Coroner Stories escrita por themuggleriddle


Capítulo 9
Inheritance


Notas iniciais do capítulo

Capítulo pra Moownk, que já leu ele, e pra AnaStrakovinch, que me fez ter um belo ataque de fangirl lendo a fic dela... quero dizer, tem até a Mary na fic *-*



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Tomar uma xícara de chá nunca fora uma tarefa tão desagradável quanto estava sendo naquele momento. Parecia que o líquido simplesmente não tinha gosto algum, ou, se tinha, era um gosto amargo e horrível, e, por mais que ele tomasse vários goles, a sua xícara continuava praticamente cheia. O olhar que a mulher a sua frente lhe lançava a cada minuto também não ajudava em nada a apaziguar o seu desconforto, já que ela parecia estar examinando cada detalhe seu, cada movimento, cada olhar... Era irritante.

- Você não disse uma palavra sequer desde que saímos do hospital – ela falou, sorrindo levemente.

- Nem a senhora.

- Acho que estou esperando você falar primeiro.

- Então creio que ficaremos aqui por um bom tempo – ele sorriu rapidamente, antes de levar a xícara até os lábios novamente.

A mulher suspirou, abaixando a sua própria xícara e fixando o olhar nele.

- Certo, então eu irei falar.

- Vá em frente.

- Seu nome é Tom Marvolo Riddle.

- Isso.

- Tom, pelo meu filho – a senhora murmurou – Marvolo, pelo pai... pelo seu avô, e Riddle, pela nossa família.

Tom ficou em silêncio, apenas a observando, antes que a Sra. Riddle voltasse a falar.

- Você é médico legista e trabalha para a polícia.

- Com a polícia... E só quando alguém pede para que eu faça algum trabalho para eles.

- Entendo, como Sherlock Holmes – ela sorriu.

- Quase isso, a diferença é que eu não recuso dinheiro na hora do pagamento – dessa vez fora ele quem sorrira – Diferente de algumas pessoas, eu não tenho algum tipo de herança enorme na minha conta.

- Bom saber disso – Mary murmurou – E como é que alguém sem dinheiro algum na conta conseguiu estudar Medicina?

- Bolsas de estudo – ele sorriu e arqueou as sobrancelhas – Boas notas, primeiro da classe, entrada antecipada na faculdade... A escola médica não quis me perder.

- Que orgulho... E aí decidiu virar legista.

- É um bom trabalho – o homem deu de ombros – Tranqüilo, ninguém me incomoda, e é interessante... Cada corpo é como um grande enigma e eu só preciso solucioná-los.

- E por que Medicina? Quero dizer, aparentemente você não é o tipo de homem que gosta de trabalhar com pessoas...

- Era interessante, quase como um desafio, entende? – Tom explicou, deixando um sorriso aparecer em seus lábios – As pessoas diziam que eu não conseguiria, que não tinha jeito pra coisa porque, como a senhora disse, não sou muito chegado à pessoas, que não tinha condições para seguir em frente... E eu quis mostrar que eu conseguia, que eu queria aquilo e que iria até o fim, queria jogar o diploma na cara de quem disse que eu não conseguiria.

A mulher o encarou, séria, antes de rir baixinho e balançar a cabeça.

- E você conseguiu.

- Consegui.

- E agora você está trabalhando no caso da noiva do filho dos Wright, no qual o meu filho está envolvido – Mary riu um pouco mais alto – O destino consegue pregar peças bem interessantes.

- Sim.

- Bom, eu já fiz o meu primeiro round de perguntas, agora faça as suas.

- E quem disse que eu quero perguntar algo?

- Seus olhos estão dizendo isso, querido.

O homem ajeitou-se na cadeira, olhando pela janela da casa de chás aonde estavam, antes de voltar a olhar a senhora na sua frente.

- Quem é você?

- Você já sabe isso.

- Quem é você?

- Mary Riddle. Estudei Artes aqui em Londres e, por um tempo, pintei quadros para ganhar a vida, mas eu fui, como você disse, uma dessas pessoas sortudas que tem uma herança na conta – ela riu – Sou casada com Thomas Riddle, que é formado em Economia e trabalha com compra e aluguéis de imóveis tanto aqui em Londres como em outras cidades na Inglaterra – ela ergueu os olhos para olhá-lo novamente – Você não quer saber de mim ou de meu marido, não é?

Tom estreitou os olhos, vendo como a mulher sorriu ao ver a sua expressão.

- Você quer saber sobre o meu filho. Seu pai – a Sra. Riddle continuou – Bom, meu filho, Thomas Riddle, não que alguém o chame de Thomas, mas tudo bem, estudou Arquitetura e... Hoje ele trabalha com o meu marido, mesmo que a paixão dele esteja em desenhar e fazer projetos, ele se contenta em ficar visitando imóveis, vendo as suas condições e trabalhando com cálculos junto ao pai.

- E por que isso?

- Porque ele não é como você – Mary falou, mordendo o lábio inferior – Porque ele tem medo de fazer as coisas erradas, tem medo de decepcionar os pais... Ele tem medo de viver, essa é a verdade. Tom sempre viveu sob os nossos olhos e, a primeira vez que se viu longe deles, acabou se machucando... Você, por outro lado, viveu sempre por conta própria, acredito. Você aprendeu a cuidar de si mesmo e a viver sem precisar agradar a ninguém, nunca teve nenhum vínculo com ninguém, não precisava cuidar para não decepcionar alguém, se você errasse, o problema era seu e apenas seu... Você poderia fazer o que quisesse da vida: Artes, Economia, Arquitetura, Psicologia ou Medicina e não haveria ninguém ao seu lado dizendo se aquilo estava bom ou não – a mulher explicou – Tom... Tom desafiou o pai quando decidiu fazer Arquitetura e acho que isso foi o máximo que ele foi capaz de fazer... Ele poderia fazer mais, mas ficou assustado com como Thomas aceitou mal esse desafio, entende?  Mas ele continuou com Arquitetura até o fim, sempre sendo um dos primeiros da classe e voltando para casa com notas excelentes... Ele poderia ter feito mais, acho, se não fosse pela...

- Pela o que? Pela minha mãe?

- Eu não sei o que ela fez com o meu filho – a Sra. Riddle respirou fundo – Só sei que ele ficou sumido por quase dois anos e, quando reapareceu, não era mais o Tom que eu conhecia. Eu não sei o que ela fez e também acho que nem quero saber! Só sei que ela fez alguma coisa que o fez ficar com ainda mais medo de viver – a mulher sacudiu a cabeça e olhou para ele, antes de estender a mão e colocá-la sobre a dele que estava apoiada na mesa, fazendo com que o médico quase desse um pulo para trás – Não me entenda mal. Eu não estou culpando você por isso, entende? Você não tem nada a ver com essa história inteira... Está tão perdido quanto eu no meio dessa confusão.

Mary ficou quieta por um tempo, antes de voltar a se encostar em sua cadeira, quebrando o contato físico com o outro.

- Uma artista, um economista e um arquiteto – ela murmurou – Você é o primeiro médico na família.

- Não, porque eu não sou da sua família. Um sobrenome não me faz ser da sua família.

- Você acha que isso é apenas uma questão de nomes? – a mulher riu – Você tem muito mais dos Riddle em você do que pensa, garoto.

O homem a encarou e inclinou a cabeça para o lado, esperando que ela continuasse.

- Essa idéia de fazer Medicina para provar aos outros de que era capaz? Eu fiz isso quando decidi estudar Artes, assim como seu pai fez quando foi estudar Arquitetura. O desafio que você vê na Medicina Forense? Por que você acha que meu marido gosta tanto de cálculos? Cada uma daquelas operações é um desafio para ele. A sua falta de conforto perto de pessoas? Pergunte ao meu filho o que ele faz quando está em algum lugar sem nenhum conhecido... Ele fica apenas parado sem falar nada, analisando todo mundo, até que alguém decida ir falar com ele, e, ainda assim, ele não se sente confortável com todo mundo. Isso...? – a mulher inclinou-se para pegar um pequeno caderno preto que o outro havia deixado no canto da mesa.

- Não...! Isso aí é só coisa do meu trabalho... – Tom murmurou enquanto a outra abria o caderno em uma página qualquer e apontava para um rascunho do que parecia ser um desenho anatômico de um coração.

- Aposto que Anatomia foi fácil para você, já que conseguia desenhar bem, como eu e o seu pai... Você também sempre carrega isso aqui com você, não?

- Sim, porque eu preciso para o trabalho.

- Sei... – ela deixou o caderno de lado e inclinou-se novamente, dessa vez segurando a mão d outro e trazendo-a para perto de si – Não acredito... Vê isso aqui?

- É um calo, de escrever – ele murmurou, olhando para o dedo que a outra apontava.

- Eu só conheço outra pessoa que consegue criar um calo de escrita nesse dedo – Mary sorriu – Você toca piano?

- O que?

- Toca piano?

- Um pouco...

- Achei que tocasse... Eu também toco, assim como o meu Tom – a mulher falou, largando a mão dele – Deixe-me ver. Você analisa as pessoas, percebi que ficou me olhando por um bom tempo desde que chegamos...

- Você fez a mesma coisa.

- Isso mesmo – ela riu – E, deixe-me adivinhar: você é extremamente teimoso, não?

- Nã...

- Claro que é, caso contrário não teria feito medicina, muito menos estaria trabalhando como legista... Gosta das coisas sempre bem organizadas?

- O que...?

- Gosta de perfeição? É perfeccionista?

- Um pouco, acho... – ele murmurou, enquanto pegava o caderno que ela havia deixado sobre a mesa e o fechava com o elástico que havia em torno dele, antes de prender a sua caneta do jeito que ela estava presa antes.

- É sim, se não fosse, não estaria arrumando isso ai.

- Você deixou desarrumado...?

- Por querer? Sim – Mary sorriu – Você não é o único inteligente aqui.

- O que você quer de mim?

- O que eu quero de você? – a senhora levou a xícara de chá até os lábios, bebendo um gole do líquido – Quero conhecê-lo, Tom. Você é meu neto e acho que o sonho de toda a mulher da minha idade é ter um neto ou alguma coisa parecida... – ela riu – Também quero que não julgue seu pai antecipadamente.

- O que?

- Não julgue o meu filho sem conhecê-lo. Tom é uma pessoa maravilhosa, um pouco difícil de se conhecer, mas maravilhosa... E acho que ele já teve muita gente o julgando durante a sua vida, acho que ele não precisa que o próprio filho o julgue também.

- Você fala como se ele me considerasse um filho – o homem olhou pela janela e deu uma risada sem humor.

- Você não sabe como ele se sente em relação a você, então, sem julgamentos – a Sra. Riddle falou – Acho que... É isso, por enquanto – ela tirou uma caneta de sua bolsa e rabiscou alguma coisa em um guardanapo – Aqui está o meu telefone, caso precise de alguma coisa, e agora vou deixar que você volte para o trabalho, sua namorada deve estar esperando.

- Granger?

- Oh, esse é o nome dela? Tom disse que havia uma moça com você na delegacia...

- Sim, ela é uma colega de trabalho e não...

- Entendo.

Riddle ficou observando enquanto a mulher levantava-se da mesa e passava a mão pelo vestido que usava para desamassar o tecido.

- Deus, isso é Earl Grey? – ela perguntou, apontando para a sua xícara de chá, que ainda estava pela metade.

- Sim.

- Não sei como vocês conseguem tomar isso puro – a senhora murmurou, afastando-se.

- Vocês?

- Você e seu pai, óbvio.


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Notas finais do capítulo

N/A: Eu amo esse capítulo! Achei ele fofo. Adorei escrever a Mary e o Tom conversando, adorei mostrar como o Tom é mais parecido com os parentes trouxas do que pensa, adoroooo.

Sabia que 30% da sua personalidade é genética? Esses 30% podem ser moldados nos primeiros 3 anos de vida, se não me engano. *informações maneiras da minha mãe*


1- Earl Grey: é um chá terrivelmente bom que o povo toma bastante na Inglaterra. Acho que eles se dividem entre Earl Grey e English Breakfast. Nunca tomei English Breakfast, mas Earl Grey roubou meu coração. Muitos britânicos tomam chá com leite, eu já tomei, não sou muito fã, prefiro puro, com leite parece que o chá fica muito... pesado [?], tem que colocar pouquinho (1 medida de leite para 2 de água).


2- Sherlock Holmes: estou numa fase de fã de Sherlock. Comecei a ver a série da BBC e me apaixonei. A linha "Trabalha para a polícia"/"Não, COM a polícia" foi tirada da série também...


3- Caderninho preto: UM MOLESKIN! *-* Moleskin são lindos e maravilhosos para desenho, por isso a Mary ficou "ha você também carrega isso aí", porque muito provavelmente o Tom Sr também carrega um. Imagino o Tom Jr com um Moleskin "lined"/"com linhas", mas ok.


4- Calo no dedo anelar: novamente o calo no dedo. Normalmente as pessoas tem calo no dedo do meio, de escrever, mas algumas pessoas mais peculiares tem calo no dedo anelar. Sou uma delas XDD Na minha outra fic "Desenho" eu já citei o maldito calo do Tom Sr e minha amiga que betou ficou "Ari, tem certeza de que o calo ta no dedo certo? Nunca vi ninguém apoiar o lápis no dedo anelar!" Eu apoio. Hehe.


5- "Cada corpo é como um grande enigma e eu só preciso solucioná-los." : eu sempre amo colocar joguinhos de palavras com o nome do Tom. Com certeza em inglês eu colocaria "Each body is a big riddle and I just have to solve them."




Gente, agora vou dar uma de chatinha, okay? Tem 12 pessoas que adicionaram a história no alerta de leitura, sabe? Ou seja, 12 pessoas acompanham a história, mas no capítulo anterior tiveram apenas 2 reviews, e no anterior, 4. Ahm, eu sei que vocês estão lendo porque está no alerta... então, seria muito amor de vocês dizerem o que estão achando da história :3 Não vou colocar aquelas coisas de "só posto quando tiver 10 reviews" porque acho isso sacanagem... É só que... É, reviews, todo mundo ama eles, não é verdade? :3

ANYWAY! Muito obrigada quem comentou no cap. passado (: Espero que vocês tenham gostado desse aqui e digam o que acharam :)


Beijos ;*
Ari.