Herança de Amor escrita por Lewana


Capítulo 14
Penúltimo Capítulo - Não vá ainda


Notas iniciais do capítulo

Oi amores... Queria me desculpar pela demora da atualização.

Aconteceu um probleminha que eu acabei esquecendo o meu pen drive (com a história completa) na casa de uma amiga. :/

É, eu sei, podem me bater..Hasuashuashasuh'

Mas a última parte eu não vou demorar muito a postar não, promessa! *-*

Se todos gostarem do desfecho dessa fic eu postarei aqui também uma história que eu comecei a escrever a pouco tempo que se chama "Aposta Arriscada".

Nas notas finais do último capítulo eu postarei a sinopse para adiantar como vai ser o enredo da mesma.

Então... aí vai o penúltimo capítulo dessa fic para vocês.

Espero que gostem...


Lewana.



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Carolina verificou o relógio e voltou a atenção para a estrada. Colocou seu fone e ajeitou o lenço que cobria o que restara de seu cabelo, enquanto esperava o ônibus para El Paso. Foi quando começou a passar a introdução de uma música que a fez limpar uma lágrima que escorria por sua face involuntariamente.
  Olhou nervosa para a livraria onde Dudu fora comprar revistinhas para ler na viagem. Fora difícil acalmar a revolta dele, mas depois que ela explicara que Laura iria embora se eles não fossem, o pequeno concordara.
  Se assustou ao ouvir uma voz rouca às suas costas. 
  - Rob disse que eu a encontraria aqui.
   Ela voltou-se e ao ver Laura perdeu o controle, enquanto a letra da canção começava a soar em seu ouvido...

  Não vá ainda - Zélia Duncan
 
  O que você quer?
  O que você sabe?
  Não é fácil pra mim
  Meu fogo também me arde
  Às vezes
  Me vejo tão triste...
 

  Onde você vai?
  Não é tão simples assim
  Porque às vezes
  Meu coração não responde
  Só se esconde e dói...



  Por favor não vá ainda
  Espera anoitecer
  A noite é linda
  Me espera adormecer
  Não vá ainda
  Não, não vá ainda...

                                http://www.youtube.com/watch?v=8QxGptAggGA

                                
   Num repente toda raiva retornou, eclipsando a dor. Carolina se obrigara a aceitar que era impossível viver sem ela e agora Laura tinha a coragem de aparecer?
   - O que você quer? - perguntou, com lábios apertados.
   - Você tem o direito de estar furiosa... - começou Laura.
   A raiva e frustação de Carolina explodiram:
   - Sim, tenho o direito de estar furiosa com a vida, com os pais adotivos que me exploraram ou me ignoraram, com o marido que se matou e me deixou sozinha para enfrentar a confusão que ele fez! Tenho direito de estar furiosa com você, que ignora o que eu sou porque só consegue ver minha aparência. E se tenho culpa é por ter oferecido meu amor e aceitação incondicionais a quem amo. Mas ninguém quer me aceitar!
   Uma parte de Laura sentiu o ímpeto de aplaudir porque finalmente Carol percebera o quanto valia. Mas a outra parte encolheu-se, aterrorizada só de pensar que talvez ela não a quisesse mais.
   - Eu quero aceitar você, Carol - disse, com angústia na voz e olhar desolado -, se ainda me quiser. Eu quero você.
   Antes que Carolina conseguisse compreender o que ela havia dito, Laura a abraçou com força.
   O calor do corpo dela, a paixão do beijo eram tão intensos que por um momento Carolina não conseguiu pensar em nada. Então, Laura cometeu o erro de afastar-se um pouco e Carolina voltou a pensar. Pôs as mãos em seu abdômen e empurrou-a até que Laura recuasse, e encarou-a desafiadora:
    - O que quer dizer? Me quer, como? Não foi você quem disse que sexo bom não é o bastante para manter uma relação?
    A hostilidade dela fez Laura compreender que não ia consertar o que estragara assim tão fácil.
    - Eu estava errada, Carol. Não existe só sexo entre nós, existe amor. Tentei negar, tentei fugir porque me machuquei tanto antes! Queria segurança, permanecer fria por dentro, sozinha com minhas culpas e lamentações. Mas quando acordei e vi que você tinha ido embora, percebi que não podia viver como antes. Pela primeira vez depois de tantos anos pensei no futuro. Um futuro que me pareceu muito sem graça. Eu tinha o rancho e tudo o mais que achava que queria, mas não importava. Nada importava sem você para dividir comigo. Quando percebi isso, tive que vir buscá-la.
    Carolina queria acreditar, mas Laura já a iludira e a fizera sofrer.
    - Você não acreditou em mim quando eu disse que a amava, ontem - os olhos verdes estavam escuros, sem alegria. - Não escutou quando implorei uma chance. Por que mudou de idéia?
    - Quando lhe disse que você sentia apenas gratidão e atração sexual por mim, eu acreditava no que dizia. Acho que aquele acidente horrível me fez sentir tão culpada que essa cicatriz era só o que via ao me olhar no espelho. - Laura engoliu seco. - Não foi só isso que vi hoje. Vi uma mulher que pagou caro os seus erros. Uma mulher que tem direito à felicidade. Posso, enfim, compreender e aceitar o amor que sinto por você, Carol. Por isso aceito, também, a possibilidade de que o que você sente por mim é amor.
    Vendo que Carolina hesitava, Laura segurou-a pelos braços:
    - Olhe, sei que magoei você, Carol, e não posso desfazer isso. Mas posso prometer que nunca o farei de novo.
    Carolina fitou-a em silêncio, pálida. Quando ela falou, Laura precisou esforçar-se para ouvi-la:
    - Se eu concordar que temos uma chance, você tem de me prometer que minha aparência nunca mais vai se interpor entre nós. Minha aparência faz parte de mim e estou cansada de me desculpar de ser como sou.
    Laura conteve a alegria: se isso era tudo que Carolina queria, era fácil. Aceitaria qualquer exigência e gostava mais dessa Carol exigente. Mas antes de Laura dizer que concordava, Carolina bateu de leve com o indicador em seu ombro:
    - E ninguém vai me dizer como me vestir ou o que fazer com meu cabelo! Aprendi que o importante é o que penso de mim mesma. O que os outros pensam não interessa. Nem você!
    - Carol, você é maravilhosa e quase me provocou um ataque cardíaco demorando para dizer sim. Juro que não pensei na sua aparência quando vi que tinha vindo embora: senti falta do seu sorriso, do seu carinho, do seu calor.
    Lentamente, Laura levou a mão ao lenço na cabeça dela. Carolina segurou-a e depois, com um suspiro, permitiu.
    Laura tirou o lenço, olhou-a por segundos e beijou-a.
    - Não importa sua aparência - a voz dela estava emocionada -, para mim você será sempre a mulher mais linda do mundo.
    - Tem certeza, Laura?
    - Nenhum amor vem com garantia. Talvez um dia os seus sentimentos por mim mudem - disse Laura ainda com um pouco de receio - Mas vou passar a vida fazendo de tudo para que isso não aconteça. Claro, se você deixar.
     Sentindo-se esquisita, mas determinada, Laura apoiou um joelho no asfalto:
     - Quando salvei você e o Dudu do fogo, acho que ganhei uma segunda chance. A chance de viver minha vida da forma que deve ser vivida. Quer dividir essa vida comigo, Carol? Casa comigo amor?
     Com lágrimas nos olhos, Carolina por fim quase chorando, tornou a abraçá-la:
     - Tente me impedir!
     Laura levantou-se e, também quase chorando, abraçou-a:
    - Carol, eu tive tanto medo de perder você! Tive tanto medo que você me dissesse não!
    A risada de Carolina era feita de felicidade e lágrimas:
    - Sempre foi difícil para mim dizer essa palavra para você.
    - Que bom! - riu Laura, os olhos brilhando.
    Laura a beijou com ímpeto, como se quisesse compensar o tempo perdido. Quando se separaram, notou os olhos de Carolina cheios de lágrimas:
    - Você não está mudando de idéia, está?
    - Nunca!
    - Não se importa de morar no rancho, Carolina? O lugar mais próximo onde pode encontrar emprego de secretária creio que é San Antonio.
    - Então talvez seja melhor eu ajudá-la a cuidar do Double Diamond.
    Carolina teve tempo de ver a apreensão escurecer os olhos de Laura antes que ela a escondesse. Sorriu, ergueu-se um pouco os pés e a abraçou-a. A vida com Laura seria tudo, menos monótona!
     - E o Dudu? - lembrou Laura. - Você vai ter um trabalho dos infernos para mantê-lo longe dos caubóis e dos cavalos. Sem contar que agente vai ter que nos explicar e...
     - Calma amor... - interrompeu-a beijando - Creio que nos explicar para o Dudu não vai ser muito difícil não - beijou-a novamente .- e quanto aos caubóis, eu confio em você para cuidar dele.
    - Eu perdi um filho, Carol. Não vou perder outro. Morrerei antes de permitir que algo de ruim aconteça a ele.
    - Eu sei disso agora.
    Laura segurou suas mãos depois de beijá-las e foram caminhando até a caminhonete.
    - Por falar nisso, eu... - Laura hesitou. - Ouvi a fita que você deixou, uma parte dela. Estava mais preocupada em achá-la do que em ouvir.
    - Antes de vir embora - o olhar de Carolina entristeceu -, ouvi a última fita de O Legado. Achei que o que Ted dizia nela não ia mudar o que você pensava sobre nós, Laura, mas eu queria obrigá-la a voltar a viver e para isso tinha que tentar mais uma vez fazer com que ouvisse seu pai dizendo que a amava.
    Uma sombra passou pelo rosto de Laura:
    - É difícil para eu aceitar. Parece mentira que ele armou essa história toda, Carol. Se eu não o conhecesse... É a coisa mais louca que já ouvi!
    - Depois de ouvir todas as fitas, achei que o que ele fez foi típico de Ted: adorava lances dramáticos, a última chance, apostar tudo na última jogada. Foi incrível ele ter planejado essa jogada, porém a maior loucura, mesmo, é que deu certo.
    - Você se importaria se eu ouvisse algumas das outras fitas? - perguntou Laura, incerta.
    - Claro que não! - Carolina abraçou-a.
   Sentindo que a puxavam pela manga, Carolina olhou para baixo e viu Eduardo.
    - A gente vai voltar para  o rancho, mãe? - perguntou com os olhos brilhando.
    - Sim, vamos.
    - Que bom! - começou a pular alegre. -  Estou tão contente, mãe!
    - Nem metade do quanto eu estou contente, filho!
   Laura puxou Eduardo e o incluiu no abraço. Carolina sentiu as lágrimas chegarem de novo aos olhos. Ficou intrigada com essa reação, mas logo entendeu que chorava por ter encontrado, por fim, a segurança que vinha procurando desde que seus pais haviam morrido.
   Sorriu com amor para Laura e enxugou as lágrimas:
   - O que estamos esperando? Vamos voltar para casa!


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Notas finais do capítulo

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