Closer escrita por Dolphin


Capítulo 1
Closer




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C L O S E R

Havia apenas uma coisa em minha mente desde quando eu

acordei bem de manhã

E quando fui dormir à noite

Você sabe como meu coração sente, como eu quero

guardar os sentimentos que tenho para você?

Eu não posso deixar você ir

Você é o único em minha vida!

TRHEE DAYS
Musica: Rainy Night - Xiah Junsu


Chove em meu coração,
As lagrimas não param, esta noite
No fim,você me deixou para trás.
Como algo temporariamente esquecido...
Sinto sua falta.

- SOOMIN! -
Olhei pra trás. Sorri. Era impossível não sorrir quando ele estava perto de mim. Por mais que o dia estivesse péssimo. Por mais que eu quisesse sumir. Por mais que toda a culpa fosse apenas e absolutamente dele. Quando ele aparecia a vontade não mais existia. A minha felicidade estava com ele. Era ele. Se ele me deixasse, ela se esvaia. O momento mais feliz e mais triste do meu dia era quando ele estava ao meu lado
- SOOMIN!! - Ele caminhava sorridente em minha direção. Sequei as lágrimas que ainda insitiam em cair, respirei fundo e coloquei o sorriso já treinado no rosto.
- Oi. - Levantei e ele me abraçou quase derrubando a nós dois.
O cheiro dele veio com tanta intensidade que eu fechei os olhos com força e minha garganta se prendeu em um nó. O cheiro que sempre estava comigo. O cheiro que eu reconhecia de longe. O cheiro só dele, indescritível e inesquecível. Mordi o lábio em uma tentativa de impedir que as lágrimas, presas em meus olhos, caíssem. Eu não podia chorar na frente dele sem poder depois explicar o porque das minhas lágrimas. Ele não entenderia e eu não poderia explicar, não iria conseguir. Eu também não podia chorar na frente 'dela'. Eu apenas não podia chorar. Não era justo com ele chorar, não era justo comigo chorar. Sumir! Era isso que eu queria. Era isso que eu realmente desejava, apenas isso.

Ele me soltou devagar e pegou em minha mão, sorrindo. O sorriso que jamais saía do rosto dele, o sorriso que iluminava meus dias, que me protegia.
- Você me deu o bolo ontem. - Ele falou fingindo irritação, eu sorri fraco encarando meus pés.
- Tive uns probleminhas, me desculpa. - Não consegui erguer a cabeça para olhá-lo. De uns meses pra cá era impossível olhá-lo nos olhos. Encarei minha mão entrelaçada na dele.
- Tô brincando, pequena. - Ele sorriu sapeca. Meu coração apertou. Porque isso tinha que estar acontecendo comigo? - Eu tive que sair também pra resolver umas coisinhas antes do dia. - Explicou e olhou para ela.
- Oi, Tae. - Sorri e soltei a mão de Junsu, por mais que o meu desejo fosse ficar com ele assim pra sempre, e a abracei.
- Oi, Min. - Ela sorriu, meiga. Eu queria ter raiva dela. Queria culpar ela por tudo. Queria brigar com ela, mas não conseguia. Por mais que eu quisesse pôr a culpa nela, ela não tinha culpa alguma. Era perfeita!

- Está fazendo o que aqui só, pequena? Está escuro e frio. - Ele me abraçou por trás e colocou o queixo no meu ombro. Eu me arrepiei com o toque dele. Cada toque era um choque em meu corpo, era como se ele estivesse ligado em uma corrente elétrica. TaeYeon sorriu. Bem no fundo eu desejava que ela sentisse ciúmes, que me odiasse. Talvez eu merecesse que ela sentisse ódio por mim. Mas ela não me odiava e estranhamente isso me deixava ainda mais machucada.
- Apenas estudando. - Falei. Não era uma mentira. Virei meu rosto para olhá-lo, nossos rostos a centímetros de distância.
- Vamos entrar pequena, está frio demais. - Ele me apertou contra seus braços e eu olhei para os seus braços arrepiados. Por mais que eu estivesse apenas com uma blusinha de alça, eu não estava com frio, eu não tinha espaço para sentir frio. O frio não era nada comparado a dor que me atingia naquele momento.
- Ain , você não esta com frio não? - Tae me olhou dos pés a cabeça fazendo uma caretinha. Provavelmente estranhando eu está de shortes e regata com aquele frio que estava fazendo.
- Ela é estranha, Tae. - Junsu falou e o meu ombro doeu, já que ele estava com o queixo pressionado contra ele. Eu tive que rir, ele sempre me chamava de estranha. Desde de pequena.
Por um minuto várias lembranças vinheram à tona, todos os momentos felizes e tristes que eu tinha passado com ele, mais felizes do que tristes, todas as bobagens que aprontamos, todos os castigos que tivemos que aguentar, todas as roubadas que nos metemos, o nosso primeiro beijo. Sim! Resolvemos aprender sozinhos mesmo. Quem melhor que o melhor amigo para nos ajudar numa hora dessas?
Tudo passou como um filme sendo acelerado, e por um momento eu me esqueci da presença deles ali comigo.

Baby eu ainda te amo
Por favor, não chore mais,
Você está sempre chorando, baby
Mas essa parte de você é tão doce
Mas agora não sou eu, é outro alguém
Que está enxugando as suas lagrimas


O tempo passou tão rápido. Tão rápido que eu nem percebi. Cheguei a pensar que tinha todo o tempo do mundo. Em um momento éramos crianças\adolescentes e fazíamos tudo juntos. Agora ele esta noivo. 
No dia em que ele mencionou essa palavra meu mundo caiu. Eu não entendi bem o por que, afinal, ele era só meu amigo, meu irmão, nada mais que isso. Sempre foi a minha vida toda. 
Ele sempre me apresentava as namoradas e pretendentes a namorada, e eu fazia o mesmo com ele, mesmo já sabendo que sua opinião era sempre a mesma. Nenhum dos meus namorados prestavam. Na maioria das vezes ele tinha razão. 
Já eu sempre o mandava seguir em frente. Junsu sempre teve bom gosto para garotas e com a Tae não foi diferente. Eu gostei dela logo de cara.
Simpática, bonita, meiga e sempre com um sorriso nos lábios. Era o meu amigo em versão feminina. Apoiei quando eles disseram que estavam namorando. Eu ajudava o Junsu a fazer as festas surpresas do Dia dos Namorados e aniversários, mas quando aquela noticia veio tudo mudou; e junto com a grande noticia veio o convite para ser madrinha. Eu não tive como recusar, eu não podia recusar.

No inicio eu pensei que fosse apenas ciúme bobo de melhor amiga. Eu apaixonada pelo meu melhor amigo? Que absurdo. Tudo bem que a gente ficava de vez em quando, principalmente quando estávamos solteiros, mas era apenas por brincadeira. Depois que ele e a Tae ficaram juntos não rolou mais nada entre a gente, isso já faz dois anos. Nunca levamos a sério nossas ficadas e eu nunca tive ciúmes dele com outras garotas. Junsu sempre esteve ao meu lado e se eu fosse mesmo apaixonada por ele teria descoberto mais cedo, certo? Errado. Eu era apaixonada por ele desde sempre. Só demorei muito para perceber isso. Demorei demais para entender e diferenciar meus sentimentos por ele. Demorei uma vida inteira. 

Eu estou apenas vivendo em lembranças
Este sentimento será eterno
Mesmo se incessantes chuvas caiam em meu solitário coração,
Eternamente o encharcando
Eu não posso dizer ‘adeus’ porque eu te amo...


A cada dia, a cada hora que passava eu me sentia pior, me sentia sem chão. A cada dia que a data, já marcada, do casamento se aproximava um pedaço de mim desaparecia. Já não comia mais direito e minhas notas na faculdade tinham caido. Tentei me afastar de Junsu para tentar entender melhor o que se passava comigo, mas isso foi completamente impossível. Eu não podia tirar ele da minha vida, por que assim eu morreria. Ele era minha vida!
Eu tive esperanças de que tudo ficasse mais claro dentro de uns dias e que eu estivesse apenas confusa com tudo aquilo. Já tinham se passado três meses, e tudo só piorava. E tinha certeza que só iria piorar mais.
Junsu sempre esteve ao meu lado. Eu sempre o tive, mas na hora que ele está saindo descubro que a minha vida sem ele não existe. Que ele é tudo pra mim. Eu não estava perdendo o amigo, mas sim o amor da minha vida.

Sempre dizem que só descobrimos o que uma pessoa realmente significa, e o quanto é importante para nós, quando estamos prestes a perdê-la. Eu nunca imaginei que algum dia eu fosse realmente saber o significado dessa frase e de uma forma tão dolorosa. E sabe o que mais me doí? É não poder fazer absolutamente nada.
Ele estava feliz, muito feliz. Eu podia ver a cada sorriso que seus lábios exibiam, a cada palavra que saia de sua boca, no brilho dos seus olhos. Ele a amava de verdade e ela também o amava. Ela o fazia feliz. Como odiar uma pessoa que faz a pessoa que você mais ama no mundo feliz? É impossível. O que mais importava pra mim era a felicidade dele. Eu não seria egoista ao ponto de pedir para que ele não se casasse. Eu nem ao menos sei o que estou sentindo, é confuso e uma mistura de tudo saudade, angustia, perda, tristeza, raiva. Só sei que dói. Dói pra caramba. E esta me destruindo aos poucos. Como se algo estivesse sendo arrancado de mim. E realmente está.

Mas eu te amo,você é inesquecível
Estou apenas vivendo em lembranças que não posso esquecer.
Este sentimento é eteno
O seu perfume do dia que nos abraçamos, nunca deixara meu corpo
Baby eu te amo


-Congelou? - A voz de Junsu tirou-me do transe. Eu apenas balancei a cabeça negativamente. - Vai entrar ou quer que a gente congele aqui com você também? - Ele soltou-se de mim e foi para o lado da noi...TaeYeon. 
- Vamos Min, quero te mostrar umas coisas. - Tae falou animada. Eu sabia o que ela queria me mostrar, e não estava preparada pra isso naquela noite.
- Você vai ficar folheando revistas de novo? - Junsu rolou os olhos e passou o braço pela cintura dela, abraçando-a. Eu tremi, o frio nada tinha a ver com isso.
- Ela passou o dia todo folheando revistas, pequena .- Ele olhou pra mim sorrindo e deu um beijo na bochecha dela.
- É o nosso casamento, tem que ser tudo perfeito. - Ela deu de ombros. - A Min é mulher, ela entende. - 
Eu preferiria ter levado um soco no estômago do que ter escutado essa palavra novamente. CASAMENTO! Há meses eu vinha evitando ouvir ou ver qualquer coisa que se relacionasse a isso, o que estava sendo um pouco impossível.
- Vai sair tudo perfeito, porque você é perfeita. - Ele acariciou o rosto dela. Eu não podia mais aguentar aquilo. Abaixei a cabeça na esperança que um buraco se abrisse no chão e eu entrasse dentro dele, seria tão mais fácil. - Ok, minha dose de frio por hoje já está esgotada. - Junsu reclamou novamente.
- Vou entrar também. - Falei sem olha-lós, não queria vê-los abraçados. Peguei os livros que estavam em cima da mesa. Estava tentando recuperar minhas notas na faculdade. Saí andando na frente, sentindo que eles estavam logo atrás de mim.

Foi a noite mais longa da minha vida. E olha que de uns meses para cá minhas noites tem sido bem longas. Mas essa entrava para a lista de maiores e piores, porém a pior ainda estava para chegar, faltavam apenas 2 dias.
Tudo que se falava ao meu redor tinha a ver com o casamento,casamento, casamento... Quem sabe repetindo essa palavra eu me acostume com ela? Não que eu ache isso possível.
Me encolhi no sofá na tentativa de que aquilo não passasse de um pesadelo. Eu não tinha aberto a boca um minuto se quer e encarava minhas unhas, ou meus pés, a maioria do tempo enquanto TaeYeon e minha mãe conversavam animadamente e Junsu assistia alguma coisa na televisão. De vez em quando sentia o olhar dele sobre mim, mas eu não tinha coragem de olhar pra ele. Eu só queria poder sumir dali.

Este mundo sem você vive na escuridão
Seria bom se tudo isso fosse apenas um sonho.
Eu quero te ver,oh my boy
A razão porque eu não posso te ver
É seu adeus, que eu não quero ouvir.


TWO DAYS
Musica: TAXI - DBSK


Virei-me para o outro lado da cama quando o sol atingiu meu rosto. Espera. Cama? Como eu tinha ido parar na cama?
Abri os olhos preguiçosamente protegendo-os com uma das mãos contra a luz do dia. A claridade estava mais forte do que imaginei, provavelmente a cortina estava aberta. Tentei lembrar como tinha ido parar ali. A ultima coisa que lembrava era de estar na sala escutando minha mãe e a TaeYeon falarem de um assunto que eu não quero lembrar, mas não lembrava de ter vindo pro quarto e muito menos de ter dormido. Coloquei o travesseiro sobre minha cabeça enquanto a outra mão tateava a mesinha que ficava ao lado da minha cama a procura do meu celular. Assim que achei o peguei para ver as horas: 8 da manhã. Virei-me e encarei o teto. Eu não queria acordar, o que eu mais desejava era dormir para sempre.
Estiquei minha mão para colocar o celular de volta na mesinha e acabei derrubando alguma coisa no chão.
Virei-me um pouco e peguei o que tinha derrubado no chão; um bloquinho de papel. Quando fui colocar ele de volta ao lugar de onde caiu percebi que na primeira folha tinha algo escrito, trouxe para mais perto do rosto para conseguir ler. Logo reconheci a caligrafia fina e quase ilegível de Junsu. Sentei-me na cama, já não me incomodando com o sol ou com a hora.

'Pequena! Você estava estranha ontem, eu sei que você é estranha desde que nasceu, mas você ta um pouco mas estranha do que já é estranha esses dias. O que é estranho. haha
Sério, estou começando a ficar realmente preocupado. Espero que não esteja acontecendo nada. Quero conversar com você, ok? Te sinto um pouco distante... não sei.
Enfim...
Ontem você acabou dormindo no sofá, eu te carreguei e te coloquei na cama, ta ficando pesada ok? Não se acostume. Mentira, pode se acostumar sim.
A Tae pediu pra te lembrar da prova de roupas amanhã, mas sei que você deve ter anotado em algum canto. Ela vai passar aí na sua casa com a mãe dela.
E eu REALMENTE quero conversar com você! Depois da prova de roupas, a Tae vai ver umas coisas com a mãe dela sobre o cerimônia e sei que você vai achar isso chato, eu te conheço! Então me liga que eu vou te buscar ok? Vou está livre o dia todo.

Eu te amo mais do que você me ama.
Te amo pequena! Beijo.
Junsu


Ele estava tremendamente errado sobre me amar mais. Era impossível ele me amar mais do que eu o amava.
Coloquei o bilhete de volta ao lugar que estava antes de cair e me encolhi na cama querendo que o mundo parasse naquele momento e eu conseguisse descer dele. Fiquei encarando o teto por minutos incontáveis, enquanto sentia as lágrimas escorrem pelo canto do meu rosto. O que eu mais tinha feito todos esse meses foi chorar. Era a única coisa que eu podia fazer para aliviar tudo que eu estava sentindo. Chorar.
Minha vida tinha se tornado um inferno!

Mesmo a sua voz, mesmo seus frágeis ombros.
Mesmo os seus olhos não são meus.
Não importa que eu esteja ao seu lado,
Meus sentimentos não se tornarão realidade, a menos que se destrua o seu futuro.
Um sonho de um momento. Eu te amo tanto que me dói.

Eu queria ter coragem para pedir ao Junsu para que não se casasse, mas eu tive meses para fazer isso e não tive coragem, porque iria fazer agora faltando apenas um dia para o casamento? Não era justo acabar com a felicidade de uma pessoa assim. Em nenhum momento seria justo.
Eu tinha certeza que ele me amava, mas a certeza era do amor de amigo que eu também sentia por ele antes de todo esse novo sentimento vir à tona. Eu não podia pedir pra ele deixar o certo, o amor que a Tae sentia por ele e ele sentia por ela, pelo duvidoso. Eu ainda estava confusa com os meus próprios sentimentos.
Mas eu queria, ou melhor, eu precisava falar. Isso estava me enlouquecendo. Nessas horas a gente precisa desabafar com os amigos, mas a única pessoa que eu podia desabafar a única pessoa que me consolava, que me ajudava a resolver todos os meus problemas, que sempre me dava o ombro para que eu chorasse, que aguentava minhas crises era a que não podia saber, era pra qual eu não podia contar. Pois tudo que eu estava sentindo era absolutamente por causa dele. Tinha esperanças que ele entendesse tudo que eu estava sentindo apenas com o olhar, como ele sempre fazia, mas nem conseguir olhá-lo nos olhos eu conseguia. E como outra pessoas podem entender o que está acontecendo com você quando você mesma não se entende?
Eu queria, como eu queria falar tudo pra ele. Mas eu tinha medo da rejeição, tinha medo que ele me achasse boba. Eu apenas tinha medo! 
Xinguei-me mentalmente por ser tão covarde.

Toda vez que separadas nossas mãos entrelaçadas,
Tentava agarrá-la com calor.
Toda vez que acho que poderei te ver novamente,
Meu coração tinge de uma adorável sombra.

Não adiantaria mais ficar chorando na cama, isso não iria fazer que eu sumisse, isso não iria afastar os problemas. Estava apenas prendendo mais uma pedra ao meu pé para que afundasse no rio de dor mais rápido. Levantei da cama e fui em direção ao banheiro. A Tae como sempre pontual, já estaria chegando. Entrei no banheiro e bati a porta com força, depositando minha raiva nela.

• • •

- Linda! Linda! Linda! - A mãe de TaeYeon a olhava deslumbrada.
Ela estava em cima de um pequeno palco redondo que ficava no meio de uma sala toda cheia de espelhos. Vestia um vestido romântico, tomara que caia, com detalhes em pérolas. Lindo.
Eu estava sentada no sofá branco que enfeitava o local, com os braços cruzados, tentando manter um sorriso animado no rosto, mas querendo sumir dali. Eu nunca quis tanto sumir de um lugar como eu queria naquele momento.
- O que você achou Min? - Tae me olhou com aquele sorriso que me lembrava o do Junsu.
- Perfeito Tae. - Juro que tentei falar com animação e mostrar o quanto gostei. Mas era simplesmente impossivel pra mim. Era masoquismo.
- Tem certeza?! Não está estranho? - Ela se mexeu na frente do espelho, virando várias vezes. - Quero sua opinião em tudo, Min, afinal, você é a melhor amiga dele. Você o conhece melhor do que ninguém. - Ela sorriu doce.
Me senti a pior pessoa do mundo. O diabo em forma de gente e este estava sendo meu inferno particular na terra, em todos os sentidos.

- Você está linda, Tae. Linda mesmo! Não se preocupa que tudo vai ficar perfeito. - Cada palavra que saia da minha boca doía. Mas ela não tinha culpa, amanhã seria o melhor dia da vida dela. Ela estava feliz e merecia está feliz. Eu não podia acabar com isso. Ela confiava em mim. MAS ELA NÃO PODIA CONFIAR EM MIM. Eu não confiava em mim. Precisava dizer isso a ela.
- Você deve ta achando tudo isso muito chato ne? - Ela sorriu, virando-se completamente pra mim. - Desculpa. -
Droga, eu não tinha o direito de fazer isso.
- Não, é que... - Tentei falar alguma coisa, mas nada vinha em minha cabeça. Eu não queria magoá-la, mas realmente não suportava ficar mais naquele lugar.
- Eu sei Min. - Ela sorriu fofa. - O Junsu me fala muito sobre você, a cada dez palavras que ele fala no dia, onze tem o seu nome. - Ela riu, e eu tive vontade de me jogar da janela mais proxima. - Se vocês não fossem tão amigos eu morreria de ciumes, mas não tem como competir com melhor amiga não é? Ele disse que você odeia provar roupas e odeia esperar, eu acho que te conheço mais de tanto que ele fala de você. - Ela falava tudo com um sorriso no rosto. Fofa como sempre. É, eu tinha que sair dali. - Ele pediu pra você ligar pra ele quando terminasse, se você quiser fazer isso. - Ela disse simpática e voltou a olhar-se no espelho.
Eu precisava fazer aquilo.
- Você não se importa? - Perguntei tensa.
- Não sua boba, você já fez muito por mim. - Ela balançou a mão em minha direção.
- Vou ligar pra ele então. - Me levantei do sofá e fui até onde ela estava. - Você está linda Tae.- Fui sincera. 
- Obrigada Min, obrigada por tudo mesmo. - Ela desceu do palco e veio me abraçar.
- Que isso. - Sorri fraco e me despedi dela antes de sair daquele ambiente fechado. Acenei para mãe dela que sorriu amigavelmente.
Sai quase correndo daquele ateliê. Peguei o celular em minha bolsa e disquei o número de Junsu, que eu sábia decorado.
Depois de três toques, ele atendeu.
- Oi pequena. - O som de sua voz era feliz. Eu sorri, só de ouvir a voz dele eu sorria, era instântaneo. Por mais que eu quisesse está longe dele não era possível; ficar perto me matava aos poucos, ficar longe me matava ainda mais lentamente e mais dolorosamente.
- Você ta onde? - Perguntei com a voz abafada. Ele demorou um pouco para responder.
- Não sei te explicar, vim provar minha roupa sabe. - Imaginei ele falando isso com sua cara de desgosto, ele também odiava provar roupas. - Mas não sei o nome da loja. Eu ri.
- Esta sozinho? - Perguntei atravessando a rua na faixa de pedestres. Vi um taxi parar do o outro lado, fiz sinal para que ele esperasse.
- Sim. - Respondeu. 
- Explica direito onde você esta. - Entrei dentro do taxi e fiz sinal para que o motorista esperasse.
- É perto do shooping... - Ele falava pausadamente. - Espera!. -
O telefone ficou mudo por uns segundos.
- Seoul Teukbyeol-shi, Gangnam, Cheongdamdong n°97-1.- Ele falou rapidamente e eu repeti tudo para o motorista dando sinal para que ele partisse.
- Ta, já chego aí. -
- Ok, amo você. - Ele falou e a linha ficou muda, mas eu sabia que ele não tinha desligado ainda.
- Te amo mais. - Falei com dificuldade e escutei um riso baixo do outro lado, a linha foi cortada.
Joguei minha cabeça pra trás encostando no banco e só abri meus olhos quando o motorista falou que tinhamos chegado.
Não sei bem o quanto de dinheiro que dei a ele e nem ao menos esperei pra ver se teria troco, desci do carro e logo vi a enorme loja de roupas masculinas.
Entrei sob o olhar dos vários vendedores. Um deles se aproximou de mim.
- Posso ajuda-lá? - Perguntou.
- Sim, estou procurando um amigo o nome dele é Junsu. - Falei não tendo certeza se ele poderia mesmo me ajudar.
- Ah, ele avisou que uma garota chamada SooMin ia procura-lo. -
- É, sou eu. - 
- Ele está na terceira cabine. - O vendedor apontou um pouco para o fundo da loja, onde tinha uma placa com o nome provadores. - Ele deve está lhe esperando. - Agradecei e caminhei até a direção que ele tinha me indicado.
A plaquinha com o número '3' logo chamou minha atenção. Os homens que estavam por perto me olhavam assustados. Não liguei, bati duas vezes na porta.
- Junsu?! - Perguntei em dúvida, a porta se abriu e eu não estava nenhum pouco preparada para isso. Paralisei. Se está lá com a Tae estava sendo dificil, aqui isso tornava-se quase impossível. Tentei puxar o ar mais não consegui. Ele sorriu em dúvida e eu sorri. Instantâneo. 
- Nossa! - Eu tive que falar alguma coisa pra conseguir respirar.
- Ta tão ruim assim? - Ele mordeu o lábio e ficou de costas pra mim, se olhando no grande espelho.
Ele estava usando um fraque preto. Parecia aqueles principes saídos dos contos de fadas. As palavras que viam em minha mente não faziam juz ao que eu estava vendo. Simplesmente perfeito!
- Está lindo. - Minha voz saiu embargada. Eu tossi.
- Não estou parecendo um pinguim? - Ele fez uma careta. Nós nos olhávamos pelo espelho.
- Ta um pinguim lindo. - Eu sorri e ele deu lingua.
- Estou me sentindo tão estranho. - Ele mexia na roupa sem parar, entortando-a um pouco.
- Esta perfeito ok? - Me aproximei dele com receio e o virei de frente pra mim.
- Você só fala isso porque é minha amiga. - Ele disse enquanto eu tentava desentortar a roupa e fazer minhas mãos pararem de tremer.
- Por isso mesmo, estou sendo sincera. - Sorri fraco e o virei novamente para frente do espelho. Nós dois o olhavamos.
- Hm, vou fingir que acredito. - Ele disse e eu belisquei a cintura dele. - Ai malvada. - Ele se encolheu e depois me abraçou e me abraçou pela cintura. Próximo demais. - Depois que sairmos daqui, quer comer alguma coisa? - Ele perguntou e eu apenas balancei a cabeça confirmando.
- Pensei que despedidas de solteiro fossem feitas só de homem. - Tentei fazer piada. Ele sorriu.
- Minha despedida de solteiro vai ser com você. - Ele olhou em meus olhos, eu desviei o olhar.
Um pigarro chamou nossa atenção e olhamos para porta que eu tinha esquecido aberta, o vendedor que antes tinha me ajudado estava parado.
- Err, desculpe atrapalhar. - Ele sorriu sem graça.
- Você não atrapalhou. - Me afastei um pouco de Junsu.
- A noiva também não pode ver o noivo vestido antes do casamento. - O vendedor falou sorrindo e Junsu e eu nos olhamos.
- Não sou a noiva. - Falei tentando não mostrar o quanto aquilo tinha me feito mal. Junsu sorriu.
- É minha melhor amiga. - Explicou.
- Desculpem. - Ele sorriu envergonhado. - O senhor já vai levar ou vem pegar mais tarde? - Perguntou. Junsu se olhou mais uma vez no espelho.
- Acho melho levar de uma vez. - Ele deu de ombros. - Esta bom mesmo? - Ele olhou pra mim.
- Perfeito. - Sorri fraco e mordi o lábio. As malditas lágrimas insistiam em voltar.
- Ta, vou levar. - Ele falou e eu saí da cabine para que ele trocasse de roupa, em menos de dez minutos ele estava ao meu lado com uma sacola enorme em mãos.
- Obrigado e felicidades. - O vendedor sorria amigavelmente, ele retribuiu e saímos da loja. O sol forte fez com que eu fechasse meus olhos. Algumas pessoas andavam com cuidado na rua pois a neve que cairá a noite passada estava derretendo. Os carros andavam mais devagar que o normal.
O carro conversivél preto de Junsu estava estacionado em frenta a loja. Ele colocou a sacola no banco de trás e abriu a porta da frente para que eu entrasse, logo depois ele estava ao meu lado.
- Onde nós vamos? - Perguntou com as mãos no volante.
- Você convidou. - Dei de ombros ele sorriu.
- Quer ir no restaurante do Jae? - Ele perguntou e eu apenas concordei.
- Ele deve está ocupado com os preparativos do... - Não consegui continuar e agradeci quando ele falou:
- É, mas pelo menos eu vejo como estão indo as coisas. - Sorriu.
- Você não vai entender nada. - Ri. Ele só sabia que tinha que está pronto amanhã, às quatro da tarde, mais nada.
- Eu sei. - Ele fez uma careta. - Mas isso não quer dizer que eu não possa me mostrar interessado. - Ele sorriu sapeca, mostrando um pouco a língua.
Eu só suportava mais está ao lado do Junsu quando o assunto era casamento, porque ele não se prolongava no assunto, ele não entendia muita coisa para que pudesse falar algo.
Toda a organização estava na mão da Tae e da familia dela. As horas que eu estava com ele eram as horas do meu dia que eu simplesmente esquecia de tudo. O que era bastante irônico. Ficar com ele me fortalecia e me matava ao mesmo tempo.
Vasculhei a lista de musicas do carro dele, nossos gostos eram bem parecidos. Coloquei uma música agitada. Escutar baladas não seria recomendavél. Sendo que, da lista de noventa músicas, uma era agitada, demorei tanto para achar uma que antes que terminasse a música chegamos ao DBSK, o restaurante do melhor amigo do Junsu.
Estava bastante movimentado e todas as mesas a vista estavam ocupadas, mais isso não era problema para os amigos do dono do restaurante, claro. 
Não demorou muito para que um dos reponsáveis pela a entrada, viesse nos cumprimentar e fosse chamar o Jae. Assim que JaeJoong nos avistou acenou e veio na nossa direção animado.

- Pensei que só ia te ver amanhã, cara. - Ele apertou a mão do amigo. - Oi Min. - Deu um beijo na minha bochecha.
- Hoje eu tenho o dia livre. - Junsu falou sorridente.
- Cadê a Tae? -
- Está fazendo as provas de roupas. - Ele deu de ombros. - Tem mesa vaga? - Junsu olhou em volta eu acompanhei seu olhar.
- Vamos lá pra dentro. O pessoal está todo lá. - JaeJoong falou. "Lá dentro" ficava o lugar para receber só os amigos.
- Pessoal? - Junsu perguntou com uma cara curiosa enrugando um pouco a testa, a minha não devia está diferente.
- Era pra ser uma surpresa, mas você acabou com ela e eu também estava louco pra contar. - Jae falava enquanto andava na nossa frente. - Eles vieram me ajudar com algumas coisas.- Eu e Junsu nos olhamos sem entender, mas antes que conseguisse-mos perguntar alguma coisa JaeJoong abriu as duas portas marrons que trancava o salão de festas do restaurante.
- Olha quem chegou. - Ele falou saindo da nossa frente.
- Chegou o noivo! - Yunho gritou levantando as mãos.
Eu demorei um pouco para assimilar o que estava vendo. Não podia ser verdade.
Gritinhos e risos eufóricos ecoaram por todo o salão. Olhei em volta e foi impossível conter o verdadeiro sorriso que se formou em meus lábios. 
Todos estavam ali. Todos os nossos melhores amigos. Toda a nossa turma. Todos os amigos que tinham feito parte dos melhores momentos da nossa vida.Todos aqueles rostos inesqueciveis, que há tanto tempo eu não via. Era como se o meu maior desejo tivesse se realizado. Voltar no tempo.

Junsu e eu paramos como estátuas no lugar onde estávamos.
- Eu fiz de tudo para que todos viessem. - JaeJoong falou ao nosso lado. - Foi difícil. Bem difícil mesmo, mas consegui. - Ele sorriu orgulhoso ao olhar pra mesa.
- Eu não estou acreditando nisso. - Junsu falou e eu o olhei, seus olhos brilhavam ou seria o brilho dos meus que estava refletido no dele?!
JunHo se levantou da mesa. O irmão de Junsu que estava nos Estados Unidos há quatro anos.
- Mano. - Ele o abraçou apertado. - Pirralha, como você está? - JunHovirou-se para mim rindo. - Você não muda, continua pirralha. - Ele me abraçou eu retribui, sem conseguir falar nada, apenas com um sorriso bobo no rosto.
- Larga minha amiga, agora é a minha vez. - Escutei a voz de Amanda, a outra irmã do Junsu. Ela estava ao lado de Junsu e de JaeJoong, seu namorado. Amanda também morava nos Estados Unidos, por causa da faculdade de musica. Eles tinham uma relação difícil, já que só se viam duas ou três vezes por ano quando Jae podia ir nos Estados Unidos, mas o amor que sentiam um pelo outro vencia qualquer distância.
Ela me abraçou assim que JunHo me soltou e voltou a abraçar o irmão. Amanda, minha melhor amiga. Eu não podia acreditar que ela estava ali na minha frente. Nós conversavamos algumas vezes por telefone, mas depois que ela viajou tudo ficou mais dificil.

- Min, que saudades. - Falou ainda me abraçando, meus olhos estavam molhados e eu parecia ter desaprendido a falar.
Eu estava chorando, agora por todos os motivos existente. Ver aqueles rostos depois de tanto tempo traziam lembranças que a muito tempo eu tinha esquecido. Os momentos mais felizes da minha vida, o momento que eu estava rodeada de amigos, que eu não tinha que me preocupar com nada, apenas viver! Agora estavam todos na minha frente, tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. Aquilo me deixou tonta.
Quando Mandy me soltou para abraçar o irmão olhei atentamente para mesa, parando em cada rosto tão especiais para mim.
- NÃO ACREDITO! - Exclamei e levei as mãos a boca quando eu vi o bebê no colo de Fernanda. Ela sorriu. Me aproximei dela. - Não acredito! - Repeti em um sussurro ao ver a criança perfeita em seus braços.
- Não é lindo? - Ela olhou para o bebê com os olhos brilhando.
- Você me mandou a foto grávida e agora... - Eu não parava de olhar pro bebê. - Ele é muito lindo, Fernanda. - 
- Tão bonito quanto o pai. - Escutei a voz de Yunhoatrás de mim, também admirando o filho.
- Você continua humilde. - Eu sorri virando-me e o abraçando. 
- Esse aí não muda. - Fernanda riu.
- Dolphin, você continua pirralha. - Ele disse e depois deu um beijo em minha cabeça e depois se aproximou de Fernanda.
- Ele é perfeito como a mãe dele. - Yunho passou a mãos pelos ombros de Fernanda e deu um beijo na bochecha dela. Eu sorri. Eles eram um dos casais mais fofos que eu já tinha visto.Tinham se casado há tão pouco tempo, chegava a ser inacreditável que já tivessem um filho.
- Ele tem a mistura perfeita de nós dois. - Fernanda falou e eu sorri abobadamente.
- CUNHADA! - Olhei pra trás quando escutei a voz de Junsu. Ele abraçava MyoungHee, a namorada de JunHo e irmã mais nova de Fernanda. É, toda nossa vida tinha se formado naquele circulo de amizades, chegava a ser confuso.

- MinSeo! - Falei quando vi a mais nova da turma do outro lado da mesa. Assim que cheguei perto dela, a abracei.
- Min. - Ela se levantou. - Você não muda. - Ela me olhou.
- Espero que isso tenha sido um elogio. - Eu ri.
- Digamos que sim. - Falou e nós duas rimos. Ela era a unica que não me chamava de pirralha, porque ela era a pirralha verdadeira da turma.
MinSeo tinha ido pra China com os pais quando cursava o segundo ano do colegial. E desde então manter contato com ela foi difícil.
- Esse é o HanGeng .- Ela apontou para o rapaz que estava sentado. Ele sorriu. - Meu noivo. - Falou sorridente.
- Oi. - Sorri pra ele que me olhou confuso.
- Ele não fala coreano. - Ela disse rindo.
- Ah. - Acenei e ele retribuiu.
- . - Junsu e eu gritamos ao mesmo tempo, Yoochun olhou confuso pros dois lados.
- Dolphins! - Ele se levantou falando o nosso apelido. Nós rimos enquanto ele abraça a nós dois no mesmo momento.
Dolphin. Apelido que eles deram ao Junsu e a mim quando viram nossa primeira e unica briga. Eles disseram que a gente mais chorava do que brigava e que nossas vozes não passavam de gritos que lembravam os golfinhos. Daí surgiu o apelido. E também porque éramos os mais irresponsavéis do grupo e viviamos aprontando e nos fazendo de vítimas.
- Larga ele Yoochun, também estou com saudade deles. - A voz mandona e tão familiar de Natalia me fez rir. Ela me abraçou.
A mais velha das garotas, a mãe do grupo. Ela e o Yoochun que tomavam conta da bagunça toda. A ultima vez que estivemos todos juntos tinha sido no casamento dela e isso tinha sido há três anos. Ela havia se mudado para cidade natal de Yoochun, que ficava no interior da Coréia.

- Cadê o Pietro? - Perguntei pelo filho dela.
- Não deu pra ele vir, ficou na casa dos pais do Yoochun. - Elxplicou.
- Ahh, manda um beijão para ele, e diz que a tia ama ele e que está louca para apertar aquelas bochechas vermelhas. - Falei e ela concordou sorrindo.
- Gente, eu não estou acreditando que todos vocês estão aqui. - Junsu falou com os olhos molhados, mais ainda não chorava. Era dificil ver o Junsu chorando. Em toda minha vida eu só vi ele chorando umas duas vezes.
- Agradeça ao Jae. - MyoungHee falou sorrindo.
- É, agradeça a mim. - JaeJoong fez pose.
- Cara, não sei nem o que falar.- Junsu abraçou JaeJoong, ou melhor, quase pulou em cima dele.
- Bom, vou deixar vocês aqui por enquanto. Vou terminar de fazer umas coisas e depois volto. - Ele disse dando um beijo em Mandy e saiu.
Todos se sentaram na grande mesa. Os assuntos não paravam. Foi desde a infância até os dias de hoje, tinhamos muito o que falar. Eu queria que o mundo congelasse naquele momento pra sempre. Pela primeira vez em meses, eu estava realmente feliz.

JaeJoong se juntou a nós umas horas depois, quando o restaurante já havia fechado. Eram cinco da tarde. Foi a primeira vez que olhei pro relógio, mas me arrependi. A realidade me invadiu mais uma vez, faltava menos que vinte e quatro horas.
Eu conversava com Mandy quando meus olhos foram de encontro aos de Junsu ele sorriu e voltou a conversar com Yunho, JunHo, Jae e Yoochun.
MyoungHee segurava o sobrinho no colo com a cara mais boba possivel, todos já tinham pego o bebê pelo menos umas quinze vezes, e conversava com MinSeo.
Fernanda conversava animadamente com Natalia. Todos estavam absolutamente felizes. Eu não queria estragar isso, com a minha tristeza.

Eu sabia que iriam tocar a qualquer momento no "assunto", o que não demorou a acontecer. Quando perguntaram ao Junsu pela Tae e faziam gracinhas sobre casamento, algemas e liberdade. Eu me mantive calada. Esperei que ninguém tivesse notado minha mudança de humor.
- Juro, eu pensei que vocês dois um dia iriam se casar. - Yunho falou apontando se referindo a mim e ao Junsu. Minha respiração falhou por alguns minutos. Junsu me olhou e sorriu.
- Sabe que eu também. - Natalia riu. - Fariam um belo casal, sempre fizeram. -
- Acho que todo mundo pensava isso. - Yoochun disse.
Junsu não falou nada apenas sorriu. Eu não consegui fazer nenhum dos dois, era demais para mim.
- Jae, queremos comer. - Foi Amanda que cortou o assunto e logo todos concordaram com ela. Agradeci a ela mentalmente.
JaeJoongchamou todos de gulosos e foi na cozinha do restaurante pegar mousse de chocolate.
Mas aquelas frases não saiam da minha cabeça. Recusei o mousse de chocolate quando JaeJoong me ofereceu. Eu estava enjoada demais para comer alguma coisa.
Todos voltaram a conversar normalmente. Eu observava cada rosto, cada sorriso, enquanto tentava esquecer de tudo que iria acontecer dali a algumas horas, sem muito sucesso. Eu estava me sentindo sufocada, como se todo o ar do mundo estivesse se esvaindo. Tentei retribuir os sorrisos e responder as perguntas que me faziam, mas minha mente não conseguia formar mas que monossílabos.
Pedi licença a todos e me levantei, avisei que estava indo ao banheiro.
Ali naquela sala, só duas pessoas me conheciam tão bem ,até mais que eu para saber que eu estava mentindo: Junsu e Mandy. E está ultima me lançou um olhar de dúvida quando me levantei e sai do salão.

Quero te abraçar, quero te abraçar fortemente,
Mas ainda assim não serás meu. O meu coração quebrado
Quero abraçar-te, mas não posso,
Amo-te tal que transborda que me derrete,
Mesmo sem ser capaz de parar o táxi e fazer uma promessa
Suas mãos...


Eu conhecia um lugar bem perto que sempre me serviu de abrigo, e que a muito tempo eu não o visitava.
O sol estava se pondo, deixando o dia numa cor alaranjada. Um vento frio soprava, mas não me incomodava.
Dentro de poucos minutos eu cheguei no local que me traziam ótimas lembranças. O parque verde pouco movimentado, esquecido por muitos que por alí passavam todos os dias.
Como sempre não havia muitas pessoas, só alguns idosos e algumas crianças brincando. Eu não tinha mais forças para segurar as lágrimas e logo senti elas molhando o meu rosto. Fechei os olhos quando o vento trouxe o cheiro das folhas. Quando meus olhos se abriram, foi como se eu tivesse voltado no tempo.

- Flashback - 

Todos estavamos lá, sorrindo e felizes.
Uma grande toalha xadrez estava forrada no chão com duas cestas de pequenique segurando -a. O sol brilhava fraco no céu, estava entardecendo.
MinSeo, MyoungHee e JunHo, jogavam alguma coisa com pedrinhas, e a cada minuto um caia na gargalhada.
Yoochun, Junsu, Fernanda e Natalia jogavam futebol um pouco mais distantes e de vez em quando a bola acertava onde Mandy, Yunho, JaeJoong e eu estavamos sentados aproveitando o clima.
Dias simples, porém muito felizes.
Em uma das milhões de vezes que a bola acertou minha cabeça eu a peguei e disse que não ia mais devolver.
Junsu veio até mim e eu sai correndo com a bola em mãos. Eu sabia que mais cedo ou mais tarde ele me alcançaria, atravessei a ponte aberta que cobria o rio de águas limpas e parei no meio na parte mais alta tentando recuperar o fôlego. Estendi a mão para que Junsu parasse, ele também estava cansado.
Me aproximei mais da ponta pra ver o rio que brilhava com o sol. De vez em quando nós gostavamos de nos aventurar e tomar banho nas águas geladas, mas isso não acontecia com frequência.
Me distrai olhando os raios de sol que bricavam formando desenhos estranhos na água, parecia que milhões de diamantes estavam no fundo do rio, não vi que Junsu tinha se aproximado de mim. Só senti seus braços em volta da minha cintura.
- Peguei! - Ele sorriu. - E você vai ter que pagar por ter corrido com a bola. - Falou num tom divertido, eu não entendi.
- Hm? - Não deu tempo de olhar pra ele, com um impulso nós estavamos indo de encontro ao rio. Ele, eu e a bola.
Só senti o impacto e a água gelada perfurando minha pele como se fosse espinhos. Quando emergimos ele ainda me segurava.
- Seu louco. - Falei tossindo e ao mesmo tempo rindo. A bola já não estava mais comigo.
- Falei que ia pagar. - Ele sorriu sapeca.
- Vou te afogar. - Disse e coloquei minhas mãos na cabeça dele, empurrando-o para baixo.
No final das contas todos acabaram entrando no rio, e fomos pra casa a noite completamente encharcados e tremendo, depois que o guarda do parque pediu para que a gente se retirasse.

- Flashbak off - 

A ponte continuava lá, o parque continuava lá, só eu que tinha mudado, só a vida que tinha mudado, só os momentos felizes haviam passado.
Caminhei até o meio da ponte e me sentei, deixando que minhas pernas balançassem no ar.O sol ainda tinha o mesmo efeito sobre o rio, os diamantes do fundo ainda continuavam a brilhar.
Fechei os olhos com a esperança que todos os sentimentos ruins se esvaissem, com a esperança de um milagre acontecer. Não sei bem quanto tempo passei com os olhos fechados, mas quando os abri o sol já não se fazia presente, o céu estavam em uma mistura de laranja com cinza, a noite anunciava sua chegada. Senti uma presença ao meu lado, não me assustei por ver Junsuali me olhando em silêncio. Eu o olhei e encarei meus pés.
- Fiquei preocupado. - Ele quebrou o silêncio. - Pensei que você tivesse ido pra casa, mais logo lembrei desse lugar. - Eu continuava em silêncio. - Eles ficaram preocupados. - Eu sabia que ele estava se referindo aos nossos amigos. - Principalmente a Mandy, ela disse que iria na sua casa hoje a noite. -
- Onde estão? - Perguntei ainda fitando os meus pés.
- Eles foram para o hotel, mas tarde irão na minha casa. - Ele explicou e eu apenas balancei a cabeça.
Pela nossa conversa mais cedo, todos eles passariam uma semana na cidade.
- Min. - Ele me chamou eu o olhei por uns minutos. - Você quer conversar? 
Sim, eu queria, mas não podia.
- Junsu, eu.. - respirei fundo e abaixei a cabeça sem conseguir continuar a frase.
- Você? - Os dedos dele ergueram minha cabeça, me forçando a olhá-lo nos olhos.
- Eu.. - minha voz saiu trêmula. Não tive certeza se ele conseguia me ouvir, estava dificil até para eu me ouvir. Ele me olhou em silêncio, esperando para que eu continuasse.
- Junsu. - Tentei acalmar minha voz falando o nome dele, aquele nome tão especial pra mim.
- Sim. - Os olhos dele estavam confusos, acho que ele nunca tinha me visto daquele jeito, tão sem chão. Nem eu.
- Eu, só...Eu não, consi...Ah! - Não consegui mais deter as lágrimas em meus olhos, todas vieram a tona. Levei a mão o rosto na tentativa de pará-las, mesmo sendo impossivel.
Os braços dele me envolveram com uma força nunca usada, eu me encolhi com aquela sensação de choque, que já tinha ficado tão frequente.
O choro foi ficando cada vez pior, por mais que eu tentasse me acalmar não conseguia, encostei a cabeça no peito dele soluçando e a cada soluço ele me abraçava cada vez mais forte. Não sei por quanto tempo passamos ali abraçados, mas ele esperou pacientemente.

Ele me afastou um pouco quando meus soluços se acalmaram e eu já podia falar alguma coisa, suas mãos em cada lado do meu rosto. O polegar dele secava as lágrimas que ainda jorravam. Eu não consegui olhá-lo nos olhos, minha atenção estava em sua camisa xadrez molhada por minhas lagrimas, mas sabia que ele só soltaria meu rosto quando eu fizesse isso. Eu o fiz.
Eu nunca tinha visto os olhos dele tão confusos, lágrimas escorriam pelo seu rosto. E me senti culpada. Eu estava o fazendo chorar, consegui tirar do seu rosto o sorriso sempre presente. Seus olhos encharcados, sua bochecha rosada, aflito, esperando uma explicação por tudo aquilo. Um choro silencioso. Eu me odiei por isso.
Nos encaramos por um tempo. Um tempo que parecia uma eternidade, simplesmente não conseguia tirar os olhos deles. Ele aproximou minha cabeça da sua e beijou minha testa. Eu respirei fundo e pus a mão em cima da dele que ainda segurava o meu rosto, acariciando-a.
- O que tá acontecendo? - A voz dele saiu em um sussurro, eu abaixei a cabeça. Eu tinha que falar, iria morrer se não falasse.
- Junsu, eu.. - O toque do celular dele interrompeu, eu silenciei. Ele não dava sinal de que iria atender apenas me olhava. - Não vai atender? - Perguntei.
- Não. - Ele falou sério e ainda me encarava. O toque continuava a insistir.
- Atende Junsu, pode ser importante. - Falei um pouco irritada com o toque, que se intensificava.
- Nada mais é importante do que você nesse momento. - Ele pegou o celular do bolso, e sem nem mesmo olhar, eu vi o celular no ar e, depois de alguns segundos, cair no rio em baixo de nós. Eu o olhei bestificada.
- Você podia ter apenas desligado, ta que você é rico, mas não precisava passar na cara. - Tentei rir, mas não consegui. Ele continuou sério, - Podia ser a... - Respirei fundo, a palavra não dita, mas pensada foi um tapa na cara pra mim. Eu não podia contar nada a ele, não era justo com ela. NÃO ERA. Eu estava sendo egoista, eu era a pior pessoa do mundo. - Podia ser aTae. - Terminei a frase.
- Não importa, é você que está aqui na minha frente chorando e eu não posso fazer nada por que nem ao menos eu sei o motivo. É você que está precisando de mim. Ver você chorando me deixa indefeso Min. - Cada palavra dele me deixava tonta. O rio abaixo de nos ficou estranhamente mais perto. - O que está acontecendo Min? Eu nunca te vi desse jeito. Faz muito tempo que você está assim, faz tempo que eu não vejo um sorriso realmente feliz em seu rosto. - Ele entralaçou nossas mãos e apertou. - Eu não gosto de te ver assim, é como se metade de mim estivesse sofrendo com você e eu nem ao menos sei o motivo. - Ele falava rapidamente, atordoado.
- Junsu... - Já tinha perdido as contas de quantas vezes tinha falado o nome dele, minhas mãos estavam tremendo e ele estava percebendo isso, pois cada vez mais ele as apertava contra sua. - Eu... - Senti uma lágrima rolar por minha bochecha, com a mão livre ele a tirou de lá. - Eu.. Te amo. - Falei. Foi diferente de todas as vezes que eu dizia que o amava, o que acontecia varias vezes por dia, foi um 'Eu Te amo' de uma mulher para o homem que amava, e não para o melhor amigo, mas eu não esperei que ele entendesse isso, por mais que desejasse. O silêncio se instalou entre nós, os olhos dele estavam surpresos, confusos, ele abriu a boca algumas vezes mas som nenhum saiu dali.
- Eu também te amo Min. - Ele falou. Eu sorri acariciando o seu rosto com a minha mão livre, eu sabia que aquele 'Te amo' não era igual ao meu, mas gostei de escutar ele do mesmo jeito, por mais que fosse normal ele falar sempre, mas naquele momento eu precisava ouvir.
- Eu sei, Su, eu sei. - Eu sabia que ia começar a chorar novamente, mas não queria chorar ali na frente dele, eu precisava ficar realmente sozinha. Eu não queria vê-lo chorando por minha causa mais uma vez. Não era justo, eu não podia acabar com o sonho de uma pessoa para conseguir o meu, isso era egoista demais. E eu não era assim. Eu não podia ser assim. Antes que ele falasse qualquer coisa, eu continuei. - E eu quero que você seja feliz com a Tae. - As lágrimas que se soltavam dos meus olhos contradiziam minhas palavras, abaixei a cabeça deixando que elas caissem em minha perna. Ele levantou minha cabeça novamente, seus olhos mostravam incompreensão.
- Min?! - A voz dele era de duvida quando falou meu nome.
Eu não podia mais continuar alí, eu não queria mais sofrer e não queria fazer ninguem sofrer. Se eu continuasse ali era só isso que iria conseguir. Levantei-me rápido e uma vertigem de tontura me atingiu. Senti os braços dele em volta de mim mais uma vez. Não tinha visto quando ele tinha se levantado tão rápido. 
- Min . - A voz dela era aflita, eu fiquei de pé mais uma vez.
- Tenho que ir, Junsu. - Falei. Eu tinha que sair de perto dele o mais rápido possivel. Ele segurou minha mão quando tentei me afastar. Ele não podia tornar as coisas mais dificieis pra mim, ele não tinha esse direito.
- Min por favor, não me deixa aqui nesse estado. - Ele suplicou com os olhos. Eu não podia atender a esse pedido.
Juntei todas as forças que ainda me restavam e consegui soltar a mão dele da minha. 
- Desculpa. - o olhei e corri o mais rápido que pude para longe do meu melhor amigo, para longe do homem que eu amava, para longe da minha vida.

Mesmo a sua voz, mesmo seus frágeis ombros,
Mesmo os seus olhos não são meus.
Não importa que eu esteja ao seu lado,
Meus sentimentos não se tornarão realidade, a menos que se destrua o seu futuro,
Um sonho de um momento, eu te amo tanto que me dói...


Abri a porta de casa e corri para o meu quarto batendo a porta com força. Eu precisava gritar, precisava machucar alguma coisa, bater em alguma coisa, mesmo sabendo que isso não iria amenizar em nada a dor que eu estava sentindo.
Fui uma covarde, para não ser uma egoista. Eu tinha feito a coisa certa, eu sabia disso.
Meu coração batia rapidamente, e a cada batimento, meu peito doia, minha respiração estava descompassada. Eu havia corrido todo o caminho até em casa. Minhas costas escorregaram pela parede do meu quarto e se nem ao menos perceber eu já estava no chão, encolhida, abraçando meus joelhos. O único lugar que eu me sentia protegida quando não estava com Junsu agora estava me sufocando, as paredes pareciam querer me engolir, tudo estava grande demais e pequeno demais, aquele lugar já não surtia nenhum efeito em mim. Eu queria fugir, mas não sabia pra onde, tem como fugir de si mesmo?
Escutei três batidas na porta do meu quarto e a voz da minha mãe soou em seguida.
- Min você esta bem? 
Eu não tinha voz para responder, estava me sentindo estrangulada, minha garganta doia demais.
- Filha, esta tudo bem? - Insistiu ela batendo na porta mais uma vez. 
Coloquei a cabeça entre os joelhos reprimindo um soluço.
- SooMin! - Mais três batidas na porta. Eu levantei a cabeça.
- Me deixa só, mãe. - Tentei falar o mais alto que pude, sem muito sucesso.
- Esta tudo bem? - O tom de sua voz era preocupado.
- Não! Mas me deixa só, eu só quero ficar só! - Falei e voltei a colocar a cabeça entre os joelhos e pressionar minhas costas contra a parede na intenção de que ela me engolisse.
O colar em meu pescoço pesava, o golfinho que tinham o meu nome e o dele cravados. Apertei o colar com força, até sentir um ardor em minha mão e uma sensação molhada. Sangue. Mas eu não sentia dor alguma, aquela dor era irrelevante a que eu estava sentindo dentro de mim.
A porta do meu quarto se abriu, quando olhei pro lado pronta pra colocar quem quer que fosse pra fora. Mandy trancou a porta e correu até o meu lado, se abaixando perto de mim.

- Eu sabia que você não estava bem. - Ela disse e me abraçou. Escolha errada. Meus soluços ficaram cada vez mais altos, por mais que eu tentasse parar não tinha força alguma. A abracei com toda a minha força, depositando ali toda a minha dor, ela pareceu não ligar por está sendo apertada. Esperou que eu me acalmasse, ou pelo menos a soltasse e foi até minha cama. Pegou minha toalha de rosto, que estava em cima, e a pressionou sobre a minha mão suja de sangue. Ela tocou no colar de golfinho, prata, que estava balançando em meu pescoço. Eu não conseguia olha-lá.
- Não precisa me explicar nada, eu já sei o que está acontecendo. - Ela sentou no chão e ficou de frente pra mim, sua mão ainda pressionava o pano sobre a minha. Eu sabia que podia falar tudo com ela, e queria fazer isso. Estava demais suportar aquilo sozinha.
- Eu não queria isso, eu juro que não queria! - Minha voz saiu entre soluços.
- Nínguem escolhe Min. - Ela levou a mão ao meu rosto. 
- Isso está me matando por dentro Mandy, ele é meu amigo. - Proferi a palavra 'amigo' com dor.
- Eu queria muito dizer alguma coisa para te ajudar, amiga.... - 
- Não existe nada que possa me ajudar agora. Eu apenas tenho que aceitar isso, é pra ser assim. - Pela primeira vez levantei a cabeça para olha-lá nos olhos.
- Eu não gosto de te ver assim. -
- Ele vai se casar amanhã! - Eu falei o óbvio, mas para mim do que para ela. Eu queria repetir isso até conseguir aceitar, me acostumar. Mas eu sabia que não surtiria efeito algum. - Eu vou perder ele pra sempre. - As palavras saíram como brasa da minha boca. Levantei a cabeça para olhá-la.
- Você falou com ele? Já disse o que está sentindo? - Ela disse aflita, os olhos um pouco vermelhos.
- Não tenho coragem Mandy, não agora, não mais. Não vou acabar com a felicidade dele na véspera do casamento dele. - Minha voz saía em um sussurro.
- Ele está triste Min. Ele que me ligou e disse que estava vindo até aqui, me explicou por cima o que aconteceu no parque, está confuso. - Ela respondeu ao meu olhar de alerta. - Mas eu pedi para que ele não viesse, eu sabia o que iria ver quando chegasse aqui. - 
- Ta vendo? Eu só faço merda! Deixei ele triste e preocupado na vésperda do casamento dele, na véspera do dia mais feliz da vida dele. -
- Para. Para de ser assim! - Ela alterou um pouco a voz. - Quem está sofrendo aqui é você, quem está triste aqui é você. Pensa um pouco em você Min!! - Ela disse com um tom aborrecido que sempre usava quando achava que tinha razão. - E eu tenho certeza que se você estiver triste no dia mais feliz da vida dele, então não será o dia mais feliz da vida dele. Ele te ama! 
- Mas não me ama como eu o amo. - Eu gritei aquelas palavras.
- Você não sabe disso. VOCÊ NÃO TEM CERTEZA DISSO! Você nem ao menos tentou. - 
- Eu não vou colocar tudo em risco, Mandy, não agora. - Meu tom de voz ficou mais baixo. - Eu tive minha vida toda pra isso.
- Você não teve conhecimento dos seus verdadeiros sentimentos por ele a sua vida toda, SooMin. Fale com ele! - 
- Não! -
- Ele pode também está confuso. Nunca ame em silêncio script>document.write(Jeni), assim você está amando só para você. Fale a ele como se sente, você só vai saber se tentar. - Ela disse ainda aflita. Eu ri fraco pelo nariz, uma mistura de suspiro e riso.
- Minhas chances já se esvaíram, Mandy. A escolha dele já foi feita desde o dia que ele a pediu em casamento. -
- Ele não teve que passar por escolhas. Por favor SooMin, não se magoa dessa jeito. -
- Eu vou ser madrinha, Mandy, madrinha. Eu não posso fazer isso com ele, eu não posso fazer isso com a Tae, eu não posso fazer isso com vocês. NÃO POSSO! -
- Você não pode fazer isso com você. - Mandy soltou minha mão e sentou na beirada da cama. - PENSA EM VOCÊ, UMA VEZ NA SUA VIDA!!
- Eu estou pensando em mim, Mandy. Se eu fizer o Junsu sofrer, sofrerei mais ainda. Não tem muito o que salvar aqui, eu já fiz isso comigo, todos esses meses eu morri aos poucos, aguentei até aqui... -
- Você vai aguentar toda uma vida? Sabendo que poderia ter tentando e que tudo poderia ter sido diferente? -
- Não sei. - Abaixei minha cabeça.
- Não faz isso, por favor. - Ela voltou a se abaixar perto de mim.
- Eu já fiz. - Sorri fraco. Mandy me olhou em silêncio. Não consegui ler o que se passava em seus olhos.
O celular vibrou em meu bolso eu o peguei, o número do telefone da casa de Junsu brilhava na tela. Eu olhei pra Mandy em duvida e depois atendi.


Quero te abraçar. Quero te abraçar fortemente.
Mas ainda assim não serás meu, o meu coração quebrado
Quero abraçar-te, mas não posso,
Amo-te tal que transborda que me derrete,
Mesmo sem ser capaz de parar o táxi e fazer uma promessa
Suas mãos...


- Min! - A voz dele soou rápida,aflito.
- Junsu. - Falar o nome dele agora doía. Respirei fundo.
- Você tá bem? Eu nã.. o que...porque. - Ele começou a falar mais não terminou nenhuma palavra, eu podia sentir a preocupação em sua voz. Por fim ele deu um suspiro, eu fiz o mesmo e esperei ele continuar. - Eu posso ir aí? A Mandy disse que era melhor não, mas eu nem sei por que! Eu te fiz alguma coisa? Se fiz me perdoa, eu jamais te magoaria. Por que você está desse jeito? - Ele falava rápido demais, e cada vez eu me sentia pior. Não era justo deixa-lo naquela situação. Não era!
- Ei.. - Tentei sorri fraco, ele silenciou. - Você não fez nada. - Eu olhei pra Mandy, ela me olhava ansiosa, com uma das mãos tapando a boca.
- Então porque você estava daquele jeito? - Perguntou ele.
- Desculpa por isso, ok? Não queria ter te deixado sozinho lá. - Falei, tentando impedir mais uma vez que as lágrimas caíssem.
- Você não tem que pedir desculpas, Min. É você que está sofrendo, o que aconteceu? Me fala por favor, eu vou enlouquecer aqui. - Ele implorou.
- Ei, ei....nada aconteceu, você sabe que eu tenho TPM do nada. - Eu falei sorrindo tentando aliviar o peso que esmagava meu peito. Mandy balançou a cabeça negativamente. - É tudo muito novo pra mim Su, você vai se casar amanhã, eu vou perder meu amigo. - Minha voz saiu chorosa.
- Oww, pequena, você jamais vai me perder ok? Você não pode perder o que já é seu. E se você quiser eu não caso. - Ele falou rindo. Eu gelei.
- HAHA engraçado. - Eu tentei não levar nada a sério. Não era pra levar a sério.
- Sério, você está bem? - O tom preocupado voltou.
- Estou. - Menti.
- Eu quero falar com você ainda hoje, eu posso ir aí? - Voltou a perguntar. Fiquei em silêncio por uns segundos.
- Desde quando você tem que perguntar isso? - Tentei fazer uma voz divertida, acho que tive sucesso.
- Certo, dentro de dez minutos estou chegando aí. Te amo! - Ele não esperou que eu respondesse, a linha foi cortada. Eu desliguei o celular e coloquei ao meu lado. Mandy me olhou esperando por uma resposta.
- Ele vai vir aqui! - Falei me levantando e indo em direção ao banheiro, a toalha suja de sangue caiu no chão. Ela ficou em silêncio apenas observando meus movimentos.

Entrei no banheiro para ver meu estado, não que me importasse com isso naquele momento. O espelho mostrou uma pessoa estranha pra mim. Eu não me sentia eu mesma, era como está olhando uma caixa vazia.
Meus olhos estavam super inchados, e por causa do sangue em meu colar, minha blusa branca estava com pingos vermelhos.
Lavei o rosto com água fria na tentativa de melhorar, minha mão ardeu quando a água entrou no corte Fui até o guarda-roupa e peguei uma blusa preta. Quando terminei de prender o cabelo em um rabo de cavalo, uma buzina soou do lado de fora. Pela janela do meu quarto dava pra ver o conversivel preto estacionado na frente da minha casa,Junsu já estava encostado no carro com os braços cruzados.
Sai do quarto sem falar nada pra Mandy, ela não me seguiu.
Desci as escadas correndo, e quase a desci rolando quando tropecei no segundo degrau, minha casa nunca tinha ficado tão grande. Atravessei a sala e abri a porta. Ele estava encostado na porta do carro com os braços cruzados no peito.
Eu corri e o abracei como nunca havia o abraçado antes. O cheiro dele me invadiu mais uma vez, e tudo em mim doeu.
Soltei ele, mais não fiquei muito distante. Ele pegou em minha mão não machucada e entrelaçou na dele.
- Desculpa. - Falei assim que focalizei os olhos dele.
- Shhh. - Ele me puxou para mais um abraço. - Você me deixou preocupado. 
- Eu sei, me desculpa mesmo. - Falei com a voz abafada pelo ombro dele. 
- A Mandy está aí? - Ele olhou para a porta aberta da minha casa.
- Hamram, lá dentro. - Respondi. 
- Hm, e você, como está? - Ele me colocou na frente dele e acariciou meu rosto.
- Bem. - Sorri fraco.
- Você não mente bem. - Ele enrugou a testa.
- Eu estou bem, sério. - Tentei falar com mais segurança, ele me avaliou um pouco e depois pareceu se convencer do que eu disse.
O silêncio se instaurou entre nós.
- Que foi? - Ele me encarava, com os olhos distantes.
- Não sei, estou confuso. - Ele levou uma das mãos aos cabelos, e o assanhou um pouco.
- Confuso? - Perguntei, me encostando ao lado dele no carro, mas sem soltar nossas mãos.
- É, sabe amanhã. Casamento. - Ele olhava para um ponto qualquer da minha casa. 
- Deve ser normal, Junsu, tipo é o seu casamento. - A dor estava apenas por dentro, eu não iria deixar que nada transparecesse.
- Sabe como é, vida nova, trabalho... - Sorri pra ele.
- É, eu tenho medo disso. - Ele acariciava meus dedos.
- Você ama a Tae, não ama? 
- Amo.- Ele disse convicto. Acho que a minha expressão não mudou.
- E então, é isso que importa, se você a pediu em casamento é porque você sabia o que queria. - Eu disse para ele, mas era eu que estava tentando aceitar isso. 
- É. - Ele respirou fundo e logo depois me olhou sorrindo, o sorriso que eu amava.
- Eu amo quando você sorrir. - Falei sincera, o sorriso dele se alargou mais.
- Eu odeio quando você chora. - Ele acariciou minha bochecha, fechei os olhos com aquele toque. Guardando todas as sensações que causavam em mim.
- É só você sorrir que eu paro de chorar. - Falei com os olhos ainda fechados.
- Então vou sorrir sempre. - Falou e eu abri meu olhos. Ele estava com um sorriso forçado que enrugou todo o rosto. Eu dei uma risada.
- Vai ficar com o maxilar doendo, porque eu sou uma chorona. - Falei ainda rindo e acariciando o rosto dele perto do maxilar.
- Vou aparafusar meu sorriso, assim você nunca mais vai chorar. E se doer, não me importo. Faço tudo para ter ver sorrir também. - Ele me puxou para mais um abraço, eu o abracei pelo pescoço, ficando um pouco nas pontas dos pés, já que Junsu era mais alto que eu, e encaixei meu rosto na dobra do pescoço dele, deixando que aquele cheiro tão dele me preenchesse.
- Eu te amo. - Falei mais para mim do que para ele.
- Eu te amo, mais. - Ele apertou minha cintura. E ficamos daquele jeito durante alguns segundos.
- Você devia está em casa. - Falei me soltando daquele abraço, mas sem ficar muito distante. - Já é amanhã. - 
- Eu sei. - Ele deu de ombros. - Mas eu queria te ver, eu precisava te ver. -
- E como esta lá na sua casa? - Perguntei mudando um pouco de assunto. Estava difícil segurar as lágrimas.
- Minha mãe está completamente louca. - Ele riu. Eu ri. Instântaneo. - Minha casa tá um manicômio.
- Eu vou sentir saudades. - Eu me arrependi de ter falado isso. Mas já era tarde.
- De? - Ele ficou em minha frente, enquanto eu me encostei em seu carro.
- Desses momentos, das nossas conversas....De você. - Meus olhos ficaram embassados.
- Isso não vai mudar, pequena, eu sem você não sou ninguém. -
- Não vai ser a mesma coisa, Junsu, você terá sua vida, sua esposa. - Eu falei olhando pro chão.
- É, mas eu nunca vou te deixar, Min. Você é uma das partes mais importantes da minha vida. Quem seria Junsu sem SooMin? Não existe Junsu sem SooMin. - Ele levantou minha cabeça e não consegui não sorrir verdadeiramente nessa hora e nem segurar as lágrimas que estavam em meus olhos. Tentei falar algumas coisa, mas tudo que saiu foi um 'Ah' e eu sorri em meio as lágrimas.
- Eu não aguentaria te dizer adeus, Junsu. - Mordi o lábio com força, tentando controlar as lágrimas que saiam dos meus olhos, mas foi impossível.

Meus sentimentos não se tornarão realidade, a menos que se destrua o seu futuro.
Um sonho de um momento, eu te amo tanto que me dói..
Enquanto esta noite começa a terminar.

- Você nunca vai precisar me dizer isso. Você não vai se livrar de mim tão fácil. - Ele juntou meu corpo ao dele, mais uma vez.
Meus olhos bateram no colar de golfinho, igual ao meu, que ele usava, eu toquei nele. Ele seguiu meu olhar e pegou minha mão colocando em cima dos golfinhos e a dele em cima da minha. Eu conseguia sentir as batidas do coração dele e conseguia ouvi-las. Tentei respirar fundo e me forçar a parar de chorar.Eu estava fazendo a coisa certa. E eu sabia disso. Senti Junsu dar um beijo no topo da minha cabeça e me abraçar mais forte. Ficamos assim por incontáveis minutos até ele falar:
- Nunca terá um golfinho sozinho. - Ele pegou em meu colar e juntou ao dele. - Serão sempre dois. - Soltei um riso baixo.
- Você tem que ir. - Falei, enquanto tentava limpar o rastro salgado do meu rosto. Passei o polegar pelo rosto dele para enxugar as que permaneciam sua bochecha. Nós dois sorrimos ao mesmo tempo.
- A Tae não vai querer um noivo com cara de sono. - Sorri fraco, ele mordeu a lingua.
- É, minha mãe daqui a pouco me liga louca da vida. - Riu e eu me desencostei do carro. Ele abriu a porta e me olhou. Cruzei meus braços em volta do meu corpo, impedindo minhas mãos de o agarrarem e não o deixar ir embora.
Ele olhou pros lados antes de olhar pra mim mais uma vez. Veio até mim e me abraçou mais uma vez. Eu passei os braços sobre seu pescoço.
- Eu te amo, pequeno. - Sussurrei no ouvido dele e senti ele estremecer.
- Também te amo, Min. Muito! - Ele deu um beijo no meu pescoço. Eu tremi.
Ele me largou aos poucos, mas nossas mãos continuaram unidas.
- Eu estarei lá, Junsu. - Eu sorri vendo que ele não se mexia. - E você também. - Sorri pra quebrar aquele clima. Ele sorriu.
- Eu sei, pequena. - Ele se aproximou mais de mim e pegou meu rosto com as duas mãos e beijou minha testa, depois me abraçando. - Até amanhã. - Ele foi soltando minha mão aos poucos, até que só nossos dedos escorregassem. Entrou no carrro e o ligou. Sorriu. Eu sorri. E em questões de minutos ele estava entrando na primeira esquina.
Respirei fundo. E engoli em seco. Eu tinha conseguido!
Quando me virei para entrar em casa, Mandy estava na porta com o braço cruzados. Com um olhar não acusador, como eu esperava. Mas compreensivo e vermelhos. Ela também havia chorado. Lágrimas brotaram dos meus olhos mais uma vez, mas não havia barulho algum. Era um choro silencioso. Eu tentei sorrir para ela, mas a unica coisa que fiz foi entreabrir a boca e soltar um suspiro. Ela veio até mim rapidamente e me abraçou, me deixando chorar verdadeiramente agora. Eu precisava disso. Já havia fingindo demais, já havia estampado sorrisos demais. Mas eu tinha feito a coisa certa!

LAST DAY.
Música: Doushite - DBSK


Por quê...
eu acabei me apaixonando por você?
Não importe quanto tempo passe,
eu ainda acho, que você está aqui.
Mas você já escolheu um caminho diferente...


Mandy, MyoungHee, Fernanda, MinSeo, Natalia, TaeYeon e eu. Todas estavamos no quarto, quase todas em volta da Tae. Felizes, ou quase felizes!
A cerimônia seria na casa dos pais de TaeYeon.
Eu já estava pronta, meu vestido creme um pouco acima dos joelhos. Abusei da maquiagem para tentar esconder as olheiras. Eu havia chorado a noite toda, e não tinha dormido mais que uma hora. O olhar de Mandy me alcançava de vez em quando, eu sabia que meu rosto estava sem expressão alguma.
Todas tentavam ajudar Tae em alguma coisa. Eu estava encostada na porta sem prestar atenção em nada que acontecia naquele quarto. Me programei para não pensar em absolutamente nada.
-Min. - Mandy chamou minha atenção. Todas olhavam pra mim.
- Hm? - 
- Acho que escutei a senhora Kim te chamando. - Ela disse olhando intensificadamente para mim. As outras se olharam sem entender. Eu sorri concordando e saí do quarto. Agradeci a Mandy mentalmente por ela me conhecer tão bem.
Desci as escadas da enorme casa dos pais da Tae, tudo estava perfeitamente arrumado. Eu não tinha tido chance de olhar a parte de fora ainda, mais eu sabia que estaria tudo lindo.
Caminhei por um dos únicos corredores da casa que encontrei vazio. Observando o carpete que cobria o piso como se fosse a coisa mais interessante do mundo. E para mim, naquele momento, era. Mas não pude controlar meus pensamentos por muito tempo. É difícil não lembrar de algo, quando esse algo está bem na sua frente.
Eu sabia que estava fazendo a coisa certa! Deixando todos felizes, mesmo que isso só me fizesse mal.
O som dentro de um dos quartos chamou minha atenção quando passei pela frente dele, e antes que eu pudesse imaginar quem estaria lá JaeJoong saiu do quarto e me assustou um pouco.
- Oi Min! - Ele falou eufórico.
- Oi Jae. - Respondi um pouco desconfiada.
- Ta procurando álguem? - Me perguntou.
- Não! - Cruzei os braços em volta do corpo.
"- Fica quieto Junsu. -" A voz de Yunho soou do quarto que Jae tinha acabado de sair.
"- Aish. - "Junsu reclamou. 
- Ótimo, vem cá Min. - Jae pegou na minha mão e me puxou para dentro do quarto.
Yoochun, JunHo, Yunho, um outro garoto que eu não conhecia e Junsu estavam dentro do quarto. Meus olhos pararam em Junsu.

Por quê...
Não consegui mostrar a você?
O meu amor que crescia dia e noite.
As palavras começam a ser demais,
mas eu sei que você nunca vai entedê-las....


Se ele estava lindo no dia em que apenas estava provando a roupa, hoje eu não tinha palavras para descrevê-lo. 'Príncipe saído de contos de fadas' era pouco.
- Uma mulher! Obrigado, Jae. - Yunho falou olhando pra mim.
- Min. - Junsu se desvencilhou das mãos dos meninos e me abraçou.
- Ajuda a gente? Essa coisa que coloca no pescoço não quer ficar certa. - Yoochun mexeu no lenço creme que estava no pescoço de Junsu. - Junsu fica quieto. - Ele brigou e puxou Junsupara o lugar que ele estava antes. Eu ri.
- Onde está a pérola? - Perguntei e eles se olharam.
- Seria isso? - O cara que eu não conhecia estendeu a pérola dentro de um saquinho.
- Sim. - Sorri em agradecimento e peguei das mãos dele.
Eu estava tremendo quando me aproximei de Junsu, ele se virou para mim com o sorriso perfeito nos lábios. Eu sorri.
Toquei no lenço que estava em seu pescoço, e, enquanto eu fazia isso, sentia o olhar dele sobre mim.
- Pronto. - Dei uma ultima arrumada e o virei para os espelhos, ficando com o rosto ao lado dele. 
- O que seria de mim sem você, me explica? - Ele segurou me rosto e me deu um beijo na bochecha.
- Vou deixar o clube agora. - Sorri e quando me virei, Junsu segurou minha mão.
- Não! Fica aqui. - Ele pediu. 'Não faz isso comigo, Junsu'. Mas eu fiz o que ele pediu.
Como eu já disse: ficar perto dele me mata e me fortalece ao mesmo tempo.
- Tá. - 

Os garotos tentavam arrumar Junsu, mas só atrapalhavam. Eu pensei que não iria conseguir rir naquele dia. Estava errada!
Meu rosto já estava vermelho de tanto que eu ria, das piadas sem graça de e do quanto garotos podiam ser atrapalhados. No momento em que eu estava naquele quarto, esqueci completamente que dentro de alguns minutos o homem que eu mais amava iria se casar com outra mulher.
Depois de quase meia hora, alguns dos garotos já tinham saido do quarto, a cerimônia estava perto de começar.
- Vou pegar meu filhão. - Yunhoanunciou e foi o ultimo a sair.
Junsu e eu nos olhamos quando a porta foi fechada. Ele veio até a cadeira que eu estava sentada e estendeu a mão para mim, eu a peguei e ele me puxou, me deixando na frente dele

Desde a primeira vez que nos encontramos, eu senti que já a conhecia.
Nos demos bem naturalmente.
Era tão natural para você estar comigo.
Nós crescemos juntos.
Mas você já escolheu um caminho diferente.


- Você está linda! - Ele me olhou dos pés a cabeça. Eu corei.
- Obrigada! Eu não vou te elogiar porque ainda não encontrei uma palavra. -
- A palavra tem a ver com pinguim? - Ele perguntou com uma careta e eu soltei uma risada.
- Bobo! Digamos que príncipe ainda não chega aos seus pés. - Sorri tocando no rosto dele.
- Você está muito boazinha hoje. - Ele riu. - Veremos daqui a alguns anos, quando vermos as fotos.- Ele riu. Aquilo me machucou um pouco, mas não deixei transparecer. Estava ficando boa nisso.
- Chegou a hora. - Não tinha sido uma pergunta. Ele falava mais pra sí.
- É. - Falei.
Ele balançou nossas mãos entrelaçadas no ar.
- Está conseguindo respirar? - Perguntei rindo.
- Está dificil. - O rosto dele ficou um pouco vermelho.
- Vai sair tudo perfeito! 
- Eu sei, já está tudo perfeito. - Ele sorriu.
Uma batida na porta fez com que nós nos assustássemos. A porta não foi aberta. A voz do pai de Junsu soou.
- Filho, está na hora! 
- Já estou indo, pai. - Ele falou um pouco mais alto. Nós olhávamos para porta. Não houve resposta.
- E então... - Ele olhava pras nossas mãos entrelaçadas, eu acompanhei o seu olhar.
- Chegou a hora. - Sorri fraco, ele fez o mesmo. - Não vou te abraçar pra não te amassar. - Disse e ele rolou os olhos logo depois me abraçando.
- Junsu! - Briguei. - Você está me amassando também. - Ri.
- I don't care. - Ele me apertou mais.
- Vai, eu não quero ter que te arrumar de novo. - Bati no braço dele, devagar enquanto ria. Ele se afastou também rindo. Respirei fundo, quando nossos olhos se encontraram e eu sentia a respiração dele em meu rosto.

Por quê...
Eu me apaixonei por você?
Não importe quanto tempo passe,
eu ainda acho, que você está aqui.
Agora não tem mais volta.
Por esse dia que guarda um significado especial.
Por esse dia em que mostramos a nossa alegria.


- Não me pergunte o porque. - A voz dele soou baixa e antes que eu pudesse perguntar sobre o que ele estava falando, os lábios dele encostaram no meu. Meus olhos se fecharam automaticamente, as mãos dele apertaram minha cintura e seus lábios capturaram o meu inferior. Eu não conseguiria por em palavras todas as sensações que me atingiram. Não passamos disso. Uma lágrima escorregou por minha bochecha e cai entre os nossos lábios. Nós abrimos os olhos ao mesmo tempo, e nossos lábios se separaram.
- Eu te amo! - Ele deu um beijo na minha bochecha e tirou vestigios de lágrimas com o polegar do meu rosto.
- Eu também te amo. - Sorri fraco. A porta se abriu era JaeJoong.
- Vamos, dude, é a noiva que chega atrasada. - Ele falou e nós três rimos.
- Vamos! - Como da ultima vez, ele soltou minha mão aos poucos até só nossos dedos estivessem juntos.
- Eu já estou indo. - Sorri, ele apenas acenou a cabeça saindo do quarto e fechando a porta.
Me olhei no espelho sem prestar atenção em meu reflexo. Respirei fundo tentando não ter qualquer pensamento.
Eu estava preparada pra isso! Por ele! 
Sai do quarto e esbarrei em Mandy, não sei como consegui ficar em pé, não por ter sido um esbarrão forte, mas sim porque eu sentia que iria desmoronar a qualquer momento a qualquer toque.
- Você está bem? - Ela me olhou com preocupação.
- Não! - Falei.
- Está pronta? -
- Sim!- Sorri e ela pegou em minha mão.
- Eu estou aqui. - Nós caminhávamos para sair do grande corredor.
- Eu sei, obrigada. - 

Quando chegamos ao lado de fora eu pude ver toda a ornamentação da festa. Estava simplesmente lindo!
O sol estava fraco, mas sem índicios de chuva, uma brisa leve soprava balançando as flores dos arranjos e as toalhas das mesas.
Junsu já estava posicionado em seu lugar. Nos olhamos por uns minutos e sorrimos. A mãe de TaeYeon estava arrumando os padrinhos em uma fila, logo, quando me viu ela me puxou. Mandy apertou minha mão antes de ir ficar ao lado de JaeJoong, que estavam ao lado de Junsu. MyoungHee e JunHo também estavam lá.
Nossos amigos estavam nas primeiras fileiras das cadeiras.
Fernanda e Yunho brincavam com o filho entusiasmados. MinSeo e o noivo HanGeng estavam conversando de cabeça baixa e de vez em quando sorriam.
A mãe da Tae me colocou atrás dos dois padrinhos de TaeYeon. 
Eles sorriram de leve quando me aproximei. Sunny e JunYong. Eu retribui.
Sentia o olhar de Mandy, e às vezes o de Junsu, sobre mim. Preferi não olhar mais para onde eles estavam. A mãe de TaeYeon colocou o padrinho que iria me acompanhar perto de mim.

Por você estar lindo enquanto caminha ao altar.
Mas não era eu que estava ao seu lado
A imagem de alguém verdadeiramente feliz.
Como pude perdê-lo?


- Oi. - Escutei a voz do homem que estava ao meu lado. Tive medo de falar e apenas retribui com um sorriso. Era o mesmo garoto 'desconhecido' que estava no quarto com os meninos. Antes que ele pudesse falar qualquer coisa uma música ao som de violinos, começou a tocar. Eu prendi a respiração e meu coração acelerou.
Vi o casal a nossa frente começar a andar. Eu não sabia se conseguiria dar um passo em frente e antes que eu tentasse fazer isso os braços do garoto se entrelaçaram nos meus. Eu agradeci por ter um apoio naquele momento.
O caminho até o lugar que Junsu estava foi o mais longo da minha vida. Todos os momentos passaram por minha mente, toda a minha vida ao lado de Junsu passaram entre meus olhos. Agora uma nova fase começaria e eu tinha medo do que estava por vir. Só tinha me preparado até o dia de hoje.
Algumas pessoas dizem que nossa vida só passa diante dos olhos quando estamos perto de morrer. Elas não estão erradas! Uma parte de mim naquele momento estava morrendo, o meu coração estava morrendo. O braço do meu companheiro pressionou o meu, por um momento, pensei que ele estivesse sentindo minha dor. Será que estava tão transparente assim? Não, eu estava boa nessa coisa de fingir.
Não consegui olhar pra frente por nenhum minuto. Só me dei conta que o trajeto tinha terminado, quando, com a força do braço "dele", nós paramos e nos viramos. Meu olhar continuou no chão, a música se intensificou. Eu sabia que a Tae estava entrando. 
Não conseguia olhar nem impedir que minhas lágrima caíssem. Eu chorava em silêncio, meu coração chorava em silêncio.
Em nenhuma das partes minha cabeça se ergueu, eu não tinha coragem de encarar ninguém. A única coisa que eu sentia era aquele braço sobre o meu, que cada vez que minha perna fraquejava, ele me segurava. Mas nem pra ele eu tinha coragem de olhar. Foram as hora mais longas da minha vida. Só quando escutei uma salva de palmas eu ergui a cabeça, no momento errado.

Então Por quê...?
Eu me apaixonei por você.
E as coisas não podem mais ser
como eram no passado
Eu já decidi!


Junsu e TaeYeon se beijavam.
A mãe dele chorava, a mãe dela chorava, Sunny chorava, Mandy chorava, MyoungHee chorava... A maioria das pessoas choravam. Eu não precisaria explicar o porque das minhas lágrimas agora. Mas em nada tinham a ver com a deles.
Quando os noivos se separaram, Junsu me encarou. Ele sorriu, eu sorri. Instântaneo.
Estava na hora de assinarmos o livro. Eu não queria pegar em uma caneta agora, não sei se teria forças para segurar uma pena. TaeYeon assinou e depois que Junsu assinou, ele me passou a caneta, nossas mãos se encostaram. Tremi ainda mais com isso.
Juntei todas as forças e assinei, minha letra saiu tremida, mas nunca tive uma caligrafia impecável. Passei a caneta para o meu companheiro que sorriu.
Depois de algumas fotos, eu consegui escapar e fui me sentar em uma das mesas que ficavam mais distantes. O sol já estava se pondo. Mandy me acompanhou com os olhos, mas não me seguiu. Eu queria mesmo ficar sozinha.
Junsu e Tae comprimentavam a todos.

Porquê...
Eu não consegui segurar a sua mão?
Não importe quanto tempo passe,
você deveria estar ao meu lado.
É assim que deveria ser.


A festa rolou sem que eu prestasse muita atenção.
Junsu chamou todos os amigos para uma foto e essa foi uma das únicas vezes que eu me levantei da mesa. Todos já estavam desarrumados e alguns, descalços.
Durante a foto ele me abraçou pela cintura e sussurou no meu ouvido.
- Eu te amo! - Eu o olhei e sorri. A foto foi tirada.
Ele e TaeYeon saíram logo em seguida para viagem de lua de mel, que duraria um mês.
Tudo tinha acabado. Me sentei na mesa mais uma vez, enquanto obeservava, uma por uma, as estrelas aparecerem no céu. As lágrimas molharam meu rosto e desciam por meu pescoço enquanto eu observado o céu.
Eu tinha feito a coisa certa.

Mas mesmo que eu não esteja mais ao seu lado,
Eu rezo para que você
Seja feliz eternamente.


Senti uma presença do meu lado, mas não tive coragem nem disposição para olhar.
- Você fez a coisa certa. - Uma voz masculina soou, eu baixei a cabeça surpresa. Eu tinha falado aquilo alto? O meu companheiro de "altar" estava sentado na cadeira do meu lado. Antes que eu conseguisse organizar meus pensamentos e perguntar sobre o que ele estava falando, ele disse:
- Poucos teriam a sua coragem. - Ele parecia saber do que estava falando. O examinei por alguns minutos em duvida, mas não encontrei forças para falar alguma coisa.
- Não tive a chance de me aprensentar. - Ele sorriu e estendeu a mão para mim. - Me chamo Siwon. -
- SooMin. - Minha voz saiu fraca, mas ele escutou.
- Posso ficar sentado aqui? - Ele perguntou.
- Talvez eu não seja uma boa companhia hoje. - Falei fazendo o máximo para não parecer mau educada.
- Não acho que isso seja verdade. - Ele deu um sorriso de lado.
- Se você diz. - Dei de ombros. - Ah, e obrigada. - Eu disse me referindo ao suporte que ele tinha me dado durante a cerimônia, mesmo sem saber o que de fato estava se passando. Ou talvez soubesse. Não esperei que ele entendesse pelo que eu estava agradecendo. Ele abriu um sorriso sincero e doce depois que eu falei. - Não tem de que. - Se recostou na cadeira sereno. Ele tinha entendido. O olhei por alguns minutos em silêncio examinando aquele garoto. Ele não me conhecia, mas por algum motivo estranho me entendia. - Podemos sentar aqui? - Escutei a voz de Mandy e desviei o olhar de Siwon e olhei para o lado.
Jae, Fernanda, MinSeo, MyoungHee, Yunho, JunHo, HanGeng, Yoochun e Natalia estavam ao lado dela.
- Claro. - Siwon falou se levantando e puxando algumas cadeiras. Eu sorri. Mandy se sentou do meu lado e tocou em meu rosto, preocupada.
- Eu fiz a coisa certa. - Falei a olhando e sorri.
- Eu sei. - Ela sorriu fraco e apertou a minha mão que estava em cima da mesa.
De agora em diante, uma nova página da minha vida seria escrita. Com os restos que sobraram de mim.

Não importa o quanto isso faça me sentir só
ou me faça triste.

THE END



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Notas finais do capítulo

Closer *-*Essa fic eu escrevi em dois dias, é a fic que eu mais gostei de escrever, é o meu baby.Espero que gostem ^.^