Love Forever, Love Is Free escrita por NoOdle


Capítulo 18
Morfina




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Andróide carregou a arma, mirando na parede. Estava tentando escrever Plastic Beach ao lado de Gorillaz, onde já tinha escrito em um outro dia.

Atirou, fazendo a barriga do B. Deixou seu braço mole e remendado cair ao lado da caixa de balas, pegando mais uma. Não queria ir para o quarto de Murdoc para pedir para ele ajustá-la corretamente, não hoje, então fez alguns remendos rápidos.

Olhou para a bala, observando-a, como fazia com todas. A que tivesse com algum problema ela esfregava em seu próprio machucado, fazendo-o ficar melhor e a bala, arrumada.

Não, aquele estava perfeito. Colocou no revólver e atirou, terminando o B. Pegou a próxima.

Estava horrível. Tanto a bala quanto ela. Seu rosto não passava de várias costuras para poder prender a pele que tinha arrancado na luta com Ray e Noodle, seu braço tinha pequenos furinhos onde às vezes pingava um pouco de óleo, e era em um deles que esfregava a bala defeituosa.

O pó do metal caia no buraco, se fundindo com o óleo e fazendo ficar um metal liso, concertando o machucado, de pouco em pouco. Estava dando certo até agora.

Atirou novamente, começando o E.

Estava tão entediada! Não sabia mais o porquê de sua existência. Antes era poder matar Noodle ou destruir helicópteros, mas depois do que acontecera aquela noite... A menina a tinha surpreendido.

Andróide achava que, como em seus frequentes pesadelos, Noodle ia chegar à Plastic Beach e tirar o lugar dela na banda, porque uma humana tem mais sentimentos, respira, é mais querida e tem o amor de todos. Agora estava em dúvida.

Ela chegou e não tentou, em nenhuma hora, fazê-la sair ou tentar roubar seu lugar na banda. Noodle tem um certo afeto por ela, como se aceitasse o fato de que ela existia e que podiam, algum dia, serem irmãs.

“Ah, besteira pura!!” Gritou, atirando duas balas seguidas.

Tinha que acabar com isso. Ela era melhor em tudo, tinha que ser a melhor! Tinha que superar sua cópia humana, que era frágil, tinha muitos sentimentos, e... era real.

Atirou novamente.

Como ia atingi-la? Como podia fazê-la sofrer ao ponto de... se render? Podia ameaçar matar 2-D... Não, tinha ordens explicitas de que não era para, matá-lo, só em caso de fuga. Podia ir destruir seu quarto! Não, tem tantos quartos na Plastich Beach que um a menos não faria diferença.

Esfregou outra bala, fechando o ultimo buraco em seu braço. Sentou corretamente no chão, procurando a agulha para costurar aquela parte da pele.

“Perfeito”. Falou para si mesma, olhando em um espelho quebrado. Arrumou o cabelo. Ela era até mais bonita do que Noodle, e podia ser reconcertada.

Bonita... Um dia alguém já a chamara de bonita. Foi Murdoc, quando estava sozinho e sem nenhuma prostituta para se divertir. Ela cedeu, é claro, não tinha nada melhor para fazer e queria deixar seu criador feliz com ela. Mas sabia que conseguiria algo melhor, ela era perfeita e famosa. Conseguiria até Brad Pitt, se quisesse.

Se sentou, agora alegre. Já sabia o que ia fazer para destruir Noodle por dentro.

A única pessoa que conseguira abalar o coração da menina, tanto para a felicidade quanto para a tristeza, que já tinha realmente namorado com ela. Ray.

Tudo bem que não sabia o que ela sentia agora com relação á ele, mas não ia se suportar se algo acontecesse com ele...

Aquele sorriso de ódio apareceu no rosto dela novamente. Já estava quase pronta, só faltava terminar alguns pontos no rosto. Mas o cabelo cobria isso. Ela estava igual à Noodle. Era uma Noodle muito melhor.

Checou que horas eram. Umas 4 da manhã. Levantou, vestiu uma roupa e pegou uma seringa. Havia uma pequena dose de morfina lá dentro.

Abriu a porta, pronta para ir. Estava com um pequeno short e um top que havia pego do guarda roupa de sua cópia humana antes mesmo dela chegar. Estava pronta para enganar Ray e destruir Noodle.

Andou calmamente pelo corredor e até mesmo pegou o elevador, porque era para ser Noodle. Chegou no andar dele e nem bateu na porta já abriu e ficou parada, enquanto Ray sentava na cama, assustado.

“Noodle...?” Perguntou, piscando forte. Ela não falou nada, só chegou perto da cama e antes mesmo de tocá-lo injetou a morfina. Era pouca quantidade, serviria como uma boa dose de cachaça para ele. Ray se lembraria de tudo, mas não perceberia o toque diferente ou mesmo a pele esquisita.

Para ela era fácil. Ele era bonito, não o suficiente para atraí-la, mas bom o bastante para não fazê-la se arrepender. E também não passava de negócios. Nada mais do que isso.

Já dava 6 da manhã quando ela decidiu dormir, certa de que a morfina pararia de fazer efeito. Estava satisfeita com sua maldade e feliz com o fato de que tinha conseguido. Descansou.

 

Ray mexeu na cama, se levantando. Balançou os cabelos brancos e olhou para o lado, onde estava dormindo ‘Noodle’, com o cobertor cobrindo todo seu corpo. Passou a mão por ela, mas sem acordá-la.

Se levantou e entrou no banheiro para tomar um banho. Andróide acordava, se sentando e respirando fundo. Seu plano tinha dado certo, agora era só alguém entrar no quarto... Sentou, olhando a janela.

Era um lindo dia de sol com um pouco de vento. Olhou seu reflexo no vidro: seu cabelo estava bagunçado, estava sem roupa e os cortes na pele falsa estavam sumindo. Uma brisa passou pela janela, fazendo-a tremer um pouco.

Alguém bateu na porta. Andróide sorriu. Era sua chance de colocar a ultima peça do seu plano em prática, e devia caprichar. Noodle chamou: “Ray, está aí? Está tudo bem? Você ta atrasado para o café!”

Se levantou rapidamente, colocando um moletom comprido do Ray que estava em uma cadeira e andou em direção á porta. Sorriu maliciosamente, contendo a felicidade, e abriu.

“Sim, podemos ajudá-la?” Falou, em um tom muito descontraído. O chuveiro desligava naquela hora, o que significava que Ray ia sair á qualquer momento.

Noodle estava de boca aberta, parada na frente da porta dele, sem saber o que fazer. “Ahm... é só isso?” Falou Andróide, ainda descontraída.

“O que... O que... O que está fazendo aqui...?!” Perguntou, com a voz tremendo. Ray saía do banheiro, uma toalha enrolada na cintura e outra secando o cabelo, como de costume. “RAY!!” Ela gritou, entrando no quarto.

Ele levou um susto enorme, escorregou e as duas toalhas voaram, como da ultima vez. Noodle virou o rosto, corando um pouco, mas andróide continuou olhando, tentando fazer mais ciúmes. Ray tentava se levantar e falar ao mesmo tempo;

Noodle se virou. “O que VOCÊ está fazendo aqui!? Com ela?!” Disse, apontando para Andróide, que só sorria, encostada na porta, o moletom grande que mal cobria a metade da perna fazendo-a parecer mais sedutora ainda.

“Mas eu... Era você que... Ontem à noite você veio e...!” Ele tentou falar, escorregando de novo, mas segurando a toalha.

“ARG!!! Você é um nojo!!!!!” Ela foi em direção dele e o chutou bem no lugar frágil dele. “Não sei porque ainda me importo contigo!!” E foi em direção á porta, parando para encarar Andróide

“Mais alguma coisa, querida?” Ela disse, ainda sorrindo. Noodle explodiu.

Gritou, levantando os pés para dar um chute, mas Andróide já esperava essa reação e desviou, fazendo Noodle fazer um buraco na parede. Andróide agora ria, como uma criança que conseguiu seu doce predileto, e pulou na cama, pronta para enfrentá-la.

“Não tenho culpa se ele me escolheu! Se ele me acha mais bonita!” Ela gritava, enquanto só desviava dos fortes golpes de Noodle. “Se ele já cansou de você!”

“AAAH! CALA A BOCA, CALA A BOCA!!!” Ela gritou, subindo na cama também, tentando dar outro chute. Andróide segurou seu pé, imobilizando-a temporariamente

“Ontem a noite foi tão... especial, foi...” Continuou Andróide, mas foi interrompida por um soco de Noodle, que acertou em cheio no nariz dela. Sua cabeça foi para trás e dois dedos da menina estavam quebrados

Sem mesmo mexer seu pescoço a robô virou o pé de Noodle, fazendo-a girar e cair de cara no chão. Andróide usou as mãos para colocar a cabeça no lugar, agora sorrindo mais do que nunca. “Esqueceu que é mais difícil me abater do que o normal...?” Noodle se levantava, com o canto da cabeça sangrando. Era só a raiva que estava explícita em seu rosto.

Ela pulou da cama, com o pé esticado e acertou bem na cabeça da menina, fazendo-a batê-la de novo no chão, aumentando o corte.

“Eu poderia esmagar sua frágil cabecinha bem aqui, sabia? Bem agora...” Ela falou, bem baixinho. “Mas o idiota ali a trás vai tentar pular por cima de mim.” E se virou. Ray estava, realmente, logo atrás dela, pronto para pular. “É, meu bem, tu não é tão bom assim não.”

Se afastou do chão, passando o dedo pelo sangue de Noodle e lambendo. Andou em direção á Ray, segurou seu rosto e seu braço, colocando dois dedos em uma artéria que o imobilizava, e o beijou. “Me liga!” Brincou, piscando e saindo.

A porta se fechou, deixando para trás Noodle estirada no chão e Ray sentado na cama, sem movimento. Passaram-se uns 20minutos até que ele falou algo.

“Hamm.. Eu não sabia que... Não sei como não percebi que não era...”

“Cala a tua boca e me ajuda.” Noodle falou, ainda no chão. Ela estava perdendo um tanto razoável de sangue.

“Ah, ah, claro...!” Falou Ray, tropeçando para ir ao encontro dela. “Esqueci que estava machucada! Foi bem aqui, não...?” Ele disse, tocando em sua cabeça e ajudando-a a ficar sentada. “É, está feio. Acho que vou ter que dar um ponto. Que pé forte que ela tem, não?”

“Você é que me diz, passou a noite inteira colada com ela. Como, preciso perguntar, porque sabia que você era idiota mas nem tanto, mas como não percebeu a diferença!?”

Ray corou, pegando uma agulha em sua caixa de primeiros socorros. “Não... Não sei, já disse. Parece que não me lembro de muita coisa. Ai...”

“É, a noite deve ter sido tão boa que nem se lembra de nada. O que foi?” Ela perguntou, fazendo biquinho.

“Nada, só me cortei aqui e sujei a ‘balança’ de medir o sangue. Vou ter que limpar depois, mas primeiro vou fazer o ponto aí. O que...?” Ray parou, analisando o objeto sujo com seu próprio sangue. “O que é isso? Está dando que meu sangue foi contaminado com droga!”

“Como assim?” Perguntou Noodle virando a cabeça para ele.

“Isso mesmo! Morfina! Está dando um resultado que eu tomei dose de morfina ontem à noite!”

"Então... Você acha que ela te drogou? Só pra passar a noite com você?"

"Não. Acho que ela queria que brigássemos ou mesmo queria te machucar me fazendo ficar com ela, mesmo eu achando que estava com você!" Ray concluiu, chegando perto dela com a agulha. Começou a dar o ponto, os dois quietos, pensando

"Faz sentido." Concluiu Noodle depois de um tempo. "Mesmo assim é... nojento. Você é nojento. Mas é o meu nojento, e não quero a minha propriedade andando com... ralés." Ela falou, olhando para ele.

Eles chegaram perto, ele até chegou a fechar os olhos. Mas ela parou e bateu a mão em sua bochecha, com carinho. "Hoje não. Está de castigo, já falei. E também já disse que foi nojento e você é nojento. Merece esse castigo." E se levantou de vagar, com a mão na cabeça. "Que merda, eu só me machuco. Meu ombro, minha cabeça..."

Ray piscou, voltando a realidade. "Ah, quer que eu te ajudo?" Falou, segurando na mão dela. "Não! Não encosta em mim! Eca, eca, eca! Vou me sentir mal de tocar em você, principalmente depois dessa noite com... com ela..." Disse Noodle, tremendo só de pensar.

Ele ficou parado perto da cama, sem saber o que fazer ou falar, vendo-a sair.

 

Andróide descia pelo elevador, com suas costas e um pé encostados na parede, ainda usando o suéter do Ray. 'Nessa hora eles devem estar brigando. Ou a idiota humana morreu de tanto perder sangue.' Pensava, sorrindo maliciosamente. A porta se abriu, parecendo 2-D, que parou de susto antes mesmo de entrar.

“O que...? Noodle?" Perguntou, entortando a cabeça.

Ela ficou séria, já irritada com a constante enganação. "Não, barata, com sorte ela já morreu."

2-D congelou, ouvindo a mesma voz fria e sem vida que a robô sempre teve. Ficou parado, olhando, sem piscar. "O que você fez...?"

Andróide sorriu. "Quer a verdade? Ou só uma parte dela? Porque eu me deliciaria na verdade inteira." 2-D pensou. A porta do elevador fez menção em fechar, mas ele colocou a mão, bloqueando-a. "Vou me arrepender, mas a verdade... Resumida, por favor!"

Ela sorriu. "Queria fazer Noodle sofrer então dormi com Ray e agora de manhã ela foi no quarto nos irritar e tomo bem na cara." 2-D mostrava-se em dúvida. Parecia muito difícil de acreditar. Ela bufou. "Ah, vai, você não é tão ingênuo assim!"

Ele engoliu seco. "Vocês... dormiram juntos...? Assim, vocês fizeram... Mas como é... Como é possível?!?" Ele perguntou para si mesmo, colocando a mão na cabeça. Andróide chegou perto, de repente sedutora. Ele olhou para suas pernas, muito expostas e muito reais.

"Se ainda estiver com dúvida hoje a noite passa lá no meu quarto. É pequeno, mas cabe dois." Disse, piscando e andando em direção á ele, que recuou, com muito medo.

Ela deu as costas e saiu andando, deixando-o para trás, sem entender muito de nada. Não sabia se tinha sido uma pegadinha de Noodle ou um defeito total em Andróide. Ele podia estar sonhando!

Mas, para seu total desespero, ele estava muito acordado e poucos minutos depois Noodle, com uma grande costura na cabeça, apareceu andando, quase caindo, descendo a escada.

"Essa porcaria de elevador não chegava! Você estava segurando, 2-D-San?" Ela perguntou, caindo de joelhos no chão. Ele correu em direção á ela, tentando ajudar.

"O que está fazendo, menina? O que está acontecendo?" Ele perguntava, enquanto soprava um pouco de ar em seu rosto cheio de sangue. Ela, porém, não respondeu, só sorriu e virou o rosto, dormindo no colo de 2-D. "Noodle? Noodle!? Não dorme, você pode morrer! NOODLE, ACORDA!!!!" Gritava ele, chacoalhando-a. Não adiantou, ela estava inconsciente.

Uma mão grande e escura apareceu, pegando a garota. "É só eu sair que vocês já fazem minha menina ficar desse jeito, não?" Falou uma voz grossa, dona da mão que segurava Noodle com muito carinho.

2-D abriu a boca em uma exclamação muda.

"O que é que você está...? O que é que você está... Fazendo aqui?!"

Russel sorriu, abraçando a menina. "Descobri. Descobri um modo de chantagearmos Murdoc e ganharmos essa ‘guerra’."


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