Accidentally In Love 1 escrita por Juh__Felton


Capítulo 13
Quando você se foi...


Notas iniciais do capítulo

Relaxem... Revelações no próximo capítulo!!!



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~>QUANDO VOCÊ SE FOI...

-Jorge... – chamou Hermione pela segunda vez. O garoto se virou e percebeu que o roupão que ela usava chegava até os joelhos, mas a camisola batia-lhe no meio das coxas.

-Heey, Mi... Mas o que houve? – disse Jorge, percebendo que a garota chorava. Enxugou as lágrimas que teimavam em cair pelo rosto da castanha e disse: - Anda Mi, relaxa... Senta aí... Você não precisa dizer nada agora, ok? Só... Relaxa. – A garota ainda chorava muito, e levou cerca de dez minutos para que uma palavra pudesse ser distinguida das outras. Começou a dizer:

-Ah, Jorge... Eu tenho sido tão cega... Desculpa você me...

-Sshh... Calma, calma... – interrompeu o garoto, abraçando-a. Hermione sentiu um arrepio subir-lhe o corpo. Ai, Merlin, o que é isso... O que ta acontecendo?, pensava e afastou-se abruptamente. Jorge corou levemente. – Desculpe-me, eu não... Não queria que...

-Não, nada a ver... – disse Hermione, corando furiosamente. – Eu cheguei sem avisar, te acordei... Vim trazer problema pra você, desculpa, eu to saindo...

-Mi, espera... – disse Jorge, segurando-a pelo braço. – Pra você eu sempre tenho todo o tempo do mundo... – disse o garoto, fazendo-a sorrir. – Isso, assim que eu gosto. Agora que você ta mais calma, não quer falar... Você não veio até aqui só pra ver esse corpinho, né? – disse, apontando para si mesmo. Ele nem imagina, pensou a garota.

-Ah, Jorge... Eu queria te pedir desculpas... Desde o acidente eu tenho, sei lá, te tratado diferente...

-Mi, você não se lembra do que eu te disse? Eu falava sério quando disse que a última coisa que eu posso ou quero perder nesse momento é a tua amizade... E esse tempo todo foi bom pra pensar... No que seria melhor pra gente. Ah, Mi... – disse Jorge, sentando-se na cama de Draco. – Eu conversei com o Draco, sabe... E acho que o que ele sente por você é tão verdadeiro quanto o que eu sinto... Ok, ele continua sendo uma doninha arrogante... Mas eu acho que essa doninha arrogante que te faz feliz.

-É... Você sabe mais do que qualquer pessoa nessa casa o quanto eu gosto da doninha... Mas eu tenho achado que essa doninha não merece a minha confiança. Lembra da época em que eu estava na Ala Hospitalar? Então, a tal doninha usava a Sala Precisa onde a gente se encontrava pra... Bem... Ele levava as galinhas pra lá. Às vezes eu penso que, se eu pudesse... – calou-se, percebendo as dimensões do que diria; estava com Jorge em um quarto vazio, exceto por Fred, que dormia o mais profundo dos sonhos.

-Mas o mundo seria um verdadeiro caos se todos pudessem voltar no tempo... Inclusive as nossas vidas.

-Sei lá, a minha razão diz pra eu chutar o Draco... Ele me faz muito, muito triste às vezes, mas...

-Ok, vamos dar parabéns à sua razão, ela está do meu lado. Mas e seu coração? Ele segue sua razão ou é totalmente indiferente ao que ela quer?

-Sinceramente? Eu acho que ele está mudo, eu nunca o ouvi até esse ano... Quer dizer, eu fingia que não ouvia.

-Por causa do Roniquinho?

-Isso mesmo... – deu um sorriso. – O Ron foi aquela coisa de criança, sabe, quando a menina larga a boneca... Mas no enterro do Dumbledore, eu percebi o quanto havia crescido... E quanto ele havia deixado de crescer... Acho que a Mina teve mais sucesso que eu nessa parte. Ele ultrapassou o Harry, pelo menos em maturidade.

-E o Krum?

-Sabe, o Harry me perguntou isso uma vez, e se assustou com a resposta.

-Que foi... – disse Jorge, curioso.

-Eu disse ao Harry que o Krum tinha sido algo mais físico... Que a gente não conversava tanto, por isso eu não ajudava ele nas tarefas. Acho que foi aí que os meninos perceberam que eu tinha ficado mais... Mais sabe, mulher... – disse, corando furiosamente pela segunda vez. Olhou para Fred, que dormia na cama ao lado. – Sabe, o Fred está muito diferente de você... Antes a senhora Weasley nem reconhecia cada um... Ele esqueceu a Johnson, não foi?

-Ainda pergunta? Mais ou menos no dia do ataque, quando...

-Quando ele conheceu a Sophie... Eu me lembro. – sentiu-se de repente mais acordada. Mas não era ela, Sophie havia acordado. Disse: - Ah Jorge... – fingiu um bocejo. – eu to com sono... Acho que já vou. Ainda mais que daqui a pouco o Draco deve chegar e, sabe, ainda não estou preparada pra falar com ele...

-Entendo... Então boa noite. – disse o garoto, levantando-se e dando um abraço. Ela percebeu que o corpo dele estava quente, e contrastava com o frio que sentia. Estremeceu com o pequeno choque, e foi afastando-se lentamente. O abraço parecia que durara uma eternidade. Jorge levantou o rosto da garota delicadamente, até que podiam se olhar nos olhos. O azul dos olhos do ruivo envolvia-se com o castanho dos olhos de Hermione. Seus lábios iam aproximando-se devagar, e Hermione sentiu um calafrio, que fez com que voltasse à razão.

-Des... Desculpa-me... Eu... Já vou... Vou indo... – e saiu, apertando o roupão contra o corpo, deixando Jorge de pé no quarto. Mas o garoto não conseguiu evitar um sorriso bobo ao deitar-se. E Hermione corria em direção ao quarto enquanto um garoto de cabelos loiros acordava Lupin.


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Draco deixou o corpo da mãe no jardim dos girassóis; sabia que ninguém se atreveria a tocá-lo. “E girassóis eram as flores prediletas dela...”, pensava. Chegou rapidamente ao quarto de Lupin, e sem rodeios contou o que aconteceu, exceto o desejo da mãe. Lupin vestiu uma capa e foram acordar Tonks. Desceram os três, e puseram o corpo num outro dormitório, que estava vazio. Lupin consolava Draco:

-Sua mãe sempre foi uma grande mulher, Draco... Lembro-me dela na escola, lembrava-me um pouco a Lílian... Uma mulher de fibra, a Narcisa... E que nunca gostava de usar o sobrenome Black, preferia o nome de solteira de sua mãe, Ballin. Só que, quando casou com Lúcio, mudou muito...

-Mas e as punições?

-Punições?

-Claro! Um cara como o Lúcio não pode ficar solto, Lupin... Até mesmo para a segurança dele... – disse de modo ameaçador.

-Draco, entenda... Seu pai é problema dos aurores... Eu pretendo comandar a operação, então só nos resta...

-Só resta a vocês esperarem por ele... Mas e minha mãe? Ela vai ser vingada... – as lágrimas lavavam o rosto do loiro, e ele jurou a si mesmo nunca mais chama-lo de pai.

-Draco! Acorde, eu sei como você se sente uma das únicas pessoas que te compreendia, que se preocupava com você se foi... Mas se você procurar o Malfoy por agora, só vai encontrar a morte, lembre-se de que você é um desertor; não pode ficar se expondo... Eu disse isso ao Harry um dia, e pretendo que ouça o que ele não fez totalmente: sua mãe deu a vida dela pela sua, e seria muita ingratidão você se arriscar procurando por um meio de acabar com ela! Essa vida foi um presente... – disse Lupin, suspirando. – E sua mãe detestaria que o presente fosse posto de lado. – as palavras causaram choque em Draco. Agora, ao que parecia, era semelhante à Harry. Havia perdido, de certa forma a mãe e o pai, e, por mais que desgostasse o padrinho. Disse:

-Lupin, Tonks... Eu vou dormir, hoje foi um dia cheio como nunca... Boa noite... – deu um beijo na testa de Narcisa, a pele estava fria. Olhou para ela como nunca havia feito, ela tinha a aparência de uma mulher afogada, com os lábios esbranquiçados e pálpebras roxas devido à Maldição. Subiu vagarosamente as escadas, pensando na reação de sua tia e de Sophie... Afinal, elas eram parentas de sua mãe... Tentando não pensar nisso, caiu na cama, mas sentiu um perfume que conhecia bem. Ouviu Jorge o chamando, mas fingiu que dormia, não queria conversar. E mesmo com sonhos que envolviam raios verdes e jornais com o rosto de sua mãe na capa, adormeceu.


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Hermione chegou ao quarto com as faces muito vermelhas. Encontrou Sophie sentada na cama lendo um livro, e Gina dormindo. A loira retirou os óculos e observou-a durante um tempo. Então, fechou os olhos e suspirou, dizendo em seguida:

-Mione, Mione... Não adianta as pessoas te dizerem ao pé da letra o que fazer pro seu próprio bem... Você sempre faz exatamente o contrário!

-Hã? Do que você ta falando, Sophie? Eu... Eu não sei de nada...

-Não? Então por que você chegou totalmente vermelha, com cara de enterro, como se tivesse... Sei lá... – disse, fingindo estar pensativa. Então fuzilou a castanha com o olhar. – Brigado com o Draco? – Hermione olhou para ela, que ainda terminou: - E/ou talvez... Ido procurar o Jorge, talvez vocês no meio da conversa se beijassem...

-Espera aí! Sophie, você estava invadindo minha mente de novo?

-Você beijou o Jorge??

-Não!

-Então por que você acha que eu briguei com o Draco?

-Seu roupão está manchado de terra do jardim dos lírios na altura dos joelhos... Seus olhos estão um pouco inchados... Sem contar que por sua causa meu sonho com o Fred virou um terrível pesadelo com pergaminhos... O que significa que o draco te entregou a carta do Jorge. – concluiu satisfeita.

-E... Desde quando você é uma encarnação feminina do Sherlock Holmes?

-Quem?

-Ah, deixa pra lá... Literatura trouxa. Ok, eu admito... Briguei com o Draco.

-E obrigada por me poupar da parte da dedução desse fato. – disse Sophie, irônica. Encostou-se à cabeceira da cama e disse: - Ok, você brigou com o Draco, chorou por mais ou menos meia hora e... Conta logo, eu quero te mostrar uma coisa.

-Sim... Eu e o Draco não necessariamente brigamos, sabe... – ao que Sophie a fuzilou com o olhar. – Ok, eu briguei com ele, mas ele não brigou comigo... Quer dizer, eu briguei com ele e ele não sabe.

-Pulando a parte em que você fica tentando me enrolar... Pode continuar, por favor?

-Então, eu fui pedir desculpas ao Jorge... Ele...

-Desculpas? Hermione, o que você fez de mal com o garoto pra pedir desculpas?

-Ah, eu vinha tratando ele diferente...

-Diferente? Exceto pelo fato de que vocês quase não se falaram! – Sophie falava baixo para não acordar Gina. – Mi, me diz quantas vezes você viu o Jorge depois que você encontrou o Draco e a Jandy juntos?

-Ah, eu o vi quando...

-Reformulando: quando foi a última vez em que você e o Jorge estiveram a sós?

-Ah, ontem no trem...

-Quando eu estava na mesma cabine que você... O Draco estava a dois metros de distância! Hermione. Minha amiga querida. – falava pausadamente, como se estivesse tentando se controlar. – Você estava buscando um motivo.

-Pra que, Sophie? Diga-me! Pra que eu ia querer falar com o Jorge? Ele é um amigo meu, e você sabe disso!

-Ele é um amigo seu que é a fim de você... – disse a garota calma. – E que foi a primeira pessoa que você procurou quando brigou com o namorado, e que você nem sabe por quê!

-Ele é meu amigo, e só meu amigo! Nossa Sophie! O Draco é seu primo! Você acha que eu estou chifrando ele?

-Não! – disse Sophie. – Eu só acho que com a Gina, eu, Fred, Harry, Rony, Mina e Vianne você tem algumas outras opções de escolha, sem contar a Tonks e o Lupin, que podem dar conselhos.

-Então ta, senhora Sabe-Tudo! – disse Hermione, alteando a voz. – Então me diz sua teoria! Por que eu fui procurar o Jorge?

-Isso eu esperava que você me dissesse, só que em voz baixa... Afinal a Gina está dormindo.

-Pois fique sabendo de uma coisa, Sophie. Não é por que você está ligada a mim, não é por que você tem muito mais experiência, não é por que você tem mais beleza, mais corpo do que eu... Que você vai saber mais sobre mim do que eu mesma, ta bem? Eu sei que é difícil pra você parar de bancar a psicóloga, mas tenta! Porque eu admito que eu talvez não saiba resolver meus problemas... Mas se eu não sei ninguém vai saber, ok?

-Ok, Hermione... Em primeiro lugar: eu não estou tentando resolver seus problemas, mesmo por que se eu estivesse em sua situação eu nem saberia o que fazer. Em segundo lugar: eu não tenho mais experiência que você. Em terceiro lugar: eu não sou nem de longe mais bonita que você, ou tenho mais corpo. O que eu quero que você faça menina, é que você pense mais a respeito disso! Você não é uma garota boba, que nem a Mina... Você já tem noção da vida, já esteve próxima de morrer mais do que tudo... Você tem a sua inteligência, mas não está usando-a pra esse problema que tanto te desgasta! Só a usa para fazer traduções de Runas, transfigurar botões em rosas, conjurar fogo... Mas e você? Eu quero te mostrar uma coisa, Mione... – disse, indo até a porta. Hermione seguiu-a até o que parecia um terraço. Sophie apontou para a fina linha rosa que se formava no céu, depois apontou para o riacho. – Está vendo? O riacho completa essa linha. E o que você vai ver daqui a alguns segundos é algo que só eu conheço... Minha mãe não conhece o Fred não conhece... A tia Narcisa nunca conheceu. Só eu. E agora você.

-Mas o que é isso? – A luz avermelhada que batia no riacho fazia um grande desenho: um coração. O riacho formava uma flecha exatamente no centro. Hermione ficou maravilhada. O efeito durou cinco segundos depois sumiu.

-Isso, menina, eu até hoje não descobri o que é... Mas é do que eu sinto mais falta toda vez que viajo! Eu tentei descobrir, minha família tem essa mansão há séculos atrás. Não se sabe quem a comprou nem quando... Mas isso é muito lindo... Toda manhã, ao nascer do sol eu venho ver esse coração... Ele me faz pensar, sabe, se um dia essa guerra acabará... E eu luto por isso, sabe... Por isso que eu fico arrasada quando você e o Draco brigam, quando vejo que a gente ta se desgastando por dentro... Por que eu sinto que se isso continuar como está, essa coisa linda vai desaparecer. Saiu e deixou Hermione absorta em seus pensamentos.


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Estavam todos reunidos no jardim dos lírios. As lágrimas desciam pelo rosto de Draco, Sophie, Hermione e Mina. Ranieri mantinha sua postura rígida, mas a dor era visível em seus olhos com a perda da sobrinha. O corpo de Narcisa estava posto em uma mesa de gelo encantado que nunca derretia, doada pela Gemialidades Weasley, e coberto por um véu prateado. Ranieri abriu a boca por duas vezes para falar, mas nenhum som saiu. Então respirou fundo e disse:

-Sempre nos lembraremos de Narcisa Ballin como aquela mulher inigualável... Sempre determinada a seguir seus pensamentos lógicos e sua razão... Como tia, eu só lembro dela correndo por esse mesmo jardim, criança, em companhia de Belatriz... – sua voz falhou. – Mas também muitos de vocês nunca a conheceram direito, mas asseguro-lhes que ela sempre foi uma ótima mãe, uma ótima mulher e uma amiga fiel. Sabemos que a perda de uma pessoa assim sempre deixa marcas, mas não nos lembraremos dos momentos de crise... E sim dos momentos felizes, com o filho e com a família. Esperamos que ela faça a sua viagem e que seu descanso eterno tenha valido a pena. – Ranieri baixou os olhos, tentando não chorar. Hermione e Gina abraçaram Sophie, que tinha uma expressão de raiva no rosto em meio às lágrimas. Fred apertava-lhe a mão, e soltou um feitiço não-verbal. A mesa com o corpo foi envolvida por uma névoa delicada, e transformou-se em um busto de Narcisa Malfoy feito de gelo. Draco olhava com dor para o rosto de sua mãe, sua protetora, o rosto que nunca mais veria. Não conseguiu agüentar a atmosfera, descalçou os pés e saiu andando, seguindo o curso do riacho. Ouviu uma voz feminina conhecida que disse:

-Sinto muito pela sua mãe... – Era Hermione. Ela olhava-o fixamente.

-Obrigado. – respondeu secamente.

-Escuta Draco, eu sei... – começou a garota, mas foi interrompida por Draco.

-Já chega, ta bem?

-Draco, a gente precisa conversar...

-Mas não hoje! – disse o garoto quase gritando, fazendo alguns pássaros que estavam próximos saírem voando. – Ah, agora que eu acabei de brigar contigo... Aposto que o Jorge vai estar te esperando pra te consolar como ontem! – disse, entre dentes. Percebendo a expressão de Hermione, continuou. – Hermione, você não acha que eu conheço seu perfume? Eu o senti, sabia? Na hora em que eu entrei no quarto, só o Jorge estava acordado... O que eu posso pensar?

-Merda! Você não entende? Você por acaso já percebeu que eu e o Jorge somos só amigos? Não, Draco, você sempre tem que complicar as coisas! Pense! Aquela carta me fez triste, eu tinha desconfiado do Jorge, fui lá pedir desculpas! Ops, eu me equivoquei! Você é um Malfoy, não deve saber o que são desculpas!

-Hermione... Nunca mais, eu repito, nunca mais diga que eu sou um Malfoy. Eu não faço mais parte daquela família nem sou mais um Black, sou um Ballin agora. E você, mais do que ninguém tem que saber disso. – disse o garoto de forma ameaçadora.

-Não importa Draco... São palavras... Você nunca vai deixar de ser um Malfoy, é questão de sangue. Assim como eu nunca vou deixar de ser uma Sangue-Ruim... Apenas uma garota que vive com a cara enfiada nos livros pra parecer melhor que todo o mundo. E você vai continuar sendo um Comensal da Morte, mesmo que desertor... Um cara arrogante, que por destino e por sangue vai voltar a odiar todo o mundo que for Sangue-Ruim.

-Você não entende, não é mesmo? Eu. Não. Sou. Um. Malfoy. Entendeu? Eu não tenho sangue do Lúcio correndo nas minhas veias, não mais. O sangue nada mais é do que o que você acha que é. E eu sou convicto. Não. Sou. Um. Malfoy. Ok? – aproximou-se da garota ameaçadoramente. – E por mais que você não queira entender isso, o problema é seu.

-Ok, Draco. O problema é todo meu! – Hermione gritou as lágrimas manchando-lhe o rosto. – Já que eu não te conheço mais, e já que a gente não compartilha mais nada, então acho melhor que não haja mais nada entre a gente! – Draco ficou assustado. Abaixou o rosto e disse:

-Eu não... Não era isso que eu queria... Não, Hermione, você me entendeu mal...

-Me diz Draco... Quantas vezes eu te entendi mal? Quantas? Vamos ver... – fingiu-se de pensativa. – Uma vez quando você quase me bateu, uma vez quando a gente brigou, uma vez por causa da sonserina vadia... Eu cansei! Cansei disso tudo! Cansei de chorar uma vez por semana por sua causa, cansei de abandonar meus amigos por você, cansei de mudar meu jeito de ser por uma pessoa que eu agora acho que não vale a pena! – gritou, saindo em direção à mansão.

-Não, Hermione... Volta aqui, Hermione! – Draco segurou-a pelo braço. Ela disse:

-Me solta, Malfoy.

-Não, Hermione, você tem que me escutar.

-Pra você é Granger, não tenho nada a ouvir.

-Por favor, me escuta... – suplicou Draco. Ela decidiu ouvi-lo, e ficou parada.

-Anda ok, pode falar.

-Mione, não sei quantas vezes eu tenho que te pedir desculpas...

-Muitas vezes, tenha certeza.

-Assim não dá! Poxa, você sempre...

-Draco... Por favor... Dá um tempo, Draco, eu tenho que pensar... Por favor.

-Ok... – disse Draco, baixando a cabeça. – Eu te dou um tempo. Mas por favor, pensa nisso... Eu vou te dar uma coisa. – e pegou um colar, com um pingente de rubi. – Esse pingente é a minha... Bom, ele me protege desde o primeiro ano... Só quero que você o use sempre, não importa o que aconteça.

-Ah... Claro... – disse Hermione, aceitando o colar. Depois, pensando melhor, devolveu-o ao garoto, dizendo: - Draco, eu não agüento mais, a gente só tem brigado... Eu quero te esquecer...

-Hermione, eu juro, não vou te procurar até que você me procure primeiro... – disse Draco, abrindo carinhosamente a mão da garota e pondo o colar nela. – Mas eu só te peço que você use esse colar sempre, não o tire pra nada.

-Por quê? Você acha que eu confio...

-Hermione, deixa eu te contar uma coisa. No primeiro ano de escola minha mãe me deu esse colar... Ela tinha recebido de minha avó quando era pequena... E me deu pra me proteger... Esse pingente de rubi tem alguns poderes curativos e protetores... Como sua vida está correndo perigo segundo o Snape... Eu quero que você o use.

-Mas, Draco... Não posso aceitar... Você é um desertor dos Comensais, tem mil pessoas querendo sua cabeça...

-E milhões de Comensais malucos pela cabeça Sangue-Ruim que fez o filho de um dos mais confiáveis desertar. – disse, com um sorriso cansado. – Sabe, acho que era isso que ela queria... Ela pediu que eu protegesse você.

-Mas...

-Hermione, já que você não quer fazer isso por mim... Faz por ela. – disse Draco, apontando para a estátua de gelo, que reluzia sob o sol. – Eu juro que não me meto em confusões, ok?

-Tudo bem... – disse Hermione, deixando que Draco fechasse o colarem sua nuca. O garoto aspirou o perfume doce de jasmim que a menina exalava. Contendo-se, disse:

-Hermione, eu falo sério. Não tire esse colar por nada no mundo. Ele é protegido pela Azaração Shantaralla e pela Poção do Certo-Errado... Imagino que só uma Azaração da Morte feita pelo próprio Lorde das Trevas possa atingir você...

-Draco, escute... Eu vou aceitar, mas ainda acho que você deveria ficar com isso, você é muito mais procurado que eu...

-Abertamente. – ele completou. – O Lorde não vai descansar até que a amiga do Potter esteja com ele...

-Ok... Mas você já sabe minha opinião... Bom, eu tenho que ir... Adeus, Draco...

-Espera! Ir pra onde? Você não me contou o que pretende fazer depois de amanhã...

-Agora eu vou escrever pra Minerva... Avisar que vou voltar logo depois de amanhã... Pretendo ainda pegar algumas aulas, não tenho tido o tempo certo pra estudar.

-Estudar? Hermione, você vai deixar todos aqui, e vai sozinha?

-Não, acho que a Gina também vai... Qualquer coisa o Lupin ou a Tonks nos avisarão. – Virou-se e saiu andando. Draco ficou furioso e explodiu:

-Você acha que pode fugir das circunstâncias, Mione? A gente entrou nessa junto!

-Olha Malfoy. – replicou a garota de longe. – Admito que tenha sido bom enquanto durou sério... Mas o pra sempre sempre acaba. Entendeu ou quer que eu desenhe?

-Entendi perfeitamente... – resmungou Draco, voltando a seguir o caminho do riacho.


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Era de manhã, mais ou menos dez horas. Um grupo de 10 adolescentes preparava-se para entrar na lareira de uma mansão. O primeiro, um garoto com cabelos platinados um pouco acima dos ombros jogou um pó na lareira e entrou, gritando “Ministério da Magia”. Logo, todos os outros entraram também, seguidos por Lupin e Tonks.
O Átrio do Ministério estava cheio de bruxos apressados, com rostos sérios. Draco se estava nervoso disfarçava bem. Guiou-os até o elevador vazio, e esperaram. Uma voz de mulher anunciou: “Departamento de Mistérios” e as portas abriram-se. Harry disse:

-Ok, Draco... Estamos aqui. Agora vamos pra onde?

-Venham por aqui... – disse Draco, levando-os para um corredor lateral e murmurando palavras em uma língua desconhecida. Ao longo desse corredor havia muitas portas, e de algumas vinham vozes etéreas. Gina perguntou:

-O que é isso?

-Não preste atenção, Gina. – disse Draco, sem parar de andar. – Muitas vezes os registros de profecias têm validade, e quando acaba esse tempo, elas se destroem e quem estiver por perto ouve. – a ruiva olhou para Hermione, e a expressão da castanha dizia que o garoto falava a verdade.

-Mas então... – disse Harry. – Quando viemos aqui buscar o Sirius...

-Esse caminho só pode ser usado por quem tem a credencial do Ministério e seus convidados.

-Mas você tem a credencial? – perguntou Vianne.

-Não, mas tenho isso. – disse o garoto, levantando a manga da camisa, onde era totalmente visível a Marca Negra. Sacudindo o braço continuou o caminho. – A porta é diferente, não toquem nela, pois...

-Senão vocês ficarão presos. – disse Fred, com naturalidade, ao que Jorge completou.

-É quase o mesmo sistema do Gringotes... Só que aqui eles nunca olham se tem gente presa nas portas.

-Exatamente. – confirmou Mina, andando entre Rony e Vianne. – Meu pai já me trouxe aqui uma vez, quer dizer, eles sabem quando tem uma pessoa aqui presa, mas...

-Mas eles não tiram essas pessoas, eu entendi. – disse Rony, sério.

-Ok, sejam bem vindos aos registros de espelhos de duas faces! – disse Draco, sem emoção ao contemplar uma parede, passando a varinha pela sua extensão. Quando achou o que queria, encostou a Marca Negra na parede. Suas pernas vacilaram por um momento, e o garoto apoiou-se em Gina. – É ainda não aprendi a controlar os poderes dessa Marca...

-Draco... – perguntou Hermione cautelosamente. – E Voldemort não pode localizar você pela utilização da sua... Marca?

-Poderia... – disse ele, esperando com o antebraço colado à parede, a mão firme no ombro de Gina. – Mas o Moody inibiu essa capacidade, assim como inibiu que eu possa sentir o chamado do Lorde... É por isso que agora a Marca tira mais energia que antes. É como se fosse uma... – e, de repente sentiu uma fisgada no braço esquerdo. Tentando não demonstrar fraqueza apertou um pouco mais fortemente o ombro de Gina. Ela lançou-lhe um olhar de censura, mas ao perceber a expressão de Draco, deixou. – Como se fosse uma bomba. Se ela perde o seu maior combustível, ela gasta mais energia...

-Até piorar a situação ou pior. – disse Sophie, séria. – Draco, a Mione tem razão. Você tem que ver isso.

-Ah ta... Ok... Eu vejo isso com a Madame Maluca da Enfermaria da Escola quando voltar. – mentiu Draco. A Marca Negra começou a arder enquanto a porta era desenhada em um tom prateado. Uma porta grande e antiga materializou-se à frente de todos. Draco e Gina deram passagem ao resto do pessoal e, enquanto todos entravam o loiro deixou escapar um gemido de dor. Gina apoiou-o na parede, e disse:

-Draco, é sério... Eu me sinto mal de ter que mentir pra galera... Você sabe que eu estou aqui principalmente por causa do Taylor... Mas essas dores são...

-Ok, Gina, já chega... É só falta de uso.

-Sei, falta de uso. Draco me escuta. Você não quer...

-Não, Gina, eu não quero voltar. – disse. Gina abriu a boca pra falar e ele disse: - Também não quero nenhuma poção revigorante, eu estou bem. – mas quando foi tentar se desvencilhar da ruiva cambaleou e quase caiu.

-Se eu não estivesse aqui, hein?

-Foi só um tropeço...

-Não, Draco. Eu preparei isso aqui, pode beber toda.

-Nada a ver... Essa poção é pra você, não preciso, eu to bem...

-Não ta nada. Anda, abre a boquinha... – disse Gina, fazendo beicinho. O garoto relutante tomou a poção da ruiva e bebeu, deixando apenas um gole.

-Isso é pra você. E não insista!

-Ei, vocês se saem pro trabalho sujo ficar pra gente, é? – gritou Rony, metendo a cabeça na porta. Os dois entraram em uma sala com mais de cem estantes, todas abarrotadas de pergaminhos, alguns já em pó.

-Bom, os nossos não devem estar assim... Eles não são tão antigos. – disse Hermione, passando a mão em uma fina camada de areia.

-Ok... Gente tem cento e cinqüenta e sete estantes aqui... Nossa, a gente deu sorte de ter saído cedo. – gritou Sophie de um lugar que parecia ser o fim da sala, o rosto iluminado pela varinha.

-Então ta... Vamos nos separar... Se nós formamos dez, uma hora alguém vai se encontrar por aí. Não precisa olhar pergaminho por pergaminho, é só ir olhando os nomes que estão na prateleira. São quase onze horas, - disse o loiro, olhando para o relógio. – Exatamente às dezessete nos encontraremos em frente à estante 1. – todos saíram procurando sem sucesso. Draco olhava para o relógio de cinco em cinco minutos. Onze horas... Onze e meia... Meio dia... Uma hora... Duas horas... Duas e meia... Estava soprando o pó da estante oitenta e cinco quando ouviu uma voz conhecida.

-Quero te perguntar uma coisa. – disse Gina, enquanto procurava pelos nomes de Sirius e Tiago. – Como você sabia que precisava da Marca pra entrar aqui?

-Lúcio... Ele que implantou esse sistema debaixo do nariz do Fudge. Eu o via fazendo isso desde que me entendo por gente. – sorriu desgostoso. Parou e ficou observando a garota. Ela encarou-o de volta. – Sabe Gina... O Taylor escolheu bem... Depois da Scherpes, ele conseguiu uma garota inteligente... Aposto que onde ele estiver deve estar pensando o quanto idiota foi por deixar Hogwarts com você dentro. – Gina corou e voltou a olhar a estante. Draco sorriu e voltou ao trabalho.

Eram quatro e meia. Draco era o único ainda disposto por causa da poção. Estava na estante cento e cinqüenta e dois, quando viu um quadrado dourado com a inscrição: “Tiago Potter – Sirius Black”. O loiro chamou os outros, que correram rapidamente ao seu encontro. Disse:

-Ótimo, encontramos... Será que já dá pra sairmos daqui?

-Com prazer, estou realmente com fome. – disse Rony, sorrindo. Saíram da sala, e Draco lacrou a porta. Agora mais fraco subiu junto com os outros o elevador, todos com sorrisos. Até verem a situação do Átrio.
O lugar estava destruído. Os retratos de bruxos famosos choravam, e a Fonte dos Irmãos Mágicos estava destruída. A cabeça do elfo estava no chão, aos pés deles. Trocando um olhar significativo, Harry e Rony saíram do prédio jogando a Capa da Invisibilidade sobre os dois, sobre o qual pairava a Marca Negra. E o pior: as lareiras estavam todas destruídas. O Pó de Flu estava espalhado pelo chão, misturado com os pedaços de vidro e pedra. Todos prenderam a respiração, até que Harry e Rony chegaram.

-Eles bloquearam a rua... – disse Harry, ofegante. – Não tem jeito de passar.

-O único jeito é aparatar... – pensou alto Rony.

-Não! – gritou Gina. – Não podemos aparatar, a Mina e a Vianne sabemos e podemos ajudar me ajudar, mas assim eles podem nos achar... A sala de Controle deve ter sido ocupada obviamente.

-É o único jeito! – gritou de volta Fred, sobrepondo-se aos gritos cada vez mais próximos. – A gente não pode ficar, se eles acabaram com os aurores do Ministério inteiro por que não podem acabar com dez adolescentes? Gina, ano passado vocês tiveram muita sorte, mas agora não dá!

-Eu a ajudo! – gritou Draco, nervoso. Vão, andem! – Harry, Mina, Vianne, Hermione e Rony foram. Sophie gritou:

-Eles estão chegando!

-Leve a Gina, Sophie... O Draco ta muito fraco, a gente leva ele! – gritou Jorge. Sophie lançou um olhar irritado para o garoto, mas fez a Aparatação Acompanhada com Gina. De repente, uma explosão tomou conta do lugar. Os Comensais, Lúcio à frente, Belatriz e Rodolfo Lestrange ao seu lado. “Merda!” pensava Draco, enquanto tentava aparatar sem sucesso. Lúcio o viu e disse:

-Ah, filho! Quanta saudade! – e empunhou a varinha. Belatriz olhou para os três, sorrindo.

-Ah, Draquinho... Sua mamãe não ia querer que você estivesse aqui... Mas daqui a pouco ela vai poder te dar uma sova no céu ou no inferno!

-Draco, relaxa, a gente tira você daqui... – disse Jorge, baixinho.

-Weasley! De novo por aqui um representante dessa família! Vejam amigos, os maiores traidores do sangue que o mundo já viu! É triste que entre eles haja um Malfoy...

-Eu não sou um Malfoy! – gritou Draco, enquanto Jorge e Fred aparatavam com ele até a estradinha de terra.

-CORRE! – gritou Jorge, assim que chegaram. – Andem logo caras, daqui a pouco eles chegarão! – puxou Draco e Fred pelo braço, enquanto ouviam o som dos Comensais aparatando. Esquivando-se de feitiços chegaram enfim ao portão protegido da mansão.

-Anda Draco! Vai lá! Foge como um covarde! E diz a titia que eu mandei lembranças! – gritou Belatriz, rindo. Os Comensais desaparataram. Tonks, Lupin e Olho-Tonto os receberam. Tonks disse:

-Por Merlin, vocês estão bem? Quando os garotos chegaram aparatando imaginei que... – não completou. Moody disse:

-Anda Tonks, deixe os garotos respirarem um pouco! Venham os três... Tenho mais poções revigorantes em um caldeirão, só esperando por vocês. – e saiu na frente, mancando. O céu estava escurecendo, e Hermione olhava os três entrando. Estava sentada na varanda do quarto de Sophie. O vento secava os cabelos molhados da garota, e ela exalava um cheiro suave de jasmim. Eram seis e meia quando ela ouviu uma risadinha e virou-se. Jorge a olhava da porta, com um sorriso. Ela perguntou:

-Desde que horas você está aí?

-Não sei... Vim ver se o Fred estava aqui com a Sophie... Eles não têm se largado muito ultimamente. Então vi você aí tão calma que achei melhor não atrapalhar seus pensamentos.

-Ah, eu estava quase dormindo... Foi bom que você tenha chegado. Eu vou viajar de manhã cedo, e não posso dormir tarde.

-É eu soube. Você... Brigou com o Draco?

-Foi... Bem, mais ou menos. Eu não estava agüentando, sabe, a gente brigava demais... Então eu resolvi dar um tempo, ver se as coisas melhoravam.

-Sabe, meu pai me dizia uma coisa no passado, quando Você-Sabe-Quem estava... Vivo. – disse Jorge, aproximando-se da varanda. - Ele dizia que o errado era seguir o curso das águas sem prestar atenção. Tem que aproveitar ao máximo enquanto você segue, porque assim você vai ter mais experiência na hora de desviar das pedras.

-Legal isso... – disse Hermione, virando-se para o riacho. – Mas eu acho que já deu essas brigas não estavam fazendo bem à gente.

-É, mas você ainda gosta dele, não é?

-Muito... – suspirou a garota. Olhou para Jorge, que estava encostado à parede da varanda. – Jorge, me diz... O que eu tenho feito de errado?

-Nada, Hermi... Você não tem nada errado. Os errados são os outros. – ouviram passos e se viraram. Draco havia chegado e disse secamente:

-O pessoal estava procurando vocês, a gente vai começar a ler os registros. Ah, e já que a professora McGonagall e o resto fizeram o favor de esconder da gente o porquê dessa busca, então é melhor irmos logo.

-Ok, Draco, já estamos indo. – disse Hermione, levantando-se. Seguiram Draco até uma sala de reuniões. Sentaram-se à mesa com os outros, nenhum criado estava à vista. Ranieri preferira não se envolver na história, e estava tricotando e ouvindo a rádio bruxa. Moody disse:

-Bom... Nós pedimos desculpas pela falta de informações, e pretendemos contar tudo desde o início... Mas a Minerva conhece essa história melhor do que todos nós, até mesmo do que o Lupin.

-Por falar no Lupin, onde ele está?

-Provavelmente no quarto vazio da casa, nos fundos. Hoje é dia de lua cheia, e mesmo tomando a Poção do Acônito ele fica meio... Irritado. – disse Sophie prontamente, olhando para Minerva McGonagall. A professora estava pálida, os cabelos em um coque malfeito, totalmente diferentes do que estavam acostumados a vê-la.

-Bom... Antes de tudo, Harry, peço-lhe desculpas... Eu vou contar-lhes a verdadeira história de Tiago Potter, Sirius e Narcisa Black.

-O que minha mãe tem a ver com eles?

-Bom, no quarto ano o Tiago, o Sirius e a Narcisa se conheceram, odiando-se mortalmente. Sirius e Tiago, aquele garotos populares, eram convidados a todas as festas, conheciam as melhores garotas e tinham até certos privilégios entre os outros. Belatriz era uma garota também popular, sonserina, que adorava festas e já tinha muita fama entre os garotos. Já Narcisa era o tipo de garota mais calma, estudiosa, só usava roupas compridas e óculos que lhe escondiam a beleza. Sua irmã nunca tirava boas notas, mas desprezava todas as pessoas nascidas trouxas e isso a fazia o orgulho da família. Narcisa não distinguia, tinha só uma amiga: Lílian Evans.

-O que? – perguntaram Harry e Draco ao mesmo tempo. Hermione, Mina, Gina e Vianne ouviam atentamente.

-Lílian também era inteligente, uma das maiores preparadoras de Poções que Hogwarts já viu. Não tinha nada contra Tiago nem Sirius, mas não gostava do jeito que eles agiam. Narcisa e Lílian tinham bons corações, eram inteligentes e bonitas, mas só a segunda atraía realmente os olhares. E Narcisa não gostava, ficou com inveja. Lílian percebeu isso, e a mudou muito. Narcisa continuou a ser a aluna exemplar que sempre fora, mas passou a usar roupas mais ousadas, parou de usar os óculos e fazer penteados diferentes nos cabelos, que antes eram jogados na cara.

-Não, espera professora. – interrompeu Harry. – Mas por que eu e o Draco nunca soubemos disso?

-Daqui a pouco saberá Harry. – disse Minerva, engolindo em seco. – Narcisa mudou totalmente, e começou a conversar mais com os garotos, principalmente os grifinórios. E foi numa conversa dessas que ela passou a andar mais com os amigos do primo, Sirius. Lílian e Tiago participavam das conversas, mas ainda não começaram a sair. Já Narcisa começou a sair com um dos garotos sonserinos, um mau caráter chamado Malfoy... Lúcio Malfoy. Eles estavam bem, mas outro garoto chamava cada dia mais a atenção de Narcisa, com sua simpatia, a beleza dos cabelos dele balançando ao vento, seu jeito de menino... – Harry prendeu a respiração, sabia de quem ela estava falando, mas não acreditou até ouvir a última palavra dos lábios da professora. – Seu primo, Sirius Black.

-Não, isso não é possível! – disse Draco, atordoado. – Quero dizer minha mãe sempre odiou a parte Black da família! Sempre usou o sobrenome Ballin, ou então o Malfoy...

-Sim, senhor. Sua irmã... Imagino eu que sempre tenha gostado mais do sobrenome Black... E agora você vai saber por que. – disse Moody, carrancudo.

-Sim, sim. E Sirius também havia percebido a mudança repentina da prima e sentia-se atraído. Falou isso com Lílian, que falou com Narcisa. Ela prontamente largou Lúcio e começou a namorar Sirius.

-Impossível! – disse Harry, levantando-se. – O Sirius sempre odiou a família Black!

-Assim como a sua prima... Ele e Narcisa pretendiam juntar dinheiro para saírem de casa juntos... Mas esses planos chegaram aos ouvidos de Belatriz.

-Belatriz? – agora foi Hermione que interrompeu. – A Belatriz?

-Exatamente... Belatriz não conseguia entender como sua irmã estava com um familiar, quando podiam juntar as famílias Black e Malfoy. Então, depois de consultar um velho conhecido, Rodolfo Lestrange, os dois armaram um plano que separaria o casal.

-Ok, professora... Tudo bem, nós entendemos até aí, eu acho... Mas como a senhora soube disso? – perguntou Draco, com uma grosseria aparente na voz. McGonagall suspirou e respondeu:

-Eu soube Draco, porque eu acompanhava essa história de Sirius e Narcisa desde o início. Eles tinham ótimos resultados em Feitiços e Poções, como os professores da época pretendiam se aposentar eles se candidataram à vaga. Com isso, eles morariam em Hogwarts e poderiam viver longe de sua família. Narcisa me confessava essas coisas, sempre achei errado ter alunos favoritos, mas ela era uma... – Minerva baixou a cabeça. – Bom então Belatriz fez com que parecesse que ela e Sirius estavam tendo um caso... Narcisa fugiu para a Floresta Negra, e teria morrido se não fosse sua irmã. Ela localizou Narcisa, que ficava com o par do espelho que pertencia a Tiago, e o outro com Sirius. Mandou Lúcio ir até lá e salva-la. E foi o que ele fez. A partir daí, Lúcio e Narcisa voltaram a namorar. Ela desistiu do cargo de professora, e outros professores começaram a dar aulas a partir do ano seguinte. Lílian não se conformou com o que Sirius havia feito. Sirius, por sua vez Não procurou por Narcisa uma única vez. Essa parte o Harry deve conhecer, Lílian passou a odiar Sirius e Tiago, achava que os dois estavam mancomunados nisso. Até que Sirius contou a verdade para Lílian, que tentou falar com Narcisa, mas ela não a ouvia. Havia se transformado numa cópia da irmã. Havia se transformado numa Malfoy. No sexto ano, Narcisa voltou a falar com Sirius pelo espelho. Mas eles só brigavam por isso ela devolveu o espelho e nunca mais se viram. O resto da história é imaginável. Narcisa casou-se com Lúcio que, por sua vez odiava Sirius. Este passou a viver sozinho, enquanto Lílian e Tiago casavam-se e tinham um filho. Narcisa e Lúcio também tiveram um filho, mas ela sempre me procurou por muitos anos até que se o casal se alistou no círculo de Você-Sabe-Quem.

-Depois de algum tempo... – continuou Moody. – Você-Sabe-Quem fez um grande ataque ao Ministério. Nesse ataque morreram muitos bruxos famosos, e Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado tomou posse desses documentos que estão à nossa frente, nessa linda mesa. Ele ficou com tais documentos por cerca de um ano, até que protegeu com muita magia negra aquela sala no Ministério, devolvendo os documentos em seguida.

-Então... – disse Mina, cautelosamente. – Vocês suspeitam que esses papéis sejam Horcruxes?

-Não, senhorita Scrimgeour. Suspeitamos que esses documentos nos levem até um terceiro espelho, que com o par fazia o método da Triangulação.

-Tri... O que?

-Triangulação, Rony... É quando três objetos que tenham mente própria ficam interligados... – parou Hermione, respirando fundo. Então, poderia ser... - Professor Moody... Será que a Triangulação existiria também para mentes humanas?

-Com certeza, senhorita Granger. Mas isso não vem ao caso... O que nós queremos é que vocês olhem esses documentos em todos os mínimos detalhes. É possível que neles haja alguma pista da próxima Horcruxe... Nós já os submetemos a toda a bateria de testes, não farão nada que os prejudique... – mas Hermione não estava ouvindo mais. Só pensava nas palavras do professor. A Triangulação também poderia ser utilizada em mentes humanas. Olhou para Sophie; ela também tinha o mesmo olhar etéreo. Até que...

-Hermione... Hermione! Hermione!! – Gina a chamava.

-O que foi?

-Todo o mundo já começou a ler, só falta você e Sophie.

-Ah, ta... – e começou a ler os documentos. Escolheu muito idiota sobre garotas, entre Sirius e Tiago... Falavam sobre várias meninas, pelo visto uma lista bem grande das garotas que eram a fim de Sirius. Até que o nome Ciça chamou sua atenção. Sirius estava dizendo que queria pedir a Narcisa para que resolvesse sua atividade de História da Magia... Alguns dias depois eles comentavam a conversa que haviam tido na tarde de mudança de Narcisa... Falavam muita besteira, mas Hermione percebeu um trecho muito interessante:

-Pontas, por favor! Eu prometo que te ajudo com a Evans, só me empreste!

-Não, Almofadinhas. Eu já disse, ele tem proteção por magia...

-Eu preciso daquele medalhão, cara... Eu... Eu to gostando da minha prima!

-Cara! Mas não dá... Meus pais me matam se eu chegar sem aquele colar e sem o anel do Gryffindor!

-Não importa!

-Você quer que eu morra cara?

-Não! Só quero dar esse colar à Ciça, ela tem sido alvo daqueles jogadores sonserinos, inclusive o Lúcio... Cara, se eles tocarem nela...

-Olhe, eu te dou o colar... Mas você quer o anel para...

-Eu não quero o anel, quero o colar!

-Mas você me promete que até o fim do mês eu vou sair com a Evans!

-Não prometo que vocês serão namorados, mas que vocês sairão juntos eu garanto!

-Promessa de Black?

-Argh, eu odeio esse nome e você sabe. Promessa de Sirius.

-Hum... Vá lá... Eu estou com a McGonagall aqui, ela ta me prendendo! Nossa, acho que esses troféus não são lustrados desde quando a escola foi fundada... Até.

-Até... Encare a McGonagall que eu encaro o Dippet e o Ranhoso, não sei quem é pior...


Hermione levou a mão até dentro das vestes e pegou o pingente... Disse baixinho:

-Acho que encontrei. – todos se voltaram para ela. Draco viu o pingente em suas mãos e olhou para ela, sem entender. Moody leu em voz alta o trecho. Hermione olhou para Draco, que estava aturdido. Ela continuou: - Eu sei qual é o pingente... Ele tem poderes curativos, e é protegido pela Azaração Shantaralla e pela Poção do Certo-Errado. E ele está aqui nessa sala hoje. Mas ele não é uma Horcruxe. A Horcruxe é o anel. – disse com convicção.

-E como a senhorita sabe disso? – perguntou McGonagall, com a mão no peito.

-Eu tenho esse colar.

-Senhorita... Mas... Como...

-Esse colar traz proteção para quem o usa, é feito de rubi... E eu estou usando-o agora. – tirou o pingente das vestes e a garota mostrou-o a todos.

-Ok, o colar nós temos, mas esse aí com certeza não é uma Horcruxe. – disse Sophie, irritada. – O anel, onde está?

-Não sabemos... Quer dizer... – disse Harry. – A Hermione vai pra Hogwarts, todos estão em férias... Ela pode pesquisar na biblioteca.

-E o senhor imagina onde esteja esse anel, Potter? – perguntou Moody, irritado.

-Imagino sim, mas antes tenho que ter certeza.

-Bom, com certeza o dia hoje foi produtivo. Estão liberados, mas antes se lembrem...

-Vigilância constante! – completaram todos. Hermione subiu correndo e foi dormir. Já passava da meia-noite, e viajaria de manhã. Ouviu uma batida na porta, era Harry. Ele disse:

-Mione, você me desculpa ter te acordado, mas...

-Que nada, Harry! Diz aí, o que foi.

-Bom, minhas coisas ficaram lá em Hogwarts, eu quero que você me mande o álbum que eu ganhei do Hagrid... Preciso dele, sabe.

-Ok. Mais alguma coisa?

-Você o manda, só isso.

-Então ta, boa noite. – disse Hermione, vendo que Gina chegava. Quando Harry saiu, a ruiva disse:

-É amiga... Belas férias nós estamos tendo.

-E como... Boa noite, Gi...


~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*~~*


Quando Draco acordou, eram quase dez horas. Correndo, foi até o quarto de Sophie, onde duas criadas tiravam as camas de Gina e Hermione. Desceu. Gina, Hermione, Sophie, Mina e Vianne tomavam café animadamente, todas menos Sophie iriam para Hogwarts. Draco chamou Hermione, que disse:

-Draco, eu to tomando café, não ta vendo?

-Eu sei, mas eu queria falar contigo, posso?

-Pode sim, Draco. – respondeu Gina, empurrando Mione. – E bom dia para você também!

-Ora, desculpem-me, belas donzelas... Tenham um bom dia. – disse Draco, sorrindo. Saiu com Hermione para o jardim dos lírios, onde estava a estátua da mãe de Draco. O garoto olhou para Hermione e disse: - Você vai mesmo, não é?

-O que você acha? – disse Hermione, olhando-o com interesse, enquanto tirava um pedaço de torrada.

-Hermione, pára de agir assim... Como se não tivesse acontecido nada.

-Bom o que aconteceu mesmo? Ah, lembrei! A gente brigou porque, como sempre, você bancou o idiota!

-Ok, escuta aqui, eu só te chamei aqui pra saber se você vai cumprir a promessa que me fez!

-Ok, eu uso o colar... Mas por que você não me contou que ele era do pai do Harry?

-E eu sabia? Minha mãe me deu dizendo que uma pessoa muito especial da família tinha dado a ela... Achei que fosse meu pai ou minha tia, mas nunca...

-Ok... Era isso? – disse Hermione, aproximando-se devagar do garoto. – Então tchau, Draco. – sussurrou ela, saindo.

-Ah não... Agora que começou, termine! – disse Draco, beijando-a com força. Hermione não admitia, mas sentia saudades daquele beijo. Correspondeu por algum tempo, mas depois o empurrou de repente e disse:

-Agora sim, Draco... Acabou. – Draco olhava Hermione ir, incrédulo. Depois baixou a cabeça, derrotado, e deixou-a ir.

Eu sempre preciso de tempo comigo mesma
Eu nunca imaginei que eu precisaria de você
Quando eu choro
E os dias parecem como anos
Quando eu estou sozinha
E a cama onde você deita
Está arrumada do seu lado

Hermione saiu andando. Não queria demonstrar fraqueza, mas por dentro sentia-se mal. Resolveu sentar um pouco na varanda e apreciar um pouco mais o resto de tempo, iria embora ao meio-dia. Precisava ficar sozinha, pra pensar.

Quando você caminha pra longe
Eu conto os passos que você dá
Você vê o quanto eu preciso de você agora?

Draco foi para o quarto e ficou deitado. Não queria deixar Hermione ir, mas era humilhação demais. Sentiu que não conhecia mais a garota.

Quando Você foi Embora
Os pedaços do meu coração sentem a sua falta
Quando Você foi Embora
O rosto que eu conhecia está perdido também
Quando Você foi Embora
As palavras que preciso ouvir
Para sempre conseguir ir adiante com meu dia
E fazer tudo estar bem
"Eu sinto a sua falta"

Hermione olhava o riacho e lembrava de Draco. Olhava para os lírios e sentia o coração palpitar como em minutos antes, quando se beijaram.

Eu nunca tinha me sentido dessa forma antes
Tudo o que eu faço
Me lembra você
E as roupas que você deixou
Estão pelo chão
E elas cheiram exatamente como você
Eu amo as coisas que você faz

Draco sentia que precisava de Hermione. Jogou fora os pergaminhos das garotas de Hogwarts, irritado. Só uma importava agora. E essa única estava indo embora.

Quando você caminha para longe
Eu conto os passos que você dá
Você vê o quanto eu preciso de você agora?

Hermione sentiu que Draco a amava. Mas depois calou esse pensamento, era tudo mentira. Uma voz na sua cabeça dizia que ela complicava tudo demais, mas ela não ouviu.

Quando Você foi Embora
Os pedaços do meu coração sentem a sua falta
Quando Você foi Embora
O rosto que eu conhecia está perdido também
Quando Você foi Embora
As palavras que preciso ouvir
Para eu sempre conseguir ir adiante com o dia
E fazer tudo estar bem
"Eu sinto a sua falta"

Draco imaginava se ela havia ido. Olhando para o relógio percebeu que só haviam passado dez minutos, mas para ele era uma eternidade. Seu coração dizia para procurar Hermione, mas o orgulho foi mais forte e ele ficou onde estava remoendo a raiva.

Nós éramos feitos um para o outro
Eu vou guardar isso pra sempre
Eu sei que éramos
Yeah yeah
Tudo que eu sempre quis que você soubesse
Eu faço qualquer coisa, dou meu coração e minha alma...
Eu mal posso respirar
Eu preciso sentir você aqui comigo
Yeah

Hermione ouviu Sophie chamando-a. Era hora de ir. Pegou o malão e desceu para a sala de estar. Como ela esperava Draco não estava lá. Despediu-se de todos: era hora de voltar para Hogwarts.

Quando você foi embora
Os pedaços do meu coração sentem a sua falta
Quando você foi embora
O rosto que eu conhecia está perdido também
Quando você foi embora
As palavras que preciso ouvir
Para eu sempre conseguir ir adiante com o dia
E fazer tudo estar bem
"Eu sinto a sua falta"


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