Rivais escrita por Secreta, MissCherry


Capítulo 2
Capítulo 2 - Tomando sorvete com o inimigo




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   Ah, sério, eu queria me bater. Tudo bem que a chantagem emocional que Mary me fizera era muito eficaz, mas chegar ao ponto de aceitar tomar sorvete com o garoto que mais odeio é loucura! Bem, pelo menos ela e Jason estariam lá.

 

   Bufei, enquanto matinha minha cabeça totalmente inclinada na direção do vidro do carro, fingindo olhar a paisagem enquanto Jason dirigia seu Audi, e, minha irmã, sentada no banco do carona divertia-se cantando desafinadamente músicas que tocavam no rádio. Eu preciso realmente comentar que os dois me fizeram sentar no banco de trás com Brian?

 

   Estávamos encostados cada qual em uma porta, colocando todo tipo de distância permitida dentro de um carro entre nós, como se ambos tivéssemos alguma doença contagiosa.

 

   - Ah, olha só Laura! É aquela música que você tanto escuta! Vamos, canta comigo! – Mary pediu animadamente enquanto errava o começo de Love song.

 

Head under water
And you tell me
To breathe easy for a while
The breathing gets harder
Even I know that
Made room for me
It's too soon to see
If I'm happy in your hands
I'm unusually hard to hold on to

 

   Respirei fundo e contei até três... Quando minha irmã ia aprender a não dizer coisas sobre a minha vida na frente de Brian? Já podia até ver, no dia seguinte, ele me zoando por causa da música. Não que ele fosse ter alguma razão, certo? A música é demais!

 

   Observei-o sorrir levemente, enquanto me encarava. Ah, certo, claro que ele ia me zoar no dia seguinte. Eu tinha absoluta certeza. Mas eu ainda podia fazer algo, não podia?

 

   - Nem pense nisso, Brian... – Murmurei, irritada.

 

   Ele se fez de inocente.

 

   - Hã?! No que eu estava pensando? – Disse, como se não tivesse dado um sorriso irônico antes.

 

   O pior de tudo é que ele era bonito até sendo idiota. E isso remetia diretamente a mim, novamente. Já havia perdido as contas de quantas garotas se aproximavam de mim apenas para me fazer pedir o celular de Brian enquanto treinávamos tênis, ou fingir estar ali na quadra para me ver jogar, quando está lá apenas para ver um punhado de músculos. É, até nisso o cara se superava. Entretanto, eu era imune a músculos. Porque a idiotice de Brian preenchia todo o espaço chamado “afeto”, fazendo-me odiá-lo mesmo sendo tão bonito. E mesmo tendo dois olhos azuis que, hã... Não importa.

 

   - Você entendeu – revirei os olhos. – Posso apostar com você que metade do colégio vai concordar comigo se eu disser que Love song é uma boa música, e você não tem nenhum motivo para fazer piadas sobre isso – argumentei com firmeza.

 

   Ele fez uma careta.

 

   - Ah, não, não estava pensando em citar essa música enjoada amanhã – riu. Bufei com o comentário, mas me mantive calada. Ah, qual é, não ia deixar o Jason achar que a mal educada ali era eu! – Na verdade, estou pensando seriamente em contar para meus amigos sobre como ficou sua cara depois que viu como sujou sua roupa ao se jogar para rebater aquela minha bola – alfinetou, gargalhando depois.

 

   - Brian! – Jason o repreendeu. Apesar de ser apenas um ano mais velho, ele parecia ser muito mais quando estava perto de Brian. Isso porque, claro, o meu rival era tão infantil quanto uma criança de sete anos.

 

   - É, e eu vou contar para os meus amigos como foi bom ganhar de você mais uma vez – sorri, vitoriosa. A cara de Brian se fechou abruptamente, e, bufando sonoramente, ele voltou a encarar a janela.

 

   - Laura! – Foi a vez de Mary me repreender. Apesar de ser – coincidentemente – um ano mais velha do que eu, ela parecia querer dar uma de MUITO mais velha algumas vezes. E essa era uma delas.

 

   - Ele começou – me defendi.

 

   - Eu comecei? – Brian me encarou por um segundo. – Você que veio com um papo de eu estar tramando algo – rosnou. – Eu apenas te respondi por educação.

 

   - Ah, claro! Como se você, a personificação da inocência, não estivesse mesmo se preparando para falar rios de baboseira amanhã sobre mim só porque perdeu a merda do campeonato juvenil! – Gritei, irritada.

 

   - Foi um golpe de sorte você ter ganhado desta vez! E se você chama o campeonato de “merda” seria melhor não se inscrever mais, já que não é importante pra você! Porque pra mim é! – Se aproximou, elevando sua voz, igualmente furioso.

 

   - Ótimo! Seria mesmo maravilhoso para você se eu não me inscrevesse, não é verdade? Porque ai estaria tudo organizado para sua vitória! Eu sou a pedra do seu caminho! – Revirei os olhos com ironia.

 

   - Talvez seja! – Retrucou.

 

   - A verdade é que... – Comecei.

 

   - CHEGA! – Mary me interrompeu. – Vocês, dêem um abraço! Agora! – Gritou, estressada.

 

   Encarei-a perplexa, nunca ouvira minha irmã elevar sua voz a esse ponto.

 

   - Mary? – Murmurei, confusa.

 

   - O que é? Eu estou cansada! CANSADA! Era para isso ser um passeio amigável, vocês deviam ser amigos! Coincidência ou não eu e Jason somos um ano mais velhos que vocês e namoramos, vocês deviam pelo menos se suportar! Qual é o motivo desse ódio todo? Tênis? Esporte? Vocês já saíram da quadra, se ainda não perceberam, e só porque são rivais dentro da mesma, não quer dizer que não possam ser amigos fora dela! – Mary discursou, completamente ensandecida.

 

   - Eu concordo com a Mary – Jason se pronunciou.

 

   Revirei os olhos instantaneamente.

 

   - No que você não concordaria com a Mary, Jason? – Eu e Brian murmuramos em coro.

 

   - Ah, em... – Ele tentou. – Bem, não importa. Por que vocês não tentam? Ah, não custa nada tentar! Pelo menos se suportarem, sei lá! É realmente meio chato ficar tendo que escolher entre você e a Laura, Brian. Você é meu irmão e ela, além de ser minha amiga, é irmã da minha namorada! Vocês têm alguma noção de que se tudo der certo assim que terminarmos a faculdade eu e a Mary vamos nos casar? E que vocês terão de conviver para sempre? – Argumentou.

 

   Eu e Brian nos entreolhamos em pânico. PARA. SEMPRE?!

 

   - NÃO! – Viramos a cara, pasmos.

 

   - É por isso que não são amigos! Porque não tentam! – Mary disse, revoltada. – Já que não é por livre e espontânea vontade, vai ser do meu jeito. – Abriu um sorriso perverso. – Se não começarem a se tratar bem, EU falo com o papai para cancelar seu cartão de crédito e suas aulas de tênis, Laura...

 

   - E eu falo com nossa mãe para te deixar um bom tempo sem sair para festas, além da suspensão das aulas de tênis, claro... – Jason continuou.

 

   - Ah, tá certo, como se o papai fosse concordar... – Revirei os olhos em resposta.

 

   - Ele já concordou – Mary aumentou o sorriso. – Ele disse que se é para o seu bem, ele topa. Principalmente porque podemos nos tornar uma família só daqui a... – Contou nos dedos. – Sete anos! – Murmurou perplexa.

 

   - Para o meu bem?! Ele ficou louco? – Desesperei-me.

 

   - Ah, não... Ele sempre concorda comigo, você sabe. Sempre fui a responsável. Além disso, ele até descobriu que a mãe do Jason é colega de trabalho dele, conversou com a mesma, e ela também topou.

 

   Encarei Brian, que igualmente surpreso, também me fitava. Eu queria me beliscar para ver se aquele pesadelo não acabaria...

 

I'm not gonna write you a love song
'Cause you ask for it
'Cause you need one
You see, I'm not gonna write you a love song
'Cause you tell me it's make or break in this
If you're on your way
I'm not gonna write you to stay
If all you have is leavin'
I'm gonna need a better reason
To write you a love song
Today
Today...

 

   Quando eu abri a boca para falar algo, Jason me interrompeu.

 

   - CHEGAMOS! – Anunciou, todo sorridente, enquanto abria a porta do carro.

 

   Desci do carro ainda muda, não acreditando no que estava ocorrendo. Eu teria que ficar amiga do... Brian?!

 

   Quando adentramos a sorveteria, minha irmã descobriu que havia uma fila grande para comprar sorvete e sugeriu que Jason ficasse ali com ela para pegar os sorvetes – A PODEROSA TEORIA DAS QUATRO MÃOS PARA QUATRO SORVETES -, enquanto dava liberdade para que eu e Brian escolhêssemos uma mesa para nos sentar, e conversássemos sobre as descobertas anteriores.

 

   Assentimos, sem muita escolha, e nos sentamos em uma mesa de canto.

 

   O silêncio estava coberto de tensão, mal nos encarávamos, tentando digerir aquilo tudo.

 

   - Então... Não sei você, mas ainda quero ir a festas – Brian puxou assunto.

 

   - E eu não quero perder meu cartão de crédito – fiz bico, cruzando os braços, revoltada com a situação.

 

   - Patricinha... – Brian murmurou baixo, entretanto, o bastante para que eu escutasse.

 

   - O QUÊ?! – Gritei, fula da vida. Eu ali, tentando conciliar os fatos, e ele me xinga? Ah, qual é?! Tenha santa paciência!

 

   De longe vi Mary me acompanhar com os olhos, e acabei desistindo de matar Brian ou esfaqueá-lo enquanto ninguém estivesse olhando. Foi quando me surgiu uma idéia, enquanto ninguém estivesse olhando...

 

   - Brian, o negócio é o seguinte: nós não nos suportamos, e nunca seríamos amigos, certo? – Dei uma indireta.

 

   - Certo – ele assentiu, interessando-se.

 

   - Mas se não aturarmos um ao outro vamos perder coisas que não estamos dispostos a abrir mão, certo? – Prossegui.

 

   - Sim – afirmou.

 

   - Entretanto, até onde eu sei, Mary, Jason, meu pai e sua mãe não ficam o tempo todo com a gente, certo? – Abri um sorriso travesso.

 

   - Certo – Brian assentiu, retribuindo meu sorriso, provavelmente já entendendo onde eu queria chegar.

 

   - Então, o que temos de fazer, é fingir que somos amigos na frente deles – dei de ombros, me sentindo super esperta.

 

   - Concordo. Você consegue me aturar pelo menos por esse tempo? – Falou com sarcasmo.

 

   Bufei alto.

 

   - Caso não saiba, sou uma ótima atriz – me gabei, com orgulho.

 

   - Tanto que chegamos ao ponto de nossas famílias interferirem em nossa “antipatia” – debochou.

 

   - Ah, cala a boca! – Resmunguei. – Eles estão vindo aí! – Alertei em seguida, deixando-o ciente de que era para começar o teatrinho.

 

   - E aí? Como foi a conversa? – Mary disse, sentando ao meu lado e me entregando meu sorvete de baunilha com caramelo.

 

   Jason, que se sentara ao lado de Brian, entregou-o um sorvete de morango com cobertura de chocolate. Que estranho!

 

   - Que estranho! – Murmuramos em coro, fitando um o sorvete do outro.

 

   Mary e Jason riram.

 

   - Até nas esquisitices vocês combinam! – Declararam, rindo em seguida.

 

   Revirei os olhos disfarçadamente, e limpei a garganta, chamando a atenção para mim, antes de começar a falar:

 

   - Eu e Brian resolvemos ser amigos. Não é B? – Abri um sorriso falso, que se transformou em verdadeiro ao vê-lo arregalar os olhos de surpresa com aquele apelido escroto que as líderes de torcida haviam o dado sendo falado exatamente por MIM.

 

   - Claro, Lauren! – Ele se recuperou em seguida.

 

   - Lauren? – Franzi o cenho. – É Laura! – O corrigi automaticamente.

 

   - Eu sei, - ele bufou. – Mas você tem um apelido especial pra mim, eu também tenho que ter um pra você, né? Negócios da amizade, Lauren – deu de ombros, enquanto apertava minha bochecha.

 

   Respirei fundo e contei até mil. O que não deu certo, então simplesmente enfiei um bolo de sorvete na boca, tapando todos os tipos de xingamento que eu tinha para despejar sobre a cara de pau de Brian.

 

   - Ah, que bom que agora vocês estão amigos! Então, para comemorar isso, não aceito um não como resposta, vocês VÃO com a gente até o parque de diversões, no próximo sábado! Vai ser tão legal! – Mary disse animadamente.

 

   Quase cuspi todo o meu sorvete favorito para fora, sério.

 

   - Ah, é... Que legal – tornei, com um sorriso falso que mais parecia uma careta.

 

   Ah, cara, ia ser muito difícil suportar aquela amizade falsa com minha irmã dificultando as coisas!

 

Love Song

Sara Bareilles

Composição: Sara Bareilles

Head under water
And you tell me
To breathe easy for a while
The breathing gets harder
Even I know that
Made room for me
It's too soon to see
If I'm happy in your hands
I'm unusually hard to hold on to

Blank stares at blank pages
No easy way to say this
You mean well but you make this hard on me

I'm not gonna write you a love song
'Cause you ask for it
'Cause you need one
You see, I'm not gonna write you a love song
'Cause you tell me it's make or break in this
If you're on your way
I'm not gonna write you to stay
If all you have is leavin'
I'm gonna need a better reason
To write you a love song
Today
Today...

I learned the hard way
That they all say
Things you wanna hear
My heavy heart sinks deep down under
You and your twisted words
Your help just hurts
You are not what I thought you were
Hello to high and dry

Convinced me to please you
Made me think that I need this too
I'm trying to let you hear me as I am

I'm not gonna write you a love song
'Cause you asked for it
'Cause you need one
You see, I'm not gonna write you a love song
'Cause you tell me it's make or break in this
If you're on your way
I'm not gonna write you to stay
If all you have is leavin'
I'm gonna need a better reason
To write you a love song today

Promise me
You'll leave the light on
To help me see
With daylight, my guide, gone
'Cause I believe
There's a way
You can love me
Because I say

I won't write you a love song
'Cause you ask for it
'Cause you need one
You see, I'm not gonna write you a love song
'Cause you tell me it's make or break in this
Is that why you wanted a love song?
'Cause you asked for it
'Cause you need one
You see I'm not gonna write you a love song
'Cause you tell me it's make or break in this
If you're on your way
I'm not gonna write you to stay
If your heart is nowhere in it
I don't want it for a minute
Babe, I walk the seven seas
When I believe that there's a reason to write you a love song
Today.
Today...

 

 

(...)

 

 

Galera, deixem reviews se quiserem continuação, ou vamos parar de postar =//

 

BEIJOOOS!


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