Love Forever, Love Is Free escrita por NoOdle


Capítulo 20
Pré-despedia




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“Posso entrar?” Perguntou Noodle na porta do quarto de Ray.

“Sim, claro, só estou...” Ele falou, sentado na cama com uma agulha, costurando seu braço esquerdo.

“Nossa!!” Ela disse, correndo em sua direção, deixando a porta bater atrás dela. “2-D-San me disse que tinha machucado, mas não imaginei que era desse porte!! O que você fez; colocou sua mão em uma prensa e depois puxou para ver se seu braço rasgava?!”

Ray riu. “Não, a mão foi um soco e depois Andróide puxou meus braços. Pode me ajudar? O direito não chegou a deslocar, mas está doendo muito...”

Noodle sentou ao seu lado, fazendo o ponto. “Você tinha que dar uma de herói, não?” Ela começou o sermão. Ele só sorria, achando graça. “E ainda acha engraçado?! Podia ter perdido o braço lá, porque não deixou Russel-Kun te ajudar? Seu ego tinha que falar mais alto?!”

“Eu praticamente arranquei o pé dela!!” Ele se defendeu, ainda rindo.

“E quase perdeu os dois braços! Tudo porque ela te enganou! Olha, se você foi burro o bastante para não perceber a diferença entre eu e ela, não devia ter entrado nessa briga! Podia ter morrido! Se machucado mais do que isso!”

“Você fica uma gracinha quando está preocupada comigo...” Ray falou, colocando a mão boa em seu queixo. Ela corou um pouco, mas já fez uma cara de nervosa e foi pegar gesso e atadura para colocar no braço machucado.

“Não tente me confundir. Ainda estou brava com você por ter dormido com ela ontem à noite. Me sinto com nojo só de pensar!” Disse, voltando ao lado dele e enrolando a faixa.

“Então não pense.” Ray disse, empurrando a mão dela para o canto e chegando mais perto do seu rosto, só olhando seus olhos escondidos pela franja.

Ela corou muito dessa vez. “Você acha que pode fazer isso comigo...? Olhar para mim com esse olhar sedutor e eu me jogar em seus braços?” Falou, desviando o olhar e pegando as ataduras novamente.

“Funcionou durante 2 anos...” Ele riu, dando de ombros e ficando quieto para ela acabar de enrolar. “Eu só queria...” E parou, cortando a frase, sua voz sumindo. Ela o olhou, de repente triste.

“Queria...?” Incentivou ela, parando de enrolar a faixa pouco abaixo do cotovelo. Ray virou o rosto, olhando para ela. Seus olhos estavam cheios de lágrimas.

“Que a gente tivesse mais tempo.” Terminou, respirando fundo.

Ah, não. Ela sabia que iam chegar nesse ponto, sabia que ele ia ter que falar para ela que ia embora. Só não queria acreditar. Voltou a enfaixar seu braço, deixando escapar uma lágrima.

“Noodle, vou ter que ir embora. Não tenho... Nunca tive por que ficar, só fiquei por você, para te ajudar. Mas agora que está tudo bem tenho que ir, voltar a trabalhar, voltar para casa.” Ele falava, olhando para ela, que deixava os olhos fixos na atadura. “Noodle...?” Ela continuava enrolando a faixa, agora já estava na mão. “Querida...”

“Não me chama de querida!!” Noodle gritou, ficando em pé e tentando limpar as lágrimas. “Você vai embora, vou ficar mal de novo!! Só vai piorar as coisas! Não vai, não vai, eu arrumo algo para você fazer aqui, mas não vai!”

Ray ficou em pé, levantando com dificuldade o braço direito para colocar no rosto da garota, tentando acalmá-la. Levou-a para seu peito, afagando as lágrimas.

“Não posso, você sabe. E se...” Ele pensou, apertando os olhos. “E se você for comigo?”

“Não, não, não, não me peça isso!! Não posso, aqui é meu lar, e eu não teria um bom motivo para ir com você...!”

“Eu não sei, eu não sei... Vai comigo, fique comigo! Qualquer motivo serve! Você pode... casar comigo! Casa comigo aí você estará sempre ao meu lado...!”

Noodle se separou um pouco dele, rindo. “Casar? Andróide pisou na sua cabeça também? Não posso casar com você, eu não... eu não te amo mais, sabia...?”

Ele a abraçou novamente, fechando os olhos. “Sabia. Eu também. Só queria estar com você.”

“E eu com você. Mas não comece a pirar, ok? Ainda temos um tempinho. Ainda temos hoje.” Ela falou, também com os olhos fechados. “Agora venha cá, deixe-me acabar de enfaixar isso aí.”

Eles ficaram em silêncio por um tempinho, Noodle fazendo os últimos cortes. Ele só a olhava, ela evitando encontrar o olhar dele. Ela sabia que Ray ia querer que ficassem mais essa noite juntos, mas não. Não, não e não. Não dessa vez.

Da ultima vez foi isso que aconteceu e tudo ficou ainda mais difícil. Além disso, ele tinha praticamente acabado de dormir com Andróide!! Ainda era nojento.

Mas Ray não parava de olhá-la com aquele olhar. Não com aquele olhar de ‘te quero agora’, mas com um olhar carinhoso. Noodle se levantou, encarando-o. Sorriu.

“Agora é só você ficar bem quietinho!”

“Ah, como se eu fosse mesmo ficar quieto.” Ele falou, sorrindo também. “Essa noite já foi bem agitada, mas ainda sobrou energia para mais alguma coisa...” E segurou no queixo dela, puxando-a suavemente para seu rosto.

Ela seguiu por um momento, se permitindo a dar um mísero selinho, mas se afastou um pouco, olhando para ele. “Não posso. Vou me sentir pior se isso acontecer. Preciso... Preciso ir.”

Ray a segurou, com a maior força que podia, pois sua mão direita realmente não estava boa. Ela parou, olhando-o, de boca entre aberta. Ele a puxou, beijando-a. “Sabia que eu nem ligo...?” falou, respirando.

Ela riu e continuaram, já sentando na cama. Noodle agora nem ligava mais também. As mãos de Ray passaram pelos ombros dela, fazendo as alças de sua blusa deslizarem pelos braços. A porta se abriu.

Noodle se sentou rapidamente, deixando Ray deitado e sem expressão na cama. 2-D colocou a cabeça para dentro do quarto, vermelho de vergonha. “Posso... posso entrar?”

“Pode sim!” Noodle falou, corando também. Se virou para Ray, ajudando-o a se sentar. “Acabei de colocar a faixa no braço de Ray e já estava indo embora...”

“Ah, é que você... Você... Você falou que ia dormir comigo porque... E se você não voltasse era para eu ir no seu quarto e como não te vi lá fiquei preocupado então... vim aqui.”

Noodle arrumou a alça da blusa e o cabelo, olhando para baixo enquanto falava. “Ham... Sim, sim... Eu já estava indo. Só ajudei ele á... enfaixar o braço.”

Ray se sentou na cama. 2-D o olhou com a maior cara de ódio possível, pois tinha entendido o que estava acontecendo. “E quando ele vai embora...?”

Ela olhou Ray, pedindo ajuda. “Vou o mais rápido possível. Tenho que pedir para Murdoc me emprestar um barquinho.”

“Se quiser eu te ajudo...” 2-D ofereceu. Noodle se levantou, pegando-o pela mão e saindo do quarto.

“Boa noite, Ray, até amanhã.” Ela disse.

“Boa noite, Ray, até amanhã...!” 2-D imitou a vós de Noodle, bem baixinho, agora um pouco nervoso. Ela fechou a porta do quarto, chamando o elevador. “É só ela sair do quarto que já pula no braço dele... O que ele tem que eu não tenho?!” Se perguntava baixinho, ainda só para si mesmo.

“Algum problema, 2-D-San...?”

“Não, não, não, está tudo bem.”

Entraram no elevador, apertando o botão. 2-D ainda resmungava baixinho: “Se eu não tivesse chegado a tempo... ou alguns minutos depois... Nem imagino o que teria acontecido! Indecência...”

Noodle riu, abraçando-o. “Você fica uma gracinha quando tem ciúmes de mim!!” Ela falou, beijando-o na bochecha. Ele corou e a olhou, confuso.

“Mas eu...” Tentou falar, e logo se calou. Ela sorria, ainda abraçada com ele. “Nunca vou entender as mulheres!”

Noodle riu e saíram pela porta aberta do elevador, de mãos dadas. Entraram no quarto e ela saiu correndo, pulando na cama. Se deitou e o olhou, sorrindo. “Sabe, às vezes é melhor não entender...” Fez um gesto para fazê-lo se deitar ao seu lado.

2-D riu, deitando e se virando para ela. “Me conta...” Começou ele, fitando-as nos olhos. “Qual... Qual é o meu problema?”

Noodle virou um pouco a cabeça, franzindo a sobrancelha. “Como assim?”

2-D coçou o olho, virando para cima. Fitou o teto, deixando as mãos caírem para o lado do corpo. “Sei lá! Porque... assim... O que ele tem que consegue seduzir tão rapidamente!? Não que eu queira, mas...” Noodle se apoiou em seu peito e o beijou, fazendo-o se calar.

“Agora está feliz?” Perguntou, o encarando por cima. Ele estava com os olhos arregalados, ainda com biquinho. “Você pode ser melhor em seduzir do que pensa...” Ela sussurrou, levemente sedutora. Deitou em seu lado da cama, desligando a luz. “Boa noite, 2-D-San!”

2-D continuava deitado, com os olhos arregalados. Depois de um tempo se virou para o outro lado, pensativo. Ele conseguira o que mais queria. Parecia errado e assustador. Aquelas coisas que davam um frio na barriga.

Mas era bom. ‘Não, não posso querer o que quero. É... errado.’ Ele pensava, lutando consigo mesmo.

E mais uma vez teve insônia. Mas dessa vez foi por um bom motivo, ele só pensava em coisas boas. Geralmente as insônias são por medo, mas essa era uma insônia boa.

Uma insônia de um sonho.


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