Mutilação (one Shot) escrita por Dahliee


Capítulo 1
Mutilação


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem~



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            De repente, deste a tua chegada como que terminada. Não te preocupaste com quem ficou a sentir saudades tuas, com quem não queria que fosses ter com eles tão cedo, com quem se mataria por causa de ti. E eu fiquei por aqui, no que era o teu mundo, resignado por teres partido. E eu me preocupei com quem ficou a sentir saudades tuas, com quem não queria que fosses ter com eles tão cedo, com quem se mataria por causa de ti, no entanto, não me preocupei comigo. Preocupaste-te? Decerto que não, seria a resposta mais óbvia.

            A faca continua bem segura na minha mão sem saber que rumo lhe dar no próximo segundo, minuto, hora… dia? Cara, braços, pulso… Coração?

            O quê? Como?

            Não sei, é a resposta dopada que chega ao meu cérebro vazio de qualquer sentimento e ofuscado pela luz do meu outro mundo. Neste momento, a droga é o melhor que eu tenho na minha vida: posso ter o meu mundo de ilusão como dantes, posso fingir que estás aqui… e não sentir saudades tuas.

            Sinto tudo à roda, as cores desmaiadas do meu quarto andam aos círculos mesmo à minha frente, rindo-se na minha cara. Eu apenas grito para elas pararem de gozar, o que torna tudo pior. Eu próprio giro sobre os meus pés, sem me aperceber, chamando o nome que não ouves, o teu nome. Agora, tu não ouves nada e eu odeio o mundo inteiro!

            Os meus olhos estão demasiado inchados devido ao cansaço para continuarem abertos, tentando ver o corpo que está escondido por entre a terra molhada da chuva que cai fora do meu ser, que abarca este quarto.

            Todos me chamam palhaço e é como se os meus lábios estivessem amarelos e os meus olhos brancos. Eles chamam-me de palhaço? Cobrir-lhes-ei a cara com o meu sangue que deveria ser encarnado. Contudo, os meus olhos apenas devem transmitir a penumbra que existe dentro deles e o meu sangue deve estar carregado do veneno que outrora fora teu. Os meus lábios? Esses continuam a gritar por ti.

            Onde estás? Onde? Onde? Onde estás?   Vou escavando a terra presente no meu coração mas não te encontro, não consigo encontrar o caixão onde foste soterrada. Onde estás? Por que é que eu grito o teu nome? Por que é que as perguntas ecoam na minha cabeça? Por que é que não te encontro? Onde estás? Por que é que eu sinto algo a espetar-se no meu peito? Onde estou eu?

            Agora sim, consigo ver que o meu sangue é encarnado; não tem o negrume do teu veneno. Agora sim, sinto que nunca mais te encontrarei no meu coração que está parando de bater.

            Onde estás? Já sei – apenas precisei de utilizar uma faca, dispensar uns minutos da minha vida nojenta… e matar um coração. Encontrei-te.


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Notas finais do capítulo

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