Love Forever, Love Is Free escrita por NoOdle


Capítulo 14
Foda-se


Notas iniciais do capítulo

Noodle esticou vagarosamente seu braço, segurando uma arma que tinha deixado em sua bota. A sombra chegava mais perto.
Quando ela sentiu que a pessoa tocou na cama, sentou rapidamente, carregando e apontando o revólver.
“Calma, calma, sou... sou eu!!” 2-D falou, colocando as mãos para cima.
Noodle expirou, aliviada. Ela tinha confundido, pela sombra, os cabelos arrepiados de 2-D com uma arma. “Puxa, 2-D-San!! Que susto!! O que está fazendo aqui...?”
Mesmo no escuro dava para ver que ele tinha corado. “Não... Não consegui dormir porque... Estou com medo, Muds pode estar muito nervoso comigo e... aparecer no meu quarto e... me desculpe...”
Noodle riu. “Claro, 2-D-San, pode dormir aqui comigo. Também estava com medo, tanto que dormi com a arma.” Ela chegou mais para o lado.
“Obrigado, querida, eu... Não me mecho muito, pode ficar tranquila. E não vou deixar nada acontecer com você.”
“Acredito que não. Pode se deitar.”
Ele deitou, se cobrindo. A Plastic Beach sempre era fria por causa da maresia.
“Sabe o que mais me da medo nela?” Perguntou 2-D, cochichando, quando já fazia um tempinho que estavam deitados, virados de costa um para o outro. “Hm... Os olhos dela... porque... eles se parecem muito com os seus olhos verdes, mas os dela são frios, mortais.”
“Eu sei, deve ter sido difícil para você ter uma cópia minha ao seu lado, só que má.” Ela falou, se virando. Ele se virou também.
“Não imagina o quanto.”
2-D a observou. Ela estava mesmo muito bonita, bem diferente da pequena Noodle de 10 anos que ele se lembrava bem. Colocou a mão machucada em seu rosto, fazendo um carinho em sua sobrancelha.
“Você é muito lida, menininha. Não tem nada que se envergonhar com isso” Ele disse, ainda sussurrando.
“Eu não...” Ela começou a falar, mas foi interrompida pela porta, que foi escancarada, dela aparecendo Murdoc ‘segurando’ Andróide ao seu lado.
2-D caiu da cama e Noodle se levantou, encarando-os. Vazava muito óleo do ombro de Andróide e soltava faíscas perto de seu pescoço, vacilando toda hora. Murdoc segurava seu braço.
“Que merda é essa que está acontecendo aqui?!? 2-D atira na minha criação e depois ainda vem dormir com você?? Desde quando vocês estão juntos!? E alguém vai pagar pelo que a barata fez com a Andróide!!”
“Murdoc, calma!” Noodle falou, chegando perto. “Se você se estressar muito vai acabar tento um treco no coração! Olha, já está até com temperatura elevada, eu posso...” Mas ele deu um tapa na cara dela, fazendo-a cair no chão.
2-D, que estava em baixo da cama, pulou e correu para cima de Murdoc. “Você não pode chegar aqui e sair mandando!! Olha lá o que você fez com a Noodle...!” Falou, dando um soco na cara dele.
Fez efeito: Murdoc vacilou, limpando o sangue em sua boca. “Você acha que agora pode me enfrentar?” Ele falou, se levantando e batendo em 2-D, fazendo um corte em seu rosto.
“Não, Murdoc, para!!” Noodle gritou, chutando suas ‘partes baixas’, fazendo-o cair ajoelhado. Andróide reagiu, as duas estavam sem armas, então a luta foi corpo-a-corpo mesmo.
Ela lutava bem, conseguiu derrubar Noodle duas vezes, mas sem poder mover um braço estava em desvantagem.
Pouco depois Ray entrou no quarto, exasperado, tentando ajudar.
“Não, idiota, Murdoc vai saber!!” Noodle gritou, enquanto pulava por cima de Andróide.
Ray deu um soco em Murdoc, fazendo-o bater a cabeça em um ferro e desmaiar. “Não vai mais. Deixe-me te ajudar!!”
Noodle saltou no ar, girando as pernas e batendo em cheio no rosto de Andróide, quebrando seu pé. “Ai!!! Que merda!! Ta bom, ajude, tire-a daqui!!” Falou, apontando para Andróide derrotada. “Finalmente ela vai ficar um tempo concertando... Ai!!”
Ela colocou o pé deslocado e quebrado de volta no lugar, lutando para se levantar, enquanto Ray saia com Andróide arrastada no chão. Noodle foi, mancando, ajudar 2-D, que ainda sangrava.
“Não, não, não! Seu pé! Fica parada!!” Ele gritou, assustado.
“Calma, calma... Está tudo bem, nem está doendo tanto...” Falou, passando um algodão pelo rosto dele, colocando um pano. “Obrigada, você disse que ia me proteger e protegeu.”
“Eu falei que não era para vocês dois ficarem juntos!!!” Falou uma voz atrás deles. Murdoc acabara de levantar e cambaleava, muito nervoso. A paciência de Noodle já tinha se esgotado.
“Você acha que pode vir aqui, no meu quarto, e me falar o que fazer!?! Não sou mais criança e você não me controla, então saia daqui!! Eu faço o que eu quiser, você não manda em mim!! Se eu quiser pular dessa janela agora eu pulo!! Se eu quiser atirar em você, e, acredite, estou resistindo á essa tentação, eu atiro!! Se eu quiser ficar com 2-D eu fico!!”
Ela gritou, agarrando 2-D e puxando-o para perto dela, dando um beijo bem intenso. Acabou e se virou para ele, continuando. “Já falei, se não é para colaborar não volte mais aqui!!! Esse é o MEU quarto!! E essa é a MINHA mão que vai acabar ta TUA cara se não sair daqui AGORA!!!!”
Murdoc se assustou e saiu correndo do quarto sem pensar duas vezes, tropeçando. Noodle respirou fundo, tentando se acalmar. Se virou para 2-D, corando um pouco.
“Olha, me desculpa pelo que fiz, estava... tentando provar a Murdoc um ponto, e... me exaltei, então...” Ela falava, mas parecia que ele não estava ouvindo, só ficou lá, sentado, com a mão na boca, olhando o nada. “Vou pegar uma agulha para dar um ponto aí.”
Foi e voltou mancando, tirando o pano da mão de 2-D e começando a costurar. Ficaram quietos, ele ainda olhando para frente sem muita direção. A linha era comprida e ela não achou, na caixinha de primeiros socorros, uma tesoura então se aproximou para cortar com a boca o fio.
Bem nessa hora 2-D virou o rosto rapidamente, olhando nos olhos dela. Ela entendeu e chegou mais perto, beijando-o.
Foi uma coisa diferente, foi simples e ao mesmo tempo intenso, não era desesperado e sim muito calmo. Os dois queriam a mesma coisa naquele momento.
A porta se abriu, fazendo eles se afastarem e Noodle se levantar.
“Ahm... Ela está no quarto dela, se é que se pode chamar aquilo de quarto.” Falou Ray, entrando. “Posso... Posso te ajudar com seu pé? Parece que quebrou feio...”
Noodle balançou a cabeça, voltando à realidade. “Sim, sim... Obrigada...”
Olhou para 2-D, ele voltou a observar o nada com uma das mãos na boca, incrédulo com o que tinha acontecido.
“O que aconteceu com ele?” Perguntou Ray, enquanto os dois sentavam na cama e Noodle levantava o pé para ele examinar.
“Não foi nada, eu acho que fiquei muito nervosa com Murdoc e ele se assustou. Quando sair desse ‘transe’ eu falo com ele...” Ela disse, observando o que Ray fazia com seu pé. “Então, doutor, é grave?” Brincou.
Ele riu. “Não, só vou ter que enfaixar e você terá que ficar com o pé bem parado para ajudar a melhorar.”
“É, como seu eu fosse mesmo ficar bem parada...” Ela disse, rindo.
“Te conheço... Mas vou ficar de olho em você...” Ray falou, sorrindo.
2-D virou repentinamente a cabeça, cambaleando para levantar. “Vou para meu quarto, eer... Estou com sono e... eer... tchau, até amanhã...” E saiu, tropeçando em um cano no chão, mas se levantou e saiu muito vermelho.
Ray a olhou, com uma cara de dúvida.
“Ele vai ficar bem.” Garantiu ela. “Converso direito com ele amanhã. Me ajuda a levantar?” Falou, se apoiando nele.
“Claro!” Ray disse, se levantando e segurando o braço dela. “Hm... Sobre hoje mais cedo... Assim... Me desculpe, não queria... Não sabia que você estava no quarto...”
Ela riu. “Tudo bem, esses micos acontecem para distrair a cabeça da gente... Na hora eu assustei, mas logo depois já ri!” Falou, deitando na cama.
Ray a ajudou a colocar o pé em cima de um travesseiro.
“Obrigada... e avise á Russel-Kun que está tudo bem.”
“Sim, boa noite...” Ele falou, chegando mais perto para dar um beijo na testa. Foi a vez dela virar a cabeça rapidamente, o olhando com os olhos verdes brilhando por causa da luz da lua.
Ela queria ficar com Ray, queria ter alguém por perto para abraçá-la e estar com ela, principalmente quando ela mais achava que não tinha uma família. Ele entendeu.
Segurou em seu queixo e a beijou, mas ela segurou na gola de sua blusa e o puxou para cama, desabotoando os botões da camiseta. Ele parou.
“Olha, não é a melhor hora. Você está sensível demais por causa da falta de atenção e teve uma sobrecarga de informação... Eu vou te respeitar e deixar seu espaço, ok?” Ray falou, levantando.
Noodle sentou, meio deitada. “Quando você ficou tão... maduro?” Ela perguntou, fingindo uma birra.
Ele riu. “Logo depois dos 20. Isso explica porque você ainda está assim. E não mexa muito seu pé!” Disse, saindo do quarto.
Ela respirou fundo, se ajeitando. Ele estava certo, precisava de um tempo só para ela. Ou será que não?
Agora estava sozinha, sozinha mesmo. Tocou os lábios. O beijo com 2-D foi profundo, os dois estavam sentindo a mesma coisa e compartilhavam a mesma coisa. O beijo com Ray foi só uma vontade de estar com alguém. Foi ótimo, sim, mas foi só um desejo.
Ela agarrou seu cobertor, segurando a vontade de chorar por estar sozinha. A porta se abriu.
Dela saiu Ray, ofegando. Ela se sentou. “Ray? O que...?” Ele bateu a porta e andou rápido, segurou-a no rosto e a beijou. Deitaram na Cama. “Mas você disse que...” Ela começou.
“Foda-se.”
Ela abafou um riso, e continuaram. Agora sim os dois queriam a mesma coisa. Queriam esquecer os problemas e estar juntos. Relembrar o passado, esquecer o presente e nem pensar no futuro.
Só queriam estar juntos.
Porque não sabiam se amanhã estariam vivos para pelo menos lembrar.
Então foda-se.
Só deixa acontecer.



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