Maldito Mestre. escrita por Arizinha


Capítulo 31
Capítulo 31 - Edward A. Murphy




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Eu me lembro de uma vez, - e nossa! Isso faz anos. – em que eu estava no pátio da minha escolinha.  Era o primeiro dia de aula, o sol estava quente, por algum tipo de milagre e o vento era uma brisa tão suave que passava despercebida.   Eu estava sozinha e com medo.

Agarrava-me loucamente a Dolly, minha boneca favorita, tentando sobreviver àqueles loucos que seriam meus colegas. Não podia imaginar, nem acreditar, no porquê de minha mãe me largar ali. Cristo! Eles eram doidos, jogavam-se uns sobre os outros e berravam coisas estranhas enquanto a professora, distraída, conversava com outra colega.

Eu mal vi quando um menino baixinho, gordinho e feinho jogou-se sobre mim, acidentalmente.  Desequilibrada como sempre fui, caí. Esfolei meu joelho em dois lugares e minhas duas mãos tentando minimizar a queda na calçada cimentada do lugar. Na hora, eu lembro de querer chorar, de inclusive começar a lacrimejar, mas mal tive tempo. Uma loira baixinha, furiosa, chegou em Mike Newton e lhe acertou um soco no nariz.

O menino a encarou completamente chocado e ela bradou, furiosa:

“Seu lidículo, eu avisei mil vezes pla ficá longe das meninas!”

Foi assim, com essas variações linguísticas, que eu conheci Rosalie Hale.  A loira linda, popular, líder de torcida, que trocou eles por erres até os sete anos.  Jamais nos separamos desde então.  Acrescentamos, mais tarde, Alice Brandon pro grupo.

Uma moreninha agradável, que arrancou a cabeça de todas as nossas bonecas quando descobriu que, no mesmo ano, havíamos derrubado chocolate propositalmente no cabelo de todas as suas.

Inevitável sacudir a cabeça com isso. E sorri.

Nunca fomos amigas convencionais, jamais nos aproximamos por razões morais. Nós só nos amamos demais, desde pequenas. E cada uma ia pra um lado depois desse ano.   Claro que nossa amizade nunca foi uma coisa muito normal. Elas eram mandonas, teimosas e irritantes. Os anos de convivência me fizeram igualmente chata, mas acontece, que duas contra uma, é simplesmente injusto!

“Isabella Swan! Você não pode não ir ao baile!” Berrou Alice, agarrando-me pelo braço enquanto eu me segurava na porta.

“Vocês não podem me obrigar!” gritei de volta.

Rosalie tentava soltar meus dedos cravando-me suas unhas. “Ai!” gritei, soltando.  Não foi uma boa ideia, acabei sendo arremessada sobre Alice e puxando Rose pra queda.

“Ah, sua maluca!” resmungou Allie, tocando a cabeça. “Só queremos levar você pra uma festa, caramba! Não pra forca, pra que esse escândalo?”

“Vocês já sabem porque:  EU NÃO QUERO IR!”

“Você não quer ir porque é uma babaca chorona!” Rose levantou, me puxando. “Você vai nessa festa, vai no salão com a gente arrumar esse seu cabelo podre e vai superar Edward! Não é um pedido! Se ele quis voltar pra puta que pariu, problema dele. Você vai superar!”

Encarei-a boquiaberta.

“Nossa!” Alice sussurrou, impressionada. “Seu cabelo está mesmo podre...”

Eu rosnei. Elas acharam engraçadíssimo. “Eu odeio vocês.”

“Sim, nós sabemos.” Rose sorriu.  “Agora vamos.”

Caminhei com as duas em direção as escadas.

“Não era uma boa você colocar uma roupa? Não que eu não ache seu pijama sexy, mas...”  Allie perguntou.

Revirei os olhos. Eram exigências demais!

(...)

“Oh, meu Deus!” Jack (ah, é? Quem disse que eu tenho que ser criativas com cabelereiros? Quem leu EVED sabe...) “Mona, você não lava esse cabelo há quantos dias?”

“Uns aí...” fui vaga.

“Uns aí? Querida, eles estão prestes a desprender-se da sua cabeça e saírem andando!”

“Não exagera, tá? Você não tinha que apenas... Hm... Lavá-los?” fui mal-humorada.

“Sim, claro...” Ele ligou o pequeno chuveiro da cadeira. “Lailah! Cadê aquelas luvas pra mexer com radioatividade?”

“VOCÊ SÓ PODE ESTAR BRINCANDO!” rosnei.

Ele gargalhou e começou a massagear meu couro cabeludo com o xampu. O cheiro suave do produto me lembrava ligeiramente algum outro cheiro conhecido. Não sabia dizer o que era... Mas era tão agradável e tão gostoso que me fazia relaxar. Senti sono, vontade de dormir. Eu amava quando mexiam nos meus cabelos!

“Você está quase ronronando, gatinha.” Jack brincou.

“São seus dedos mágicos...” espetei. “Pena que você é gay, Jack.”

Ele gargalhou. “Gay e casado, minha querida.”

“Desperdício.” Abri os olhos pra piscar pra os seus olhos claros.

“Ah, mas não se preocupe.” Ele disse, terminando de enxaguar. “Eu estou usando um xampu especial em você. Ele tem um perfume afrodisíaco. Tem Chá de Catuaba na fórmula.”

Uma dor forte machucou meu peito e eu fui obrigada a suspirar profundamente pra conter as lágrimas. Não adianta fugir, ficar em casa e chorar, ou morrer. Edward estava em todos os lugares dessa cidade.

Eu não vou esquecer de tudo o que houve. De todas as enormes voltas que demos pra ficarmos juntos pra ele ir pra Los Angeles. Eu não posso acreditar que ele me deixou! Quer dizer, eu sabia, realmente sabia, que ia acabar. A faculdade dele estava acabando e ele ia ter que voltar pra casa. Mas ele não precisa, não necessariamente, abandonar antes.

Eu queria conversar sobre isso. Queria arrumar um jeito de seguirmos adiante. Foi tudo...Tudo tão novo! Tão diferente. Eu realmente amava ele. E ele se foi!

Ele nunca, jamais, vai deixar de ser uma criança fujona.

Ele largou LA porque seu irmão ficou com sua namorada e ele largou Forks por não saber controlar a si mesmo.

Eu me perguntava, direto, se era isso que eu queria pra mim. E se fosse, não era o que ele queria pra ele.

“Vamos dar um jeito nesse seu cabelo. Que você acha de colocarmos ele pro lado, hm? Com uma máscara isso vai ficar muito sexy...”

Seu comentário me tirou do transe destrutivo que eu me encontrava e me fez sorrir um sorriso sem graça pra ele.

Ficamos ali mais umas duas horas. Fomos maquiadas, escovadas, maltratadas e saímos incrivelmente lindas. Rose entrou em seu Austin e nos rebocou até sua casa. Lá, ela colocou seu vestido vermelho sangue, seus escarpans vermelhos e sua máscara vermelha. Ela estava absolutamente maravilhosa.

Alice era mais suave. Colocou um vestido azul claro que apertava até seus órgão internos até a cintura e descia rodado até a metade das coxas.  Seu sapato e sua máscara eram nude. Já eu, fui enfiada em um vestido vermelho repleto de tachas prateadas. Meu vestido lindo e preto foi esquecido em minha casa e a única coisa que elas trouxeram de lá foi minha máscara e meu sapato maravilhoso preto envernizado.

Vestidas e prontas, pedimos pizza.

Era quase tradição comer pizza arrumadas. Era pra treinarmos equilíbrio. Pizza e vinho. Sentir o cheiro do álcool e vê-lo descendo levemente adocicado era bom. E nos deixava altas sem nem notarmos. Era um compromisso silencioso o ultimo porre.

Engraçado isso, foi desse jeito, com pizza e vinho, que eu me embebedei um dia antes de Edward começar a dar aulas. Vinho sempre me derruba e eu apaguei antes mesmo de notar. Por isso meu celular não tocou, por isso eu atrapalhei a aula e dei de cara com aquele troço.

Rosalie havia ficado magoada com Emmett e nos forçado a ir beber com ela no domingo.

Sacudi a cabeça. “Chega de vinho. Vamos pra festa!”

Ela sorriram. “Primeiro um brinde!” Rose disse.

“A quem?” Alice quis saber.

“A nós!” eu terminei.

Fomos pra festa com a loira alcoolizada no volante.

(...)

O lugar estava incrível! Tudo era preto e prata. O ginásio brilhava com luzes coloridas e som retumbava apor toda parte. Rosalie e Alice foram abordadas por Emmett e Jasper assim que chegaram e me puxaram pra lá com elas.

“Oh, meu deus!” Rose disse, rindo. “Um moreno forte e musculoso acabou de me agarrar! Que eu vou dizer pro meu namorado?”

“Hm...” Emmett sorriu, deixando suas covinhas maravilhosas nascerem em seu rosto. “Diz pra ele que eu não consegui resistir a uma loira tão linda!”

“Só isso?” perguntou, mordendo o lábio inferior.

“Não...” ele riu. Sacana, pra variar. “Você também pode dizer que...” e começou a sussurrar uma série de palavras no ouvido de Rosalie a deixando – por mais chocante que pareça – vermelha púrpura.

“Ai, como você é nojento, Emmett!” Alice que estava perto do casal ouviu e lhe bateu com força no braço.

“Vocês bem que podiam poupar os detalhes, né? ELA É MINHA IRMÃ!” Jasper se indignou.

Eu morri de rir. Não notei que olhava com cara de boboca e com um sorriso fixo no rosto pra eles, até Emmett sussurrar alto pra me provocar:

“Aquele sorrisinho dela ali já me assustando...”

“Ah, cala a boca!” eu sorri. “Seu babaca.”

Ele riu. “Quer um abraço também?”

“Pronto!” resmunguei. “Me correu. Vou procurar amigas sem namorados chatos ou tarados sexuais pra chatear.”

“Hei, Bella!” Jasper me chamou.

“Me deixa.” Avisei, rindo.

“Não, mas...” ele tentou.

“Tchau!” e eu saí.

Jasper era estranho.

Saí do ambiente mais tranquilo – estacionamento – e invadi a festa. Sendo invadida por luzes. Reconheci uns quantos rostos ali, mesmo com máscaras. Quando se cresce com algumas pessoas, se torna impossível esquecer algumas características.

Pude ver Jacob perto de alguns garotos do time de futebol e Leah. Natasha, por mais incrível que pareça, estava ali, parecendo tranquila e jogada.

Isso, quer dizer, até Gabriela passar por ela. Ela comentou alguma coisa que fez Leah rir e Gabriela voltar. Voltar e lhe falar alguma outra coisa. Isso irritou Natasha porque ela se preparava pra jogar o conteúdo do copo por cima da ruiva. Apavorada, marchei até lá.

“Olá!” cumprimentei sorridente. “O que se passa?”

“A cenoura ambulante aí, é muito chata,”

“Sim, só porque a menina macho aí, não me deixa em paz.”

Suspirei. “O que houve?”

“Sou irresistível.” Jacob sorriu. “As duas me amam.”

“Eu já disse que não amo você, babão.” Nath desmentiu na hora. 

“Eu muito menos!” Gabi resmungou.

“Viu? É tudo amor.”

Revirei os olhos. “Tomara que você perca as bolas, Jake.” E saí.

Eu estava sendo agressiva. Ok, relaxando. 1,2,3...

“Bella!” dei um salto.

“Oi! James?”  mal pude acreditar.

“Meu deus! Você podia pelo menos disfarçar a surpresa...” eu gargalhei e o abracei.

James havia partido de Forks depois de brigar com Edward. No inicio eu senti muita raiva dele, admito. Mas agora... Seu sorriso largo e olhos verdes me faziam ficar muito feliz.  Olhar aqueles olhos verdes... Era como olhar pros olhos verdes de Eddie... Chega!

“Você está aqui! Nem posso acreditar! Que veio fazer?”

“Veio me trazer pra dar tchau pros meus aluninhos...” Victória sorriu, aparecendo e segurando James pelos ombros. O tomando para si, óbvio.

“Credo. Você ainda está com a jararaca?” arqueei uma sobrancelha. Ele riu e ela resmungou alguma coisa sobre eu ser vadia.. Normal.

“Que eu posso fazer? Sempre gostei dos venenos mais lentos...” brincou.

“É, cuidado para ela não lhe morder a língua.”

“Não meu bem, ando mordendo outras coisas.” A ruiva piscou.

Lhe encarei por alguns segundos, examinando seu vestido vermelho fogo e seus olhos castanhos mel. Ela estava deslumbrante, como sempre. Eu podia xingar, alfinetar, dizer que ela tinha cara de boque...hm...neca. Porém, surpreendendo até a mim mesma, abri um sorriso.

“Eu desejo que vocês sejam muito felizes.” Fui sincera.

Victoria enrugou o cenho e James agradeceu com um aceno. “Obrigada.”

“Por nada.” Eu sorri de canto. “Eu vou indo. Bom ver vocês.” Disse, já de costas.

“Bella, não era por isso que-“

“Espero que não seja a última vez.” Sorri e ignorei o que ele tinha pra me falar.

Dancei por entre as pessoas, procurando algum rosto conhecido. Era complicado com aquele bando de máscaras idiotas por todo o lado. Avistei Tanya, Kate e Megan em um canto do salão. Seus vestidos curtos eram branco, com exceção de Tanya que vestia pink. Abanei, na maior cara de pau.

Elas viraram a cara.

Eu brindei a elas silenciosamente. Elas me ensinaram a odiar gente igual a elas, e cara, eu sou grata por isso. Sorri de maneira não-convencional. Eu estava parada, no meio do salão de bailes, sozinha brindando. Brindando ao fim de um ciclo e o início de outro.  A nostalgia me perseguia ali, me judiava. Mas eu só podia aceitar e agradecer. Não estava terminando como eu gostaria, mas eu aproveitei cada minuto do que eu vivi esse ano. Cada castigo, cada briga, cada ataque. Tudo. Eu havia amado meu último ano escolar.

E, mesmo que eu quisesse, eu não podia negar isso.

Muito menos, negar que foi graças a Edward.

Senti uma coisa gelada tocar na pele nua dos meus ombros. Dei um salto, fazendo minha bebida virar sobre meus sapatos camurçados e eu ferver de ódio.

“Olhar aqui, seu-“ fiquei muda.  Era Mike.  Mike e um garrafa gelada de cerveja.

“Seu?”

“Mike, se toca! Sai daqui.” Reclamei.

Ele riu e eu o ignorei, olhando pra frente procurando as pessoas.

“Sabe, Bella...” ele sorriu, pondo a mão no inicio das minhas costas. “Você nunca me deu uma chance enquanto estávamos estudando juntos...”

“Alguma razão eu tive...” disse, tirando sua mão de mim.

“Qual é, Bella... Você está sozinha... Que mal tem?”

“Mal pra minha autoestima. Eu tenho amor próprio, acredite.”

Ele me olhou por alguns segundos. Eu sabia que ele não entendia uma palavra do que eu falava, estava bêbado demais pra isso. “Se chegar perto de mim mais uma vez, vai levar um soco.”

E saí. Fui até perto do palco onde a banda cantava uma música da Pink. Estava totalmente distraída com a vocalista caótica que me assustei outra vez com uma bebida gelada nas minhas costas. Mike estava de brincadeira.

Uma coisa que eu aprendi, com os anos e anos de ironia e sarcasmo, é que quando você ameaça você tem que cumprir. Virei e lhe acertei um soco e tanto no nariz.

Bosta!

“Ah, meu Deus! Você é louca?”

“Ai...” arregalei os olhos, incrédula. “O que você está fazendo aqui?”

“Morrendo de dor, dá pra ajudar? Sua maluca! Que você tem na cabeça? Por que é tão agressiva?”

“Como eu ia saber que era você?” rosnei. “Venha!”

*

Na cozinha, com um gelo no rosto e uma luminosidade melhor, eu podia ver Edward Cullen direito. Seu nariz não podia estar doendo tanto. Não havia ficado marcado, era só fiasco. Minha mão não era tão pesada assim.  Ele usava terno e uma máscara preta colada. Normal.

“Você é doente, sabia? Quer experimentar um centro de controle de raiva?”

“Olha, eu já pedi desculpas. E é um bem feito. Quem mandou colocar aquela garrafa nas minhas costas?”

“Era só uma brincadeira e você me deu um soco!”

“Não estou com pena nenhuma de você, tá legal? Pediu, levou.”

Ele resmungou alguma coisa. “E afinal,” não resisti. “Que você está fazendo aqui?”

“Ué, é a festa de fim de ano da minha turma. Eu deveria vir.” Sorriu de canto, tirando a bolsa de gelo do rosto.

“Ninguém gosta de você...” alfinetei.

“Eles não tem que gostar de mim, tem que me engolir.” Apontou.

Eu suspirei profundamente. “Você quem sabe...”

E saí. Era isso que James veio fazer aqui, era isso que Jasper queria me avisar. Edward havia voltado. Voltado por minha causa, eu acho, mas me achava pretensiosa por pensar assim.

Doeu sair de lá sem ele, mas eu achei no mínimo necessário fazer isso por mim. Ele, se sentisse vontade, que me procurasse. E eu espero que ele procure.

Marchei pra saída, queria achar Rose e Alice desesperadamente. Fui alcançada antes de chegar ao centro do salão.

“Fugindo?” Edward perguntou, segurando meu pulso.

“Certamente eu quem faço isso.”

“Você acabou de fazer...”

Eu revirei os olhos. “Existe uma diferença gritante entre fugir e ir embora.”

“Eu sei.”

“E deve saber que você fez os dois!” não pude esconder meu rancor.

Ele me olhou intensamente e eu soltei meu pulso, fazendo um carinho circular com a outra mão só pra ter onde segurar. Eu via nos olhos dele as palavras que ele não conseguia por pra fora, mas eu estava cansada. Eu estava totalmente exausta. Um desanimo gigante me acertou como um balde d’água.

“Bella, eu...”

“Atenção todos!” o diretor falou, atraindo nossa atenção. “Vamos anunciar o rei e a rainha do baile!”

O salão todo olhou pra frente.

“Sem mais delongas, Emmett Cullen! O rei!” Uma salva de palmas!”

Emmett saiu de algum lugar da meia lua que se formou ao redor do palco, recebendo cumprimentos de várias pessoas do colégio.  Gritos e assovios o impulsionaram a abrir aquele sorriso de covinhas que a Rose tanto gostava e ele subiu no palco.  Ele se abaixou pra receber a coroa do diretor baixinho. O pessoal gritou por discurso.

“Que eu posso dizer?” ele riu no microfone. “São meus músculos de jogador, meu sorriso carismático e a minha Rose que me trouxeram aqui!”

O salão explodiu numa gargalhada misturada com vaias.

“Bom, sai pra lá.” O diretor o empurrou. “Vamos, agora, anunciar a rainha.” Ele sorriu.

Pelo canto do olho, vi Tanya acotovelar metade do salão para passar a frente das outras meninas. Jessica, que já estava bem na frente, empinou o peito e bancou a pomba. E eu senti minhas mãos serem apertadas pelas mãos de Rose e Alice.  Eu encarei minhas duas amigas lindas e sorri.

“Se uma ganhar, todas ganham.” Disse Rose.

“Somos uma só.” Ri, sem jeito.

“Pra sempre.”  Alice emendou.

Eu senti meu coração acelerar. Eu não ligava pra isso, sério, era inútil ganhar uma coisa assim.  Eu fui, quase sempre, a rainha de alguma coisa. A miss simpatia de alguma coisa, a líder de torcida. Eu era uma líder nata. Um líder de torcida nata, que nem eu disse pro Eddie no primeiro dia.

“Pra não enrolar demais, a rainha do baile é...” ele engasgou. Teve um ataque de tosse, nos deixou mais aflitas ainda. “Desculpe, a rainha é... arghhhhhhhhhhhhhhh!” ele pigarreou “Desculpem, catarro.”

“Ewwwwwwwwwwwww”

“O que é? Você tem também!” ele brigou. “a rainha é Bella, sobe aqui e recebe teu prêmio.”

Rose me agarrou num abraço junto com Alice e eu fui empurrada pra frente. Eu ganhei... Eu ganhei! Como assim? Era difícil acreditar. Foi automático meus passos até o palco, as escadas eu quase escalei. Tudo pesava. A coroa foi posta na minha cabeça por Emmett, que me parabenizou com um abraço.

“Eu... Eu...” disse no microfone que me foi empurrado. “Eu ganhei! Caralho!” e gargalhei. “Muito obrigada, eu nem sei o que dizer...Eu-“

“Se não sabe o que dizer, não diz nada.” O diretor me tirou o microfone.  “Agora a dança real.”

“Me concede?” Emmett brincou,  oferecendo sua mão.

“Sim!” eu ri. “Não tenho escolha.”

Ele riu de mim e me guiou até o centro do salão. Pra nossa surpresa, a música que começou a tocar não foi nenhuma clássica ou deprê, foi Born This Way, da Lady Gaga.

Nos encaramos, surpresos. E eu ri pra Emmett, meu amigo de infância. E ele que ainda estava com minha mão na sua me fez girar. Eu fui parar poucos passos longe dele, e fiz aquele passinho clássico de dobrar os joelhos e passar os dedos na frente dos olhos com ele. Girei um pouco mais, enquanto ele escorrega nos pés pro lado esquerdo e direito. Eu joguei meus braços pra cima e dancei, dancei, dancei.

Vir a festa não foi uma total perda de tempo então. Passei a mão nos cabelos e abri os olhos e estavam todos dançando! Eu ri e girei outra vez, várias vezes. Eu me bati em alguém e sorri.

“Desculpe.”

“Sem problemas.” Respondeu Edward.

Eu olhei pra ele, ainda estava magoada, mas ele pegou minha mão e me girou outra vez, repetidas vezes e me puxou pra ele.

“Você está sem máscara...” cochichei. “Todos estão te vendo comigo...”

“E daí?”

Eu dei de ombros. Só estávamos dançando... Sei lá. Segui sem me importar com o resto até a música acabar, o ritmo acabou, a música acabou e o encanto também.

“Bom,” eu sorri meio sem jeito.  “Foi bom dançar com você.”

“Você quer beber alguma coisa?” perguntou.

“Não.” Sorri.

“Quer ir tomar um ar, então?”

“Hm... Não.” Dei de ombros.

“Quer dançar de novo?” já estava perdendo a paciência.

“han-han!” sorri.

“Vai fugir de mim outra vez?” rosnou.

“Você começou...”

“Você é tão imatura as vezes...”

“Edward, cala essa boca. Você é imaturo, é um idiota. Não me ponha no mesmo patamar.”

Virei pra ir e ele me puxou pelo pulso, voltei com força demais e bati em seu peito. Ficamos ali, nos encarando mortalmente por alguns segundos.

“Você ainda gosta de mim?” ele perguntou. Não havia sentimento, emoção... Nada em sua voz.

“Você ainda gosta?”

“Responder com perguntas é uma tática de manipulação...” ele brincou, “de quem quer ficar por cima.”

“Me analisar também é. Expor as fraquezas...”  assoprei.

Ele sorriu de canto.

“Você quer me beijar?”

“Você acha que eu vou responder?”

“Você tem medo da resposta que vai dar?” brincou.

“Não... Acho que você não vai gostar de ouvir...”

“Então a resposta é não?”

Eu sorri. “Você não ia gostar de receber um não?”

Eu havia o pegado. E foi legal. Ele me olhou com seus olhos verdes por alguns segundos, pensando na resposta que daria. Quando ele abriu a boca pra responder, uma situação inimaginável ocorreu. Nath, com sua cara de pau – que provavelmente acabaria sendo retalhada – passou a mão na bunda de Edward fazendo-o pular.

“Que traseiro, hein?” piscou.

Eu escancarei minha boca, chocada. “Sua...” Edward me puxou pra trás.

“Bella...” ele disse.

Nath me encarou, sem entender porcaria nenhuma.  Eu resmunguei alguma coisa estranha pra mim mesma e puxeis os cabelos do Eddie, fazendo sua boca descer até a minha. Foi de estranha nostalgia e novidade. Foi estranho. Seus lábios seguiam finos, gelados agora. Meu aperto em seus cabelos da nuca diminuiu, e suas mãos apertaram minhas costas.  Eu estava beijando Edward Cullen outra vez.

Eu, idiota como sempre fui, sorri.  E ele sorriu.

“Eca! Se eu soubesse que tinha dona, tinha ficado longe...” Nath disse, e sumiu.

“SE eu soubesse que pra ganhar um beijo era só te deixar com ciúmes, tinha feito isso antes...” ele espetou.

Eu tive que rir. “Não vai ser fácil assim sempre.”

Ele sorriu pra mim. “quer ir pra um lugar mais calmo agora?”

Eu concordei com a cabeça.

Meu professor de biologia me guiou por entre as pessoas até a fonte. Eu não sei se eu não notei porque estava totalmente envolvida no momento ou se eu não notei porque era uma completa idiota, mas não vi nenhuma pessoa me olhar de maneira avessa ou torta.

A agua corria tranquilamente na fonte redonda que tinha atrás do ginásio. Não havia ninguém ali. Ficamos em silencio um pouco. Eu estava com vergonha por ter o beijado. Por que eu tinha que ser tão... espontânea?

“Bella...” ele suspirou. “Eu sinto muito.”

Eu não disse nada. “Sinto muito ter sumido, ter ido embora, ter fugido...” ele parou um pouco, respirou profundamente. “Eu fui um perfeito idiota, você sempre esteve ali quando eu precisei, sempre do meu lado... Eu só fui fraco.” Ele suspirou. “Eu vou entender, sinceramente, se você não me desculpar. Eu mereço.” Ele riu de lado. “Mas eu não vou desistir de você, nem de tentar, nem de nada disso que nós temos.” Ele segurou minha mão, colocou alguma coisa dentro dela e fechou. “Eu vou adorar se você disser sim.” E soltou.

Eu olhei pra seus olhos verdes e olhei pra minha mão.  Abri com muito cuidado minha palma, eu tinha medo do que podia ter ali dentro.  Eu, primeiro, achei que fosse um anel de compromisso, uma aliança de casamento, mas não. Era uma chave. E no chaveiro tinha escrito:

Quarto 305-B, Universidade da Califórnia, Los Angeles (UCLA).

“Você... Hm... Quer cursar a UCLA comigo?” ele riu.

Primeiro eu fiquei sem palavras – era a terceira vez na noite, eu acho – e depois eu ri. Coloquei a mão no rosto e ri, apertando a chave.

“E como eu cursaria a UCLA? Não mandei ficha pra lá...”

“Bella, eu dei meu jeito.” Piscou. “OK, mentira. Sua ficha foi implantada no sistema graças a James, ele é um hakker e tanto.”

“Você só pode estar brincando!” eu ri.

“Não, não estou. Mas o único curso com vagas era administração...” ele riu. “Eu achei sua cara.”

Eu mordi meu lábio inferior.

“E então...?” ele pressionou.

“Você é um filho da puta.” Fui fria. “Você me tratou mal, você fugiu e volta na maior cara de pau, todo arrependido, querendo que eu deixe minha Darthmouth pra ir pra UCLA em Los Angeles com você.  E você ainda acha que eu vou?”

“Eu...” ele passou a mão pelo cabelo. “Desculpe, eu não deveria ter pedido, eu fui mesmo um babaca.” Ele levantou.

“Foi sim!” eu levantei também e o peitei. “E se você acha que eu vou pra LA com você, você está redondamente correto!” eu falei séria, deixando uma risadinha escapar no final. “Eu vou pra onde você quiser me levar.”

Ele levantou o olhar da fonte pra mim e sorriu, torto. Ele me beijou dessa vez, me fazendo girar e girar em seus braços. Eu acabei deixando o beijo de lado e rindo com ele.

“Opa!” nos assuntamos com a voz forte do Jake. “Esse lugar já tá ocupado.” Ele trazia Gabriela agarrada em seu pescoço que estava totalmente cheio de chupões e marcas de batom.

“Ah, não!” eu me horrorizei. “Fiquem a vontade.”

“é, valeu.” Disse Gabi, cortante. “Agora caiam fora!”

Ok, né?

*

“Você vai ficar bem?” minha mãe perguntou.

“Eu vou.” Assegurei.

“Esse garoto aí... hm... Vai cuidar de você?” meu pai resmungou.

“Vou sim, senhor!” Eddie respondeu.

“Hm...” ele torceu a cara. Eu sorri e coloquei a ultima mala no carro de Edward e abracei fortemente meus pais.

“Fiquem tranquilos!” brinquei.  “É só alguns dias e eu volto pra vocês.”

“Ok...” minha mãe suspirou, batendo uma foto minha e do Eddie. “Boa viagem!” gritou, quando entramos no carro.

“Obrigada! Não façam muito sexo!”

“Bella!” os dois gritam. Eu ri e Edward acelerou.

Estávamos indo pra Seattle passar uns dias. Rose e Alice iam também, com Emmett e Jasper, claro. Passaríamos uns dias bebendo, rindo e falando mal dos outros.  Nossas férias juntos e depois faculdade, mas nenhum de nós estava em clima de despedida. Só queríamos nos divertir.

“Preparada pra ir pra selva de pedra?” Edward brincou.

Eu ri. “Sabia que o nome de Murphy era Edward, que nem você?”

Ele riu. “Você é uma azarada mesmo.”

Eu sorri. “Eu sei.” Pisquei. “O azar me persegue.”

Ele sorriu torto. “Bella, pode ver se o mata de Seattle no porta luvas?”

“Claro.” Eu abri o porta luvas e não encontrei nada além de uma caixinha vermelha aveludada.

Eu dei uma olhada pro Edward, esperando uma explicação melhor que aquela risadinha de canto que ele deu. Eu abri a embalagem e havia ali, um anel com uma pedra de diamante enorme.

“Isabella Swan,” ele disse, constando o carro. “Você, sua menina linda e meiga, aceita casar com o azar?”

“Ah...” eu fiquei muda. “Ah, eu te amo! Eu aceito sim!” e pulei em seu colo, lhe dando o maior abraço de urso de todos os tempos e lhe enchendo o rosto de beijos. “eu aceito, eu aceito! Eu não acredito!” e ri.

Eu fiquei com Edward naquele carro pro mais alguns minutos. Atrasamos nossa viagem em duas horas e meia e só saímos do encostamento porque  Rose e Alice me ligaram preocupadas. O anel em meu dedo não me deixava nada menos que radiante e eu não pude esperar chegar a Seattle pra contar a novidade.

Eu sorria e uma aura brilhosa como o sol me envolvia.

Uma vez, eu havia visto num filme, que os conhecimentos de um professor ficam no papel, no caderno, e são esquecidos. Mas os conhecimentos de um Mestre a gente leva pra vida toda.  E, Edward Cullen, meu bem, é sem duvida nenhuma o meu maldito mestre.

FIM!


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Notas finais do capítulo

Gente, vocês podem em xingar. Me bater, me arrebentar, eu deixo. eu fui uma cretina, desgraçada e eu sei disso. Eu estou aqui, humildemente, implorando por desculpas! Eu sei que não mereço nada, nem um oi, nem que vocês me leiam! Eu sumi, eu não larguei a história, eu só estava fodida (desculmpem) na faculdade e na minha vida pessoal. Aconteceram muitas coisas, bloqueios existem, e foi complicado demais, demais passar por essa fase. Agora, tudo está calmo e eu pude vir aqui implorar por desculpas e pra vocês lerem o capítulo que eu escrevi e se, não for pedir demais, pra receber uns comentários...
Ai, gurias, me desculpem mesmo! Todas as que me procuraram, que me mandaram mensagens, sério, me desculpem mesmooooo!
Eu nem sei o que dizer, porque eu sei que nada do que eu diga vai compensar o tempão que eu fiquei sem aparecer aqui.
Eu verdadeiramente amo vocês, terminar MM é muito complicado, foi muito complicado, eu mudei muita coisa do final orginal, e eu gostei do jeito que ficou. Acho que tem uma pedaço de "Th edge of Glory - Lady Gaga" que identifica o Eddie, até: 'Eu preciso de um homem que ache que está certo quando está errado' UAHSAUHSAUH eu gostei muito disso.
Desculpem, mesmo, por tudo outra vez. Eu verdadeiramente amo todas vocês que me acompanharam do inciio ao fim da minha fanfic, que me apoiaram e que me aturaram nessas demoras ridículas.
Eu amo vocês, cada uma de vocês, de verdade. E eu vou sentir saudades imensas de MM, minha história favorita ♥