Love Forever, Love Is Free escrita por NoOdle


Capítulo 19
Negociação




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Murdoc brincava com um pequeno avião e um globo terrestre que tinha em seu quarto/oficina de trabalho. Estava em cima da mesa, em uma cama improvisada, cansado de não observar nada em seus computadores que mostravam as câmeras de segurança. Todos os lugares que estavam funcionando estavam quietos e tranquilos, ou seja, todas as pessoas da casa estavam nos locais onde o computador não mostrava nada (pois a câmera havia sido destruída).

“‘Ah!! Socorro, alguém me salve, este alien está tentando sugar meu cérebro!’

‘Fique calma, querida, eu, Murdoc, te salvo se você prometer que vai seguir minhas ordens...!’” Falava Murdoc, fazendo vozes diferentes e mexendo o pequeno aviãozinho.

Sua cabeça estava apoiada em uma mochila bem dura e ele ora olhava para os monitores ora voltava a sua imaginação, onde ele conseguia dominar o mundo, ser rico e ter todas as mulheres que queria na hora que queria.

“‘Vinte vivas ao mais lindo, mais sarado, mais gostoso e mais inteligente super herói de todos: Murdoc!! Ele nos salvou! Uhul!’” Continuou ele, balançando muito a ponta do brinquedo, que bateu do globo e o fez estourar. Agora ele estava entediado, começou a lamber seu colar, olhando os computadores.

O quarto de Andróide estava vazio. ‘Onde será que ela se meteu? Já faz um bom tempo que ela não está ali pelo menos dando um sinal de vida para me tirar desse tédio.’ Pensou. ‘A ultima coisa que ela fez foi... Trocar de roupa e sair, era umas 4 da manhã. Agora já é meio dia!’

Abaixou a cabeça, coçando os olhos. Bagunçou um pouco o cabelo e pegou um sanduiche dentro da bolsa, dando uma dentada e voltando a observar as telas. Mas o que ele viu o fez engasgar.

Russel, segurando a Noodle com muito sangue no rosto e desmaiada, estava junco com 2-D no quarto de Andróide pegando algumas armas. ‘Se Russel está de volta, isso quer dizer que... Ele já sabe!!!’ Pensou, desesperado, Murdoc, se levantando e arrumando algumas coisas. ‘Ele vai vir me procurar, vai vir aqui para me matar! Já deve ter acabado com Andróide se duvidar!!’

Correu em direção á um pequeno computador em um canto, onde digitou: ‘Vir ao meu encontro. Agora.’ E clicou para enviar, tentando sua ultima chance de se salvar.

Colocou uma blusa e um short, estava até agora só de cueca, mas queria estar bem vestido para encontrar os membros de sua banda no que ele queria que fosse uma ‘reunião de fraternização’. Ouviu passos tranquilos descendo sua escada e acendeu um cigarro, se encostando na parede, parecendo muito natural.

“Ah, é só você...! Quase me matou de susto!! Mas o que...?” Perguntou Murdoc, olhando para Andróide, que estava na frente de sua porta, ainda só vestindo o moletom que mal cobria metade de suas pernas. Andou em sua direção. “Querida... Se estava tão entediada e queria um pouco de mim podia ter vindo antes, mas agora não posso, temos emergência...” Falou, passando a mão pelos braços dela até sua cintura. Andróide revirou os olhos por baixo da franja.

“Não, eu passei a noite fazendo algumas coisas e não deu tempo de me arrumar para vir para cá. Você usou a caixa de mensagens de emergência. Está tudo bem?” Ela perguntou, afastando a mão dele antes que ele chegasse em sua coxa. Murdoc se virou, nervoso.

“Não! Russel está aqui! Ele sabe de tudo! Vai vir me matar! Vi Noodle desmaiada em seus braços e 2-D estava com ele, pegando armas em seu quarto!”

Ela sorriu, satisfeita ao ouvir sobre a Noodle. “Não se preocupe. Se eles te atacarem vou te proteger.” Ouviram passos pela escada novamente, Murdoc voltou ao seu canto e Andróide se afastou um pouco da porta, procurando uma arma em algum lugar. Achou uma metralhadora com poucas balas em um canto e a pegou, virando-se para frente, bem na hora que os ‘convidados’ chegavam.

Russel entrou com 2-D escondido logo atrás dele. Noodle não estava lá mais. “Minhas armas estão guardadas. Se não for muito incômodo quero que a sua também esteja.” Falou ele, apontando para Andróide. Murdoc fez um sinal e ela abaixou um pouco a guarda. “Então...! Quanto tempo, não...? Parece que você ficou pior depois da ultima vez que o vi... Está mais verde!”

“E você emagreceu. Dificuldades...?” Murdoc começou, acendendo outro cigarro e oferecendo um á eles, e só 2-D aceitou.

“Muitas. Mas você sabe por que vim aqui, não?” Continuou ele.

“Tenho minhas dúvidas. Esclareça-as.”

“Eu sei o que não devia saber. E só quero fazer tratos, negociar.” Russel disse, se apoiando na parede.

“Estou ouvindo.”

“Tenho uns amigos lá em baixo que me contaram umas coisas, ou melhor, que poderiam contar umas coisas á alguém.”

Murdoc perdeu a calma, já sabendo do que se tratava. “Não quero mais saber!!” Gritou, levantando os braços “É tudo mentira, calúnia!!”

“Você deve almas ao diabo, e você sabe disso!!! Aquele menino que você invocou naquele show é o único que lembra disso! Mas ele não tem coragem de falar com seu ‘chefe’... mas os MEUS amigos tem...” Gritou junto Russel, de uma forma ameaçadora. “Agora cala a boca e me ouve, porque se ele se lembrar do que você deve ele vai te levar lá pra baixo instantaneamente.”

Murdoc Respirou fundo, se sentando na cadeira. “Diga.”

“Pri... Primeiro faz ela soltar essa arma...” Falou, pela primeira vez, 2-D. Murdoc fez outro sinal e Andróide soltou, mas falou:

“Não precisa ter medinho. Você é o único que eu sei que não pode fazer nada de ameaçador para atrapalhar.” E ainda sussurrou para ele: “Nada disso ainda te impede de ir lá pro meu quarto hoje à noite” E piscou, fazendo-o cair sentado de costas.

“Não quero mais esses problemas de arma aqui. Quero andar pelos corredores sem ter medo de pisar no rabo de alguém com uma bazuca” Começou Russel, olhando no canto do olho para Andróide. Ela só sorria. “Ninguém vai ser programado a matar ninguém. E quero que voltamos a morar aqui porque queremos, não porque somos obrigados. Afinal, ainda somos uma banda e eu ainda preciso disso para sobreviver. Você também.”

Murdoc pensou muito antes de responder. “Está certo. Mas não posso evitar que as brigas aconteçam. E se acontecerem não serei culpado de alguém morrer, porque...” Ele começou, mas ouviu passos rápidos pela escada. Todos pararam.

Ray apareceu na porta, respirando e falando ao mesmo tempo. “Eu... Eu vim assim que... Assim que soube que...” Mas parou ao olhar para Andróide, vestida com seu moletom. Ela sorriu só de ver o ódio que ela mesma fazia ele sentir sem falar nada. “Você... Você sabe o problema que meu causou!? E à Noodle?! Sua filha da...” E pulou para cima dela.

Ele socava com toda sua energia, ela desviava com facilidade, rindo. “Por que está com tanta raiva?? Eu não fiz nada, foi você que fez!!” Ela falava, fazendo-o tentar socá-la mais ainda.

“Não!! Você me drogou, não é justo!! E ainda machucou Noodle hoje de manhã!!” Russel fez menção de se levantar para ajudar, mas Ray gritou: “Não, deixa comigo!! Não me ajuda!! Ela tem que sofrer pelo que fez!!”

Andróide deu a volta pela mesa, rindo, pulando e desviando dos ataques dele, como uma menina feliz. Seu cabelo voava e mostrava seus olhos alegres de ódio, mostrava seus lábios que se mexiam e falavam as dolorosas palavras. “Você sabia que era eu que estava lá! Falava que comigo era melhor! Porque você sabe, né...” Ela falou, parando e olhando para ele. “Eu sou melhor.”

“Cala boca, cala boca!! Nada disso aconteceu!!” Ele gritava, dando chutes. Até que a brincadeira mudou: ela segurou um de seus pés. “Já conheço esse truque seu!” Ray gritou, colocando o outro pé na barriga dela e dando um soco em cheio em seu rosto.

Andróide soltou a perna dele, fazendo-o cair no chão. Ray segurava sua mão, que estava toda quebrada por causa do soco no metal duro, gritando. Passou o pé pela perna dela, fazendo-a cair junto com ele.

“Nossa! Você não era tão ágil assim na cama, querido!!” Ela gritou, rindo muito. Havia um grande corte em seu rosto, um rasgo feio que mostrava alguns fios. Andróide segurou os braços dele, pegando em sua mão machucada e dobrando-a para traz. Ray gritava de dor. “Para mim não passou de uma ilusão, um trabalho, puro negócio.” Ria ela.

Ele fechou os lábios, se recusando a gritar. Queria passar toda essa dor que estava sentindo nela, para que ela sofresse. Rodou o braço direito, que estava com a mão boa, conseguindo se libertar e agarrou sua faca que estava sempre presa em sua cinta, cortando a 1ª coisa que encontrou pela frente: o pé dela.

Andróide o soltou, olhando para seu pé quase solto, que vazava muito óleo. Seu rosto se fechou em uma expressão única e indescritível. Ray se levantou, começando a comemorar. Murdoc se mexeu na cadeira, inquieto.

Até que todos ouviram um baixo silvo. Era muito baixo e quase imperceptível, mas este foi aumentando o volume até entenderem o que era.

Andróide estava rindo. No meio daquela confusão toda ela ria, a ponto de se tornar uma gargalhada muito alta. Ela levantou o rosto, a franja finalmente fora do olho, que estava arregalado ao máximo possível. Sua boca, onde estava estampada um sorriso terrível, vazava óleo, e ela usou a língua para limpar.

“Eu não sinto nada!!” Gritou, entre gargalhadas. “Você acha que vai me fazer parar com isso...? Eu arranco isso!!!” Ela gritou, ficando em pé e arrancando os últimos fios que prendia seu pé. Continuou rindo.

Ray olhou para os lados, em um socorro mudo. Mas, em um movimento rápido, Andróide avançou para frente e agarrou os braços dele, puxando-os para traz.

“Se você perder esse lindo bracinho com sua mão cheia de dedos que esfregam por toda parte na cama...” Ela começou, sorrindo levemente com sua cara maligna de sempre. “Talvez pare de se achar tanto. O que acha?” Ray só gritava, enquanto ela, sem dó nenhum, puxava cada vez mais. Ouviu-se um estalo forte, seguido por um grito de agonia maior.

Ela tinha deslocado o braço esquerdo dele e estava começando a rasgar a pele. Russel levantou da cadeira, mas Murdoc foi junto com ele. “Não! É a nova regra!! Ele começou a luta então ele pode morrer!”

E Ray continuava gritando, agora podia se ver um pouco do sangue em baixo de seu ombro. Até que Andróide parou.

Todos da sala se viraram rapidamente para ver. Ela estava séria, a boca em uma linha fina, com os braços moles para baixo. Cambaleou um pouco e caiu.

Logo atrás dela apareceu 2-D, com um braço e dois dedos esticados. Recolheu-os, se encolhendo. “Ham... Eu quis... Entrar na briga...” Falou, muito tímido.

Todos estavam de boca aberta e olhos arregalados. Murdoc começou: “Como... Mas como... É impossível... Como diabos você fez isso!?!”

Ele mexeu o braço, fazendo um movimento para cima e para baixo. “Assim... No ombro... A Noodle me ensinou que ali é o ponto que todos desmaiam se apertarmos...! Aí foi só eu...” Todos continuavam olhando para ele, abismados. “É melhor eu ir... Vou ver como a Noodle está...”

Saiu andando, subindo a grande escadaria sem mesmo olhar para traz. Se chegasse em seu quarto podia esquecer tudo, Noodle estava lá deitada em sua cama, indefesa, e pronta para ouvir suas palavras.

Porque ele não sabia direito como tinha feito aquilo. Foi na hora do desespero, não queria ver Ray sofrer daquele tanto, isso faria Noodle sofrer em dobro. Mas não ia admitir isso a ela, ele ainda ‘odiava’ o garoto, pois ele fora o 1º namorado da sua Noodle.

Entrou no elevador, impaciente. Queria chegar o mais rápido que pudesse. A música de sempre não estava tocando, agora tinha um fundo instrumental do “Feel Good Inc.”, o acalmando um pouco. Lembrou o segundo motivo principal do por que estava ali: a banda. Ele adorava tocar e cantar, e não estava se concentrando nisso.

A porta se abriu, ele correu pelo corredor em direção ao seu quarto. A porta estava entre aberta, mostrando um pedaço da cama onde devia estar Noodle, deitada.

“Noodle? Noodle?” Entrou chamando, olhando por todos os cantos.

“Estou aqui, 2-D-San...” Ela disse, saindo do canto onde era o banheiro. “Onde você estava?”

“Está tudo bem? Você está bem? Quando acordou?” Ele perguntava, mexendo em seus braços.

“Está tudo bem sim, estou ótima, só dormi um pouco e acordei há um tempinho atrás, fui ao banheiro limpar o sangue em meu rosto... Mas onde você estava?”

“Russel voltou e fomos negociar com Murdoc. Está tudo bem agora, ok? Nada... Nada de ruim aconteceu.” Falou ele, gaguejando um pouco porque não sabia mentir. Noodle o olhou, desconfiada.

“Pode me contar tudo.” Disse, se sentando na cama e chamando-o para sentar ao seu lado.

“Ah, começou tudo bem, concordamos em viver sem aquele medo da Andróide estar programada para matar alguém. Mas aí Ray entrou e não tinha ouvido nada e pulou pra cima dela e eles começaram a lutar. Acabou que ele está com a mão quebrada e o braço deslocado e ela sem o pé. Mas eu fiz aquele negócio que você me ensinou no ombro dela e... acabou, está tudo bem, ela está desmaiada.” Ele disse, resumindo.

Ela sorriu. “Muito bem!! Estou orgulhosa!” Disse, dando um abraço nele. “Mas não acredito inteiramente nesse seu: ‘Está tudo bem’. Vou ver como Ray está, ok? Ele é muito teimoso e com certeza ficou sofrendo lá sem deixar ninguém ajudar.”

“É... Depois volta aqui?” Pediu, se sentindo sozinho.

“Sim, 2-D-San, eu volto.” Noodle disse, sorrindo.

“Promete?” Pediu novamente, ainda sem soltar a mão dela.

“Prometo sim. Ou então você pode ir para meu quarto, ta bom? Só vou lá dar uma bronca nele e ajudar em alguma coisa.”

Seu sorriso o consolou, e ele á soltou. Noodle saiu pelo corredor, sem saber muito o que fazer ou falar.

Porque agora sabia que estava chegando cada vez mais perto o dia. O dia que Ray ia embora.


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