CAPITULO 7

Era começo de Dezembro, quando após os ensaios Nessie me pediu para que a acompanhasse ate sua casa. E não havia uma taxa de criminalidade muito forte na cidade, mas a casa dela era pelo mesmo caminho que a minha e não poderia magoa-la.

Não que eu gostasse dela ou outra coisa mais, não queria fazer de nossos dias mais difíceis que já eram, e tínhamos uma semana ainda juntos e não gostaria de machuca-la.

A peça seria encenada no próximo fim-de-semana e todos falavam deste assunto. Miss Brandon ficou tão impressionada conosco que dizia que seria a melhor peça de todos os tempos.

A publicação da peça foi enorme, foi publicada no jornal da cidade. Miss Brandon era insuperável, naquele mesmo dia arranjo todos os assentos para o enorme publico da Playhouse, todo a turma ficou espantada,como se fosse uma grande noticia,mas todos ficaram espantados com sua persistência.

Ate ela ficaria espantada se eu ficasse entusiasmado, mas foi uma surpresa que ela não conseguiu emplacar, pois não estava nem um pouco feliz com aquilo tudo.

Meus amigos continuavam me infernizando as custas do que achava correto fazer, sei que não era um grande feitio, mas era o Maximo que conseguiria.

As vezes ate ficava orgulhoso e satisfeito comigo mesmo, mas nunca admitia a alguém.

E estava pensando em tudo isso enquanto a levava somente a sua casa, quando Nessie me faz uma pergunta.

-      E verdade que às vezes você e seus amigos vão ao cemitério à noite?

-      Sim às vezes – respondi surpreendido pela pergunta, pois não era de seu interesse.

-      O que é que fazem lá, alem de beber?

-      Sei lá contamos piadas... é apenas um lugar que gostamos de passar o tempo. – respondi.

-      Alguma vez teve medo?

-      Não,porque deveria?

-      Não talvez por fazer algo errado.

-      Não fazemos nada de mal lá, não pichamos nem ,quebramos lapides,somente passamos nosso tempo de sobra, nos divertindo.

-      Nunca foram apenas para escutar os sons da natureza,ou olhar as estrelas?

-      Não, dizendo a verdade – embora Nessie fosse uma adolescente, não entendia nada do garotos desta idade.

-      Era o que faria se estivesse lá,ouviria apenas os sons e ficaria em silencio, em paz.

Toda aquela conversa estranha como de costume , nunca Nessie proferia coisas muito normais,nunca tínhamos uma conversa comum de adolescentes.

Ficamos andando em silencio durante algum tempo, e uma vez que ela quis saber mais sobre mim fui obrigado a perguntar sobre ela, era o mínimo que poderia ter feito.

-      E então o que você faz,alem dos afazeres que todos saibam sobre você? – perguntei pra ela distraidamente.

-      Faço muitas coisas – disse ela sorrindo abertamente, com meu leve interesse sobre ela – às vezes jogo,ou passo meu tempo com meu pai.

-      Nunca sai com amigos para se divertir?

-      Não – mas pelo modo como me respondeu, era lógico que ninguém a queria por perto.

-      Aposto que esta entusiasmada para ir a faculdade – disse mudando de assunto.

-      Acho que não vou mais – disse demoradamente, após pensar para me responder com cautela. Ela havia me pegado desprevenido por esta também. Nessie tinha uma das altas mais altas do nosso ano.

-      Pensei que planeja ir a faculdade, aquele é um ótimo campo para você, se sairia bem.

-      Realmente é um lugar pra mim não é? – disse tristemente.

-      Não é o que quis me referir, e só que você se sairia bem lá, como em qualquer outro lugar que for, e ouvi dizer que estava entusiasmada para ir.

Assim foi a nossa conversa, como sempre eu falava demais, e Nessie ficava triste depois, ela não me respondeu apenas encolheu os ombros ,e não sabia mas o que pensar.

A esta altura já estávamos na casa dela, e paramos de caminhar. De onde estava,dava para ver perfeitamente a sombra de Edward atrás das cortinas, nos espionando.

-      Obrigado por ter me acompanhado ate em casa Jake - disse ela, antes de si voltar para porta.

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Na noite seguinte quando caminhava ate a casa sua casa, me perguntou sobre meu pai.

-  Ele esta bem – disse – nunca passa muito tempo por aqui.

- Sente falta dele?De tê-lo por perto? – perguntou me.

- Às vezes – disse honestamente.

-  Sinto falta de minha mãe também, mesmo sem se quer ter a conhecido, mas meu pai dizia que era uma mulher adorável, todos a amavam, era uma mulher muito caridosa.

Pela primeira vez, pensei que eu e Nessie tínhamos algo em comum. Fiquei nessa durante algum tempo.

-  Deve ser difícil pra você – disse com sinceridade – mesmo meu sendo um estranho para mim,ele continua vagando por ai.

Continuamos caminhando silenciosamente, Nessie mexia nos cabelos suavemente, percebia que fazia isso toda vez que ficava nervosa.

- Às vezes sim, não me leve a mal , amo meu pai mas as vezes penso que se pudesse ter convivido com ela,poderíamos conversar coisas que meu pai e eu não podemos, ele não entenderia.

- Como é viver com seu pai? Ele faz as mesmas quando esta na igreja?

- Não. Na verdade tem ate um bom sentindo de humor.

- Edward? – deixe escapar,disse sorrindo,não conseguindo me controlar e imaginar tal coisa.

Imagino que tivesse ficado surpreendida por ter me referido pelo seu nome,uma vez em que as pessoas apenas o chamavam de pastor. Mas deixou passar.

- Não se surpreenda, gostaria dele se o conhecesse melhor Jake.

- Duvido que isso chegue acontecer – disse prontamente.

- Nunca se sabe – Quais serão os desígnios de Deus.

Odiava quando ela dizia aquelas coisas, a única pessoa com quem conversava, era Deus, e não duvidaria se tivesse um lugar especial para ela no céu.

- E como poderia vir a conhecê-lo melhor? – perguntei.

Nessie nada disse,apenas sorriu para consigo,como se tivesse um segredo que estava escondendo. E odiava quando fazia isso.

No dia seguinte falamos sobre a bíblia, a que levava sempre consigo.

- Porque sempre anda com ela? – perguntei

Julgava que carregava, só por ser filha do reverendo.Não era uma suposição assim tão difícil de imaginar, mas a bíblia que carregava já era velha e desbotada, imaginava que pudesse comprar uma todos os anos só para sua dedicação a Deus, ou qualquer outra coisa do gênero.

- Era de minha mãe – disse simplesmente , conseguindo me sentir, mas uma vez péssimo com relação aos meus pensamentos sobre ela.

- Não faz mal Jake. Como poderia saber?

- Desculpe ter perguntado.

- Não tem que pedir perdão, não fizeste nada de mal. Ofereceram esta bíblia quando meus pais de casaram, mas minha mãe usou primeiro. Lia o tempo todos, especialmente nos momentos mais difíceis de sua vida. Pensei em todos os abortos que tivera.

- Gostava de ler a noite, antes de dormir, e tinha-a consigo no hospital quando nasci. Quando meu pai soube que ela havia morrido, nos levou para fora, tanto a mim como a bíblia.

- Sinto muito – não sabia como amenizar a situação.

- É apenas uma forma de me sentir parte da historia. Não me sinto mal,quando lembro,e uma maneira de me conectar a ela.

Depois de me contar sua historia, e como havia crescido com Edward, e na verdade não sabia o que dizer. Enquanto ponderava essa idéia,ouvimos um carro passar atrás de nos com um apito. Eram Seth e Leah.

- Olha só o que encontramos aqui – Disse Leah nos atormentando, debruçando sobre o carro para que pudesse ver seu rosto. E como não havia lhes dito que caminhava todos os dias com Nessie ate sua casa, sabia exatamente o que pensavam.

- Ola Seth, Oi Leah – disse Nessie sorrindo.

- Acompanhando Nessie ate sua casa, Jake? – podia ver o sorriso cínico por trás daquela cara santa que fazia.

- Ola Seth – disse amargamente, e sabia que não iria perder a oportunidade de me tirar,ainda mais com Lea ao seu lado.

- Esta uma bela noite para dar uma volta não é? – perguntou Seth,sorrindo.

- Sim está – disse Nessie olhando em volta.

- Caramba esta muito bom aqui,mas é uma pena que temos que ir.

- Mas vão passar em noite de semana? – perguntou Nessie ingenuamente.

- Se quiser posso servir alguma bebida – disse ela. Na casa dela havia bebida?

- É melhor irmos então, não queremos chegar tarde – disse Seth se divertindo – mas divirtam-se os dois.

- Obrigado por terem passado.

Seth então foi embora, cuidadosamente, como se fosse realmente um bom motorista. Uma vez disse a mãe que uma vaca havia passado sobre o carro, e por isso os faróis e pára-brisas estavam danificados. Aconteceu tão depressa, mãe, a vaca apareceu do nada, ate hoje não sei como ela acreditou nisso.

Depois de terem desaparecido,de vista Nessie olhou para mim.

- Tem amigos simpáticos Jake.

- Com certeza tenho – disse cuidadosamente a ela.

Depois de a deixar em sua casa,fui reclamando e me xingando mentalmente,imaginando o que meus amigos estavam a imaginar e como riam da minha estupidez.

Vêem o que acontece quando se é um bom rapaz?

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Na manha seguinte,todos sabia que acompanhava Nessie ate sua casa, e isso deu outra onda de especulação sobre nós dois. Dessa vez foi tão mau que tive passa o intervalo todo escondido.

Nessa mesma noite, os ensaios foram na própria Playhouse,era o ultimo antes da grande estréia e tínhamos muito o que fazer, e todos tinham que ajudar levar as coisas do colégio ate o teatro.

O único problema era que somente havia dois homens, eu e Nahuel, ele não era um dos mais coordenados do mundo,toda vez que precisava de sua ajuda, tropeçava em algum inseto, ou nos próprios pés, e o peso caia em minhas mãos.

-  Me desculpe-e-e – dizia ele – machuco-ou?

Abafava os palavrões e a raiva que subia a garganta e dizia irritado repetidamente:

- Não, mas não faça isso outra vez.

 Mas isso era impossível de evitar, continuava a tropeçar na própria sombra. Quando terminamos de carregar tudo já era quase a hora do ensaio e não havia almoçado ou sequer comido alguma coisa o dia todo,levamos três horas para levar tudo ao teatro,quando terminamos tudo estava cansado e com um péssimo humor.

Proferi meu texto sem nenhum entusiasmo, Miss Brandon estava preocupada e rancorosa, não havaí proferido a palavra maravilhoso,durante todo o ensaio. Mas Nessie sorria para mim, como se tudo fosse dar certo e garantiu a Miss Brandon que estava apenas nervoso, isso não era mentira, mas estava pelo motivo errado.

Quando Nessie me pediu para a acompanhar ate sua casa,recusei. Playhouse ficava muito perto do centro pra levar ela,tinha que cruzar parte da cidade, e sairia do meu caminho, e não queria que ninguém mais me visse saindo com ela.

Mas Miss Brandon ouviu o seu pedido e a disse que teria muito prazer em acompanhá-la e que assim poderíamos reforçar os pontos fracos, ela queria dizer eu na verdade.

Então mais uma vez me rendi as palavras de alguém e levei Nessie ate sua casa,mas ela percebeu que não estava muito disposto,para conversas e por isso andava sempre a minha frente em silencio não querendo me perturbar ainda mais.

-  Não esta muito disposto hoje não é mesmo Jacob? – nem sequer estava se esforçando para peça.

-  Não deixa passar nada não eh? – disse sarcastimamente.

-  Talvez possa lhe ajudar – disse animadamente,com seu sorriso brilhante.

-  Duvido – disse-lhe por fim.

-  Talvez se me disser seu problema, e não descontar sua raiva em mim,poderei lhe ajudar, assim como Deus esta olhando seus passos.

-  Escute – não deixei continuar – passei o dia todo carregando caixas e adereços, não como nada desde o café da manha e a agora tenho que desviar do meu caminho só para acompanhá-la ate em casa, por seu pai, que nem sequer gosta de mim. Tudo isso é uma estupidez,nunca deveria ter aceitado.

-  Esta dizendo tudo isso só por estar nervoso com o espetáculo? – Interrompi-a, já não suportava mais sua ingenuidade e otimismo, e hoje não era um bom dia.

-  Você  não percebe ou é to ingênua assim? – falei nervoso – não estou nervoso,por causa do espetáculo, somente não quero estar aqui,não quero que meus amigos me vejam mais com você. Não somos amigos e você continua se comportando como se fossemos, não quero mais isso só quero que minha vida volte ao normal.

Ela parecida magoada, com minha explosão, não poderia estar melhor, não a julgo por isso.

-  Compreendo – foi tudo que me disse, não levantou a voz sequer uma vez, que se defendesse,mas não o fez. Apenas olhava para o chão, como se quisesse chorar,mas não o fez, por fim de distanciei e fui e embora,quando já estava longe o bastante , a ouvi chamar meu nome.

-  Obrigada por ter me acompanhado Jake – gritou.

Estremeci quando ela disse aquilo. Mesmo quando era mau e dizia coisas horríveis a ela,achava alguma maneira de me agradecer. Era esse tipo de meninas que odiava.

Ou melhor,odiava a mim próprio.