This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 61
Capítulo 61




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Capítulo 61 – Alguém tem que resolver a situação

 Recapitulando os últimos acontecimentos: nossa última ideia maluca foi criar nosso próprio horóscopo, com nossos próprios signos e, como se não bastasse, Wilson fez até um aplicativo para o Facebook com previsões diárias de seu signo da Nova Geração (algo como um gerador de lero-lero mais prático). O problema é que uma das garotas da nossa escola não gostou muito do projeto e amaldiçoou Wilson por conta disso. E, por mais cético que eu seja, a maldição parece ter funcionado.

- Vem logo, Wilson! Vamos logo falar com a Emília! - pedia Demi, enquanto tentava puxar o coitado que se agarrava com todas as forças em uma barra de ferro.

- Precisamos mesmo falar com ela? - ele relutava – Precisamos mesmo?

- Como é teimoso! - reclamou Demi – E se for urucubaca dela mesmo?

- Isso é tão anti científico! Como podem acreditar numa coisa dessas?

- Não foi você mesmo que admitiu estar numa maré de azar fora do comum? - questionei.

- Mas...aquela Emília é meio esquisita, não acham?

 O sujo falando do mal lavado. Mas da minha parte achava que tudo não passava de coincidência mesmo. Astrologia já era absurdo demais para mim, agora maldição...eu sei que sou burro, mas também não abusa! Além disso, a ideia de falar com aquela Emília também não me agradava muito.

- Pelo horário, acho que ela ainda não foi embora – comentou Karina – Se essa maldição for verdadeira e não conseguirmos falar com ela hoje...talvez não possamos garantir a vida de Wilson até amanhã.

- Credo, Ka! Vira essa boca pra lá! - bronqueou Demi.

- Calma...isso se for mesmo uma maldição. Ainda não temos certeza, não é?

Karina, como sempre, aquele poço de emoção e sentimento. Ainda custava a acreditar que era mesmo uma maldição, mas ficar ali parado também não estava nos meus planos e, ao que parece, nem nos planos de Demi. Por fim, ela perdeu a paciência e apelou para a força bruta.

- Jorjão, por favor

- É pra já! - falou o grandão, como se adivinhasse os pensamentos da garota, e, antes que pudéssemos dizer “ornitorrinco”, Wilson foi arrancado da barra e praticamente empurrado na direção da sala da Emília. Apesar de ainda darmos uma colher de chá primeiro.

- Tá bom, tá bom. Vamos falar com ela – enfim, ele admite – Mas posso pelo menos beber água antes?

- Tá, vai lá – deixou Demi – Você precisa aprender a trazer garrafa.

- Já volto.

- Cuidado – alertei.

- Ah, Daniel, também não é para tanto. O que pode dar de errado em beber água?

Normalmente nada, mas, em especial, daquela vez, a pressão do bebedouro estava desregulada e a direção do esguicho também. O resultado é que quando Wilson apertou o botão, um pouco de água acaba espirrando bem na parte da frente das calças dele. E, numa escola sem um pingo de discernimento, isso não era nada bom.

- Oh-oh – falou Jorjão.

- Puxa – lamentou Demi – Até aí?

- Droga – reclamou Wilson, olhando para o que tinha feito – Tá legal, não é para tanto...com o tempo isso seca.

O problema era justamente esse: tempo. Demoraria um pouco para secar e os dois caras que passaram no corredor justo naquela hora não iriam deixar isso barato.

- Oh-oh de novo – falou Jorjão.

- Putz, aqueles caras são da nossa sala, não são? - falei. Pois é. Eram eles mesmos. Um era o Dimas, também conhecido como o cara mais folgado da nossa sala e o outro se chamava Danilo, que, talvez possa ser chamado de segundo cara mais folgado da sala. Ambos tinham o mesmo valor de pontos de babaquice no status.

- Haha! Que é isso, Wilson? - riu Danilo, apontando para a frente das calças

- Não colocou fraldas hoje? - completou Dimas, também mal conseguindo segurar a risada – Xixi nas calças nessa idade? Huahuahua!

- Foi um acidente – Wilson tentou consertar, mas aqueles caras falavam alto demais e logo o corredor todo estava rindo. Jorjão puxa Wilson dali antes que a coisa complicasse mais e saímos de fininho, embora ainda desse para ouvir alguns “mijão” ou “que otário” de longe.

- Era só beber água, não é? - falou Demi, quando já tinhamos virado o corredor.

- Não é possível! É mesmo uma maré de azar muito grande! - lamentou-se o pobre rapaz, com as mãos na cabeça e uma cara de desesperado.

- Maré de azar...Ou é mesmo a maldição – comentou Karina – Engula seu orgulho e assuma que você possa ser mesmo alvo de um poder sobrenatural.

- Droga...se a comunidade científica descobrir isso no futuro... - ele continuou se lamentando -  pode até comprometer o meu prêmio Nobel – disse, obviamente mostrando o quanto tinha ambições humildes.

- Bom, talvez se pedirmos para a Emília com jeitinho – sugeriu Demi.

- Falando na bruxa – apontei para duas salas à frente do corredor, onde Emília saía com aqueles óculos enormes e cantarolando alguma coisa. Sua mochila tinha chaveiros de duendes e de vassoura. Parecia satisfeita, aliás, feliz até demais. Acho que nunca falei isso, mas felicidade demais também me irritava. Bom, só um parênteses. Continuando, nosso quinteto barra o caminho da garota. Ora, e não é que conseguimos agir como uma gangue de vez em quando?

- Hã? Vocês? Vieram encarar, é? - disse ela, sem muito receio na voz. Bem, apesar da nossa tentativa, éramos a única gangue organizada que não metia medo em ninguém.

- Emília, precisamos pedir desculpas – falou Demi, falando como a negociadora da equipe.

- Desculpas?

- É – continuou nossa porta-voz – Não queríamos ofender ninguém com nosso aplicativo...então, viemos fazer um pedido de desculpas formal e, se ficar tudo bem, sem ressentimentos, poderia perdoar nosso amigo aqui? - ela apontou para Wilson, que apenas sorriu amarelo.

- Vocês tiraram o aplicativo do ar? - perguntou a garota.

-Não! - respondeu Wilson firmemente – Aquele aplicativo é nossa mina de ouro! Já conseguimos ainda mais visitas!

-Então nada feito – fala Emília, sem dó nem piedade – Ainda te desprezo, Wilson Abadias.

-Espera! Espera! Não podemos negociar? - perguntou Wilson, praticamente implorando, antes que Emília desse as costas totalmente – Você poderia ser nossa auxiliar nos assuntos de astrologia da Nova Geração. Você parece gostar bastante disso e..

-Mas nem que Júpiter inverta a órbita! - respondeu a quatro-olhos – Vocês estão brincando com coisa séria! Não estou falando por mim, estou falando por todos os astrólogos que estudam isso a fundo! Não é só um monte de coisas sem sentido, é uma tradição milenar, assim como mágicas de harmonia com a natureza ou mesmo as cartas de tarô.

-Cartas de tarô...se pudermos implementar isso também – falou Wilson, já conjecturando alguma outra coisa. Vou falar de novo: aquele ali passou na fila de distribuição de criatividade duas vezes.

-Vocês não levam nada a sério mesmo! Não desculpo vocês até deletarem aquela porcaria!

-Tá bom, tá bom, eu apago! - cedeu Wilson.

-Sério mesmo?

-Apago, desde que você tire sua maldição de cima de mim!

-Heh! Séra que devo confiar mesmo em você? - desconfiou Emília.

-Claro que sim! O que mais podemos fazer por você?

-Não sei...eu posso ler seus olhos, Sr. Wilson e sei que é uma pessoa traiçoeira.

-Ei, também não precisa falar assim – interviu Demi, sempre protegendo os amigos.

-Bom, de qualquer forma, posso esquecer tudo se vocês também fizerem a parte de vocês.

-Vamos apagar. Já prometemos, não prometemos? - falou Wilson, relutante. No fundo, ele queria era se livrar da maldição e colocar o aplicativo no ar de novo com alguma desculpa. E, no fundo, Emília tinha certa razão em achá-lo traiçoeiro...bom, o mundo é dos espertos.

-Além disso...posso pedir mais uma coisinha? - disse Emília, olhando para nosso grupo com uma cara sorridente.

-O quê? Dependendo do que for... - respondeu Wilson, temeroso. Não queria apagar mais nada.

-Prometo esquecer tudo se...hmmm.. - e é agora que entra a parte que eu não gostei nada, nada.

-Fale logo! O que é? - Wilson já parecia impaciente. Emília dá um sorrisinho e aponta para mim.

-Esqueço tudo que fizeram se ele sair comigo esse fim de semana! - pediu ela, fazendo até com que Jorjão se engasgue com o chocolate que acabou de abrir.

-COMO É QUE É?! - exclamei, ainda não acreditando no que acabara de ouvir.

-Como é que é?! - Demi repetiu, não sabendo se ria ou se ficava admirada. Bem que eu queria que ela ficasse brava ou enciumada, mas não era o caso.

-Já disse que Daniel tem boas vibrações. Quero conhecê-lo melhor – ela explicou, olhando para mim com um sorriso no rosto.

-Feito! - respondeu Wilson – Mas você vai ter que nos perdoar por tudo!

-Claro – concordou Emília.

-Não decidam as coisas por mim! - protestei.

-Mas é um bom negócio, Daniel – comentou Karina, com a mesma expressão séria de sempre – É só sair com ela nesse sábado. Você já deve ter saído com garotas antes, não?

-É claro que não. E ela sabia muito bem disso, mas você sabe...se Wilson passou duas vezes na fila de distribuição de criatividade, Karina passou duas vezes na fila de distribuição de ironia. Sair com aquela doida? Não era bem o meu plano.

-Opa, olha o Daniel – disse Demi, ao me dar uma cotovelada de leve – Arrasando corações

Ainda estava em estado de choque para dizer alguma coisa. Emília acaba respondendo essa.

-Não é bem isso! - disse Emília, corada – Eu só...queria conversar mais com ele. Você parece ser uma pessoa legal


-Pode procurar de lanterna que raramente você vai achar alguém mais legal que o Daniel! - falou Wilson, como sempre, nada exagerado, não é? - Sábado, às três, na pracinha perto da escola, pode ser?

-Claro.

- Já não falei para vocês pararem de decidir as coisas por mim?! - protestei de novo, mas era inútil. Agora ia ter que encarar. Não sei se já disse isso, mas...tudo que eu queria era ter paz!


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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo, veremos como será esse encontro.

Até lá! ^^