Escolhas... escrita por Borboleta Negra


Capítulo 10
Eu te amo




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Capítulo 10

Eu te amo

Leia essa história ouvindo a música Need You Now, de Lady Antebellum ( http://www.youtube.com/watch?v=KlJy_Cb21Lw )

Dizem que quando uma pessoa morre, sua vida passa diante de seus olhos. É a mais pura verdade. Alguns flashes passavam para mim em um visor de tela cheia, daonde eu não conseguia escapar. Prestando atenção, até que era interessante. Aliviaria um pouco a dor esmagadora em minha cabeça e o gosto metálico em minha boca, a sensação de um liquido caindo de seus lados.

Eu estava assim quando vi as imagens, uma á uma diante de mim, como um filme que, no final, só me restaria sair da sessão.

Amor. Um homem familiar sob a bola cristalina que agora me parecia mais distante que o normal. Seu lindo e pecaminoso rosto coberto por uma máscara negra, uma pena sedosa como seus cabelos loiros pendendo em um dos lados. Ele olha para mim e sinto meu corpo estremecer. Os olhos maliciosos me atraiam, uma imensidão azul na qual eu não podia sair. Lembrava-me o mar... A água que cobria os calcanhares no centro de Veneza. A barba rala que emoldurava seu rosto era extremamente charmosa.

_Que dançar comigo?_A cena mudou._Posso te dar um apelido?_Isso foi sussurrado, mas seu hálito de menta batia em meu rosto, como se eu ainda estivesse lá._Um apelido só para mim. Milly..._Foi bastante rápido, sentia como se meu coração agora fraco pulsasse mais fortemente e alegre.

Eu sentiria tanto sua falta... Eu o amava, como podia contestar? Mas agora acabou...

A voz dele... Preenchia meus ouvidos com tanta facilidade que me espantava. Agora eu segurava, entre meus dedos esfolados, uma fotografia dele... Uma única lembrança, era tudo o que eu tinha.

Dizem que só sabemos que amamos algo quando o perdemos, ainda mais quando este está escapando por entre os dedos. Eu o perdi... Eu perdi Josh, por um descuido meu. E o que estava querendo? Eu sabia que o amava, desde a primeira vez que vimo-nos.

_Por quê?_Sua voz apareceu em meus ouvidos.

Eu deveria ter respondido. Eu deveria ter ficado ali para ouvir sua voz mais uma vez... Iria fazer falta no dia seguinte, quando eu finalmente começasse meu descanso...

Senti-me sendo levantada. Minhas costas foram postas sobre um lugar desconfortável. Eu o queria. O queria ali, eu o queria agora, só para poder sentir seu cheiro de novo, eu iria sentir falta...

Agora eu ouvia o burburinho no lugar em que estava, o lugar onde eu repousava fazia guinchados estranhos e pulava um pouco, como se pedras estivessem no chão, como se elas não deixassem eu descansar normalmente. Sobre meu nariz e boca, foi posto algo desconfortável. Queria tirar, mas meus membros não me obedeceram.

_Não temos nada á fazer._A voz soava distante em meus ouvidos, queria ficar acordada mais um pouco._Ela não passa dessa noite.

_Tem alguém aqui, parece que o encontraram na agenda dela..._A voz feminina sussurrava._Seu nome... É Josh.

Meu coração saltou. Ele estava aqui. Eu queria falar com ele! Eu precisava! Por favor, alguém me escute!

_Josh!

O que tinha de ser um grito saiu como um sussurro estranho e amargo, quase inaudível.

_Ela quer vê-lo, chame-o aqui._O homem disse._É o máximo que podemos fazer por ela. Para ela morrer feliz.

_Sim, Wilton...

Morrer feliz. Morrer bem. Eu o queria. Eu queria agora... Precisava. E o barulho da porta sendo aberta me deu esperança, o que me deixou ficar acordada... Pelo menos mais um pouco...

_Vou deixá-los á sós._A voz feminina disse de novo, agora mais perto, eu estava conseguindo abrir os olhos.

_Olá Milly._Sua voz não tinha sarcasmo, estava séria.

_Josh..._Abri os olhos, procurando o dono da voz e logo o encontrei, como um vulto negro no meio de um mar claro.

_Não faça esforços..._Ele pediu._Só vai piorar sua situação.

Tentei esticar a mão, mas foi inútil... Ela só se mexeu um pouco, mas foi o suficiente para que Josh tocasse-a. A pele suave... Seus dedos apertaram os meus, eu estava tão fraca que pensei que iria os quebrar, mas não aconteceu. Ele usava uma luva de lã. Á agarrei com toda minha pouca força, tanto que quando ele tirou sua mão sobre a minha, eu a continuei segurando. Mas eu queria mais... Queria sua pele.

Ele se virou, eu pude ver pela sombra, a única coisa que eu via. Ele ia embora! Ele ia fugir de mim! Meu corpo parecia pesado, não respondia, eu não sentia minhas pernas, mas mesmo assim as impulsionei.

E caí sobre seus braços musculosos. Agarrei o pescoço dele, ouvindo um zumbido fino. Parecia um aparelho cardíaco. Eu o havia tirado a força. Eu não me importava, estava nos braços de Josh, meu Josh.

_Josh..._Minha voz saiu tão baixa que eu nem conseguia ouvi-la direito._Me leve para sua casa...

Ele pareceu se assustar.

_Por favor... Eu preciso ver o nascer do sol..._Linhas úmidas passavam por meu rosto agora seco, saiam de meus olhos fechados, molhando meus próprios cílios. Eu estava chorando._Quero vê-lo com você..._Eu não sabia se podia mais falar.

Por dois segundos ele ficou parado. Mas logo depois senti minhas pernas sendo elevadas, junto com minhas costas muito rápida e hagilmente.

Ele saiu correndo. Sentia seu coração batendo dentro do peito, sentia em minha mão colada á ele. Quis ficar assim para sempre...

_Se mantenha acordada._Ele sussurrou enquanto corria, sua voz mostrava o cansasso._Vou te levar para casa.

_Como assim não há nada a fazer?_Eu ouvi vindo de Michael._Que tipo de médicos você tem aqui, Isabella?

_Desculpe...

Tolo. Ele nem percebia que não era o único á sofrer? Agora a barriga levemente saliente da médica experiente, mesmo jovem, refletia isso. Eu não seria a única á morrer. Seu marido também. E tudo o que ela falava era doloroso, ela lutava para manter as outras pessoas atacadas pelos Armands naquele dia vivas, mesmo que na verdade gostaria de estar chorando sobre o corpo inerte e sem vida do noivo. Ele não poderia falar isso com ela.

Ela era dos Armands. Havia feito a escolha errada para sua vida. Era a mulher do desenho. A mulher de bolsas grandes sob os olhos, aquela com olhar sofrido, que despertou a leve curiosidade de Josh na sala fechada de aula.

Era isso. Eles eram tão cruéis que mataram o noivo de uma das pessoas daquela “família”. E ela agora sofria. Como Michael não podia ver que não era o único?

_Olhe._A voz de Josh capturou-me._É o nascer do sol.

Abri meus olhos com dificuldade e olhei. O sol agora se elevava sobre um lago azul e límpido, mas o que eu só via eram manchas. Manchas bonitas e vividas, como numa obra de arte.

_Lembra do dia em que nos conhecemos?_Ele perguntou ainda olhando para o nascer do sol que eu não via com clareza. Virei-me para o seu rosto. Eu sabia que ele estava abatido por eu estar quase morrendo em seus braços.

_Conte-me._Minha voz rouca era quase irreconhecível._Quero ouvir sua voz.

E ele disse. Tudo o que sentiu não foi o que eu senti. O que ele sentiu foi carinho. O que eu senti foi amor... E agora ele estava ao alcance de meus braços. Eu poderia encostar em seus lábios se elevasse minha mão. A dor estava voltando, eu tentava ignorar. Era quase insuportável, mas eu precisava falar.

E foi com meus dedos em seu rosto que deixei o nó em minha garganta se desfazer. Com os lábios tocando levemente sua roupa eu me despedi, ainda que na escuridão, pois eu não captava a claridade, eu precisava que ele escutasse... E ainda antes de ser levada, antes de dormir profundamente como queria, agradeci mentalmente á tudo, agradeci por ele estar ali e admiti á mim mesma e a ele...

_Eu te amo.

N/A:

Nossa gente, nunca chorei tanto escrevendo um capítulo

T-T

Caraca!

Eu chorei muito gente, vocês não têm ideia!

Gostei muito da presença de vocês aqui na fanfic, gostei dos reviews... *-*

E gostaria que vocês lessem outras histórias minhas, já tenho uma em mente aqui e vou já já fazer o primeiro capitulo

*-*

Beijos pessoal, até a próxima!


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