Eu estava sozinha. Como sempre. Mas não estava naquele mundo perfeito, o qual eu desejava tanto sonhar. Não. Era um lugar diferente.

Era como uma praça. Bem pequena e deserta. Não havia ninguém circulando por lá. Não parecia real.

Olhei a minah volta. Um banco e algumas árvores. Era só isso que eu via. Nunca tinha estado em lugar tão vazio e sem vida.

Resolvi dar uma volta por lá. Encontrar sinais de vida.

Uma brisa leve fazia as árvores balançarem suavemente. Mas o clima era de tensão. Eu estava começando a desconfiar daquela praça.

Em questão de segundos, a brisa parou de soprar. As árvores pararam de balançar. Tudo estava imóvel. Como se a Terra tivesse parado de girar. Não sentia nada, não ouvia nada. Só via aquele lugar sem vida. Parecia estar assustado.

Onde estou? Como vim parar aqui? Eram essas as perguntas que fazia para mim mesma. Sem esperar ouvir uma resposta.

Então, vi uma pessoa, ao longe. Estava caminhando na minha direção. Mas eu não conseguia me mover. Como se eu estivesse presa no chão.

Desta vez, consegui ouvir meu coração bater fortemente. Era um aviso. Não sabia decifrar.

A pessoa foi se aproximando. Pude ver que era um garoto.

Finalmente, consegui ver seu rosto.

Ele tinha cabelos castanhos e brilhantes, os olhos de um azul muito escuro. E ele era lindo. Perfeito. Parecia até uma miragem. Alguém como ele não podia ser real.

Ele chegou perto de mim. Tudo nele era brilhante. Inclusive os olhos.

Meu coração disparou. Outro aviso. Um aviso de que havia perigo por ali. Mas eu não via perigo nenhum.

Fiquei perdida em seus olhos, que olhavam os meus fixamente.

O que esta acontecendo? Estou ficando louca! Isto não é real! Ou é?

Não aguentava mais ouvir minhas próprias perguntas.

O garoto seguro minha mão. Tremi. Não parecia real. Eu tinha cada vez mais provas de que aquilo não estava acontecendo.

-- Isto é um sonho, não é? -- perguntei, corajosamente.

Ele sorriu.

-- Só se você pensar que é.

Não! Não pode ser! Mas era.

Agora eu estava completamente confusa. Se o garoto dizia que não era um sonho, eu devia acreditar? Ou não?

Resolvi fingir que acreditava.

-- E, por que estou sonhando com você?

-- Por que foi isso que você pediu.

Pedi? O que pedi?

-- Mas... -- não pude terminar. Ele havia desaparecido. E eu estava sozinha novamente.

Quem era aquele garoto? Essa era a única pergunta que passava por minha mente.

E, por que ele me chamou a atenção? Era isso que me preocupava. E eu não fazia ideia do que ele quis dizer com "foi isso que você pediu". Eu não havia pedido nada. Ou havia?

A brisa continuou a bater. E as árvores voltaram a balançar.Mas eu continuei parada.

Percebi que tudo estava desaparecendo.

Pronto. Eu estava em meu quarto.

"Odeio isso!", pensei. Era um sonho. Eu estava bem. Então, por que eu sentia que faltava alguma coisa?

O garoto. Não sabia nem seu nome. Nem se era do bem ou do mal. Nem nada.

Só sabia de uma coisa. Que me preocupava muito.

Eu estava completamente apaixonada por ele.