Gerard não havia dormido naquela noite, virava-se de um lado para o outro na cama do ônibus. Mickey o chutava para que chegasse para outro lado de vez em quando. Não conseguia parar de pensar em Frank, tinha que conversar com ele, explicar o que estava acontecendo. Frank iria entender, ele tinha que entender! Tinha que perdoá-lo!

Mas ele se perdoaria? Gerard ficou pensando nisso a noite toda. Até chegarem em casa.

Frank saiu correndo em direção ao seu quarto e antes de conseguir fechar a porta Gerard entrou, empurrando Frank e trancando a mesma, colocando a chave dentro de seu bolso.

Frank o encarava abismado. Como podia ser tão cara de pau, depois de tudo, tinha coragem de ir até ele e trancá-lo como se fosse um cachorrinho em seu próprio quarto.

- Temos que conversar. – Gerard disse dando um passo em direção ao menor.

- Não tenho nada para falar com você, papai. – Proferiu a ultima palavra com nojo, olhando-o de cima a baixo. – Quero dormir. – Sorriu falso, jogando-se na cama.

- Você já dormiu, e vai me ouvir. – Ordenou.

- Como se fosse eu que precisasse de explicações! – Frank se levantou irritando, andando até Gee, sua boca a centímetros do mais velho. – Eu não fiz nada de errado, então cale a boca. – Disse.

- Eu tenho que lhe explicar umas coisas. – Disse suspirando enquanto Frank dava alguns passos para trás, voltando a ficar distante dele. – Vou me casar com Lyn-z. – Gerard disse tentando parecer firme, mas sua voz vacilou.

- Ah! Perfeito! Veio até aqui para esfregar isso na minha cara?

- Você não está sendo compreensivo! Ela está grávida, meu filho, pequeno entenda. – Gee disse dando um passo em direção a Frank, que o fuzilou com os olhos.

- Não me chame de pequeno, você não tem o direito de ser amável comigo. – Cuspiu as palavras. – Você não tem o direito de ser amável com ninguém, só sabe destruir o coração dos outros.

- Frank! Me escute! Eu não posso fazer nada, nós também não poderíamos mais ficar juntos! Eu sou hetero! – Gerard disse.

- HAHAHAHA! – Frank riu sínico. – Transar comigo durante oito meses, me amar, ficar ao meu lado. É ser hetero? Ótimo! – Frank balançou a cabeça de forma negativa.

- Não podemos mais ficar assim, você sabe disso. Acabou! – Gerard disse. Frank não conseguiu se conter, começou a chorar.

As lágrimas desciam pelo rosto do menor, Gerard sentiu-se morto por dentro, odiava fazer Frank chorar, mas eles não podiam ficar juntos. Gee sabia que o magoaria mais cedo ou mais tarde. Era mais fácil agora, que ele tinha uma boa desculpa. Ele também não queria se envolver tanto, tinha medo, estava com medo, o amava demais, não suportaria saber que Frank o trocaria um dia, então decidiu deixá-lo. Iria se casar e ter um filho. A ordem natural das coisas. Homens com mulheres, mulheres com homens e ponto final.

Frank aproximou-se de Gerard, selando seus lábios. Gee empurrou e o fitou.

- Não, é errado! – Gerard disse.

- Você não pode fazer isso comigo! - Gritou Frank irritado.

- Eu faço o que eu quero! - Gee o empurrou em cima da cama.

- Vai abandonar tudo por causa disso Gee? Por causa de ter medo do que as pessoas falem de nós?! Ótimo! - Frank gritou de volta, se levantando e empurrando Gee.

- Nunca mais quero vê-lo! Na minha banda você não toca mais Frank! - Gee puxou os cabelos e esfregou o rosto irritado. - Suma! - Apontou para a porta.

- É o que eu vou fazer mesmo. - Saiu batendo a porta.

        - O que eu irei fazer agora? - Gee repetia para si mesmo com as mãos no rosto. - Perdi meu guitarrista, meu melhor amigo... E o amor da minha vida.

Gerard jogou-se na cama de Frank, começando a chorar.

Ele era um idiota, “estúpido” repetia para si mesmo. Ele amava Frank Iero, não Lyn-z, apesar de ela esperar seu filho. Ele o amava, sempre amou, nada iria mudar isso, ele iria até o fim do mundo por seu pequeno. Era a coisa mais importante de sua vida, o que seria dele sem aquele garoto lhe beijando no palco? Sem eles trocando caricias todas as noites, rindo bêbados e gritando na rua que se amavam, para todos ouvirem?

Ele sabia: não seria nada alem de um lixo.