Josh POV

- Hayles, eu acho que já passou da hora de ir embora... - eu observei. Já eram 22h30 . Ela não respondia. - Hayles ? Tá me ouvindo ? - Silêncio . Olhei pra ela e vi que dormia tranquila agarrada a mim .Tão linda, não tinha visão melhor no mundo do que ela assim. Ela estava em paz, não tinha com o que se preocupar enquanto dormia . Isso me deixava mais calmo, levando em consideração oque causei a ela há um momento atrás ,por saber que ele não teria problemas agora. Até que acordasse...

Tentei me soltar dela, assim podeira ir embora e deixá-la em paz, mas de alguma maneira ela me segurava. Eu tentava puxar me braço e ela o agarrava mais forte, e fazia cara de brava, mesmo dormindo. Eu ri disso . Como eu sairia agora ?Fiquei a olhando por um tempo, imaginando se seria estranho eu ficar ali e dormir também, estava quase caindo de sono . Mas acho que seria muito inconveniente se quando ela acordasse me visse dormindo no seu sofá .Decidi que sairia dali de algum jeito, só não sabia qual .Primeiro, tinha que tirar meu braço . Mas não queria fazer isso, era tão bom aquilo. Ela agarrada a mim, dormindo . Algo que eu gostaria que durasse para sempre .E agora ? O que eu faço ?Minha Hayley soltou um suspiro e sorriu. Eu fiquei olhando aquela cena durante um tempo incerto . Ela podia ser minha .Podia ter sido minha, hoje. Mas não foi, por tão pouco . Mas isso não vem ao caso agora. Eu tinha que resolver um outro problema . Ela ainda estava dormindo, tão profundo . Será que... ela acordaria se eu a tirasse dali ? Vamos tentar... peguei seus braços e, cuidadosamente, os pousei atrás de meu pescoço, ela logo se agarrou a ele. Passei  um dos meus braços por debaixo de suas pernas e o outro pelas suas costas, a suspendendo no ar . Tão frágil . Ele se encolheu e esfregou o rosto no meu peito, como uma criança faz quando está com sono. A levei sem esforço pela escada, com cuidado pra não acordá-la . Alguém tem noção do quanto agradável era aquilo ? Procurei pelo seu quarto, que, por sorte, já estava com a porta aberta. A deitei na cama, mas ela ainda se prendia em mim. Eu tive que tirá-la dali, com um esforço tanto meu quanto dela. Eu também não queria fazer isso . Ela ainda estava vestida do mesmo jeito com que foi à festa. Não sei se estava confortável , mas eu também não tinha como consertar isso . Só tirei seus sapatos, acho que era a única coisa que eu tinha direito de fazer . Minha Hayley parecia dormir profundamente, sem ter a mínima ideia do que se passava. Eu olhava a cena com um sorriso enorme, apenas a admirando. Mas eu tinha que me desligar um pouco disso. Amanhã talvez daria para nos encontrarmos. Talvez não, nós vamos . Eu não consigo ficar longe dela por muito tempo, não agora, e provavelmente nunca vou .Algumas horas eram até que suportáveis, um dia já chega a ser um colapso pessoal. Eu tinha que me mostrar forte em situações desse tipo. Deixá-la. Algumas horas, Josh. Vamos lá. Concentre-se. Você pode. Pronto. 

- O que pensa que está fazendo indo embora, Josh ? - Hayley ?Acordou .

- Tá tarde, Hayles... tenho que ir- era minha justificativa, apesar de não ser minha vontade. 

- Eee ?Isso não significa que você não pode ficar mais um pouco . - ela disse, se setando a beirada da cama . 

- Nós temos que dormir... 

- Amanhã é domingo, quem liga pra ir dormir cedo ?

- Você deveria. Está quase caindo da cama de sono, Hayles... 

- Hm... ainda sim consigo raciocinar. Josh, fica aqui... - ela fez uma cara de brava. Ficava ainda mais linda assim. Fui me sentar ao lado dela, por impulso .

- Hayles, eu não posso . - mas eu quero .

- Claro que pode. Você pode dormir no sofá, ou eu faço isso e você dorme aqui , eu sei lá , que diferença faz ? O importante é que você vai dormir aqui em casa .- ela sorriu, convencida . Eu ri dela .

- Você não sabe nem do que está falando, parece bêbada .

- Hm... posso estar meio sonolenta, mas bêbada não. Eu não bebo. - ela se aproximou de mais de mim e pousou a cabeça no meu ombro. - Ah, Josh... - eu passei meu braço ao seu redor e a pressionei contra mim. Ficamos assim por um momento, até que ela começou a se mexer e subiu no meu colo, me puxando para mais perto . Passou os braços pela minha cintura e os deixou ali, encolheu as duas pernas e usou meu peito como travesseiro, fechou os olhos e suspirou .- Já se decidiu onde vai dormir ?

- Claro, na minha cama . - por que eu estava rejeitando o convite de dormir na casa dela ?Você é um idiota, Josh . Cala a boca e dorme ai, porra , os dois querem. 

- Essa hipótese não existe .

- Claro que existe. Deixe-me ir, Hayles.

- Não.

- Para de birra.

- Isso não é birra. É necessidade .

- Você precisa de mim dormindo aqui ?

- Eu preciso de você a qualquer momento, em qualquer estado que eu esteja. - Isso me agradou muito. Ela precisa de mim, do mesmo jeito que eu preciso dela, ou pelo menos descreve do mesmo modo . Mas eu não podia arriscar. 

- Hayles... 

- Josh... eu preciso de você aqui comigo. Decidiu ? 

- Err... eu não sei, por mim, tanto faz. 

- Isso quer dizer que você vai dormir aqui ?! - ela se afastou um pouco , para poder olhar meu rosto. Fiz que sim com a cabeça . - Ah, Josh ! Obrigada ! - ela se jogou pra cima de mim, me fazendo cair na cama, mas continuou agarrada ao meu corpo, me esmagando. Comecei a rir dela, a abraçando também. 

- Peça-me oque quiser, Hayles. 

- Fique comigo para sempre. 

- Isso não precisa pedir, eu já vou fazer. 

- Era tudo que eu queria ouvir . 

Então ela se desgrudou de mim apoiando-se na cama, sorrindo. 

- Não, eu não consigo ficar sem você ! - ela me abraçou de novo .

- O que foi, Hayles ? Por que tanto grude agora ? - não que eu não estivesse gostando, e muito, mas... 

- Necessidade. Carência. Amizade. Eu sei lá, eu vou querer isso – ela me apertou – sempre que eu puder ter... 

- Sempre será bem-vinda . - eu a abracei também. Ficamos assim por um tempo. - E então, onde eu vou dormir ?

- Onde preferir.

- Quem dita as ordens aqui é você. A casa é sua.

- Hm... tem a cama . E tem o sofá. Só. 

- Acho que... o sofá está de bom tamanho. - eu respondi, me levantando para sentar na beira da cama. Ela me acompanhou. 

- Então... acho que eu vou pegar um travesseiro e um cobertor pra você e trocar de roupa. Acho que é meio desconfortável dormir com essa roupa – ela direcionou pra mim – então, não sei... talvez eu tenha alguma coisa que sirva em você. 

- Hahahahahahaha, você ? - eu disse, entre risos . - Esse projeto de gente tem algo que me serve ?Hahahahahahahahahahahaha ! - eu ri dela. Ela não achou muita graça. Ficou me encarando até que eu parasse. Parei.

- Se você pensa assim. Eu só estava tentando deixar você mais confortável. - ela se levantou, sem mudar a expressão, pisando forte no chão. A irritei. 

- Eeei ! Hayles ! Não fique brava, por favor! Você sabe que essa não foi minha intenção. - eu a alcancei no corredor, fazendo-a parar e me olhar . Mantinha a expressão neutra. - É só uma brincadeira, bobinha. Você sabe que eu sempre brinquei com sua altura. Mas independente disso, me desculpe. - ela só continuou olhando. E eu querendo me bater por ter feito isso. - Fala alguma coisa . - o silêncio dela me moia por dentro. Tanto como suas palavras fazia às vezes, seu silêncio podia significar qualquer coisa. Até que um sorriso concertou tudo. 

- Eu sei disso, Josh. Eu também estou brincando. - ela me abraçou. Quando ela ia cansar de fazer isso ? Eu espero que nunca. Era quase a sensação de que ela era minha. Poucos detalhes para o feito se cumprir. 

- Mas, Hayles, não preciso de nada mesmo além de um travesseiro e de um cobertor mesmo, obrigado. Já é um favo grande você me deixar ficar aqui. 

- Não, eu estou obrigando você a ficar aqui. Você que está fazendo o favor de ficar aqui. 

- Não vou te incomodar, prometo. Amanhã de manhã eu já vou embora e deixo você em paz. - falei isso só para testar a sua reação. 

- Não ! Você não vai embora ! - era essa que eu queria. Ela me abraçou mais forte. - Você me prometeu que nunca me abandonaria.

- Eu estava brincando, Hayles. Eu não vou embora amanhã de manhã, não antes de te falar tchau. Amanhã a gente planeja alguma coisa pra fazer. 

- Chega de brincadeiras. Vamos falar sério agora. Vou pegar as coisas e já volto. Fique ai ! - ele disse sobre o ombro, enquanto corria para uma salinha no corredor. Eu fiquei esperando, encostado na parede, olhando a porta para ver quando ela iria siar, e eu poderia me deliciar com a sua visão. Ela saiu de lá , com um travesseiro e um cobertor debaixo dos braços, totalmente desequilibrada. Ela conseguia fazer isso? Com certeza . E eu não sei por que, isso a torna ainda mais atraente para mim. Fui ajudar. 

- Meu Deus, Hayles. Eu seguro isso. - eu disse pegando as coisas do seu braço.

- Obrigada. 

- Então, eu acho que... já vou descer. - eu conclui. Realmente estava muito cansado.

- OK, então... - ela disse meio para baixo.

- Não precisa ficar assim. Prometo que faremos muitas coisas amanhã. 

- Promete ?! - ele disse, toda animada. Como uma criança, quando o pai lhe diz que vai levá-la para passear. 

- Prometo, já te disse.

- Aaaawn, Josh, eu te amo ! - eu se pulou em cima de mim , mas daqueles pulos que fazem os outros cambalearem para trás. Eu apenas aproveitei-me disso, a pressionando contra mim, desejando que eu pudesse fazer isso sem ter que esperar por uma iniciativa dela.

- Também te amo, Hayles . - num outro nível, mais... avançado. Ela se soltou um pouco, enquanto eu fazia o mesmo, mas ainda deixando minhas mão posicionadas sobre suas costas, levemente. 

- Boa noite, Josh. - ela se soltou, num suspiro.

- Boa noite. 

Ficamos um tempo nos olhando, nenhum sabia oque tinha que fazer. Ir ou ficar, eis a questão . Eu bem que queria ficar mais um pouco com ela, mas o sono já estava começando a afetar meus pensamentos . Ela me lançou um sorriso e foi embora, andando lentamente, acho que tentando fazer nossa companhia durar mais tempo, eu sei que ela quer assim como eu. Ela entrou no quarto, sem fechar a porta. Um bom sinal, ao meu ver. Como se eu pudesse entrar lá sem precisar bater, era bem-vindo. Ou eu estava imaginando isso. Sonhando acordado. Suspirei e logo desci as escadas , em direção ao que seria minha cama essa noite. Taquei o travesseiro em um dos braços do sofá e me aprofundei nele. Meu corpo doía. Repassei o dia de hoje inteiro, antes de dormir. Podia servir como meu sonho essa noite. A melhor parte é que era a realidade.