A Florzinha do Canteiro escrita por TriceSorel


Capítulo 1
A Florzinha do Canteiro (parte 1)




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/96413/chapter/1

Era uma bela manhã de domingo. Era outono, e as folhas douradas caíam das árvores, embaladas pela brisa fria do pólo. Ioh estava deitado em sua cama, enrolado em suas cobertas floridas. Ou melhor, nas cobertas floridas de Hao. Ele meditava sobre a vida, sobre como uma borboleta que bate as asas na Índia pode provocar uma tempestade no Pacífico. Nesse instante, entrou Hao sutilmente e carinhosamente falou com seu amado e querido irmão:

-          Seu merda, o que fazes no meu quarto? - questiona Hao.

-          Mas é meu quarto também.

-          Então por que só tem uma cama?

-          Ora, porque... porque... PORQUE O TEU QUARTO FICA NA FRENTE DO MEU!!!

-          Ó, é mesmo... então DEVOLVE AS MINHAS COBERTAS FLORIDAS!!! - e Hao puxa delicadamente as cobertas onde estava Ioh enrolado e, por causa de sua delicadeza, Ioh voa pela janela. - Argh! O que ser essa coisa molhada e fedida??

-          Xixi... mas não é meu! - revela Ioh do chão do lado de fora.

-          Então de quem ser? - pergunta Hao curioso.

-          Do gato!

-          Não temos gato!

-          Do cachorro!

-          Não temos cachorro!

-          Do Manta!

-          Ele tá trancafiado no armário desde a semana passada!

-          Então tira ele de lá!

-          Por que eu deveria fazer isso??

-          Pra perguntar se foi ele quem fez xixi!

-          Boa idéia! - e Hao se foi.

            Ioh resolveu se levantar e entrar em casa. Mas não tinha a chave.

-          HAOOOO!

-          QUIÉ??

-          Abre a porta!

-          Não. Entra pelos fundos!

-          Nós moramos num apartamento! - revela Ioh.

-          Então escala até aqui de volta!

-          Mas nós moramos no vigésimo terceiro andar.

-          Toma! - e Hao jogou uma corda.

-          Valeu! - e Ioh começa a subir pela corda, mas esta cai.

-          Seu incompetente! Não sabe nem subir direito!

-          Foi tu que largaste, seu patetão!

-          EU NÃO SOU PATETÃO! EU SOU LEGAL, TÁ? E tô aqui tomando chá com o Manta, o coitado ficou trancafiado uma semana no armário!

-          Mas foste tu que o trancafiaste!

-          Não! Foste tu! E sobe logo que hoje é o teu dia de cozinhar! - e Hao sumiu da janela de onde gritava para seu amado e querido irmão.

            Ioh, desolado, achava que a vida não tinha mais sentido. Para acabar com ela, ele foi pedir a ajuda de Anna, sua noiva, a quem ele amava de todo o coração.

-          TOC TOC!

-          Quem ser?

-          Ioh!

-          Só!

-          É o meu nome e não uma interjeição!

-          Ahn... então tu podes entrar agora! - e a porta da casa se abriu.

-          Oi, Anna! - disse Ioh deparando-se com a guria.

-          O que tu qué aqui? Não tenho comida!

-          Não quero comida. Só bolachinha, se tiver!

TABEFÃO

-          Ai, por que fizeste isso?

-          Não querias uma bolacha?

-          Ui, isso dói! Eu preciso de uma dica!

-          De quê?

-          Quero acabar com a minha vida e preciso achar um meio de me matar!

-          Credo! Que sinistro! Por que não matas o Hao?

-          Ele está no apartamento com o Manta.

-          Não tens a chave?

-          Não!

-          Eu tenho! Toma, entra lá, pega a primeira arma que ver e gruda na cabeça dele. É batata!

-          Não é homicídio?

-          Também!

-          Oh, obrigado, Anna, tchau! - e Ioh saiu, pegando a cópia da chave de Anna.

            Ele agora estava feliz, ele cometeria o suicídio do irmão para poupar a própria vida. Então, no caminho, ele foi de encontro a Ren.

-          Seu bosta! - grunhiu Ren  quando sentiu a presença de Ioh batendo em sua pessoa.

-          Desculpe, Ren, eu não te vi!

-          TÁ ACHANDO QUE EU SÔ INVISÍVEL??

-          Não, mas se tu emagreceres um quilo, fica!

-          Gnnnnngnnnnn!!! Só não te bato porque hoje estou de bom humor!

-          Por quê?

-          Fiz meu programa preferido hoje!

-          E qual é?

-          Fui ver as galinhas assando na frente do restaurante!

-          Oh, não acredito que eu perdi!

-          Perdeu!

-          Ren, amigo, eu preciso da tua ajuda para suicidar meu irmão querido.

-          Mas isso exige a habilidade de um especialista...

 

Enquanto isso, na casa de Horo Horo.

-          Não, Filombeta! Corre! Corre!!! - berrava Horo Horo.

-          Anda, Genoveva! Isso, mais rápido! - berrava Pirika.

DINGUE DONGUE

-          Vai atender, Pirika!

-          Não, vai tu!

-          Não, tu!

-          Tu!!!

-          Não precisa, a gente abriu! - falou Ioh com a maçaneta na mão.

-          Mas como?? Essa porta é blindada! - revela Horo Horo.

-          Mas não para o poderoso aqui! - falou Ren fazendo pose de importante.

-          Argh!!! Tu destruíste minha porta!! - choramingou Pirika.

-          Sinistro, né? - falou Ren.

-          É, mas vais ter que me pagar uma nova! - falou Horo Horo.

-          O Ioh paga!

-          Ioh, essa porta custa caro.

-          Põe na conta!

-          O que vocês querer aqui? - perguntou Pirika.

-          É, vocês estão atrapalhando nossa corrida de tartarugas! - explica Horo Horo.

-          A propósito, a Genoveva ganhou! - revelou Pirika contente.

-          MENTIRA!! Ela puxou o pé da Filombeta e isso é trapaça! - indigna-se Horo Horo.

-          Não puxou não, foi um tropeço!! - explica Pirika.

-          Mas a minha ganhou! - falou Horo Horo.

-          Então por que ela tá girando de barriga pra cima? - questiona Ren.

-          É a maneira dela de comemorar a vitória! - conta Horo Horo. - E o que vocês querer aqui?

-          Destruir portas! - explica Ren.

-          Mas esse não era o objetivo principal! - falou Ioh.

-          E qual era? - pergunta Pirika.

-          Suicidar o Hao! - revela Ioh.

-          Por quê? Ele é tão bonitinho... - falou Pirika. - Aqueles músculos...

-          Que mau gosto! Tu devias gostar só de eu! - falou Horo Horo.

-          Mas tu és meu irmão! - revela Pirika.

-          Por isso mesmo! Então, vamos pensar numa maneira de suicidar Hao. Como se mata um Hao? - perguntou Horo Horo.

-          Não sei... mas aqui tem um livro que explica direitinho! - e Ren pegou um livro que ele achou numa estante da sala.

-          Que livro ser esse? - perguntou Ioh.

-          “Como matar seu irmão gêmeo em 7,65299 lições”! Tem uma dedicatória aqui... “De Jum para Horo Horo no dia de seu aniversário, que este livro ilumine teu pensamento e te faça mais feliz e que te possibilites alcançar todos os teus objetivos”. O que ela quis dizer te dando este livro de presente? - indagou Ren.

-          Que ela gostou de mim e que me considera um irmão gêmeo! - mas, quando Horo Horo mal acabara de falar, Ren já havia saltado em seu pescoço.

-          PAREM!!!! - berrou Pirika. - Se vocês querem fazer bagunça, que seja lá fora! - e ela jogou os três meninos para a rua, fechando a porta blindada com força.

-          O que faremos? Não temos casa, comida, dinheiro... - suspirou Ren.

-          Pensa, Ren! Temos um objetivo! Precisamos suicidar Hao! É tão bonito ver pessoas perseguindo seu objetivo de vida! O que somos sem um objetivo para viver? Vamos, olha o sol, olha as flores, olha os passarinhos, cuidado, aquela pomba soltou uma titica em ti, olha as borboletas, a vizinha gostosa que tá se pelando na janela e... aquelas nuvens carregadas mais ao sul! - e Horo Horo segurava os braços de Ren.

CABRUMZÃOZÃO

            E começou a chover torrencialmente.

-          Oh, Horo Horo, o que tu falaste é tão bonito! Quero acompanhar-te no teu objetivo! - falou Pirika, que ouvira tudo pela janela.

-          Venha conosco, mortal! - e os quatro foram, debaixo de um enorme guarda-chuva em que só cabia três, em direção ao apartamento de Ioh.

-          Estou molhado... - fala Ren.

-          Ninguém mandou tu ser gordão! - falou Pirika.

-          Mas eu sou magrinho... tenho corpitcho de modelo! - disse Ren olhando-se num reflexo de uma poça d’água. - Mas... eu sou tão feio... bubuuu... cadê minha família, a dona pata me abandonou Por que tu estás choramingando feito bezerro desmamado, maninho? - perguntou Jum, que passava por ali com um guarda-chuva, preocupada com o irmão.

-          Oh, tu tens um guarda-chuva! - disse Ren.

-          Tenho, mas só eu cabo aqui, seu gordo!

-          AAAAH, MAS EU SOU MAGRINHO! E SE EU PEGAR UMA PNEUMONIA E MORRER??? - indignou-se Ren.

-          Menos um para dividir a herança! - respondeu Jum

-          É ASSIM, SUA COMEDORA DE MOSCAS??? - revoltou-se Ren.

-          Ahan! E o que vocês estão fazendo todos juntos?

-          Estamos numa missão! - explica Pirika.

-          Posso ir com vocês? - pede Jum.

-          Mas é claro! - e todos rumaram para o apartamento de Ioh.

-          ...

Eles já tinham andado cinco quadras.

-          AAAA... ATCHIM! - espirra Ren.

-          Ai! - berrou Pirika que levara um susto.

-          EU ESPIRREI! - revela Ren.

-          E bem nas minhas costas! Agora estou contaminado e vou pegar pneumonia também!! - falou Horo Horo.

-          CALA A BOCA! - falou Ren.

-          OoOoOoOo... - BLOSH - Ioh caiu de cara numa poça lamacenta.

-          O Ioh morreu... - falou Jum. - Vou ajudá-lo! - e ela levanta Ioh.

-          E COMIGO TU NÃO SE IMPORTAS??? - perguntou Ren.

-          Tu não caíste em uma poça de lama! - explica ela.

-          MAS ESTOU MORRENDO AOS POUCOS DE PNEUMONIA!!! TEM UM BICHO ME COMENDO POR DENTRO E EU SINTO A VIDA SE ESVAÍNDO AOS POUQUINHOS DO MEU BELO E MALHADO CORPO... - dramatizou Ren.

-          Por que o Ioh tá sujo de lama? - perguntou Elisa com um guarda-chuva.

-          Ele caiu numa poça! - explica Pirika.

-          Oh, Elisa, tu tens um guarda-chuva! - falou Ren.

-          Tenho, mas só cabe eu e o Fausto... talvez mais alguém...

-          Posso...

-          Não cabe gente gorda! - falou Elisa. Fausto chegou.

-          EU NÃO SOU GORDO, NÃO SOU GORDO! AAAAHHH, SUA VESGA!!!

-          NÃO XINGA A ELISA!!! - berrou Fausto indignado.

-          POR QUÊ????? É PROIBIDO?????

-          É!

-          DESDE QUANDO??

-          DESDE AGORA!!

-          Então tá... - e Ren foi se sentar.

-          O que vocês estão fazendo? - questionou Elisa.

-          Vamos suicidar o Hao! - revela Ioh.

-          Mas ele é tão bonitinho... - falou Elisa, sendo fuzilada pelo olhar de Fausto. - Posso ir com vocês?

-          NÃO!!! - berrou Ren com todas as forças que seus debilitados pulmões ainda tinham.

-          NÃO GRITA COM A ELISA!!! - gritou Fausto.

-          MAS ELA ME CHAMOU DE GORDO!

-          E O QUE TU TENS CONTRA AS PESSOAS QUE FALAM A VERDADE?

-          ISSO É MENTIRA! SOU BONITO, MAGRO E MALHADO, UM MODELO DE PERFEIÇÃO, APESAR DOS PULMÕES DOENTES! - revelou Ren fazendo pose de importante.

-          Concordo! - falou Tamao que passava por ali com um guarda-chuva.

-          Oh... Tamao...

-          O Ren está todo molhado! Queres compartilhar o guarda-chuva com eu?

-          Oh... snif! A Tamao é a primeira que me quer vivo! - falou Ren choroso e foi rapidamente para debaixo do guarda-chuva de Tamao.

-          Povo, o  que vocês estão fazendo aqui? - indagou Tamao.

-          Estamos indo para o apê do Ioh suicidar o Hao. - revelou Horo Horo.

-          Mas ele é tão bonitinho... - suspirou Tamao.

-          Não mais que eu! - falou Ren. - Hoje sou o gato molhado!

-          Sai pra lá, seu gordo, dá pra ver as tuas banhas pela tua camisa molhada! - revelou Pirika.

-          Que tal a gente parar de se molhar nessa chuva nojenta e molhada e irmos logo para o apê do Ioh? - sugeriu Elisa.

-          Boa idéia! - e todos foram em direção ao prédio.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Continua



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Florzinha do Canteiro" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.