This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 203
Capítulo 203




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Capítulo 203 - Primeira Venda

De todas as pessoas que podiam passar naquela rua, por que justamente a Patrícia tinha que aparecer? Digamos que ela não era a pessoa mais adequada para incentivar nosso negócio. Na verdade, meu sexto sentido já estava apitando no máximo, dizendo que dali não viria coisa boa. O que aquela garota queria?

– Puxa vida, que decadência, heim? - disse Patrícia, fazendo questão de deixar seu tom debochado o mais evidente possível - Agora vocês estão vendendo...vendendo o quê?

– Sucos - respondeu Wilson - Somos a melhor barraca de refrescos dessa rua!

Até porque somos a única barraca de refrescos dessa rua!

– Refrescos? Isso é real? Vendem...sucos? - disse Patrícia, ainda pasma - Céus. Quando penso que vocês não podem descer mais, vocês vão lá e me surpreendem. Jesus amado!

– É um trabalho digno - retrucou Demi.

– Ai, ai. Vamos ver esse trabalho digno. Jaime, querido, abra a porta.

Aparentemente, Jaime era o nome do motorista particular dela, usando um uniforme e luvas brancas. Ele desceu, abriu a porta de trás e Patrícia desceu, usando uma roupa dentro da moda, que devia ser cara o suficiente para ajudar e muito na nossa dívida.

– Lá vem - resmunguei em voz baixa.

– Então, vai querer tomar algum suco? - indagou Wilson.

– O que vocês tem? - perguntou ela.

– Acerola, limão e laranja - respondi.

– Só isso? Sabem, estava com uma vontade louca de tomar um suco de morangos silvestres - disse Patrícia, com todo o drama que conseguia colocar em sua voz.

– Morangos? - repetiu Demi - Está meio difícil de encontrar morangos por aqui.

– Ah, se são vendedores tão bons deveriam dar um jeito - continuou Patrícia - Mas, claro, devia saber que não dá pra esperar muita coisa de vocês.

– Vai julgar sem ao menos experimentar um dos sucos? - perguntou Demi.

– Não preciso experimentar, gata - respondeu a garota - Só de olhar para essa barraquinha chechelenta de vocês já dá pra saber que o produto deve ser de péssima qualidade.

– Ah, não. Agora você tá me deixando nervoso! - reclamou Wilson - Foi minha mãe quem fez esse suco de acerola. Faço questão de que experimente um copo por conta da casa!

Wilson pegou um copo do suco de acerola e ofereceu para Patrícia. A garota fez uma cara de desprezo.

– Não bebo esse troço nem de graça - respondeu ela.

– Então vamos fazer uma aposta - disse Wilson.

– Que aposta? - Patrícia estava começando a ficar mais tensa.

– Se você gostar do suco...terá que pagar dez reais por ele.

– Dez reais por uma porcaria dessas? Vocês só podem estar brincando!

– Mas pagamos dez reais se você não gostar....mas isso só se percebermos que você realmente não gostou! - disse ele.

Dez reais para ela? Quer mesmo que a gente perca mais dinheiro?

– Apenas lembrando...que sou ótima em perceber expressões faciais - falou Demi - Se fingir que não gostou, vou saber que é mentira.

– E então? Vai aceitar? - falou Wilson.

– Heh! Ela deve estar com medo de perder - comentou Jorjão.

– Tá com medinho, é? - disse Wilson.

– Calem-se! - reclamou Patrícia, pegando o copo da mão de Wilson - Vou tomar esse maldito suco. Não preciso do dinheiro de vocês, mas vou fazer questão de cobrar esses dez reais.

– Então prove.

Patrícia bebeu o suco. Deu o primeiro gole e seus olhos brilharam. Foi por um curto intervalo de tempo, talvez milésimos de segundo, mas sua expressão era de alguém que tinha experimentado algo muito bom.

– Você gostou! - disse Demi - Percebi pelo seu olhar inicial. Suas papilas amaram isso!

– Grrr! - Patrícia começou a ficar nervosa - Não, não gostei nem um pouco. O suco é horrível!

– Mesmo? - disse Wilson - Se você tivesse gostado, estávamos até pensando em te dar mais um copo grátis. Mas já que você não quer...

Patrícia começou a ficar ansiosa. Era evidente que ela tinha gostado, mas seu orgulho não permitia que assumisse. Mas se insistisse em falar que não tinha gostado, perderia a oportunidade de tomar mais.

– Apenas lembrando que é a minha mãe que faz esse suco do jeito dela...você não encontrará algo assim em nenhum outro lugar - disse Wilson - Você sabe...tudo que é feito na cozinha, depende da pessoa. Nunca nenhuma receita é feita do mesmo jeito por duas pessoas diferentes. Mesmo o suco mais simples poderia sair com outro gosto se feito por outra pessoa. O jeito da minha mãe trabalhar é único!

– Ai, todo esse papo já tá me dando fome - disse Jorjão.

– E então, Patrícia? Vai continuar insistindo que não gostou? - desafiou Demi - Admita logo!

A riquinha não podia ficar mais furiosa.

– Tá bom! Tá bom! Eu admito! O suco é bom! Jaime!

– Sim, senhorita - o motorista atendeu imediatamente.

– Abra a minha bolsa e pague dez reais para esses mortos de fome - disse ela.

O motorista fez isso e Wilson saiu pulando satisfeito.

– Oba! Nossa primeira venda! Hehe!

– Só estou pagando a aposta - reclamou Patrícia - Agora..meu copo grátis.

– Hã? - estranhou Wilson.

– Admiti que gostei. Quero mais um copo grátis! Ou melhor, grátis um pinoia! Vocês já me levaram dez reais.

– Que seja. Aqui está - Jorjão ofereceu o suco para ela, que tomou tudo em um gole só.

– Então..felizes agora? Espero que apreciem o fato de Patrícia Bittencourt ter tomado um suco dessa espelunca!

De fato, arrancar um elogio daquela pessoa é uma das coisas mais difíceis de se conseguir. Desbloqueamos uma conquista e tanto no game da vida: um elogio de Patrícia Bittencourt.

– Mas isso morre aqui - disse ela - Vou embora antes que me complique ainda mais. De qualquer modo, se falarem que gostei desse suco vou negar até a morte.

– Deixa de ser orgulhosa, vai? - falou Wilson.

– Grrr! Vocês me irritam! Jaime, vamos embora! Ah, sim, não posso ir embora sem dizer uma coisa.

– O quê? - perguntou Wilson.

– Demi. Não sei como vai conseguir ajudar nas vendas com uma roupinha tão feia. Desculpa, mas sou sincera. Bye, bye.

Patrícia sendo Patrícia. De qualquer modo, conseguimos vender alguma coisa.

– Ela pode ser uma metida - falou Jorjão -Mas pelo menos nos garantiu uns dez mangos, né?

– Sim - concordou Wilson - E isso prova que o suco da minha mãe agrada até aos paladares mais frescos.

– Bem, mas precisamos vender bem mais para conseguirmos pagar nossa dívida - falei.

– Não se preocupem. Ainda é de tarde. Logo aparecerão mais pessoas por aqui.

Passaram-se duas horas depois que ele disse isso. Não tivemos mais fregueses.

– E então? - perguntei - Já são quatro da tarde. À noite ninguém mais toma suco. O que vamos fazer?

– Calma, calma - disse Wilson - Logo, aparece algum freguês. Tenha fé, Daniel. Vamos fechar o expediente só às seis horas.

– Ai, que fome - reclamou Jorjão.

– Também tô com fome - disse Demi - Não podemos parar mais cedo?

– Não. Vamos até às seis. Alguém deve aparecer - disse Wilson - Aguentem firme.

– Oooh! - gemi, em uníssono com Jorjão e Demi. Karina era indiferente, estava apenas ali, sentada e lendo seu livro tranquilamente.

De qualquer forma, ficamos ali parados por mais trinta minutos, até que, finalmente, um grupo de pessoas se aproximou. Infelizmente, aqueles quatro seres de bicicleta não eram bem as pessoas que esperávamos encontrar.

– Ora, ora. Olha só quem encontramos por aqui? - disse Jonathan, o líder do grupo e que não aparecia nas nossas vidas há algum tempo.

– Aaaah! Vocês! - todos (com exceção de Karina, que apenas desviou o olhar do livro) gritamos juntos. Agora sim as coisas vão ficar ainda mais enroladas para o nosso lado!


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Notas finais do capítulo

Não sei se alguém está acompanhando pelos capítulos atuais, mas a partir de hoje o horário de publicação desta história passa a ser às quartas e não mais às segundas.

Até o próximo capítulo!



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