Be My Friend escrita por milena_knop


Capítulo 12
No lugar certo na hora certa


Notas iniciais do capítulo

Oiie
Bom esse capítulo ficou grande, então será dividido em duas partes!
boa leitura :D



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Capítulo 12
Parte 1
- Tá bom, eu já entendi, o Scotty não morde - fechei a porta e Tom se escorou na janela do carro.
- É só pra você não gritar e assim... Fazer escândalo sabe.
- Palhaço - subi o vidro e deixei Tom reclamando por quase ter esmagado seus preciosos dedos que valem milhões. 
Por que eu nunca consigo dizer não àquela praga? E cá estou eu, dirigindo até a casa dos gêmeos. Tá legal, nem é tão longe, mas entrar lá sozinha sem o Tom e com o Bill lá é estranho. Deus queira que ele realmente esteja dormindo e que nem note minha pequena estada em sua casa. É, pensamento positivo Rachel!
Mais alguns minutos e finalmente cheguei ao local que estava anotado com os garranchos do Tom no papel em cima do banco do passageiro. Era reservado. Digo, bem reservado, com um enorme muro branco que preenchia toda uma quadra. Estacionei em frente a um portão escuro e antes de descer e falar com o porteiro, algo me chamou a atenção: Vários carros estacionados distantes uns dos outros estavam por ali. Eu diria até que essa distância era milimetricamente calculada e até combinada entre eles. Pressionei os olhos, e no carro que estava mais perto, enxerguei um rapaz de óculos que estava distraído mexendo em uma câmera fotográfica. Mas é claro...
- Bom dia, em que posso ajudar senhorita? - um homem alto e loiro com uma barbicha estranha se aproximou de mim.
- Sou Rachel Levý, vim buscar algo para o Sr. Kaulitz, ele iria avisá-lo pelo telefone.
- Ah sim, ele ligou. Abrirei o portão pra você – sorriu. 
- Escuta senhor, esses carros são...? – apontei para onde eles estavam estacionados.
- Sim, paparazzi - completou .
- Ah bom. – respondi - Isso é doentio. – sussurrei, enquanto o homem voltava a sua cabine.
Entrei no carro e esperei pacientemente até o portão se abrir. Era um condomínio diferente, onde as casas eram mais afastadas umas das outras, talvez pelo tamanho e pela privacidade dos condôminos. A casa dos Kaulitz era uma das últimas, só pra ajudar né? Cercado branco, cercado branco...
- Achei! - exclamei animada enquanto desligava o carro. 
Abri o portão e havia um caminho coberto por árvores, eles moravam dentro da floresta praticamente. Depois de andar por esse bosque, finalmente consegui ver o céu novamente, mas não me lembro se deixei fechado o portão e...
- Aaai scheisse! - bati meu pé em um... – Buda?! – disse, assustada com aquela estátua gorda que estava plantada a minha frente - Bom Rachel, só falta querer que ela saia pra você passar né? – disse baixinho, sorrindo comigo mesma. 
Segui em frente, mas continuei me perguntado o que aquilo fazia ali. Não sabia que os meninos eram adeptos ao budismo. Mais para a esquerda encontrei a porta da casa, que por sinal é bem grande. Mas é amarela, não gosto de amarelo... Mas eles têm um gosto peculiar hein? Bom, agora é só pegar a chave e entrar sem fazer barulho...
- Maldito Tom! Como vou saber qual é a chave nesse molho com umas 20 pecinhas metálicas? - exclamei baixo. O jeito era testar todas. 
Depois de mais de meia hora tentando, finalmente acertei a maldita chave que se encaixava e abria a fechadura. Abri a porta lentamente, entrei e Scotty já veio pulando em cima de mim, esse animal só poder ser carente. 
Depois de acalmar e acariciar o bicho, parei para observar a casa. Ali na parte interna havia muito bom gosto, tudo muito bem decorado, com sofás logo no primeiro cômodo. Tudo branco e vermelho. E um pouco mais a frente havia uma escada, e era pra lá que eu deveria ir. 
Subi lentamente, tentando fazer pouco barulho, mas era impossível. Scotty pulava degrau por degrau tentando me alcançar. Lá de cima se enxergava toda a parte de baixo da casa.
- É a primeira porta a direita ouvi? Se você entrar na segunda vai estar no quarto do Bill entendeu? Tenho que desenhar?! – lembrei-me de Tom achando que eu era um tipo de retardada e me explicando onde era seu quarto. 
Ao ver a segunda porta fechada, meu corpo foi tomado por um arrepio Bill estava bem pertinho, provavelmente dormindo, e a vontade de abrir a porta e falar com ele era grande, mas eu ainda conseguia ser mais forte que essa minha estúpida vontade. 
Abri a porta de Tom e minha boca foi ao chão tamanha foi a surpresa: Seu quarto era incrivelmente arrumado. Uma cama de casal no centro com os lençóis alinhados, uma mesa com computadores e aparelhos eletrônicos, e na parede de trás de sua cama havia uma foto sua recente tocando guitarra que ocupava toda a parede, terrível e irrevogavelmente lindo. E bem modesto também, uma das características dele e... Não! Mentira!
O armário era na cor cinza, embutido, e do lado havia uma porta que na certa seria o banheiro. Scotty já estava esparramado na cama. Fui até a mesa onde estavam os aparelhos e peguei o branco, que segundo ele, seria o certo. Chamei o cachorro e quando me virei após fechar a porta, bati em algo preto e macio. Meio tonta, olhei pra cima e Bill me encarava sem expressão alguma.
- Érrrmm... Bill? - cocei a cabeça em forma de nervosismo e ele se afastou – Achei que estivesse dormindo... Ó - coloquei a mão na boca - eu te acordei? Desculpa! - Bill negou com a cabeça. Ele não vai falar nada?
- Tom esqueceu? - ele finalmente perguntou, apontando para a máquina na minha mão.
- Sim... Ele queria me mostrar uma coisa e havia esquecido, sabe como ele é né?- esbocei um sorriso, mas Bill não me acompanhou. 
Só depois de alguns minutos de silêncio ele resolveu falar.
- Me acompanha em um café? – sugeriu, olhando para baixo. Ele estava com roupas bem simples, de moletom e com o cabelo totalmente bagunçado e com as suas enormes olheiras de cada dia. E bem abatido, eu diria.
- Não posso, eles estão me esperando, mas eu adoraria... - sorri e finalmente ele retribuiu.
- Tudo bem, eu te levo até a porta. - ele pegou em minha cintura e me guiou até a ponta da escada. Foi quando senti Bill se inclinar para frente e se apoiar em mim.
- Bill, tá tudo bem? – perguntei, enquanto ele tentava se manter em pé, mas era difícil. Ele apertava meus ombros com força e mantinha os olhos fechados. – Bill me responde, o que foi? - ele finalmente se afastou, mas continuou segurando forte em minha mão. Ele tremia muito. Meu Deus, ele iria desmaiar!
- Me ajuda, por favor, me ajuda... - ele abraçou meu corpo e imediatamente deixei o computador atingir o chão. Segurei Bill pela cintura enquanto ele apoiava a cabeça em meu ombro esquerdo, ainda tremendo demais. Ele pode ter uma convulsão, e agora? O que eu faço?!
- Vem, vou te levar pro quarto e buscar uma água pra você. – o guiei até a porta do quarto, mas ele se mantinha abraçado ao meu pescoço andando de ré. Sentei Bill na cama e ele se encolheu.
- Fica aqui, vou buscar algo pra te ajudar tá? - quando fui me virar, o senti puxando meu braço.
- Por favor, não me deixe fazer nada disso que está na minha cabeça... - suplicou com lágrimas correndo dos olhos.
- Olha, você fica aqui, eu já volto... E do que você tá falando?! Fica aqui, não se mexe, eu volto logo. - soltei meu braço e saí porta afora até a cozinha. 
No momento em que cheguei à parte de baixo da casa, imediatamente peguei o telefone e disquei o número de Tom. Bill estava mal e precisava do irmão. Enquanto isso, eu tentaria acalmá-lo com água e um pouco de açúcar, até porque se eu lhe desse algum remédio poderia piorar sua situação. 
Estava enchendo o copo quando escutei uma batida de porta vinda lá de cima. O que aquele maluco fez? 
Subi as escadas com muita pressa, e ao entrar no quarto não encontrei ninguém. Olhei por todos os lados, mas não havia nenhum sinal dele, nada! Ainda aflita, escutei um barulho de vidros caindo no banheiro e algo se chocando com força contra a porta. Nesse exato momento, tudo se encaixou em minha cabeça. 
“Bill está com depressão, eu sei que ele não tentou se matar ainda, mas sei que é capaz.” Foi então que a frase que havia saído de sua boca fazia total sentido pra mim. “Não deixa eu fazer isso que está na minha cabeça”.
Sentei-me na cama e coloquei a mão na cabeça, ainda não acreditando em tudo que eu havia concluído.
- BILL! – gritei o mais forte que pude, mas não obtive resposta. Encaminhei-me até a porta e dei fortes batidas na mesma, mas ainda estou tendo um esforço inútil.
- Bill por favor, abra esta porta ou... Ou pelo menos me diga que está me ouvindo... Bill! - apoiei a cabeça na porta e escutei água se chocando contra o chão. Bom, ele havia ligado o chuveiro, era um sinal de vida e consciência. Agora eu precisava correr contra o tempo. 
Imediatamente liguei para Tom e dessa vez obtive resposta. Ele ficou desesperado, o que me fez ter remorso pois ele poderia correr e fazer uma besteira. Então o fiz prometer que Georg lhe traria. Enquanto isso, eu ligaria para um médico conhecido e que eu tinha certeza que seria discreto, o que nessa altura no campeonato era meio difícil, mas eu tentaria manter essa privacidade. 
Fiquei o tempo todo em pé na frente da porta do banheiro. Enquanto eu ouvia a água caindo, ainda tinha uma certeza (embora ela fosse mínima) de que estava tudo sobre controle.
- Onde ele está? Onde ele... Bill abre essa porta! BILL! - Tom entrou com tudo no quarto e batia fortemente na porta, muito transtornado.
- Não adianta, ele não abre. - respondi tocando em seu ombro.
- Há quanto tempo ele está aí?
- Meia hora mais ou menos. - Tom baixou a cabeça e respirou fundo.
- Ele não pode fazer isso... – ele caminhou de um lado para o outro do quarto, saiu pela porta e voltou com algo em mãos.
- O que é isso? – perguntei, olhando um objeto prateado que ele trazia.
- Os banheiros têm as fechaduras iguais, logo, têm a mesma chave. - concluiu, colocando-a na fechadura, e para nosso alívio, a porta se destrancou e Tom a chutou com toda a força. 
A cena que vi a seguir foi no mínimo chocante: Havia vários vidros de perfume no chão, todos quebrados, e os cacos totalmente espalhados. E mais adiante, sobre o chuveiro, lá estava ele, sentado, ainda vestido e com a cabeça baixa, e o pior: Fazendo vários cortes profundos em seus braços com um pedaço de vidro. 
Tom adentrou o banheiro e ergueu Bill pela roupa, colocando-o de pé violentamente. Bill parecia estar vulnerável a tudo aquilo que acontecia a sua volta, como se estivesse em um estado de transe profundo. Tom o abraçou fortemente e Bill pareceu despertar, apertando o irmão com força. Logo, os dois choravam abraçados embaixo d’água. Sentei-me na cama e não consegui evitar que as lágrimas rolassem por sobre meu rosto. Nem sei ao certo do que se tratavam: Se eram de alívio ou pena. Aquela imagem ficaria marcada em minhas lembranças por um bom tempo...
Tom retirou o irmão de dentro do banheiro e enquanto passava por mim e se sentava na cama, Bill me olhou nos olhos, baixando-os logo em seguida. E assim ficou o tempo todo em que aguardávamos o médico chegar.
Eu estava lá embaixo tomando um gole de água e esperando Tom descer com o médico. Não quis ficar lá em cima, seria me intrometer demais nesse problema. Então aguardaria ali mesmo.
- Rachel, você pode subir e ficar lá com ele pra mim? – Tom perguntou, após descer as escadas acompanhado do médico. Logo entendi que ele queria conversar a sós com o doutor.
- Claro. - respondi e sorri. Tom me retribuiu, mas fracamente. 
Ao chegar ao quarto, vi Bill deitado na cama com uma coberta grossa na qual ele estava enrolado, deixando somente seu rosto à mostra e rodeado por travesseiros. Ele me viu e virou o rosto para o lado da janela, onde ficou fitando o nada por um bom tempo. Eu não tinha coragem de falar nada, e muito menos ele. Acho que só agora ele havia percebido o que tinha feito e a vergonha era sua maior companhia no momento. 
Sentei-me na poltrona marrom que havia no lado direito da cama, oposto ao lugar que Bill estava, e encarei o chão. Foi quando ele resolveu falar.
- Posso conversar com você? - perguntou com o rosto ainda abatido, mas por hora me encarando.
- Claro. – respondi, sorrindo timidamente.
- Senta aqui. - Bill bateu a mão no seu lado direito da cama, indicando que eu me sentasse. Fui até lá e me ajeitei ao seu lado. Ele se virou e se soltou das cobertas.
- Pronto, estou aqui, pode falar. - Bill olhou a janela e tomou fôlego.


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Notas finais do capítulo

e então comentários?
até mais ;*



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