Love Forever, Love Is Free escrita por NoOdle


Capítulo 16
Niver do 2-D


Notas iniciais do capítulo

2-D Sentiu uma cócega no pé e se mexeu, tentando afastar os possíveis ratos. Virou para o outro lado da cama, ainda dormindo.
A pelugem insistia, e logo depois se seguiram pequenos risos. Certo, aquilo não eram ratos. Sentou, arregalando os olhos e muito assustado. Podia ser uma baleia terrestre, se é que existisse mesmo.
“Surpresa!!!” Gritou Noodle, muito animada. O quarto estava todo enfeitado, Murdoc estava encostado na porta, Russel estava sentado em um baú, Ray em pé perto de alguns balões e Noodle estava a sua frente, com um sorriso enorme e um chapéu de festa. Só faltava pular de tanta felicidade acumulada.
“Surpresa...?” Ele falou, com uma cara de dúvida. Não queria sentar, tinha dormido sem roupa por causa do calor. Ela riu:
“É seu aniversário, bobinho! Dia 23/05! 32 aninhos!! Vamos, se levante!” E o puxou pelo braço, tirando-o da cama. “Não!! Quer saber, vista uma... Vista alguma coisa primeiro...” Noodle disse, jogando um samba canção á 2-D, que corava fortemente.
Olhou em volta. Seu quarto estava estranhamente arrumado, com balões a toda volta e uma grande faixa onde se lia: “Parabéins, barata”, com aquele ‘i’ intruso e o ‘barata’ com bastantes riscos. Sim, provavelmente Murdoc tinha escrito e Noodle tentado concertar.
2-D repuxou o canto da boca, sorrindo. Noodle já voltava com um café da manhã na mão.
“Todos vieram de bom grado te dar os parabéns. Estávamos animados para fazer a surpresa!”

(8 horas atrás, na noite passada, quarto de Murdoc;)

“Muds!! Que bom te encontrar aqui!”
Murdoc olhou, desconfiado. “O que você quer?”
“Amanhã é o aniversário do 2-D-San... Vamos nos reunir no quarto dele bem cedinho para dar os parabéns, ok?” Noodle falou, sorrindo, com as mãos para trás.
“Não.”
A expressão dela mudou. Era escura e fria. “Sim, você vai, ok?”
“Não, eu não vou, ok?” Ele falou, chegando mais perto.
Noodle tirou um facão da cinta. “Sim, você vai. E vai levar a placa de parabéns.”
Murdoc se afastou, arregalando os olhos. “Sim, eu vou, como pensei que não! Pode deixar, amanhã bem cedinho vou estar lá!”
Ela sorriu, guardando o facão. “Obrigada, Muds! Até lá!” E saiu saltitando do quarto.

(7 horas e 30 minutos atrás, na noite passada, quarto de Russel;)

“Russel-Kun? Sei que está dormindo, mas só quero confirmar se amanhã você vai na festinha do 2-D-San.”
“Comer farinha na casa do San...?” Falou ele, se mexendo na cama.
“Não, festinha, não farinha... Te encontro amanhã então!”
“Ta certo, Noodle... Eu deixo, pode ir...”
E saiu novamente saltitando, indo em direção ao quarto temporário de Ray.

(7 horas e 15 minutos atrás, na noite passada, quarto temporário de Ray;)

“Ray, posso entrar?” Ela falou, colocando a cabeça na porta. Ele estava ouvindo música, mas desligou e levantou a cabeça.
“Claro... Tudo bem? É a Andróide de novo?”
“Não, não... Ela continua desativada desde aquele dia que do meu chute... E sim, meu pé está muito melhor... Na verdade vim perguntar se você queria ir á festinha do 2-D-San amanhã cedo, no quarto dele...”.
Ray fez uma careta. “Não acho que ele gosta de mim. Se eu for vou estragar tudo. Acho que vou ficar lendo”.
“Lendo? Mas você nem lê! Ah, deixa de frescura e vamos! Só um parabéns!”
Ele enrolou o fio do IPod. “Não, já decidi. Preciso pensar no que vou fazer com Russel para conseguir ir embora”.
Noodle fechou a cara. “Sim, você vai...”
“Não, você não vai ganhar essa...” Falou, se levantando para guardar o aparelho.
Noodle se levantou também, o segurou pela blusa e o puxou, dando um beijo. Um super beijo.
“Você vai?” Ela perguntou.
“Que...? Vou sim, claro que sim, não sei porque disse que não naquela hora...” Falou Ray, meio tonto.
“Ótimo! Sabia que ia querer ir!” Ela disse, sorrindo de novo. Saiu saltitando do quarto, rumando para seu próprio porque tinha mais umas 6 horas para dormir.

2-D desviou seu olhar dos olhos puxados de alegria de Noodle, olhando por trás dela. Murdoc acendia um cigarro, ainda encostado na porta, Russel estava apoiado em suas próprias mãos praticamente dormindo e Ray olhava os desenhos das horríveis baleias pregados na parede.
“Aposto que todos quiseram vir logo quando você convidou... Obrigado, querida, nem precisava...” Falou, agora se voltando á ela novamente, bebendo um gole do leite que estava em seu prato.
“Acordamos bem cedinho para podermos aproveitar o dia! São 5:30 da manhã!”
“5:30?!?” 2-D falou, se engasgando. “Pra que tão cedo, linda?!”
“Dã...” Ela falou, dando as costas para ele e indo saltitando até a porta, sendo seguida pelos outros. “Já falei! Para aproveitarmos o lindo dia de sol na praia! Vamos te dar 20 minutos para você se preparar, ok? Nos encontramos na entrada!”
E fechou a porta, seu sorriso ainda enorme.
2-D caiu de costas, quase dormindo. “Que pique!” E fechou os olhos, se atrevendo a dar um cochilo. Mas logo em sua mente apareceu o rosto de Noodle, ele não podia decepcioná-la. Tentou levantar para pegar uma toalha.
Procurou uma bóia, com um grande pedaço de torrada na boca. Dentro de 10 minutos já estava pronto e subia no elevador até a entrada. Lá esperava Noodle, com um biquíni azul água e uma saída de banho verde claro, Ray ao seu lado, Murdoc perto do outro lado e Russel mais para frente, procurando algo na areia.
Ele foi, animado, ao tapete estendido sob a areia que estava reservado a ele, com um guarda sol preso ao lado. “Você é muito branquelo, 2-D-San... Por isso tem que passar muito protetor!”
Ela falou, colocando bastante bloqueador solar em suas mãos. “Venha cá, eu te ajudo... E depois vamos brincar de ‘quem consegue afogar o 2-D na água’... Hahaha, estou brincando! Vai ser com o Ray...”
Ray se mexeu do lado, surpreso por ter sido mencionado. Parecia que estava quase dormindo. Mas Noodle o lançou um olhar, e ele logo já sacudiu o rosto, pronto para acordar.
“Que tal subirmos ali naquela área mais alta? A areia não parece tão suja...” Ele disse, apontando para um local. Todos arrumaram as coisas (que incluíam os tapetes, uma cesta de piquenique, os guarda sóis e as bóias) e rumaram para o lugar, que estava mais perto de Russel. Passando por lá ele disse:
“2-D, venha cá, quero te dar uma coisa...”
Noodle continuou a curta caminhada, ao seu lado estava Ray e, mais para trás, Murdoc. Arrumaram o lugar e ela já deitou, estendendo o protetor para Ray.
“Passa em mim? Quando 2-D-San chegar já vamos começar a nadar...”
Ele sorriu e colocou um tanto na mão, começando a passar nas costas dela. Murdoc chegou mais perto.
“Ei!! Olha onde coloca a mão, retardado! Ela não é qualquer uma não!” E deu um empurrão em Ray, fazendo-o cair na água lá em baixo. Noodle se ajoelhou, olhou para ver se ele estava bem, e logo começou a rir.
“Uhul!!” Gritou, pulando junto e levando Murdoc com ela. Ele gritava feito um louco, não queria entrar na águam nem a pau. Mas foi junto. “2-D-San!! Venha!!” Ela gritou, jogando água
2-D segurou o que Russel lhe deu com muito nojo e deixou perto de seu guarda sol, em um copo com água. Depois já pulou no mar.
Foi muito divertido e muito diferente, fazia bastante tempo que não faziam uma coisa dessas juntos. Bastante tempo mesmo. Questão de anos.
Mas parecia que foi ontem. Noodle rindo como uma criança que acabou de ganhar um presente simples, mas muito grande, Murdoc tentando afogar 2-D, que gritava como um desesperado, Russel sentado em cima e os observamos (porque Russel nunca foi muito fã de piscinas) e Ray jogando água em Noodle.

Logo o dia passou voando, em meio de desastres e acontecimentos, em felicidades e risadas, as maiorias vindas de Noodle, que tentava deixar tudo mais feliz. De noite ela disse que teria a ultima surpresa para ele, a ultima hora de aniversário.
“Não é para espiar...” Falou ela, guiando-o.
“Não estou espiando, querida...” Falou 2-D, abrindo um pouco de um olho.
“Está sim! Deixa de ser chato, não vale olhar!” Ela riu, fazendo-o sentar em um lugar. “Certo, agora, com cuidado, coloque os pés para cá e não force muito para frente... Pode abrir!”
“Uou!” Falou ele, desequilibrando um pouco. Estavam sentados na ponta do terraço da Plastic Beach, com um pouco de comida ao lado deles. “Como viemos parar aqui?!”
“Segredo... Agora olhe para lá, para cima. O céu está lindo hoje, não?” Ela falou, se apoiando um pouco para trás. “E daqui de cima podemos ver quase toda a ilha...”
“Sim, sim... Muito obrigado pelo aniversário, Noodle... Fazia... Fazia muito tempo que eu não me divertia... ou pelo menos sorria um pouco.”
“Eu sei, por isso fiz que todos fizessem isso... Tudo bem que não deu muito certo naquela hora que Russel-Kun e Murdoc brigaram, mas eles só se encontraram porque Russel-Kun sabe que a Andróide ta desativada e Muds não seria bobo o suficiente para brigar com ele, e... Aliás, o que foi que você ganhou de presente dele?”
“Do Russel? Ah, você não acredita... Ganhei um ovo de baleia morto! Bom, pelo menos ficou morto depois eu peguei... Taquei no chão na hora! Mas vou guardar na minha instante, assim pode ficar de aviso a todas as baleias que se elas chegarem perto do meu quarto que seus filhotes vão acabar como aquele ovinho.” 2-D falou, rindo.
Noodle riu também, esticando os braços para apanhar uma uva e dando na boca dele.
“Puxa, que mordomia!” Disse. “Sabe, de todo o dia essa é à parte em que mais estou gostando... Obrigado pelo aniversário.”
“De nada... Me esforcei muito para que hoje seja um dia feliz. Tomara que tenha conseguido.” Ela disse, olhando para os olhos dele, chegando mais perto.
“Conseguiu, querida. E o céu está mesmo muito brilhante. Todo dia que você estava longe daqui, no inferno, eu olhava pela janela lá para o topo do mar e via os reflexos das estrelas e lembrava dos seus olhos.”
Ela corou, desviando o olhar. “Não sou mais uma criança, 2-D-San... Você já sabe que posso escolher o que quero... Ray foi uma fase minha de criança, e estou pronta para mudar”. Ela o olhou novamente. Ele estava confuso.
“Me desculpe. Sou meio lerdinho, você sabe. E o que isso tem a ver...?” Ele perguntou, fazendo força com a sobrancelha. Ela deu uma risadinha.
“Não é nada, nada de importante”.E deu um beijo em sua bochecha, no canto da boca. “Feliz aniversário de 32 anos, 2-D-San...”. Ela se levantou, passando a mão pelo cabelo dele. “Boa noite. Você é muito especial para mi, ok?” E sorriu, saindo pela escada de emergência.
Ele continuava parado, pensando nas palavras dela. Agora entendia. Mas... Era difícil de entender que ela queria o que ele queria há muito tempo atrás. Há tanto tempo que ele até desistiu. E quando, aquele dia, ‘sem querer’ se beijaram... Ele lembrou. Mas logo descartou, porque parecia que ela estava feliz demais com... Ray... Mas pelo visto não.
2-D piscou, mexendo a cabeça. Como conseguira pensar nisso tudo? Talvez seja porque estava com sono. E agora que entendia o que ela queria... E era o mesmo que ele queria á muito tempo atrás... Não sabia mais se era o certo os dois quererem o que queriam juntos. Então, quando desceu de escada, passou pelo quarto dela, só para vê-la dormir.
Noodle estava deitada na cama, embrulhada por causa do vento que sua janela aberta deixava passar. Ele a fechou e chegou mais perto para dar um beijo de boa noite; mas foi bem na hora que ela se virou, e ele acabou dando um selinho. Ela não reclamou e continuou o beijo, no subconsciente. Noodle, na verdade, continuava dormindo, mas seus lábios se mexiam. 2-D se afastou, respirando e se encostando na parede.
O que estava fazendo!? Parecia que naquele momento á queria, mas era impossível, Noodle era... Era Noodle! A Noodle, Noodle dele, que sempre foi e sempre vai ser uma criancinha pequena de mais para... Para beijar!
Mas era tudo que ele queria naquele momento, igual da ultima vez. Então segurou firme e só balbuciou bem baixinho: “Boa noite, querida”. Ela se virou para o outro lado e continuou dormindo, como se não tivesse mudança nenhuma. Era assim que ele a queria ver: segura e dormindo feito um anjo, como uma criança feliz.
Saiu do quarto, fechando a porta e andando até o elevador. Estava exausto, tinha feito muita coisa hoje. Já eram mais de 10 da noite. Apertou o botão do seu andar e esperou.
Até que aconteceu. O elevador parou, como se estivesse enguiçado. As luzes falharam, e 2-D se encolheu, com medo do que podia acontecer. Fechou os olhos, temendo o escuro.
Mas voltou ao normal, a leve música de sempre voltou a tocar e a luz acendeu. Ele tirou, de vagar, a mão dos olhos, olhando para frente. Suspirou fundo, aliviado. Virou o pescoço, para tentar estralar, foi quando gritou.
“Que susto Russel!! O que... O que está fazendo...?” Perguntou, se arrumando.
“Ela acordou. Andróide acordou”. Foi a única coisa que Russel falou.
Logo depois o elevador falhou de novo e ele pulou pelo tubo de ar, sumindo na escuridão da noite.



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