Love Forever, Love Is Free escrita por NoOdle


Capítulo 15
Sonho de Noodle


Notas iniciais do capítulo

Andróide piscou, se mexendo. Levantou seu braço, se apoiando no chão para levantar. Não sabia por que, mas estava no chão.
Não importava. Não ia ficar ali. Não importava também as ordens de Murdoc, ela ia matar aquela filha da mãe da sua copia humana e seu parceiro, o de cabelo azul que tinha atirado em seu outro braço, o qual não podia mover.
Se alguém entrasse em sua frente morria também. Não sabia da onde vinha aquele ódio a mais, mas sabia que tinha. Cambaleou, olhando para o chão, com o cabelo pintado de óleo jogado para frente. Andava como um zumbi, até onde estava a porta, esticando a mão para girar a maçaneta. Ela estava em metal puro, a pele de sua mão direita havia sido arrancada e podia se ver os fios. Não ligou. Continuou seguindo.
Estava um pouco abaixo do quarto de Noodle. Era só subir um pouco de escada, não queria pegar o elevador. Elevador é para aqueles que tem paciência, que vão fazer uma coisa simples e, se estiverem impacientes, ficam incomodados. Andróide estava à vontade, era como um dia qualquer de trabalho. Pegar a escada era a melhor opção.
Passou pelo corredor, escorregando os pés no seu próprio óleo que vazava, pois não tinha força o suficiente para levantar os joelhos. Só tinha a força para apertar o gatilho na cara daquela filha da puta da Noodle. Tinha pego uma arma comum, mesmo sendo a metralhadora sua fiel aliada, ela queria ver uma única baça perfurar a cabeça grande e com cabelos perfeitos, ver escorrer o sangue por um único buraco, tal sangue que era para ela ter.
Porque ela vivia ali antes daquela... cópia falsa. A Plastic Beach era dela, a banda era dela, o privilégio era dela. Aquela idiota não podia chegar aqui, abalar tudo e todos e achar que já podia voltar na banda. Não era tão simples. Tinha que passar por ela.
Subia cada degrau com o maior esforço, sem pressa nenhuma, só pensando em como seria bom poder, depois de matar, cortar os cabelos de Noodle e guardá-los como recordação de seu maior e mais delicioso assassinato. O ódio a aprofundava na escuridão, uma escuridão maior e mais intensa do que a própria morte.
Chegou á porta esperada. Á poucos metros dali estava, provavelmente, sua inimiga por destino, dormindo em um sono profundo – que seria o ultimo. Se deliciou ao ouvir o pequeno barulho que a arma fez ao carregar uma bala, ainda caminhando sobre seu óleo.
Abriu a porta do quarto, usando a própria “unha de ferro” como chave. Muito silenciosamente se aproximou da cama. Tinham duas pessoas dormindo, Noodle e mais um japonês de cabelos brancos que tinha deixado Murdoc inconsciente. Não tinha problema nenhum, Andróide trouxera 4 balas. A arma que escolhera fazia um barulho mínimo, era como matar sem mesmo sentir.
Chegou bem perto, podia ouvir o barulho da respiração. O menino era mesmo muito bonito, uma perda para o mudo. Mas não para ela. Em movimento a chamou atenção: havia um espelho do outro lado da cama. Ela se via refletida nele.
Era mais Andróide do que Noodle no momento: seu rosto estava todo desfigurado, mostrando uma pequena parte seus fios e ligamentos e um de seus globos oculares, que estava mais saltado do que nunca. Era daquele metal que vazava uma boa quantidade de óleo, dando uma impressão de que estava chorando. Mas não estava, estava rindo. Rindo porque era isso que queria fazer, rindo porque não tinha nada de melhor que podia acontecer.
Abaixou a cabeça de novo para o garoto. Dormia profundamente, cansado de alguma coisa. Ela não duvidava nada que tivesse tido uma noite com a Noodle real bem cansativa. Estes pensamentos fizeram seu ódio voltar, e, sem mesmo pestanejar, atirou um pouco a cima do ouvido dele.
Ray tremeu um pouco e um de seus braços caiu da cama, fazendo seu sangue escorrer pelo chão. Andróide se ajeitou, carregando novamente a arma. Agora era o prato principal.
Se afastou, indo para o outro lado. Com Noodle queria que fosse diferente. Queria que estivesse acordada para poder ver a luz deixar seus olhos verdes. Fez um pequeno barulho, fazendo a menina virar de lado e sentar um pouco, coçando os olhos. “Ray, que horas já são...” Falou bem baixinho, se virando para o garoto morto ao seu lado. Ela se exaltou, virando rapidamente a cabeça para frente, depois de mexer um pouco nos ombros dele para ver se não estava mesmo vivo.
Andróide estava praticamente na sua frente, a boca em uma linha rígida, com somente um braço esticado, apontando a arma para Noodle. Não pensou duas vezes, antes mesmo dela reconhecer que era a tal figura horrível á sua frente ela puxou o gatilho, acertando no ombro esquerdo de Noodle.
Carregou a arma rapidamente, chegando mais perto ainda enquanto a menina segurava o braço machucado e ensangüentado, começando a se virar para se defender. Colocou o tubo do revólver em sua testa e disse, com uma voz muito mecânica: “Dizem que quando é na testa não dói.” E atirou. Ela caiu, morta.
Noodle acordou, suando muito. Se sentou rapidamente, limpando o rosto, respirando rápido. Olhou para o lado, Ray estava dormindo bem, são e salvo ao seu lado. O quarto estava escuro, mas podia ver muito bem que a porta estava fechada, provavelmente trancada.
“Só um pesadelo.” Dizia ela. “Intenso e horrível pesadelo.” Se encolheu na cama, com insônia. Não ia conseguir dormir de novo. Fora muito real, ela sentiu o mesmo que Andróide sentia, parecia que ela era Andróide e estava se matando.
Mexeu a cabeça, afastando as lembranças, levantou e sentou, encolhida, na janela, observando a noite.
Olhava as estrelas, a lua que brilhava forte no céu. Os coqueiros lá em baixo balançavam. Mas nada disso conseguia tirar o tal sonho de sua cabeça. ‘Será que nunca vai parar? Esse ódio...’
E apertou o peito, respirando fundo. ‘Não, não vai acabar.’, concluiu. ‘E se um dia acabar a vida ficaria sem graça.’
E voltou para a cama, se cobrindo.
Em outro canto da casa, em um lugar onde nem os ratos se atrevem a entrar, uma máquina com defeito se mexeu, resistindo.



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