Domando o Destino escrita por deh_ruiz


Capítulo 10
Capítulo 09 – Deja-vu




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    Capítulo 09 – Deja-vu

    Haviam se passado dez luas desde que Xena morrera em Higuchi. Ela e Gabrielle foram ao Egito juntas, se meteram em guerras civis e acabaram por salvar o Egito mais uma vez. Depois voltaram à macedônia e decidiram ir para Éfeso, pois as duas ouviram que Eva e os seguidores de Eli estavam pela região. Ao chegarem lá, na virada do verão para a primavera, Xena foi avisada de que a vila corria perigo, como a boa guerreira que era, logo foi conversar com Derek, o charmoso capitão da guarda. Este não tirava os olhos de Gabrielle, o que fazia o sangue da morena ferver de ciúmes.
    - Xena, vou dar uma volta pela vila.
    - Não se meta em encrencas mocinha – disse plantando um beijo na testa da loira.
    
    Gabrielle andava pela vila quando viu uma garota jovem que atirava flechas em um tronco de arvore. Vendo que a garota era muito boa foi conversar com ela, talvez descobrir algo mais sobre o ataque que estava por vir.
    - Olá – disse a barda sorrindo para a menina – você mora aqui em Éfeso certo?
    Quando a garota virou o rosto para olhá-la Gabrielle a reconheceu, apenas não sabia de onde. Sentiu um carinho imediato pela garota, como se fossem amigas, mas não entendeu a razão do sentimento.
    - Olá – respondeu a garota. Ela devia ter por volta de 19 verões, tinha olhos e cabelos castanhos claro e umas sardinhas em volta do nariz e das maças do rosto.
    - O que você sabe sobre esse ataque? – perguntou a barda.
    - Os guerreiros de Calais estão invadindo o vale. Mas eu aposto que o pelotão de Derek da conta. Calais é um idiota que pensa que sabe guerrear, eu invadi o acampamento deles ontem e ninguém me viu – respondeu orgulhosa.
    - É uma coisa perigosa de se fazer – disse sorrindo admirando a coragem da menina – eu sou Gabrielle, qual seu nome?
    - Gabrielle? A barda guerreira? – perguntou com os olhos arregalados.
    - Sim – respondeu rindo, achava engraçado quando isso acontecia – você não me disse seu nome.
    - Sou Kara!
    Então Gabrielle se lembrou de onde conhecia a menina.
    - Espera! Você é a vidente do monte Fuji, a que me deu a ambrosia para salvar Xena!
    - Han? Desculpe Gabrielle, você deve estar me confundindo com outra pessoa. Eu nunca saí de Éfeso desde que meus pais morreram há nove verões atrás.
    - Bom... Deve ser isso mesmo.
    - Arrumou uma amiga Gabrielle? Assim eu fico com ciúmes – disse Xena simpática, então estendeu uma mão para Kara e se apresentou – Sou Xena.
    As pupilas da garota dilataram de tanta felicidade.
    - X... Xena? Nossa... Eu sou Kara! Muito prazer – disse estendendo a mão de volta – como eu posso ajudar vocês duas?
    - Você é boa com isso? – Xena perguntou apontando para o arco.
    Sem responder Kara mirou em uma maça que ainda estava presa a um galho de arvore, e, atirando derrubou-a. em seguida foi até ela, pegou a maçã, retirou a flecha e jogou para Gabrielle, que comeu a fruta feliz. Xena estava impressionada.
    - Quem sabe você possa ficar de guarda nos portões da cidade – disse Xena.
    - Espere ai, sem ofensas a você Kara, mas, tem certeza Xena? Ela parece tão jovem.
    - Bobagem, na idade dela eu já tinha meu próprio exercito e já estava dando dores de cabeça para algumas vilas por ai – disse rindo sarcasticamente.
    Kara sorriu de volta e seus olhos brilharam.

    Durante aquele dia inteiro Kara ajudou Gabrielle e Xena como elas precisaram, e, de quebra, ganhou algumas aulas de espada com a própria princesa guerreira.
    Era madrugada e Gabrielle dormia enrolada em Xena, mesmo dormindo, a barda exibia um sorriso muito feliz, e, por isso Xena morria de pena por ter que acordá-la. Ouvira sons de metal, carretas de guerra e madeira chocando uma contra a outra, e, a guerreira sabia que esses sons em conjunto significavam uma coisa: Guerra!
    - Gabrielle meu amor, acorde, os guerreiros estão vindo
    Gabrielle gemeu e se abraçou ainda mais forte ao tronco da guerreira. Xena fez cócegas em sua barriga e a barda levantou num salto.
    - Xena! Odeio quando você faz isso
    A guerreira tentou parecer inocente.
    - Foi sem querer! Ouça.
    Gabrielle ainda emburrada ficou em silencio e fechou os olhos. Ouviu o mesmo que Xena e se alarmou.
    - Os guerreiros.
    - Se vista, ou vai lutar nua?
    - É uma boa idéia, distrairia meus inimigos.
    - E á seus aliados também! Acho que aquele tal Derek desmaiaria devido a sua beleza! – disse galanteadora, já se vestindo
    - Adoro quando você tem ciúmes, você diz coisas lindas – disse esticando para beijar sua amante.
    A guerreira sorriu feliz, apesar de sentir ciúmes, sabia que aquela barda era e sempre seria somente dela. As duas ouviram o alarme soar e se apressaram. As duas terminaram de se vestir e chegaram ao campo de batalha antes de todos. Gabrielle elevou os olhos e viu que era Kara quem tocava o alarme. Não viu mais ninguém com ela. Achando estranho apontou para a menina e Xena percebeu o que a barda queria dizer.
    - Ela está sozinha? Fazendeiros malditos! Vá com ela Gabrielle!
    A barda assentiu e fez o que Xena mandou.

    - O que faz aqui sozinha Kara?
    - Os outros homens disseram que só era preciso uma pessoa de noite.
    - Idiotas! A noite é o melhor horário para ataque!
    - Estão rompendo os portões Gabrielle!
    - Toque o alarme novamente.
    A arqueira assentiu e obedeceu. O inimigo começara a jogar gazuas no muro, então Kara prontamente deixou de tocar o alarme e cortar as cordas.
    - Muito esperta você – disse sorrindo.
    Logo se viu um chakram irromper das sombras, cortando todas as cordas e fazendo os inimigos caírem um a um no chão. Kara olhou para traz e agradeceu Xena com um sorriso. Os homens de Calais romperam os portões e entraram na vila
    - Kara, está tudo bem por aqui, nós damos conta, se importa de ir ver os fazendeiros?
    - Estou indo!
    Gabrielle ainda se preocupava por deixar uma garota tão jovem no meio de uma batalha. Assim que Kara partiu Gabrielle pulou no meio da batalha, dando cabo de vários homens.
     Dois homens vieram em cima da barda ao mesmo tempo. Enquanto cuidava do que estava a sua frente com uma clava, sua guarda ficou aberta. Ela ouviu alguém gritar seu nome. Quando se virou viu que o homem caia e havia uma flecha em suas costas, procurou o dono da flecha e seus olhos se encontraram com os de Kara. Gabrielle assentiu em agradecimento e Kara saiu correndo para a estalagem, onde estavam os fazendeiros. Tanto a barda quanto a arqueira foram tomadas por um forte sentimento de déjà-vú, mas no calor da batalha ignoraram.
    Como era de se esperar a batalha foi ganha sem muitos sacrifícios e com muita facilidade.
    - Esse Calais é um verdadeiro idiota. Tem um exercito pequeno e colocou tudo a perder sabendo que Éfeso tinha contratado uma boa defesa, verdadeiro tolo – comentou Xena com Derek e seus homens.
    Gabrielle estava sentada num banco comprido degustando de um bom vinho quando Kara se aproximou e sorriu para ela.
    - Posso sentar?
    - Claro Kara! Alias, obrigada por aquilo, eu tinha visto aquele guerreiro atrás de mim, mas eu não estava conseguindo me livrar daquele homem na minha frente. Você salvou-me de uma boa.
    - Acho que se eu não tivesse lançado a flecha Xena teria dado um jeito – disse encabulada.
    - É... Ouça, partiremos amanhã bem cedo, eu queria me despedir de você antes de ir.
    - Ah – disse triste – Tudo bem, acredito que você e Xena tenham muito a fazer, certo? – sorriu tristemente.
    - Hey, não fique triste! Provavelmente voltaremos aqui.
    - Certo – disse Kara, ela sabia que não voltariam.
    - Vou me retirar para meu quarto. Até logo Kara.
    - Até, Gabrielle.
    
    Kara ficou observando quando Gabrielle sussurrou algo no ouvido de Xena, que tratou de dispensar logo os homens e seguiu a loirinha com cara de sacana. A menina riu, sabendo muito bem o que aconteceria.
    Logo Derek sentou ao seu lado no banco.
    - Ah, Gabrielle é tão linda! Luta tão bem.
    - Se eu fosse você não me animaria. Xena é apaixonada por Gabrielle, e é correspondida.
    - Eu achei que... Bom... É a vida, certo Kara?
    - Certo Derek, vamos beber vinho?
    - Claro! Acompanha-me, jovem guerreira? – disse feliz o Capitão.
    Kara sorriu e foram beber com os outros soldados.

    *Nove dias depois*
    Xena e Gabrielle haviam encontrado Eva e a acompanharam por um tempo, depois partiram, afinal, não era muito bom para a imagem dos seguidores de Eli serem vistos com guerreiras por aí, mesmo que estas guerreiras fossem as duas mães de Eva.
    A barda estava inquieta, tivera sonhos estranhos durante todos esses dias, mas sempre que acordava não conseguia lembrar, apesar disso tinha a sensação de que eles eram importantes.
    - Xena qual é, dá uma dica que preste! – disse Gabrielle emburrada.
    Estavam jogando ‘adivinhação’ desde que saíram da ultima cidade. E Xena havia dado dicas sempre ambíguas e difíceis.
    - Não posso Gabrielle, senão você vai descobrir!
    Gabrielle foi atingida por uma vertigem enorme, ela começou a ficar cada vez mais zonza e caiu do cavalo. Xena ouviu o barulho e olhou para o lado. Gabrielle já estava no chão e o cavalo no qual ela montava estava agitado. Xena segurou o cavalo pelas rédeas para evitar que ele pisasse na barda e depois foi ver o que aconteceu.
    Gabrielle ficou desmaiada por mais ou menos uma marca, Xena estava completamente preocupada. Mas a barda não demonstrava febre, e estava bem antes de desmaiar. Toda a situação fora muito repentina, mas isso não isentava Xena da preocupação.
    - Hm... Kara... – Gabrielle gemeu – Xena... Deu certo.
    - Gabrielle! Acorda! Gabrielle! – Xena chacoalhou carinhosamente sua amante e viu com alívio que ela abria os olhos.
     Mas não eram os mesmos olhos sorridentes de uma marca atrás, eram os olhos de uma pessoa sofrida com a alma despedaçada. Mas logo essa ‘pessoa’ que Xena viu nos olhos de sua amante sumiu, e deu lugar a uma barda afoita e feliz.
    - Xena!!! Você esta viva – a barda se jogou nos braços da guerreira chorando de felicidade.
    - Sim, estou viva desde que nasci – disse com um sorriso escondido nos olhos.
    - Não... Xena, eu preciso te explicar! Mas é complicado.    
    - Calma Gabrielle, você acabou de desmaiar!
    - Eu não desmaiei, eu estava voltando do passado.
    - Han? Gabrielle, você comeu aquele pão de nozes inteiro sozinha? Eu disse para você...    
    - Não Xena! Fica quieta e escuta!
    A Guerreira obedeceu para não contrariar.
    - Xena você morreu em Higuchi, mas do futuro alternativo de onde EU vim, você permaneceu morta, até que uma estação e algumas luas depois eu conheci Kara e ela me ajudou a te trazer de volta.
    - Kara? A Kara de Éfeso?
    - Sim Xena! Por isso que eu me afeiçoei a ela... Eu acho que meu corpo sabia do que minha mente não tinha se lembrado... Bem, não importa, precisamos falar com ela!
    - Antes você termina de me explicar.
    - Está bem, resumindo, o plano era pegar a ambrosia, viajar ao passado, impedir que eu queimasse seu corpo para eu poder te ressuscitar com a ambrosia.
    - É um plano muito bem elaborado, mas como vocês foram ao passado? A pedra de cronos foi destruída pela Callisto!
    - Ares... Bom, no começo era Afrodite quem ia nos transportar para o passado, mas ela mesma confessou que era péssima nisso, então Ares se ofereceu para ajudar.
    - Você aceitou a ajuda de Ares!? Poderia ser uma armadilha Gabrielle!
    - Mas não era, ele me convenceu pelos olhos dele, além disso, não tinha muito o que fazer, também não tinha escolhas. Preferia que ele me matasse a viver num mundo sem você Xena.
    - Desculpe Gabrielle, apesar de Altruísta eu fui muito egoísta com você.
    - É, foi... Mas agora já passou. Você está de volta porque o plano de Kara deu certo. Se eu me lembrei de tudo agora, ela também lembrou.
    - Ela é uma boa garota...
    - Xena?
    - Sim?
    - Quem melhor que a menina que te trouxe de volta para levar em frente o nosso legado?

     Xena sabia do que Gabrielle estavam falando. Muitas luas atrás as dias haviam discutido sobre achar alguém para treinar, alguém que não fosse usar o conhecimento das lutas para o mal, nem para obter o poder desmedido. Gabrielle, de certo modo, conhecia Kara muito bem, bem o suficiente para perceber que ela tinha uma alma pura. Para começar, os pais dela foram mortos, e ao invés de procurar vingança, ela quis procurar um modo de fazer justiça, não por ela, mas sim para outros não passarem o que ela passou.
    - Xena, ela não tem família... Está só, aposto que ela apreciaria viajar conosco por um tempo...
    - Eu não sei Gabrielle, você pode conhecê-la, mas eu não. Faremos um teste com ela, pediremos que viaje conosco por algumas luas. Se eu estiver certa disso tudo... Bom, então ela pode ficar conosco.
    Gabrielle abraçou a guerreira com amor, carinho, e uma saudade enorme que veio com ela do passado.


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