- Adam, quer saber o que eu fiz ontem?

 - De A a Z – parei no meio do caminho e me virei para ela.

 - Bom, pouco depois de falar com você no telefone anteontem, minha mãe me mandou ao mercado pra comprar algumas coisas que estavam em falta lá em casa, então, quando estava no mercado, esbarrei no Matt e todas as minhas compras caíram no chão, ele foi super gentil e me ajudou a catar tudo.

 - Não é pra menos, ele que derrubou.

 - Posso continuar?

 - Fala.

 - Bem, aí ele me chamou pra dar uma volta, mas eu disse que não poderia, porque minha mãe tava me esperando, e como você tinha me abandonado por causa da Emily, eu pensei que no dia seguinte a gente podia dar uma volta. Ele concordou e deu tudo bem, até que eu voltei pra casa.

 - O que houve?

 - Minha mãe. Quando perguntei se podia sair com ele um dia desses, ela disse que não e que ele não era pra mim, porque minha mãe conhece os pais dele, e segundo eles, Matt é rebelde demais. Foi quando eu tive a grande idéia de matar aula no dia seguinte. Deu certo, minha mãe acreditou que o Lucas também tinha faltado e que iríamos estudar o dia todo, me colocou num táxi e ficou feliz por eu me importar com os estudos.

 - Mary, você é cruel.

 - Eu sei, mas me deixa terminar? – Eu me calei – Obrigada. Eu peguei o táxi e dei o endereço da casa do Matt. Cheguei lá pensando que nós sairíamos para algum lugar, mas ele já tinha preparado tudo. Tinha alugado uns filmes, arrumado a sala, tinha até feito comida! Bem, não resisti.

 - Mas você sabe que era uma armadilha, certo?

 - Não, seu bobo! Eu até me assustei ao ver aquilo tudo, mas ele me explicou que não foi a intenção, ele só queria agradar.

 - Sei, é o que todos dizem...

 - É sério, Ad.

 - Okay, termine.

 - Então, eu entrei, nós assistimos aos filmes, lanchamos, nos divertimos, ele foi um fofo o dia todo e só uns quinze minutos antes de eu ir embora, que ele foi me beijar. E eu fui embora depois disso, minha mãe nem sequer desconfiou, mas você foi ligar lá pra casa e estragou tudo.

 - Quinze minutos, sério mesmo?

 - É, Ad. Ele não tentou nada o dia todo, mas também quando me beijou – Ela levantou uma das sobrancelhas, o que me fez desconfiar.

 - O que ele fez?

 - Foi ótimo! Mas eu não deixei que ele fizesse nada, fica tranqüilo, ele só tentou colocar a mão na minha bunda, mas entendeu quando eu não deixei – Por que eu me senti mal quando ela disse que foi ótimo?

 - Sério?

 - Sério, ele só tentou isso mesmo.

 - Não, Mary. Sério que foi ótimo? – Percebi que ela me olhou com o canto dos olhos.

 - Sério, por quê?

 - Nada não, só queria saber.

 - Vocês, garotos, são estranhos.

 - Aceita minhas desculpas se eu falar que você foi pra casa do Lucas?

 - Aceito.

 - Mas ainda acho que você devia falar com ela caso seu rolo se torne algo mais sério.

 - Fica tranqüilo, Ad, não vou continuar com ele.

 - Por quê?

 - Eu gosto de outro.

 - Mary! Então, por que você iludiu o menino?

 - Que menino? Ele já é maior, Ad. E mais, ele sabe que não gosto dele, deixei isso bem claro quando fiquei com ele pela primeira vez.

 - E ele ainda ta com você?

 - Aham, ele me ama – Disse ela sorrindo.

 - Vocês, mulheres, adoram nos torturar, não é?

 - É que vocês são lerdos, não percebem quando a garota gosta de vocês e falam que somos nós que os torturamos. Vocês que são todos masoquistas.

 - Fico por aqui, Mary – Dei-lhe um beijo na bochecha e deixei que seguisse o caminho de pedras para a porta de sua casa.

 - AH! Fez o trabalho de história, Ad? – Droga! Como eu esqueci?

 - Droga! – Sussurrei.

 - Sabia.

 - Desculpa, Mary.

 - Tudo bem, eu já sabia que você esqueceria, por isso que eu já fiz.

 - Sério?

 - Sim.

 - Você é meu anjo, Mary.

 - Sei disso também.

 - Metida.

 - Até amanhã, Ad.

 - Amanhã você vai comigo?

 - Bem, já que você pediu para eu não torturá-lo, vou sim. Mas chega cedo, se não ele chega primeiro.

 - Tudo bem, tchau Mary.

 - Tchau Ad.