Madelines Eyes escrita por Paula C


Capítulo 13
Capítulo 13 - Ansiedade que me Devora


Notas iniciais do capítulo

Música de Inspiração:

Joshua Radin - The Rock and the Tie



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Eu estava em pé, mirando o horizonte do quintal de Madeline. O mar e o silêncio de sua rua me traziam uma paz interior que nem mesmo na igreja eu sentia. O vento frio lançava meus cabelos para traz e parecia querer me empurrar para dentro de casa. 

Eu senti meus pés flutuarem. Pensei que fosse a leveza do meu corpo com a velocidade do vento. Mas eu estava mesmo sendo arrastado. A primeira coisa que pensei foi que eu precisava me alimentar mais, porque eu estava sendo carregado pelo vento!

Depois de algum tempo brigando comigo mesmo mentalmente, percebi que eu estava flutuando de verdade, não era coisa da minha imaginação. Minutos depois me vi jogado em direção ao mar, como uma águia que dá um mergulho vertical em seu vôo. 

Nem parecia ser muito distante quando estava caindo. Era como se eu estivesse pulando de um trampulim para uma piscina. Que sensação magnífica! 

Estava demorando séculos para eu cair até que finalmente atingi a água e nadei profundamente na direção das pedras do fundo do mar e vi os peixes de Porto dos Anjos e prometo não mais fazer brincadeiras sobre o fato de eles... nadarem para fora! 

Vi várias espécies de bichos aquáticos. Juro que nadei junto com uma arraia. Foi como se ela fosse o tapete mágico e eu o Aladin. Depois de um tempo, ela se apressou e me deixou nadando sozinho na imensidão do mar azul. Os peixes haviam sumido e só restara eu. 

Ali nadando, sem nem mesmo precisar subir na superfície para recuperar meu fôlego, vi um brilho diferente passar distante de mim como um jato de tinta. Fora tão rápido que eu não consegui identificar o que era exatamente. 

Nadei na direção do brilho e ele parecia estar brincando comigo. Ele brilhou às minhas costas. Olhei rapidamente, mas fora mais rápido e sumiu novamente. Com certeza era algum peixe. Quando estava voltando a explorar o fundo do oceano, vi o brilho cristalino logo a minha frente se transformar em uma mulher. 

Era ela... Madeline. Com seus longos cabelos roçando em meu rosto na leveza da água. Ela tocou as minhas mãos e as envolveu em seu corpo nu. Ela me encarou como toda vez fazia, com seus olhinhos brilhantes que eu tanto amava. Depois aproximou sua boca da minha e beijou-me novamente. 

-  Senhor? Olá, senhor? 

Ouvi uma voz mansa vinda de algum lugar. Impossível vir debaixo do mar. Se alguém quisesse falar, somente bolhas lhe sairiam da boca e não sons. 

- Senhor? Por favor...

E então eu acordei. 

Uma aeromoça estava ao meu lado tentando me acordar. Quando viu meus olhos abrirem, ela sorriu aliviada. 

- Chegamos. - disse ela. Depois deu-me as costas e saiu elegantemente pelo corredor apertado da terceira classe, a única que eu havia conseguido de última hora pra voltar para casa. 

Aquela aeromoça havia me acordado do meu primeiro sonho normal! Eu já lhes disse uma vez que meus sonhos eram anormais. Nem pareciam ser sonhos. Parecia ser eu na minha rotina, só que de olhos fechados e possívelmente roncando. 

Por que agora? E outro motivo mais poderia ter sido se não ela... Madeline. Ela era a responsável por minha vida estar totalmente diferente do que antes era. Eu antes parecia um robô. Sério! Eu levantava, tomava café-da-manhã, dava um beijo em Emily e ia para o trabalho. Ao fim do dia voltava, dava outro beijo em Emily e dormia. 

Com Madeline, era sempre diferente. Ela sempre me surpreendia. Sempre tinha algo novo a dizer, tinha novas reações e novas coisas a se desvendar. Pra mim, ela era exatamente isso: um mistério que eu gostava de desvendar. 

E agora que ela entrou em minha vida, eu tive algo nunca pude ter, nem mesmo querendo poderia acontecer, algo que eu desejava desde criança. Eu tive um sonho de verdade. Nada de cadaços a serem amarrados, nada de torradas, nem de tempo. Nada de escovar os dentes ou passar ferro numa blusa amassada. Nada de ver a meteorologia na TV. Eu tive um sonho esquisito!

A cada segundo que se passava pensando nela e lembrando daquele sonho mágico, dentro de mim, eu sentia uma vontade enlouquecedora de vê-la mais uma vez e declarar tudo o que eu sentia. A cada outro segundo eu pensava na reação que ela teria e mesmo assim não sentia medo de rejeição, porque eu sabia que meu amor pertencia a ela e a ninguém mais. Bem no fundo eu sabia que o dela só pertencia a mim e eu faria de tudo para ser aceito. 

Apressei a fila de desembarque, amaldiçoei todos os segundos de demora para pegar minha bagagem e corri. Peguei um taxi e paguei um extra para ele cortar qualquer sinal que encontrasse, claro, sempre que não tivesse nenhum carro atravessando o sinal verde que estivesse me empatando. 

Uma hora depois, lá estavámos eu e minha bagagem parados na na frente da casa de Madeline. A casa estava horrível do mesmo jeito de sempre e a sua floresta particular, vulgo jardim, ainda parecia querer me devorar. 

O passo seguinte seria fundamental. Lembre-se: pé direito. Estava tão nervoso que nem lembro bem que pé que usei. Só lembro que quase tropecei. Mas consegui me equilibrar para avançar até a porta de Madeline e bater ansioso para ver seu rosto mais uma vez e seu olhar brilhante me encarar com uma nova reação. Como disse-lhes, ela sempre me surpreendia. Queria ouvir mais uma vez seus dedos dedilhando desajeitados as cordas de seu pequeno Di Giorgio e tomar mais uma xícara de seu café. Queria passar o restante dos meus dias ao seu lado. 

Suspirei e bati a porta. Um toque somente. Mas devia ter sido muito baixinho já que ela não veio correndo abrir a porta. Bati mais forte, mas mesmo assim nada de Madeline aparecer. 

Fui até a janela miuda da varanda. Olhei para dentro, e irritei-me por ter uma cortina que cobria o interior. Fiz a volta na casa, mas a porta de trás estava fechada. Os coelhos pareciam ser os únicos presentes ali. Decidi então esperar. Ela logo iria chegar. Não costumava deixar sua tia sozinha por muito tempo. 

Sentei-me na escadas que certa vez a consolei e esperei. Esperei... esperei... esperei até que as luzes dos postes da rua se acendessem e o frio começasse a invadir. Sem esquecer da preocupação que agora me perturbava. 

Pensei mil besteiras e todas elas não me traziam a imagem de Madeline respirando. Desesperei-me. 

Voltei a bater na porta enlouquecidamente e após reparar nos olhares assustados das pessoas nas casas vizinhas, parei e resolvi correr até a casa de Billy, para saber se ele tinha idéia do que havia acontecido ali.  Mas não me senti melhor ao perceber que não tinha ninguém lá também. 

Onde estavam todos? Onde estava minha Madeline? Minha respiração ficara irregular e meu nervosismo me fez bater em várias portas afim de obter alguma informação. Mas ninguém sabia nada de Billy, de sua mãe ou mesmo de Madeline. 

Madeline... - sussurrei para o vento.   


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Notas finais do capítulo

=X Nada a declarar! Em breve continuação.



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