Cαp.III

.:Renata:.

Eu havia me encosta do na parede leste de meu quarto. Pensando no meu futuro.

Meu peito doía, mas não era por causa de uma ferida física. O que me machucava era a decisão que eu estava relutante em tomar.

Respirei fundo, sentindo os odores de Volterra ao meu redor.

Junto com o cheiro de antiguidade do castelo em que residíamos, o aroma da cidade italiana era forte e quase que predominante. O Sol banhava o meu quarto com seus raios de meio dia. Vi minha pele cintilar como diamante quando eu mudei de posição, escondendo meu rosto da luminosidade. Eu queria entrar em transe, como os vampiros das histórias de Terror.

Terror. Era esse o sentimento que me oprimia. A indiferença de Caius e Marcus, a chateação de Aro. O sarcasmo negro de Felix e a tristeza de Jane, Demetri e Alec. Meu precioso Alec. Meu salvador.

Daria minha semi-vida por ele muito mais gratamente do que daria por qualquer um de meus Mestres.E Aro sabe disso, mas nunca me jogou na cara. Ele sempre foi um cavalheiro comigo, mesmo que às vezes eu não merecesse.

Suspirei e levantei meu olhar ao ouvir passos em minha direção. Pela cadência, era Demetri. Estiquei o elástico do escudo e contraí e soltei o diafragma rapidamente, lançando minha proteção até meu irmão.

Ouvi-o xingar baixinho quando foi desviado de sua rota.

Eu queria ficar sozinha.

Lembrei-me, então,dos Cullen. Meu provável futuro. Já havia tomado a decisão de ir visitá-los. Pediria a Carlisle que me instruísse na nova dieta que eu vinha tendo escondida dos outros.

O humano no Hotel Belaggio foi só uma... Exceção.

Em noventa e três anos de vida, setenta e quatro anos como criatura da noite, nunca havia caçado dentro de Volterra. Com exceção de duas semanas atrás. Mas eu não ia embora por causa disso.

Eu ia porque estava farta daqui. De ter de estar o tempo todo brigando. De viver só, mesmo quando estava rodeada de irmãos. HÁ! Irmãosuma ova! Eu não os amava a esse ponto.

Demetri e Felix foram carrascos de mim e de meu marido. Fernando.

Fernando. Pronunciei seu nome em voz alta só para ouvir o som maravilhoso que ele fazia. Me lembrei dos olhos do homem a quem amei com tanto ardor. Por quem morri inutilmente. Ele estava tão morto quanto eu minutos após Alec decidir me trazer para esse lado do manto.

Suspirei e ouvi passos no corredor novamente. Desta vez, acompanhados de batimentos cardíacos.

Gianna.

Coitada dessa mulher.

Levantei-me e passei pelo sofá de veludo azul-escuro que ficava no centro do cômodo. Lá, jogado de qualquer jeito desde a noite passada, estava meu mando cinza-escuro.

Abri a porta antes que ela chegasse a dois metros da mesma.Os olhos percrustadores verde-intensos da mulher humana me analisaram de cima a baixo, reparando na minha palidez, nas minha roupas. Em minhas olheiras.

“Aro disse te espera na sala de reuniões em cinco minutos.” Ela estava dando as costas, quando voltou-se novamente, mordendo o lábio inferior. “Aceita um conselho, Renata?”

“Sim.” Eu disse, enquanto pegava meu manto e o vestia.

“Não o irrite.” E se retirou, dobrando numa escadaria próxima, enquanto eu segui reto. Direto para meu  Mestre.