Princesa das Trevas escrita por All StarCherry


Capítulo 1
Entre Sonhos e Lembranças


Notas iniciais do capítulo

Meus queridos leitores de "Unidas pelo Sangue" e meus curiosos novos leitores, eu os incentivo a ler Unidas Pelo Sangue para entender ao menos o final e o meio da historia que giraria em torno da "missão" da filha de Hades.

Qualquer coisa aqui esta o site: http://fanfiction.nyah.com.br/historia/65700/Unidas_Pelo_Sangue



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Capitulo 01. Entre Sonhos e Lembranças

 

Quando eu era pequena a minha vida se resumia a um quarto, um jogo, uma sala ou um hotel. Eu não vivia além daquelas portas, eu vivia presa naquele maldito hotel...

 

Eu era ingênua e de mente fraca. Alguém que não tinha consciência do que estava acontecendo. Alguém sem objetivo, sem vida, sem nada, sem ninguém.

 

Eu me pergunto: Se eu tivesse morrido antes seria diferente? Se ele teria falado mais comigo do que apenas tivesse trocado 3 ou 2 palavras ou se o buraco em meu peito não existiria...

 

Mas eu estou aqui e não posso morrer...

Não agora...

 

Era tudo tão curto no inicio... tão... sem sentido...

 

***

Em algum lugar do passado... Uma vida termina... para outra começar.

***

 

Hotel Lótus – 4 anos antes

 

Acordei angustiada. Não sei há quanto tempo estava aqui. Minha mente parecia voar toda à tarde e ainda assim eu sempre acordo angustiada. Como se meu lugar não fosse aqui. Como se eu não devesse estar aqui e toda a noite é como se a escuridão me chamasse...

 

Mas o Lino tem razão. Eu devo estar ficando maluca. Ah, sim, o Lino é o único amigo que tenho nesse hotel.

 

Ele trabalha aqui mesmo. Têm os cabelos encaracolados vinhos, olhos castanhos amarronzados com um belo rosto jovial de adolescente. É simpático e humilde, além de ser muito bonito.

 

Eu acho que sou apaixonada por ele... Não sei como descrever o que sinto quando estou perto dele: Meu coração acelera e a minha mão sua, além de eu perder completamente a linha do meu raciocínio. Queria poder dizer isso a ele, mas a coragem me falta sempre que penso nisso.

 

Amaldiçôo-me por isso! Malditas sejam as horas em que minha garganta simplesmente entala e minha língua meramente me trai!

 

Na verdade não sei se somente estou aqui por estar ou apenas por ele... talvez... talvez seja por ele...

 

Sem ao menos me dar o trabalho de ligar a luz, deixei meus passos guiarem-me até o chuveiro e tomei um banho quente. Apesar de todos me dizerem que um bom banho tem propriedades relaxantes isso nunca foi real para mim. Para dizer a verdade... já estou acostumada com isso...

 

A minha mente de novo se pôs a voar como se recusasse a ficar aqui – como se recusasse a água quente que contorna o meu corpo.

 

Eu não sei por que, mas... adoro a escuridão. Ela é tão... Misteriosa. Como se guardasse algum segredo. Como se tivesse um segredo a contar.

 

Logo não prestei muita atenção ao tempo e nem as roupas e já estava em frente à máquina de jogos. Ela continuava bonita e reluzente – de certo modo até convidativa –, mas o que mais me chamava atenção eram as máquinas do setor 10.

 

No setor 10 as máquinas tinham nomes curiosos e brilhavam mais do que qualquer coisa que eu tivesse visto.

 

Pela lei do Hotel era proibido passar de um setor para outro, para muitas das pessoas aqui isso não era problema, elas não tiravam os olhos de suas máquinas e de quaisquer de suas apostas tão valiosas... Mas eu não gostava se seguir regras e não era isso que me impediria de ir até lá à noite.

 

Não sei – nem tenho idéia – do que aconteceria comigo se me pegassem no meio das minhas visitas aos outros setores até porque o único a me pegar nelas foi Lino e o somente que ele fazia era mandar-me de volta para a cama, mas esses dias ele anda estranho... Como se algo o preocupasse. Como se soubesse de algo que seria melhor não saber. Algo importante... ou... Ou talvez algo triste. Ou talvez que apenas o corte o coração.

 

O tempo passa e passa não importando quanto mais eu tome meu tempo com essa estúpida máquina e ela não me traz satisfação alguma. É como se eu estivesse vazia por dentro.

 

Novamente a escuridão invadiu minha mente quando eu apenas escutei uma voz suave.

 

- Hei...! – mas era como se tudo estivesse congelado ao meu redor. – Hei! – e pouco a pouco minha visão se tornava mais real. – HEI! – e tudo voltou tão rápido que eu acho que pulei para trás procurando por quem quer que fosse o dono da voz que eu escutei novamente próximo ao meu ouvido sua voz agora preocupada: – Ta tudo bem com você?

 

- Hã? – mas eu não ousei virar meu rosto. Ele já estava tão perto que minhas mãos imediatamente começaram a suar frio e engoli em seco quando ele me olhou curioso e tocou minha testa pensativo finalmente voltando seu olhar para o meu.

 

- Está fria – ele me olhou fixamente. – Muito fria. – foi quando ele me olhou divertido, mas também preocupado. – Você tá legal?

 

Não tenho idéia do por que. Não sei se foi por medo, vergonha ou instinto, mas tudo que fiz foi dar um passa atrás. Lino me olhou curioso e tudo que eu disse foi: – Estou bem. – eu baixei meu olhar em busca de parar o tremor que se apossou de meu corpo quando sua mão morna levantou o mesmo com cuidado.

 

- O setor 3 será fechado exatamente às 21h e é melhor você não estar aqui. – disse ele. Sua expressão mais séria do que o normal. – Se alguém for encontrado, não importa por quem, ninguém será perdoado. – Não entendi se quando ele falou ninguém se referia somente à pessoa encontrada ou a pessoa que encontrou, mas antes que eu pudesse perguntar qualquer coisa ele meramente se foi.

 

Assim como veio, ele sumiu: Sem nem me deixar ver o rumo que tomou.

 

E mais uma vez sua presença repentina me tirou o ar por alguns segundos assim como tirava minha mente do lugar. Só me pergunto o que ele queria dizer com aquilo... “Ninguém será perdoado”.

 

Olhei para o relógio da máquina de jogos. Ele marcava 20h 40m.

Mas é claro que seu aviso não me impediria de visitar o setor 3, pelo contrário, apenas me incentivará mais ainda a fazer isso.

 

Pus-me a caminho ao meu pequeno quarto e tudo que fiz foi pegar a lanterna que sempre usava em minhas “visitas” aos outros setores.

 

Eu já conhecia boa parte dos outros setores, porém eles estavam sempre ampliando e ampliando e isso tornava impossível ter o conhecimento total da área. Lino havia alertado o fechamento do setor 3 com tanta seriedade que aquilo apenas despertou mais e mais de minha curiosidade.

 

O tempo no Hotel passava rápido, mas eu tinha que continuar com passos lentos e surdos para não ser descoberta. Não sabia se tudo isso de o tempo passar rápido aqui era apenas coisa da minha cabeça – pelo menos por Lino era –, mas as pessoas ao meu redor nunca pareceram ligar ou muito menos se importar com isso.

 

Balancei a cabeça em busca de livrar-me desses pensamentos quando, por um momento minha mente vacilou e tornou a viajar para além destas paredes.

 

Não sei porque ainda trago comigo esta lanterna em mãos. É como se eu não precisasse dela. É como se eu pudesse muito melhor ver através da noite além de pensar, correr, agir e até manter meus sentidos mais “frágeis” a qualquer barulho, toque, cheiro ou movimento.

 

Tudo fica mais fácil para mim de noite menos, é claro, o fato de eu não conseguir dormir. Nunca conseguia dormir à noite então eu apenas deixava o tempo passar e quando amanhecia caia no sono. Não é a toa que sempre acordava de tarde, mas ainda assim, para mim o tempo não passava tão lento quanto deveria passar, aqui ele... passa rápido...rápido demais.

 

Quando de repente um vulto passou rápido por entre as sombras da lanterna eu simplesmente parei de andar. Passei a luz forte – como à de uma lanterna com pilha nova – por entre as máquinas que a reluziam com certo mistério.

 

O vulto era rápido e ágil, e novamente movimentou-se por entre as sombras.  Por um breve momento meus pensamentos voaram sobre o que quer que fosse essa coisa: Um rato, uma pessoa, um funcionário... Foi quando a voz de Lino veio a minha mente: “Ninguém será perdoado”.

 

Eu não sei o que deu em mim, uma parte minha gritava desesperadamente: Vá embora! Chega de aventuras por um tempo para você garota, isso é demais! Mas tudo que fiz foi dar um passo à frente e quando o vulto pareceu correr eu corri atrás dele.

 

Nos primeiros minutos perdi a completa noção do que estava fazendo e apenas deixei que meu corpo se mexesse sozinho, porém aos poucos meus sentidos pareciam voltar e a minha cabeça começou a doer mais e mais.

 

Meus olhos tremeluziram e – por medo talvez – eu hesitei por um segundo em continuar. Foi em um segundo, e exatamente em um segundo que eu fui capaz de esbarrar em qualquer coisa que havia no chão e caí sobre uma almofada sobre o mesmo enquanto a minha lanterna agora rolava a poucos passos.

 

Ela parou ao meu lado e eu – com o corpo ainda cansado – a peguei sem um pingo de entusiasmo.

 

Passei a luz da lanterna para todos os lados com cuidado – não apenas para me localizar, mas também em busca do vulto que não encontrei.

 

Eu sabia onde estava.

 

Pelo menos isso – pensei.

 

Estava no pequeno quarto que havia em cada setor onde geralmente ficavam os funcionários de maior poder e estranhei o fato de vir uma pequena camada de luz por debaixo da porta e na fechadura da mesma, mas mantive-me imóvel enquanto observava o pequeno filete de luz.

 

Aos poucos fui recobrando a consciência e logo já me punha a levantar quando uma voz de dentro do quarto disse:

 

- São ofertas tentadoras... Realmente tentadoras. – a voz era masculina e autoritária, porém agora mantinha um tom indeciso. Ouve-se silêncios até que a voz tornou a falar: – Devemos escolher a quem vamos seguir – eu podia literalmente vê-lo coçar o queixo indeciso –, porém com cuidado. – a voz soou sombria.

 

- Então.. – dizia uma voz familiar. Ela era triste. – O que devemos fazer com ela? Diga, o que devemos fazer com Melody? – ele parecia angustiado enquanto eu apenas ficava mais e mais confusa.

 

Fazer comigo? Mas que raios...

 

- Matá-la ou libertá-la? – a primeira voz parecia perguntar-se a si próprio. – Cronos pode ter perdido, mas Tifon? Ele pôs Zeus abaixo assim que pôs os olhos nele! Zeus... o próprio deus dos deuses... O deus dos céus, o tão poderoso deus grande sobre o qual o mundo dos deuses gira. – ele parecia tentar convencer-se com seus próprios argumentos. – O que Hades poderia fazer? O que os deuses poderiam fazer? – sua voz agora era irônica.

 

- ...Nada... – murmurou a segunda voz baixa, mas tão baixa que eu cheguei a me perguntar como pude ouvi-lo.

 

- Lino – e o meu coração gelou –, você tem até amanhã. Mate-a antes mesmo que ela possa abrir os olhos e então, só então, apague todos os arquivos sobre Melody Sancleir e lembre-se: Ela nunca veio a este Hotel assim como deveria ser desde o principio. – e meu coração bateu lento por cada palavra que pareceu pesar no mesmo.

 


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Notas finais do capítulo

estou começando a gostar cada vez mais de capitulos com finais tensos xD
vejamos o que vai rolar daqui pra frente
eai?
Mereço reviews?



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