Acordei. Tudo estava tão diferente. Mais... vivo. Menos eu. Eu era a única coisa morta no meu quarto.

Eu me lembrava muito bem. Klaus havia me matado com uma das facas usadas por Gudren para cortas carne. Vi meu sangue escorrer pelo ventre até pingar no chão, até que meus sentidos começaram a falhar e eu tombei morta.

Foi aí que me recordei do sangue de vampiro que eu tinha tomado. Isso havia me salvado, agora eu era uma vampira!

Então será que Klaus tinha a intenção de me "matar"? Seria essa a parte final da transformação em vampira?

Levantei-me da cama e fui em direção à janela. Abri as cortinas, e a luz do sol iluminou o cômodo. Ela apenas me incomodava, nada de queimação ou ardor.

Olhei para o anel que Gudren havia me dado. Como essa pedra de lápis-lázuli era bela. Seu azul me lembrava os olhos de Samuel, nosso vizinho. Olhos de um azul tão escuro e profundo que era muito fácil se perder neles e nunca se encontrar novamente.

Arrisquei tirar o anel para examinar melhor se ele tinha alguma inscrição, mas exatamente quando o tirei, minha pele começou a queimar. A dor era imensa, mas reuni forças e consegui colocar o anel de novo.

Sem o anel eu queimava. Simples: eu nunca ia tirar o anel.

Klaus entrou em meu quarto, acompanhado de Gudren. Mas eu já sabia que eles viriam, escutei seus passos desde o corredor. Pior: eu escutava o som regular dos batimentos cardíacos de Gudren. Dentro de Klaus, nada.

- Vamos partir agora mesmo, durante o dia. Soube que sua criada fez um anel de lápis-lázuli para você. - Klaus disse.

Gudren concordou com a cabeça e dirigiu-se ao meu armário para arrumar minhas roupas nas malas.

* * *

Nós três já estávamos na carruagem chacoalhando pela estrada de terra que levava a outra vila, quando me lembrei de uma coisa.

Eu precisava me despedir de Samuel Keat.

- Precisamos dar uma rápida parada na fazenda dos Keat, prometo que não irei demorar. - eu disse ao cocheiro.