Saí da quadra e fui em direção ao pátio, onde Mary deveria estar. Ainda precisava falar com ela.

 Estava andando e procurando em cada canto do pátio até que vi a minha melhor amiga beijando um cara alto, de cabelo preto e curto e com vários músculos, o que me lembrava um dos reis do basquete do colégio, mas Mary não conhecia nenhum jogador de basquete. Pelo menos que eu saiba, ela não conhece nenhum jogador de basquete.

 Aproximei-me mais um pouco e notei que era mesmo o cara do basquete, se eu não me engano, Matthey, algo assim.

 Fiquei olhando de longe por um tempo, mas eles não paravam de se beijar. Será que estavam tentando quebrar algum recorde mundial? Fiquei parado no meio do pátio por mais um tempo e percebi que estava me sentindo meio desconfortável com aquela situação.

 Nunca tinha visto Mary ficar com ninguém em toda a minha vida. Só sabia que o primeiro beijo dela foi comigo. Sim, foi comigo. Quando estávamos na 7ª série, ela tinha me perguntado se eu já tinha beijado alguém, eu disse que não e perguntei o mesmo a ela que hesitou um pouco em responder, mas disse que não também. A gente ficou um tempo sem ação até que eu perguntei se ela tinha pensado em alguém para dar o primeiro beijo e ela disse que não tinha ninguém em especial, mas já sabia que a minha resposta seria diferente, “Emily”, segundo ela. Só que, na verdade, a pessoa que eu tinha pensado não era Em, era ela, minha melhor amiga, a pessoa que me conhecia mais até que minha mãe, Mary. Então nos aproximamos e nos beijamos. Foi uma confusão, porque nenhum de nós sabia beijar, mas no final foi até bom, pelo meu ponto de vista.

 Nunca soube de mais ninguém que ela havia ficado, Mary não era muito de comentar isso com ninguém e nunca tinha ficado com ninguém que espalhasse.

 Quando voltei à minha realidade, percebi que eles haviam parado, há pouco tempo pelo visto, pois Mary ainda limpava os lados da boca. Até que ela me viu.

 Na mesma hora arregalou os olhos, ficou com o rosto em um tom vermelho vivo e, provavelmente, não respondeu o garoto, pois ele virou para acompanhar seu olhar e quando me viu, revirou os olhos e abaixou a cabeça.

 Comecei a me aproximar mais um pouco.

 - Oi – Disse sorrindo, mas Mary continuou paralisada olhando para mim.

 - Oi – Respondeu o tal de Matthey.

 - Você é o Matthey, certo?

 - Matthew – Ele me corrigiu.

 - Okay, desculpe. Bem, eu acho que vou indo, só queria perguntar uma coisa para a Mary, mas já ta respondida.

 Por incrível que pareça, Mary descongelou.

 - O que você ia perguntar?

 - Nada não.

 - Fala.

 - Com quem você tinha vindo pro colégio.

 - Entendi. Foi com o Matt – Ele sorriu para mim.

 - Eu sei, por isso disse que já estava respondida.

 - Ta...

 - Quer que te deixe em casa? Ou ele deixa?

 - Pode deixar, cara – Disse Matthew.

 - Na verdade... – Hesitou Mary – É melhor que você me leve, Adam.

 - Por que, Mary?

 - Matt, ainda não falei pra minha mãe que a gente ta saindo e ela não te conhece, então... – Ele bufou – É melhor eu ir com ele.

 - Tudo bem... – Matthew olhou para mim – Cuida dela pra mim, cara?

 - Sempre!

 - Valeu – Eles ficaram se olhando por um momento.

 - To te esperando no estacionamento, ta Mary?

 - Obrigada – Sussurrou e ficou vermelha novamente.

 Olhei para trás no meio do caminho e vi os dois se beijando. Depois, Mary levantou e veio correndo atrás de mim.