This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 212
Capítulo 212




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Capítulo 212 - Performance

O acampamento dos talentos ou acampamento dos artistas ou algo parecido com isso já estava se apresentando. Silviano era o redondo coordenador do acampamento e havia nos desafiado a mostrar uma performance digna de honrar o acampamento Coragem coordenado por ninguém menos que nosso rigoroso instrutor sargento Coragem. Esse é o resumo da situação e a vez de nos apresentarmos estava próxima. Faríamos isso logo depois daquele grupo que estava realizando uma fantástica apresentação baseada na parte de um musical famoso.

– Eu estava pensando - Jorjão comentou comigo - Isso não é meio injusto? Os caras praticamente nasceram para isso. Vamos perder de qualquer jeito, não vamos?

– Sim - respondi - Mas o sargento não parece estar pensando nisso. Ele foi desafiado e não vai andar para trás.

– Exatamente - Wilson concordou, mas com certeza estava com uma opinião bem diferente da minha - É questão de honrarmos nossa causa. Acho que entendo o sargento. Desafios não deveriam ser recusados.

– Mesmo que você pague um mico enorme tentando vencer? - rebati.

– Melhor isso do que fugir! - respondeu Wilson - E nosso orgulho, onde fica? Façamos o nosso melhor, Daniel. Vamos levar o nome da NERD para o mundo!

Sim, não bastava ter nosso nome ridicularizado no colégio. Teria que ser no mundo também. E ainda mais agora, com tantas redes sociais.

– B-Boa sorte - Mateus gaguejou para Karina.

– Quebre a perna - respondeu ela.

– Como?

– É uma expressão de "boa sorte" usada em meios teatrais - respondeu ela.

– Uau! Você é tão inteligente - disse o garoto, cada vez mais admirado - Será que depois daqui nós...

– Já estamos entrando - falou Karina - Lembre-se de todos os seus passos.

E era verdade. Silviano já iria anunciar nossa entrada. Demi comentou que estava nervosa.

– Ai, faz um tempinho que não entro num palco tão grande - comentou ela.

– Você vai se dar bem - falei - Já nós...não sei se posso dizer o mesmo.

Disse isso olhando para Milton, que conversava nervosamente com Wilson.

– Vocês se lembram de todos os passos, não é? - dizia o fujão - Só vou acompanhar vocês.

– Relaxe. É só seguir o ritmo.

No que será que isso vai dar? O sargento apenas nos olhava com uma expressão de "Ganhem ou morram". Já estava na hora de tudo começar.

– E agora...nossos amigos do Acampamento Coragem, encenando..."Vamos Detonar!"

As palmas para nossa entrada, não muito animadas, já ecoavam. Se algum momento da vida você já sentiu aquele nervosismo de entrar em um palco cheio de pessoas, bem, então não preciso descrever com muitos detalhes tudo que estava sentindo. Via aquele monte de artistas nos assistindo e rindo do que poderíamos fazer e já tinha vontade de jogar tudo para o alto e cair fora. Até faria isso, mas o sargento Coragem estava bem no canto e iria me matar caso tentasse. Bem, não tínhamos muito jeito.

Demi pigarreou rapidamente e começou a cantar. Nossa performance havia sido iniciada. A letra dizia algo mais ou menos assim:

"Quantos amigos você já fez?

Quantos deles você pode contar?

Se em encrencas você se meter?

Quantos deles irão te ajudar?

Somos bons amigos

Estamos aqui para passar junto por todos os perigos

Nem sempre nos saímos bem

Mas faz parte da vida perder também

Vamos detonar!

Vamos tentar até o fim

Se vamos ou não conseguir

O importante é que chegamos aqui

Se você sente que o dia está chato

Seu professor só está escrevendo no quadro

Olhe para fora e tente ver o que há

Nesse mundo cheio de sonhos para realizar

Junte o seu grupo, não deixe para depois

A vida é curta demais para não tentar

Esteja onde você estiver

Sorria sempre e permaneça de pé

Vamos detonar!

Você tentar até o fim

Se vamos ou não conseguir

O importante é que chegamos aqui"

Essa era pelo menos a primeira parte. Como não posso colocar som em um texto e qualquer tentativa de comparar com alguma música conhecida pode me custar direitos autorais, você vai ter que imaginar que tipo de melodia pode ter acompanhado essa letra. Apenas digo que era bastante próximo do pop. Assim como qualquer música pop composta às pressas, a letra era cheia de clichês e improvisos. Por outro lado, a melodia (também composta pela Demi) e o jeito dela cantar parecem ter contagiado nossa performance. Conseguimos nos lembrar de todos os passos e fechar a apresentação sem erros perceptíveis. Tentamos deixar Demi cantando e dançando como o centro de nossa apresentação e acabamos com uma pose final improvisada. Tá certo que Mateus quase tropeçou e caiu junto com Jorjão, mas acabamos terminando bem. Aos trancos e barrancos, acabou. Estávamos livres. Tudo bem que não ouvimos muitos aplausos quando terminamos, mas o importante é que havia acabado.

– Err...obrigado, caros campistas do acampamento Coragem. Então...quem será que venceu? Vamos deixar a plateia decidir.

Antes de pedir os aplausos, ele chamou todos os grupos participantes para o palco (o sargento entrou conosco). Daí, Silviano foi perguntando quais os grupos mais talentosos. O nível de aplausos determinava o vencedor. Claro que não ganhamos, pelo contrário, nosso grupo ficou em último. Nem preciso dizer que o sargento não parecia muito bem-humorado.

– Que pena, sargento. Como disse, seu acampamento só é bom para gerar musculosos sem talento algum.

Nisso, o sargento pediu a palavra.

– Isso não importa, Silviano. Vocês são talentosos nisso, mas duvido que consigam aprender a sobreviver em uma floresta. Ou se defender de um urso. Ou nadar em um lago gelado às seis da manhã. Nosso acampamento propicia tudo isso.

Ainda bem que não precisamos chegar na parte do nadar no rio gelado às seis da manhã. O nosso ensaio nos forçou a cancelar essa parte do treinamento.

– Bem, seus campistas gostam disso?

– É claro que gostam! Caso contrário não teriam vindo para o acampamento - falou o sargento - Diga para ele, Wilson.

– Err...na verdade...só estamos nessa para tentar ganhar a entrada para o parque.

– Hehe. Viu só. Seu acampamento não agrada ninguém - falou Silviano.

Todos na plateia começaram a rir. O sargento ficou sem palavras. Na verdade, parecia meio triste.

– Ah, tadinho dele, gente - Demi comentou conosco.

Não que eu estivesse com pena, mas também não estava gostando das risadas daqueles artistas mimadinhos. Nessa hora, Wilson assumiu seu papel de líder e pegou o microfone de Silviano emprestado (na verdade, tomou da mão dele mesmo).

– Ei, parem de rir! Podemos não ser os melhores na dança, mas o sargento nos ensinou a seguir uma marcha sincronizada direitinho!

– O que esse cara tá fazendo? - reclamou Milton.

– Por que não usamos nossa própria marcha como performance, sargento? - perguntou Wilson.

– Wilson - o sargento estava emitindo algumas lágrimas masculinas de emoção - Vocês fariam isso?

E a gente tem escolha? Nos organizamos e fizemos os passos que aprendemos no primeiro dia de acampamento. Pela expressão no rosto de Silviano, parece que estava disposto a nos respeitar e reconhecer que também havia uma certa graciosidade na disciplina do acampamento Coragem. Disse parece, pois nos últimos instantes, Wilson acabou tropeçando em um dos fios, se agarrando em uma das cortinas, causando uma reação em cadeia que acabou derrubando boa parte do equipamento inteiro do palco.

– Ai, cacetada - disse o pobre Wilson, enquanto víamos todo aquele cenário de destruição.

– Estávamos tão perto - reclamou o sargento.

– M-Meu cenário! - Silviano parecia desolado - Sabem o trabalho que deu arrumar tudo isso?!

– Bem, somos a NERD - comentou Karina - Já devíamos suspeitar que acabaria desse jeito.

Apesar dos pesares, ficamos para o luau no acampamento, numa roda de violão relativamente tranquila. Igor Teles, um dos dançarinos dos grupos rivais e que não cansava de tentar dar em cima da Demi insistia.

– Você cantou muito bem - disse ele.

– Ah, obrigada - falou Demi, tentando se desviar.

– Então...você não quer que eu te mostre o acampamento. Aqui tem muitas coisas interessantes. Uma artista talentosa como você pode querer vir para cá da próxima vez - ele continuava. Eu não podia ficar mais ouvindo aquilo ou iria vomitar ali mesmo, no meio de todo mundo.

– Err..Demi - falei - Ouvi dizer que o sargento já está arrumando as coisas para voltarmos. Não quer perder a carona, quer?

– Oh, puxa. Deixa eu me apressar. Ainda quero passar no banheiro. Até, Igor.

No fundo era verdade. O sargento não iria demorar muito tempo ali mesmo.

– Esqueça - Igor falou para mim.

– Do que está falando? - perguntei.

– Você não tem chance com ela - ele continuou - Tá na cara que ela não é o seu tipo. Pode ter tentado me afastar, mas se não perder para mim, vai perder para algum outro. É o seu destino, nerdinho.

Ele foi embora depois daquilo. Apenas pensei que ele era um imbecil e deixei isso para lá. Não demorou muito e já estávamos de volta ao acampamento. Apesar de nossa derrota, o sargento gostou de ver a cara de tacho do Silviano em ver seu palco acidentalmente destruído. Como prêmio, ele nos deixou com tempo livre para fazermos o que quiser no outro dia. E também acabamos ganhando nossa entrada para o parque. No fim, apesar de tudo, até que nos saímos bem.

– Até mais, amigos - disse Milton, quando seu pai chegou para buscá-lo - Pelo menos esse acampamento não foi tão doloroso.

– Vê se não tenta mais fugir, heim? - falou Wilson.

– Err...então é isso. Vamos indo - disse Givaldo, indo embora com Mateus. Aliás, seu amigo Mateus ainda insistia em conversar com Karina.

– Karina...err....chegando em casa vou te adicionar. Quem sabe a gente não possa...

– Acredite, melhor não - respondeu ela.

– Tudo bem. Até - Mateus apenas passou pelo que todo mundo acaba passando uma vez: levar um fora da garota.

– Vocês vão todos juntos? - perguntou o sargento.

– Sim - falou Wilson - Meu pai vem nos buscar.

– Bom, nunca tive cadetes como vocês - falou o sargento - Vocês são uns bananas, mas...são bons garotos.

O sargento sorriu (provavelmente um sorriso sincero que há muito tempo não dava) e Wilson também. Eu forcei um pouco, mas a verdade é que estava pensando em outras coisas. Olhei para Demi que me sorriu gentilmente de volta.

"É...acho que não tenho chances, mas...será que eu devo tentar? Pelo menos tentar?"

Tive um sentimento estranho. Um sentimento de que precisava...amadurecer? O que devo fazer?


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Notas finais do capítulo

E assim acaba a saga do acampamento.

Bem, gente, tenho mais um pequeno arco em mente para começar semana que vem e depois vem o arco final. Continue acompanhando a história. Perceba que essa saga terminou com um clima meio diferente...o que Daniel fará com seus sentimentos?

A gente se vê. Até



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