In Your Dreams escrita por Lirium


Capítulo 8
Haunt.


Notas iniciais do capítulo

Revisando velharias e postando quando posso.



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Naquela manhã ele se arrependeu amargamente de não ter dormido. Olheiras brotaram fortemente sob seus olhos e o corpo encontrava-se pouco descansado. O que era mal sinal, já que dali a dois haveria a recepção das escolas e a abertura oficial da feira escolar. Suspirando, passava a geleia no pão e distraidamente o mordia, o olhar vago. Apoiado o rosto com a mão, Riku observava o nada, pensativo. Já sua mãe, a encará-lo, notava aquele regresso de comportamento. Cerca de um mês e meio antes, aquela face marcava a rotina do rapaz... Até a chegada da nova habitante da ilha. Mas aparentemente após o desmaio dela no meio da ilha fez com que tudo voltasse a ser como antes e inúmeras vezes ele chegou a pensar que a garota meramente teria sido uma ilusão. Que ele imaginou que alguém pudesse ser a chave, a válvula de escape dali. Que Nina talvez lhe mostrasse além do mar.

A manhã se arrastou e, como sempre, o calor logo veio tentar abater o garoto - como os demais que viviam naquela ilha. Subindo as escadas, adentrou o próprio quarto e resolvera tirar o pijama. Talvez, enfim, devesse sair para espairar um pouco a mente. Reorganizar-se, encontrar com os amigos sem o compromisso do clube escolar e descontrair. Vagueando pelo aposento, Riku arrancou do armário uma blusa preta e uma calça jeans surrada. Trocou-se sem grande demora e, após pegar a carteira e as chaves de casa, se retiraria... Mas, tentado, ele olhou para a janela. Ele sabia que dali havia um pequeno telhado que protegia parte do quintal dos fundos, cujo apoiava-se no muro. De lá, um salto invadindo a propriedade alheia e com mais outro salto, chegaria a casa de Nina. Convenientemente, o quarto dela era o dos fundos, e desse modo já a teria visitado outras vezes.

Não queria dar corda para o mal estar que sentira no dia anterior, ao qual fora a primeira vez que não a visitara desde que tivera a crise. Observava dali o céu azul e o limite dos muros do fundo. As árvores e até mesmo bem ao longe ele conseguia ver o mar do segundo andar. Virou-se, para tocar a maçaneta e retirar-se do quarto... Mas foi questão de um segundo para se arrepender, fechando o punho. Atravessou o aposento e energicamente pôs a mão na janela, jogando o peso do corpo pra fora e apoiando-se ao telhado. Observando a casa ao lado para ver se não havia ninguém, pulou no telhado e correu. Na extremidade seguinte pulou mais uma vez, enfim aterrissando em um telhado mais comprido que pegava toda a zona traseira do quintal dos fundos. Por muito pouco ele não escorregou e se pegou distraído, olhando a altura da queda. "Nada que venha a me matar. Mas com certeza ia doer... Doer tanto quanto ter que explicar pros outros o que eu tava fazendo." Pensou consigo próprio, pouco antes de virar-se e retomar o caminho.

Mas não que ele devesse prosseguir tão rapidamente, quando então viu a janela do quarto da garota. Contra o habitual, encontrava-se fechada. Caminhou até estar totalmente a frente e, mesmo tentando olhar através do vidro, a cortina caia suavemente para barrar qualquer tipo de intruso curioso - como ele.

— Por que fechariam a janela em um dia tão quente como esse? - Perguntou-se tão inocentemente que, por um segundo, ele simplesmente descartara a possibilidade da garota ter finalmente acordado. De imediato ele arregalou os olhos e retrocedeu todo o caminho que fizera, as pressas. Avançou no próprio quarto e atravessou o corredor correndo, a ansiedade elevando suas expectativas. Atravessando a sala e quase voando pelo quintal, ultrapassou o portão como um vulto veloz. Só parou quando finalmente estava na frente do portão da casa de Nina e, encarando a campainha, houve um pequeno receio em tocá-la. Ergueu a mão e cobriu o objeto, mas ainda sem prensá-lo. E se fosse ela a atender a porta? O que diria para ela? O que perguntaria? O medo de causar outro choque contra ela imediatamente o assustou, fazendo-o ficar alerta. Será que dali por diante deveria ser cauteloso ao conversar com ela?

— Estou impondo tanto as minhas curiosidades em cima dela, com tanta expectativa... Que começo a ter medo de sufocá-la. - Sussurrou para si, os olhos fechados e a respiração descontrolada. Mas, ainda assim, ele sentia a necessidade de saber se a garota ao menos estaria bem e, por isso, apertaria a campainha. Contudo, antes que pudesse fazê-lo, o antigo portão de madeira se abriu. Cid rompeu pela porta com uma cara cansada e pronto para sair, quando seus olhos caíram sobre Riku. O rapaz, surpreso, abaixou a mão sobre a campainha. - Hã... Bom dia.

— Bom dia. - O homem ajustou os olhos sobre a cabeça. Houve naquele momento, durante alguns segundos, um estranho silêncio. Tomando a dianteira, o loiro logo ergueu a voz. - Bom, eu imagino por que esteja aqui. - Cid encarou o rapaz que, mesmo sendo mais alto que uma grande maioria, ainda conseguia ser ligeiramente mais baixo que o mecânico.

— Hm... Sim. Eu posso ver a Nina? - O albino fitou o mais velho. Já não havia mais problemas em perguntá-lo esse tipo de coisa com alguma frequência, já que quando ela estava dormindo todos os dias o garoto vinha vê-la. O homem o encarou e deixou que um suspiro escapasse, enquanto retirava os óculos e bagunçava os próprios cabelos.

— Se você conseguir encontrá-la, com toda a certeza pode. - Respondeu, drástico.

— Ela... Fugiu?! - Riku ficou atônito, mas Cid logo sacudiu a mão, dispensando a ideia. Seu rosto carregava cansaço, de uma preocupação que parecia querer esconder.

— Não, não... Nina sempre gostou de sair por aí, sem dar satisfações. Cerca de uma hora atrás um amigo da escola veio chamar por ela, e então saíram juntos. Faz cerca de uma hora e ela não disse para onde iria, fora que... - Antes que continuasse a falar, Riku recuou dois passos.

— Eu vou procurá-la, então! - E mesmo sem pedir desculpas, o garoto mal acenou e saiu correndo a toda, indo em direção ao centro comercial. Afastando-se, sua mente começou a trabalhar, enquanto o coração palpitava com força. Sentia um inesperado rebuliço no estômago, enquanto ao correr, perguntava a si mesmo "que amigo da escola seria esse". Será que ela tinha noção do tempo que passara dormindo? Quanto tempo já havia se passado desde que ela acordara? "Droga! Eu devia ter ido visitá-la ontem." Culpou-se, pensando se ela teria de fato acordado no dia anterior. Já as pressas por algum tempo, Riku ultrapassava a zona da fonte que jorrava na praça, quando uma voz o chamou.

— Riku, espera! - A voz fina soou, fazendo-o parar. Virou-se e rapidamente viu Kairi correndo em sua direção, seguida por um Sora que carregava uma sacola de pães. - Preciso falar com você! - Conforme ele encarava a garota de cima e tentava controlar a respiração ofegante da corrida, a ruiva arrumou os cabelos, pondo-os atrás da orelha. - A Nina, eu a vi mais cedo!

— Você sabe... Pra onde ela foi? - Ele tentava ajustar a respiração, enquanto Sora deu alguns tapinhas amigáveis as costas.

— Ela passou por aqui meia hora atrás, indo naquela direção. - A garota apontou para uma estradinha que, assim como Sora e Kairi, ele conhecia muito bem. Era uma ruela de terra florida que desembocava na praia do pier. As canoas que eles costumavam usar para chegar até a primeira ilha costumavam ficar amarradas lá, sempre a espera. Mas antes que ele mesmo fosse retomar a correria, a mais baixa o segurou pelo pulso e o puxou. Ele focou a atenção na mesma, encarando-lhe os olhos azuis. - Mas... Ela tava acompanhada de um rapaz. Eu nunca o vi na ilha antes. Eu tentei chamar a atenção dela, mas apenas acenou pra mim e o garoto a puxou pra longe.

— E você não sabe do mais estranho. - Sora ergueu a voz logo que dava uma mordida em um dos pães que carregava na sacola de papel. - Kai disse que o garoto era assustadoramente familiar... Comigo.

— Sim! - E ela soltou o albino, fitando-o aflita. - Ele era igual ao Sora, mas... Tinha cabelos negros, olhos intensamente dourados, mas... Acima de tudo, o sorriso dele me dava medo.

— Igual ao Sora? - Riku não pareceu compreender a confirmação de primeira. Mas isso só o frustrava mais, pois parecia que a cada vez que ele tentava se aproximar da garota, mais os eventos seguintes a afastavam. Mais e mais ele começava a achar que ela realmente tinha algum ligação com o além das ilhas, que alguma coisa grande estaria a se desencadear. - Eu vou atrás dela. E desse cara.

— Riku, espera! - Kairi quis pará-lo, mas não conseguiu. Saíra correndo tão rápido que o perdeu até mesmo de vista quando as pessoas no comércio se movimentavam. - Sora... Eu tenho um mal pressentimento tão grande sobre isso.

***

— Eu sinto uma ironia tão grande preenchendo todo o ar dessa ilha... Principalmente por você vir de tão boa vontade comigo. - O Rapaz sentou-se no estranho e torto coqueiro que remanescia na primeira das três ilhas. - Por que essa mudança de ideia tão repentina?

— Por que eu preciso da sua ajuda. - Nina o encarou, o olhar desviando-se enquanto o desgosto se estampava claramente. Aquilo apenas parecia instigar mais e mais o rapaz e o sorriso dele se alargou. - Eu preciso ficar mais forte.

— Huhuhu... - Aquela risada sempre dava nos nervos dela, pois sempre tivera a certeza de que ele estava escondendo o jogo. - E por que eu te ajudaria?

— Por que se tudo ocorrer bem por aqui, eu posso te dar algo em troca. E eu não vou ter mais motivos pra voltar naquele maldito castelo... - Brevemente ela guiou os olhos azuis até Vanitas, enquanto ele cruzava as pernas. Naquele momento, o sorriso esmaeceu do rosto dele, revelando um breve momento em que poderia lidar com algo seriamente. Com ambas as mãos apoiou-se na árvore, encarando-a de cima friamente.

— Ah... Você abriria mão do poder para viver aqui, uma vidinha pacata e chata, não é mesmo? - Ele semicerrou os olhos, parecendo estranhamente em dúvida.

— Poder esse que só me trouxe problemas? Sim. - Ela tirou uma das mãos apoiadas a cintura e levou a nuca, coçando-a desajeitadamente. - Chega a ser engraçado, né? Eu quis tanto me aventurar e no fim eu optei por viver uma vida pacata, chata, como você diz.

— As pessoas desse lugar estão estragando você rápido demais. - O moreno fez questão de salientar em tom de desdém para ela. - Você não era assim. Quando criança, menor que qualquer um, pensava maior do que todos. E agora quer ficar encalhada aqui, em um conjunto minúsculo de ilhas com o seu sonho de uma adolescência normal.

— Mas ainda assim eu estou feliz. - Ela encarou o mar que se estendia ao infinito horizonte, as costas de Vanitas. O rapaz parecia ter dificuldade - dada a expressão - em tentar compreender que tipo de paz era aquela que ficava tão distinta nas expressões da garota. Com o arquear das sobrancelhas, ele parecia simplesmente não gostar no fim das contas.

— Certo, mas que diferença fará você ficar forte, se não vai usar para nada? Vai apenas perecer nesse lugar tedioso até que se arrependa. - Replicou, com desconfiança.

— Há uma coisa que quero fazer antes de abrir mão de todo o resto. E então você fica livre pra fazer o que bem entender até finalmente dar um jeito de recuperar o que perdeu. - Nina caminhou e apoiou ambos os braços sobre o coqueiro, onde em seguida apoiou o queixo, ainda observando o horizonte. - Vanitas, se tudo ocorrer bem aqui, nós dois sairemos ganhando. Eu não vejo por que você não me ajudaria no fim das contas.

— Talvez. Mas você sabe que o único meio de ficar forte de uma hora pra outra é tão delicado que, sem o controle devido, você vai por tudo a perder. E inclusive, eu mesmo sairei perdendo. Vai te consumir, a mim também, a essa ilha, a todos. Inclusive aquele garoto que agora fica te caçando pra todos os lados. Qual o nome dele mesmo...? Rick? - Vanitas bufou, enquanto espichava-se sobre o coqueiro, deitando ali.

— É Riku! E eu tenho noção dos riscos. - Ela lançou um olhar de forte reprovação ao garoto, enquanto ele fechava os olhos e aproveitava o sol que batia contra suas roupas pretas - simplesmente ignorando o olhar de revolta dela. - Dentro de poucos dias, algo de ruim vai acontecer e eu quero ficar alerta. Fora que eu achei pouco tempo atrás uma porta escondida dentro de uma caverna. E ela tinha uma fechadura. Se eu puder...

— Espera aí! - O garoto voltou a sentar-se de um movimento rápido, pasmo. Quando com uma menção tão superficial o fez entender a ideia por completo, ele a encarou visivelmente frustrado. - Você está pensando em selar o...

***

Riku chegou a praia após tanto correr, o píer não muito a frente com uma sequência de canoas amarradas, em fileira. Subindo, ele se preocupou mais em encarar o interior delas para tentar diferenciar qual era a dele, a ponto de sequer notar que havia mais alguém ali, bem na extremidade, observando o céu azul. De curiosidade, enquanto ele se agachava para desamarrar o bote, viu a beirada do deck uma menina de pele extremamente pálida. Era tão branca que quase podia ser confundida com a cor do vestidinho branco que usava. Por sobre os olhos, madeixas louras caíam e a jovem o encarou.

— Olá, Riku. - Sua voz era tão suave e fina, que o garoto quase achou que não se tratava de uma humana. Soava musical, melodioso, como um anjo.

— ...Já nos fomos apresentados? - Ele a fitou com curiosidade maior, ainda mais por ela aparentar conhecê-lo - e o fato de que isso não era recíproco. A garota riu brevemente e ergueu o dedo indicador, fazendo-o repousar por sobre a bochecha.

— Não, não fomos. - Ela começou a caminhar lentamente, enquanto o garoto desfazia o forte nó da corda. - Mas eu me chamo Naminé, de qualquer forma. Estou aqui apenas para te repassar um recado. - Parando as costas dele, o garoto congelou. Ele olhava a si próprio, o reflexo na água do mar. - Dentro de algumas horas, em um castelo não muito longe daqui, haverá uma intervenção direta minha. Essa vai ser a sua deixa. Você precisa acordar, Riku.

— Acordar? - Ele repetiu. Incrédulo, ele olhou para trás rapidamente, assustado com aquela pronunciação. Mas... Ao virar-se, a garota simplesmente havia desaparecido do píer. Não haviam sombras, nem alterações na ondulação da água, descartando a possibilidade de um pulo silencioso. Foi meramente como se ela nunca tivesse existido ali. E isso só aumentou ainda mais a frustração do rapaz, afinal, não muito tempo atrás... Nina também havia lhe dito a mesma coisa.

***

— Você parece estranhamente mal humorado. - A garota deixou escapar, fazendo biquinho.

— Mal humorado? Eu diria que entediado é a definição mais correta. - Vanitas bocejou. - Com tantas possibilidades, você decidiu viver o resto da sua vidinha em uma ilha minúscula. Além de extremamente quente.

— Não é tão ruim assim! Eu ouvi falar que mesmo aqui pode nevar no natal. - A garota mantinha um sorriso pleno no rosto, as maçãs coradas. - Eu nunca vi a neve... Deve ser tão legal!

— Hunf. - Ele bufou, sem nada a contestar. Erguendo uma das sobrancelhas, a garota o encarou completamente surpresa.

— O que foi?! - Perguntou. Do que ele pulou da árvore, ele começou a caminhar em direção a ponte, pondo as mãos nos bolsos.

— Seu cão de caça tá farejando por você, não muito longe daqui. - A garota brevemente desviou o olhar e, distante, podia ver que Riku estava em um dos botes, remando. - Se você precisar de mim, me encontre de noite naquela praça isolada da segunda ilha. - E antes que Nina pudesse impedí-lo de partir, de um vórtice negro, um portal se rompeu. O garoto andou e adentrou o mesmo, virando-se muito brevemente apenas para deixar um sorriso maldoso para trás. Dissipando-se, Nina se viu só.

Fazendo o contorno, ela pretendia alcançar o deck da primeira ilha, enquanto Riku remava até lá. Os tênis afundavam na areia fofa, enquanto ela fazia o esforço aproximar-se antes que ele desembarcasse. Por algum motivo, tinha um certo receio do que poderia vir da conversa que se iniciaria ali, visto que Riku com certeza iria querer uma satisfação do ocorrido de duas semanas antes. Quando Nina tivera o surto, mais do que nunca coisas estranhas começaram a ocorrer na ilha, como aparições, novos rostos, eventos e... Principalmente o que teria acontecido no tempo em que ela dormia.

Quando o bote dele finalmente alcançou o deck, a garota sentou-se ali, enquanto o albino jogava a corda. Ele por fim subiu ao píer e, sem dizer nada, sentou-se ao lado dela.

— Hm... Oi? - Ela tentou puxar assunto, apesar de sequer saber como começar.

— Oi. - A resposta viera lenta. Houveram alguns segundos de silêncio, quando o próprio decidiu prosseguir. - Estranho. Eu achei que não estaria sozinha.

— Ah... Sim. Estava com um amigo até pouco tempo atrás, mas ele já foi embora. - Nina juntou ambas as mãos, entrelaçando os dedos ali.

— Entendo... - Houve outra pausa, enquanto ambos mantinham-se quietos. Riku aparentava estar mais sério do que o normal, afinal de contas, com a quantidade de coisas estranhas que andavam e seus rastros, não era de se esperar um comportamento diferente. Principalmente quando ao lado dele encontrava-se a garota que aparentava estar envolvida com todos os estranhos ocorridos. - Bom, de qualquer forma eu vim te procurar pra saber se está tudo bem com você. - Ele disse sem hesitar, apesar de não encará-la.

— Sim, eu estou bem. - As maçãs ganharam um tom rubro suave, apesar de haver sobre seus ombros o peso da culpa. Fundo, em suas angustias, o que a garota mais queria contar eram os problemas e os ocorridos ao redor, os mistérios, a origem do surto dela. Mas acima de tudo, o medo a mantinha calada em remorso. - Cid... Cid me contou que você foi lá em casa todos os dias, desde que fiquei de cama. Me desculpe, eu não queria e deixar tão preocupado...

Naquele momento Riku corou brevemente também. Deslizou os olhos e a encarou de soslaio. - Não devia se desculpar por algo assim. Eu queria ter certeza de que você ficaria bem logo. Só... Isso. Mesmo que eu não pudesse ajudar em nada.

Houve outra pausa prolongada, ambos a fitar o horizonte tão distante quando, por fim, a conclusão veio. A garota tocou o ombro do rapaz silenciosamente, enquanto este voltava-se a ela. Não conseguia encará-lo, mas por fim talvez devesse isso mais que a qualquer um. Por causar problemas, preocupações, frustrações.

— Eu... Eu realmente tenho tanta coisa pra te contar, Riku. Tudo o que aconteceu nesses dias que eu estive dormindo e...

— Está tudo bem. Você não precisa me dizer nada. - Ele a interrompeu, seguido de um olhar assustado dela até o rapaz. - Eu não quero que me conte nada se não estiver segura. Você... Não deve, jamais, por os desejos egoístas dos outros na frente.

— Mas eu-!

— É difícil pra mim falar isso, ainda mais eu, que desejo tanto sair dessa ilha. Desse mundo tão pequeno... Pra explorar o horizonte, o que há além do sol. Então não, eu não quero que force a si mesma a falar, a menos que seja hora. - Ele desviou por fim mais uma vez o olhar, perdendo-o de vista na linha que dividia o céu e o oceano.

Quieta, ela curvou-se para a frente, olhando o reflexo de si própria tremido na água, assim como o de Riku. E foi então que ela reparou a sorte absurda que tinha ao estar do lado de alguém como ele. - Eu prometo... Que quando chegar o momento, eu vou te contar tudo. - E calmamente ela tombou a cabeça para o lado, apoiando-se ao braço dele.

E dali o silêncio tomou conta de ambos pelos minutos seguintes.



Mas a distância, ou talvez não tão longe assim, em uma casa na árvore pouco acima de onde os dois estava, alguém os observava. Mordia uma maçã e encarava a cena dos dois jovens sentados ao deck, encarando o além. Com rancor, dissera para si próprio.

— Te ajudar a ter um final feliz, hm? Haha, veremos...


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Notas finais do capítulo

Incluir Vanitas na história foi a melhor coisa que eu poderia ter feito.
(Acho?)



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