... – segurei seus ombros, trazendo ela de volta para meu peito.
-Que horas são? – sua voz estava rouca.
-Hora de voltar para casa.
-Já? – se espreguiçou.
-Vou tomar banho e vamos. – comuniquei.
Fui em direção ao banheiro e liguei a água quente. Grandes quantidades de vapor circulavam pelas paredes ladrilhadas.
Ouvi a porta ser destrancada, e pelo vidro embaçado, vi Hellena passar.
Terminei meu banho e me enrolei em uma toalha.
Ela estava sentada na pia, usando uma camisa minha, e com a ponta do dedo, desenhava notas musicais no espelho embaçado. Sempre quando errava, apagava com a mão e dava uma baforejada no lugar, tentando embaçar de volta a lacuna.
Vesti a muda de roupas que trouxera para o banheiro, e fiquei observando ela compor em silencio.
Estava voltando a pintar e compor, isso era bom.
Escreveu uma rebuscada clave de dó, titubeou um pouco e apagou-a, deixando um grande reflexo espelhado, por onde eu conseguia ver parte de seu busto e pescoço. Ela não parecia ter notado minha presença, então dedicava a atenção a musica.
Pensou longamente antes de soprar o espelho, me dando uma boa vista de seu pescoço moreno claro, a pele perfeitamente lisa e macia, junto com uma fina teia de veias azuis e esverdeadas. O pingente de cristal ofuscou minha vista, como que me alertando o que eu quase estava fazendo.
Balancei minha cabeça, tentando clarear meus pensamentos.
Hellena sorriu de um jeito fraco ao me ver, esquecendo a clave de dó, e se virando na minha direção.
-Desculpe por atrapalhar sua inspiração. – me aproximei circundando sua cintura com minhas mãos, e me encostando na pia a sua frente, entre suas pernas.
-Tudo bem. – falou vaga. – A inspiração não é como o vapor que se esvai – disse olhando os vidros, o vapor ia se transformando em água rapidamente. – Ela volta uma hora ou outra. – deu de ombros.
-Como ele esta brilhando hoje. – indiquei o seu colar. Estiquei meus dedos para tocá-lo, mas ela pós a mão na minha frente, cobrindo a pedra. – Quem te deu?
-Foi um presente da minha mãe, ela me deu antes de morrer.
-Sinto muito.
-Não precisa. – ficamos nesse clima tenso por um tempo, ate que ela se moveu. – Temos de ir logo.
-Claro... – concordei. Quando Hellena se levantou e roçou sem querer seu cabelo em meu rosto... Nossa, eu nunca havia sentindo um cheiro como aquele, parecia uma mistura de tudo que eu já havia sentido, odores e sensações.
Parecia um campo de grama recém cortada molhada pela chuva, cheirava as flores silvestres que nasciam nesse campo, as amoras pretas e fortes que cresciam em arbustos por perto, a cerejas que desabrochavam. Um bosque, um bosque cheio de flores, íris, jacintos, lilás, frésias, lírios, lírios do vale, madressilvas, narcisos, e violetas. Jasmins e ramos de pinheiro, o cheiro amadeirado e almiscarado, cítrico.
Cheirava a anis e gengibre, pimenta e canela, junto com noz moscada e açúcar mascavo. Pralina... Cravo e sândalo. Patchouli.
Meu deus... Eu podia sentir o vento no meu rosto, podia sentir meu coração acelerar como não fazia há muito tempo, o sangue esquentar minha pele, a fome sendo saciada. Uma chuva fresca lavar meu corpo, e o calor do sol em mim.
Como uma única pessoa, um único sangue podia ter tantos cheiros, tanta informação junta?
Lembrava-me vagamente sobre o livro que relatava a historia do Cullen com a humana sobre ela ser a... “cantante” dele, mas isso não existe, era pura mentira.
-Alec? – ouvi a voz da razão me trazer de volta.
-Hã? – abri os olhos. Percebi que segurava os cabelos dela contra meu rosto, com força o suficiente para não deixá-la escapar de meu aperto. – Me... Me perdoe. – murmurei.
Soltei seu cabelo.
Afastou-se indo em direção ao quarto.
Balancei a cabeça como que tentando recuperar a consciência.
-O que esta acontecendo? – perguntei a mim mesmo.
“Ela é poderosa...” a voz de gelo do demônio da neve ecoava em meus ouvidos como sinos amaldiçoados.
-Hellena? – gritei.
-O que?
-Te espero lá fora. – falei descendo as escadas e saindo para o jardim.
Olhei para o lugar que outrora um passarinho morto estivera, ate ela reviver-lo. Andei ate onde a neve encobria meus tornozelos. Uma brisa invernal percorreu meu rosto, beijando minha face.
Virei-me na direção do vento, e a menina estava parada ali.
-Como se chama? – perguntei.
-Elurram. – neve em basco. Uma língua rara de se encontrar, provinda da fronteira da Espanha com a França.
-O que Hellena é?
-O que Hellena é. – ela repetiu. Sua voz era tão infantil que me assustava. Ficamos lá, com ela fitando o nada com seus olhos azuis inexpressivos e os mais fortes que eu já vira. – Isso eu não posso responder. Mas o fogo pode.
Sumiu em labaredas azuis.
O fogo pode... O que ela quis dizer com isso?
O terrível frio que o demônio havia causado foi substituído por um terrível e agressivo calor. Um formigamento doloroso cresceu por meu corpo. Me virei na direção daquele calor insuportável, e vi uma jovem de olhos e cabelos avermelhados, me encarando com extrema raiva.
-Fique longe da humana. – sua voz era o total inverso da outra. Elurram tinha a infantilidade e a frieza em todos seus movimentos, já aquela mulher tinha o calor correndo pelas veias, a voz sensual e calorosa.
Senti uma forte atração sobre ela me puxar, era como se o universo nos unisse, como um imã puxa o outro.
-Que-Quem é você? – balbuciei hipnotizado pelo calor que escapava dela.
-Não precisa saber Volturi, apenas se afaste da humana. – ordenou. Ela parou, e um sorriso estonteante brotou em seus lábios. – Hum... Estou com tanta fome... Se eu me alimentar um pouco, ninguém vai ligar não é?
Não parecia falar comigo, e eu não entendia nada do que ela dizia, mas a atração era tão forte, que não conseguia nem sequer pensar, o desejo travava na minha garganta, e naquele instante, perdi toda a sede.
O sangue dela pulsava rápido e fervoroso, a mistura de um cheiro de fogueira com tudo que é quente, dês de fogo, ate a madeira que ele consome.
Ela se aproximou, e virou minha cabeça, deixando meu pescoço totalmente a vista e desprotegido. Eu tentava pensar, algo estava errado, mas todo meu corpo pulsava desejando ela, e nada mais.
Uma coisa fincou meu pescoço, bem no lugar onde ela encostava os lábios.
-Não! – ouvi uma voz de timbre suave, gritar. – Pare Dacra! Pare!
O que quer que estivesse no meu pescoço, me soltou, e eu cai no chão.
-O que você fez? – Hellena entrou no meu campo de visão.
Ela segurava minha cabeça no seu colo, e espalmava suas mãos em cada lado da minha face.
-Meu amor... Shh, vai ficar tudo bem... Eu prometo! Shh... – ela balbuciava loucamente. O ar a minha volta ficou denso, e meus olhos se fecharam instintivamente.
Hellena.
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Vou ficar um tempo sem postar porque minha internet nao esta funcionando!
beijos