Heartbreaker escrita por Evellyn e Clarissa


Capítulo 1
Desabafo




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Revirei os meus olhos cansados de tanto ficar olhando os segundos e minutos no meu relógio para Drew chegar. Pressa era a ultima coisa que eu deveria ter naquele lugar, além do mais, eu não tinha nada para fazer mesmo. Cidade nova, vida nova, emprego novo exigiam mudanças novas, um Edward novo. Mas eu insistia em não querer mudar, em deixar todas as lembranças que me matavam por dentro consumindo cada pedacinho de mim. Eu devia isso a ela. Era como se eu estivesse sentindo tudo o que ela sentiu, como se todos os seus sentimentos repercutissem em mim agora. Isso era justo, muito justo. Coloquei um pouco de uísque no copo, bebi tudo em um só gole e sentei-me de novo na cadeira de couro preta para esperar.

 

- E ai cara! Demorei muito? - Drew entrou sorridente no quarto e ajeitou a gravata vermelha olhando para mim.

- Pronto para sua entrevista?

- É acho que sim. – Dei um sorriso forçado

- Você não consegue mentir pra mim cara. – ele se acomodou ao meu lado dando um tapa de leve em meu ombro. – Estudei praticamente minha vida inteira contigo, esqueceu? 

  - É você tá certo. Acho que num momento desses eu não sei mentir pra ninguém. – coloquei mais um pouco de uísque no copo.

– Cara, tá tão ruim assim? - Fui em direção ao espelho e consegui sorrir ao ver a imagem que refletia ali. Eu parecia um executivo feliz e realizado, o que, na verdade, era o que deveria ser mostrado. Virei para Drew e sorri.

- Tentando me enganar não é? Agora anda rápido cara, se não eu vou me atrasar! - Drew retribuiu o sorriso.

 

Seguimos para o seu carro e fomos para o lugar aonde seria o meu novo emprego, a minha nova chance de fazer as coisas darem certo. O celular vibrou em minha pasta e desanimei ao ver mais uma vez a chamada de Tanya. Porque eu esperava tanto que Bella me ligasse? Ela não iria ligar, não iria me procurar. Ela me odiava agora e eu deveria agradecer por isso. Afinal, não era isso que eu queria? Eu não sabia em quantos pedaços meu coração poderia se quebrar, por quantos dias e noites meu pensamento me levaria até New York em busca de seu cheiro, seu corpo junto ao meu, sua voz. Tudo parecia ainda tão recente pra mim, tão fresco. Como se eu nunca a houvesse deixado... Mais uma vez.

 

- EDWARD!

- Hãn... oi?

- Chegamos cara, em que mundo estava? – Drew olhou para mim com uma cara de assustado.

- Como se você não soubesse. - Admirei o prédio em minha frente, uma bela construção com aqueles vidros que ofuscam a nossa visão.

 

Subimos no elevador em direção ao andar do homem que me esperava para a entrevista. A secretária nos recebeu sorridente oferecendo cafezinhos e afins. Pediu para que nós nos sentássemos e esperássemos enquanto ela avisava que havíamos chegado.

 

- E ai? Tá nervoso? Animado? - Drew disse parecendo aquelas mães que deixam o filhinho no primeiro dia na escola.

- Não, eu acho que não. Bom, é só uma entrevista de emprego não é? – disse tentando passar um ar de que não estava mesmo muito preocupado com isso.

- Tanya te ligou de novo? – ele disse olhando o celular que ainda estava em minha mão.

- Sim.

- Eu nunca imaginei que algum dia você a deixaria.

- Pra ser sincero... Nem eu. - Encostei a cabeça no encosto da cadeira e fechei os olhos.

 

Meus pensamentos me levaram até Seattle, em minhas tentativas idiotas para conquistar o coração da líder de torcida do meu colégio. Os dias que passei mergulhado em minha cama, depressivo, quando via Tanya saindo com outros caras, passou em minha mente. Ela era o grande amor da minha infância. E as únicas pessoas que realmente nunca saiam do meu lado, e que não ficavam comigo só quando bem entendiam, eram Emmet e Bella. Os melhores amigos que eu já tive em toda minha vida. Mas porque a gente demora tanto pra perceber isso? Tanto tempo eu perdi em uma paixão idiota, ignorando o grande amor da minha vida.

 

Senti alguma coisa em minha perna e vi Drew me cutucar avisando que o homem me chamava. Levantei com a pasta em mãos e segui para sua sala. Ele fechou a porta atrás de mim e estendeu a sua mão:

 

- Olá Edward, estava esperando pela sua chegada.

- Oi John, é... Eu também. – apertei sua mão e direcionei-me até a poltrona que ele indicava.

 

Ele sentou na cadeira em minha frente e mecheu em alguns papéis em sua mesa, abri a pasta e entreguei o meu currículo a ele. Ele sorriu e empurrou a pasta para o meu lado.

 

- Não preciso do seu currículo, Edward. Sei o quanto é competente.

- Mas então pra que essa entrevista?

- Responda apenas uma simples pergunta, ok? – ele juntou as duas mãos e as encostou em seu rosto.

- Sim, pode perguntar.

- Porque quer trabalhar aqui?

 - Porque eu acredito que a Gold seja uma empresa bastante renomada e...

- AAH Edward... Que texto mais decorado. – ele fez um gesto com a mão como se abanasse algo – Quero dizer, porque saiu de New York para vir pra San Diego? - Essa não era o tipo de pergunta que havia preparado, alias, isso não é um tipo de pergunta que se faz em uma entrevista de emprego. E agora, o que eu respondo? Que sai de New York por causa de um ato nada profissional e problemas pessoais? Por quê eu namorava uma mulher que trabalhava na minha empresa? Que sai para não acabar com a vida dela e a minha?

- Bem...

- Diga Edward.

- John... tem tempo suficiente para ouvir? - Ele encostou suas costas no encosto da sua cadeira preta e sorriu animado para mim.

- Todo o tempo.

- Então se prepare, por quê a história não é muito agradável. Muito menos o seu final.

 

 

 

Dois meses atrás

 

 

O despertador tocou no mesmo horário de todos os dias e fui direto para o banheiro ainda sonolento. Não encontrei Tanya e imaginei que ela estivesse já acordada fazendo nosso café da manhã. Sorri satisfeito, eu era um cara de sorte de ter ela ao meu lado. Não simplesmente pelo fato dela fazer deliciosas panquecas todas as manhãs, e sim porque ela era perfeita e eu um simples mortal. Após fazer todas as coisas típicas, desci para a cozinha e a encontrei fazendo as tais deliciosas panquecas.

 

  - Bom dia amor. – disse me dando um selinho. Retribui o selinho e sentei em meu típico lugar para ler o meu típico jornal de segunda.

  - Como foi na casa de sua irmã ontem amor? – eu perguntei olhando algumas manchetes sobre a bolsa de valores.

  - Maravilhoso Ed. – ela sentou em minha frente colocando o prato com as panquecas no centro da mesa – Amor...

  - Sim?

  - Quando aquele seu amigo chega?

  - O Emmet?

  - Ele mesmo.

Subi meus olhos para encontrar os seus e observei todo aquele lindo rosto. Lembrei porque todo dia eu precisava fazer isso. Ver aquele sorriso todas as manhãs me deixava bem pelo resto do dia. Sorri e senti sua mão esquerda deslizar em meu rosto.

  - Ele chega amanhã, se não me engano.

  - A irmã dele trabalha na empresa não é?

  - Sim, mas eu nunca a vi. Bom, tem seis anos que não vejo a Bella, deve estar diferente.

  - Eu adoraria vê-la novamente.

  - Bella sumiu completamente, sempre que pergunto Emmet dá um jeito de contornar o assunto.

  - Parece que ela ficou realmente chateada com aquele dia do baile.

  - O acontecimento do racha sim, agora pelo fato de ela nos ter encontrado naquele quarto... Nada a ver amor.

  - Que noite hein? – ela disse rindo com aquele sorriso sexy que só ela tinha e mordendo o lábio inferior.

  - Nem me lembre minha deusa. – ri junto com ela e a beijei.

  - Engraçado, trabalham no mesmo lugar e nunca se viram. – ela se confortou na cadeira e começou a passar mel em sua panqueca.

  - Realmente, não sei como isso acontece. – mordi um pedaço da panqueca.

  - Talvez porque tenha trabalhado demais meu amor, tem cabeça só para o seu trabalho.

  - A minha cabeça tem espaço apenas para Tanya Denali. - Ela me beijou e continuamos a comer nosso café da manhã.

 

 

Bella p.d.v

 

  - Ah fala sério Jake... Você ainda disse que ligaria? – Alice disse indignada, como se aquilo fosse alguma novidade.  

  - Eu digo isso para todas Alice. – Jake disse tomando um gole de seu café.

  - Por isso mesmo. Todas ficam pensando que você irá ligar. Isso faz mal, sabia?

  - Ninguém mandou ele ser tão irresistível. – Disse mexendo em alguns papéis em minha mesa.

  - Está vendo? Bella falou a verdade. – Jake passou a mão em meu cabelo e eu subi meus olhos para Alice.

  - A Bella não conta. Ela não deve estar nem sabendo do que estamos falando. – ela mexeu em seu cabelo. Olhei para Alice com meu melhor olhar que derrete geleiras e ela começou a rir e apertou minhas bochechas. 

  - Ah não... Olha quem vem ali. – Jake disse olhando em direção o elevador.

 

Nem precisamos nos dar ao luxo de saber quem estava vindo. Sabíamos muito bem quem estava prestes a chegar a nossas mesas e dizer tudo o que ela queria ter falado para o poderoso chefão que dava constantes foras nela. Os dois sentaram e voltaram os olhos ao computador como se estivessem fazendo alguma coisa.

 

  - Estão conversando demais para quem tem tudo isso a fazer. – ela bateu as duas mãos em minha mesa pedindo atenção.

  - Estamos apenas trocando idéias Rosalie. – Jake sorriu forçado para ela.

  - Trocando idéias? – ela retribuiu o sorriso e bateu mais uma vez em minha mesa fazendo com que eu me afastasse um pouco. – Olhe para mim e veja se aqui é algum lugar onde se possam trocar idéias! A gente faz isso em um boteco... Lugar pra gente como vocês.

  - Mais tarde, aliás, se quiser ir, está convidada chefa. – Jake disse bebendo mais um gole do seu café.

 

Olhamos as três para ele que agia normalmente como se não houvesse dito nada de errado. Ela cerrou os punhos e deu um gritinho abafado saindo apressada e irritada de volta ao seu andar. Alice e eu ainda continuávamos olhando para Jake que começou a digitar algo no computador.

 

  - O que foi? – ele disse olhando para nós duas boquiabertas.

  - Qual é o teu tipo de problema para falar aquilo pra ela? – eu perguntei.

  - Nenhum, eu só convidei. O que tem de mais? – ele olhou para nós duas e começamos a rir.

  - Fala sério Jake. – eu disse rindo.

  - Mudando de assunto gatas... E o negocio do Mark?

  - Eu ainda acho que isso não é uma boa idéia. – eu disse fazendo a melhor cara de desanimo.

  - Ah nem Bells. Que tem?

  - Alice, até você?

  - Foi a Alice que deu a idéia. 

  - Gente, olha aqui. Pra que vingança? A vida é tão mais feliz só na paz e no amor. – fiz o sinal de paz e amor com os dedos. Os dois olharam para mim e começaram a rir freneticamente como se eu estivesse dito algo tão engraçado assim.

  - Do que vocês estão rindo? Quero rir também.

  - HAHA você me mata Bells. – Jake disse limpando algumas lágrimas.

  - Nossa, o que eu falei? Vocês são tão animados... riem com cada coisa.

  - Ok Bells, deixe isso para lá. Olha não tem nada de errado, ele vive brincando com a gente, porque não podemos fazer isso também?

  - Jake está certo. Bells, quando Mark se ver no banheiro dos chefes, sem roupa e nem toalha imagina a cara dele? – Alice disse toda animada.

  - Continuo achando que não é uma boa idéia. – Continuei com a minha cara de desanimo na esperança de desanimá-los também.

  - Bells, olha aqui. Não vamos fazer nada de errado, ele não vai precisar sair até a rua ou coisa parecida. Só ao corredor, só nós o veremos!

  - E o lance da foto?

  - Vou fazer um mural da vergonha. – ele disse com os olhos brilhando.

  - Você anda vendo muito “Eu, a Patroa e as crianças”. – Alice disse com um ar de deboche.

  - Que você tem contra Alice? Eu gosto do...

  - Ah tenha dó Jake! – ela disse fechando a cara.

  - Ok parei. Mas olha aqui... Você vai aceitar, não vai Bells?

Virei-me para a pilha que esperava ansiosa pela minha atenção e fingi estar fazendo algo. Nisso ouvi o barulho da cadeira de Jake se arrastar e ele se aproximou me olhando com aquela cara de cachorro sem dono que ele sabia fazer muito bem.

  - Para com isso Jake.

  - Bells, por favor. – ele juntou as mãos.

  - AAH! Ta, ta. - Ele me deu um beijo no rosto e os dois voltaram ao trabalho.

 

Eu não sei por que havia aceitado aquela idéia idiota, sabe quando você tem a impressão de que não vai dá certo? Eu estava me sentindo assim agora. Mas... Eu ainda vou perguntar para Jake como se faz aquela cara, que raiva dele! Afundei-me na pilha de papéis com as mais diversas histórias sobre “decepções amorosas”. Era incrível a quantidade de papéis que existia ali, era como se toda a população feminina de New York tivesse tido alguma decepção com o sexo oposto. Mas isso faz parte, é só um pouco mais do sofrimento que as mulheres precisam passar. Mas nenhuma incluía depressão profunda, pesadelos agonizantes e o garanhão de Washington.

 

“ – Eu não sei mais o que fazer com Bella.

 - Ela poderia passar alguns dias com a mamãe.

 - Em Forks?

 - Claro, porque não? Ela vai se manter bem longe disso aqui.

 - Não dá mais para vê-la assim. Todos os dias ela têm esses pesadelos. Olha como essa garota acorda! Que gritos agonizantes são esses?

 - Infelizmente esse amor foi como uma droga para ela.”

 

Balancei a cabeça tentando sumir com aqueles pensamentos. Eu não sabia até quando meu coração poderia doer com tantas recordações, e ultimamente o mundo tem conspirado para que elas acordem. Mas por quê? Será que eu não sofri o suficiente com tudo isso? Porque o cheiro, o beijo, a voz ainda se mostram tão presentes e tão vivos em minha mente? Passei as duas mãos pelo meu cabelo e abaixei a cabeça tentando voltar para o tempo presente, respirando fundo e lutando para retirar aqueles pensamentos. Continuei a ler as histórias de mulheres decepcionadas com a vida e fugindo ao máximo da minha.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Reviews = Capítulos
merecemos? ^^
:)
beijos :*