In Your Dreams escrita por Lirium


Capítulo 5
Weekend.


Notas iniciais do capítulo

Um raro update? Champagne!



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Acordara cedo, como de praxe. Mas como um bom fim de semana, enrolou um pouco mais na cama, espreguiçando-se e mantendo os olhos semicerrados, observando o céu rosado do amanhecer. Mas, em questão de minutos, a mãe de Riku batia na porta do quarto, enquanto falava em tom de sono.

— Você pode ir à padaria? Imagino que já esteja acordado... – Perguntou, seguido de um longo bocejo.

— Ok, eu já estou levantando... – Respondeu, quase que em tom de prontidão.

— Obrigada, eu já vou indo preparar todo o resto.

Era assim quase todos os finais de semana, já que durante a semana Riku acordava cedo e ia a praia, pra depois passar o resto o dia na escola. A mãe do garoto trabalhava para sustentá-los, já que moravam apenas os dois naquela aconchegante, mas sem muitos exageros, casa.

Já que pouco se falavam no decorrer da semana, a mulher fazia um esforço, acordava cedo e mimava de todas as maneiras possíveis o filho com o decorrer do dia. Era bastante responsável, mas graças as teimosia do garoto, ela contava com a ajuda dele pra muitas coisas, inclusive de manter a casa na mais perfeita ordem. Ela estava prendendo os cabelos louros quase prateados, quando Riku desceu as escadas e calçava os sapatos, preparando-se para ir à padaria.

Era o cheiro da manhã e por se tratar de uma ilha, o aroma do mar estava completamente espalhado. A maresia pra muitos era revigorante e assim as ruas estavam começando a ter algum movimento, as lojas abriam, pessoas iam as mercearias, algumas até já limpavam os jardins. E como era fim de semana... A maior parte dos adolescentes e crianças se encontravam livres, prontas pra sair e aproveitar os dois dias de folga.

Riku espreguiçou-se, esticando os braços para o alto, enquanto o portão fechava com o vento em suas costas. Meio curvado para a frente, estava em uma típica posição de quem ainda tinha um pouco de sono. Dava passos pesados na rua, enquanto bocejava vigorosamente. Aproximava-se da praça com tranqüilidade, na verdade, Riku parecia exalar calma, mas o interessante era o quanto isso contrastava com a sua ambição de conhecer o vasto mundo onde pertence. Além do grande mar.

Aproximou-se de uma padaria em tons laranja e assoalho de madeira. Havia quadros com desenhos de barcos e navios em quase todos eles, além de vasos de flores enfeitando algumas mesas. Cerca de 15 pessoas além dele estavam ali, esperando a nova leva de pães quentinhos, prontos para serem devorados. Caminhou, até que encostou-se de lado e apoiando a cabeça na parede do local, fechando os olhos e cochilando levemente, pelo menos até uma mão apertar seu ombro. Virou-se e Sora o observava com intensos olhos azuis, sorrindo animadamente.

— Parece que alguém não dormiu muito bem hoje, não?

— E por que você acha isso? – Perguntou o mais velho, passando os dedos dentre os fios de cabelos prateados, retirando-os temporariamente sobre os olhos.

— Sua cara está... Anormalmente cansada. Enquanto eu... Ah, estou perfeitamente bem! – Cantarolou Sora, pousando ambas as mãos na nuca e sorrindo de modo bobo.

— Pela sua felicidade, imagino que você e Kairi estejam finalmente namorando. – Riku gostava de provocar o amigo, e tinha o hábito de fazer sempre isso que tinha oportunidade, deixando o mais novo com uma cara bem emburrada.

— O que? Mas é claro que não! Não seja bobo, Riku. A Kairi e eu somos só amigos, além do mais... Eu duvido que ela um dia teria interesse em mim. – O resto da frase saiu em um tom de voz tão baixo que Riku teve a certeza de que o amigo estaria envergonhado.

— Sabe, você deveria ter mais confiança em si mesmo, Sora. Se continuar desse jeito, vai é acabar solteiro por aí. – O mais velho brincou, dando um sorriso sarcástico.

— Do jeito que você fala, parece até que já está com alguém!

— Do que estão falando, rapazes?

Riku e Sora congelaram. Como estavam de costas para a rua, não perceberam a chegada de Kairi e Nina. A ruiva acenou animadamente, enquanto Nina bocejava, aparentemente com bastante sono. Disfarçadamente, Sora arrumou as próprias roupas, enquanto Riku passava uma das mãos nos cabelos compridos. Sim, ele queriam obviamente parecer mais apresentáveis.

— Eu estava andando por aqui, quando vi a Nina quase que bancando a sonâmbula na praça. Imaginei que ela não sabia o caminho e a trouxe comigo até a padaria. – Disse Kairi, enquanto colocava uma mão no ombro da garota que bocejava mais uma vez.

— Bom dia... – Disse com a voz arrastada e levemente infantil. Riku achou aquilo estranhamente “bonitinho”, mas preferiu manifestar-se por último ao cumprimentá-la. Nina era a mais baixa dos quatro, parecendo ser bem mais infantil do que a idade que realmente tinha. Ela tentava arrumar os cabelos castanhos e então alisou o vestido azul que usava, parecendo um pouco mais desperta.

Um pequeno sinal tocou, parecia ser um tipo de apito. Vinha do interior da padaria, provavelmente era algum tipo de alerta para retirar os pães da assadeira. Todas as pessoas pareciam prontas e com isso foram pedindo as porções, esvaziando rapidamente o recinto, o que era até surpreendente. Feito, Riku, Kairi e Sora combinaram que iriam se encontrar na praia, despedindo-se e ambos seguindo o seu rumo. O garoto acompanhou Nina na volta, já que ambos moravam perto. Seguiram em silencio, enquanto a garota (que ainda estava cheia de sono) comia um pão distraidamente. O céu já estava bem claro, sem manchas rosas e poucas nuvens no céu, indicando mais um dia de calor, coisa que não era nem um pouco rara naquela região. Os dois já estavam bem próximos de suas casas, até que Nina resolveu falar (praticamente um milagre, já que ela era bastante calada), surpreendendo a Riku.

— O que você vai fazer após ir na praia com os seus amigos?

Fora pego desprevenido. De começo pensou um pouco, mas como ele era responsável e ajudaria sua mãe em casa antes de ir à praia e tinha todos os deveres de casa em ordem, respondeu sem muita empolgação.

— Acho que nada, por que?

— Bem... – Pela primeira vez, Riku teve a impressão de que ela estava sem graça ou então encabulada. As bochechas dela coraram, ganhando um tom rosado fraco. Dançou com a ponta dos dedos nos cabelos soltos e desorganizados, até sibilar poucas palavras. – Se não for incomodo, é claro, eu... Gostaria de conhecer melhor as três ilhas de Destiny Islands. Sabe, eu não quero atrapalhar a Lina com o Roxas, então...

— Tudo bem. Pode ser depois do almoço?

— Ahn? – Ela esperava que ele dissesse que estaria ocupado demais, então ficou estranhamente surpresa. – Tem certeza...? Sabe, eu ia dizer que não gosto de atrapalhar ninguém, e muito menos a você...

— Sem problemas. – Disse, virando-se para abrir o portão de casa. – Esse fim de semana... Você vai conhecer as três ilhas perfeitamente.

— Obrigada! – Ela disse, sorrindo abertamente, coisa que Riku presenciou nitidamente pela primeira vez.

— Mas eu quero algo em troca. – Disse este, repentinamente. O sorriso no rosto dela sumiu, ganhando um semblante levemente preocupado.

— E... O que seria?

— Mais tarde você vai descobrir. – E então Riku sorriu, abrindo ainda mais o portão. – Até mais... Nina – E a deixou para trás, enquanto ela também entrava na própria casa com um rosto intrigado.

 

Já fazia algum tempo que estava sentado sobre um velho coqueiro, estranhamente entortado na praia. Estava quente, e algumas gotas de suor escorriam por sua pele caucasiana. Próximos a Riku, Kairi e Sora estavam sentamos a sombra, ambos com cara de sofrimento, tentando suportar o sol absurdamente quente daquele dia.

— Riku, saia daí! Você vai ficar com insolação! – Kairi falava como quem ia derreter a qualquer momento, abanando o próprio rosto com uma mão livre.

— Ele é maluco, esqueceu? Deixe-o ali mesmo, uma hora ele desiste. – Replicou Sora para a garota, de modo desanimado. Então, levantando-se, o garoto caminhou poucos metros, onde em seguida jogou-se no mar. Afundava rapidamente e sentia seu corpo esfriar. Era naquele dia uma sensação confortável, mas depois de alguns segundos, até mesmo a água do mar parecia quente. Voltou para a superfície e nadou até a areia, cambaleando até a sombra próxima de Sora e Kairi.

— Certo. Essa temperatura conseguiu desanimar até mesmo a mim. – Declarou, surpreendendo os dois amigos.

— Eu vou pra casa. – Disse a ruiva. – Nem as brisas conseguem refrescar, o mar está pior ainda. Prefiro tomar um banho e ficar na frente do ventilador!

— Bem vinda ao aquecimento global. – Brincou Sora.

— Então eu fico por aqui mesmo, minha casa é mais abafada do que aqui. – Replicou o mais velho do trio.

— Ok! Cara, eu vou acompanhá-la, mais tarde, quando a temperatura melhorar, nós iremos voltar.

— E bem possivelmente estarei aqui ainda.

 

Despedindo-se dos amigos, Riku permanecera embaixo da sombra, fitando o mar. Seus olhos, refletindo a imensidão azul, afundavam mais uma vez em pensamentos sobre como seria uma vida fora da ilha, explorando tudo o que existe. Mas outra coisa ainda mexia com ele: o sonho que tivera naquela noite, enquanto Nina fazia uma estranha apresentação no meio de seu quarto, trajando uma longa capa negra de couro. Ele sabia que a garota tinha um passado misterioso, e a sua vontade era a de saber tudo, para então firmar suas idéias de navegar pelo mar na esperança de encontrar muito mais do que a simples ilha em que vive.

— Será que ainda descobrirei o que há por detrás de você? – Disse sozinho, como quem fala para o mar.

— Quem sabe um dia!

Como quem fora pego de surpresa, Riku voltou-se para trás, enquanto Nina sorria. Ela, timidamente sentou-se ao lado do rapaz. Abraçara as próprias pernas e junto com ele, observava o mar. Após alguns segundos, o garoto perguntou a esta curiosamente.

— Como chegou à primeira ilha? Você me disse que não conhecia nada aqui!

— Ah! Sobre isso, foi um rapaz alto que me disse. Ele tinha cabelos vermelhos vivos e os penteava para trás! Tinha olhos verdes e andava com dois amigos meus, a Lina e o Roxas.

— Acho que sei de quem se trata. – “Axel”, ele anotou mentalmente. Desde que mundo é mundo, Riku nunca se dera muito bem com Axel, pois ambos tinham uma rixa desde eras antigas da escola. Os dois, competitivos, fazem partes de clubes esportivos escolares diferentes, o time de basquete (ao qual Riku participa e é capitão do principal time da escola) e o time de vôlei (onde Axel era absurdamente popular pelo time forte que tem e por nunca terem sido derrotados).

A briga, na verdade, entre os dois começou no primário, quando o ruivo e mais um amigo denominado Saïx, resolveram implicar com Sora enquanto Riku o defendera. Era briga de criança, mas tornou-se algo que acabaram trazendo para a adolescência, fazendo com que ambas as duplas de amigos tivessem uma rixa.

Enquanto estavam sentados na sombra, desanimados pelo calor e as pequenas brisas que raramente passavam, passos que esmagavam a areia fofa aproximavam-se.

— Veja se não temos aqui o capitão do time de basquete: Riku!

Tomado pelo impulso, Riku levantou-se para encarar o recém-chegado. Ou no caso, os recém-chegados. Encarando-os de frente, os braços cruzados, o rapaz de cabelos prateados observava Axel, o ruivo que sorria de modo provocativo. Acompanhando-o, estava um jovem mais baixo, cujos cabelos louros eram rebeldes e desferiam um estranho corte, onde a maior parte de seu penteado os mantinha em pé, como quem havia tomado um choque. Ele caminhou e aproximou-se de Nina, sorrindo pra ela.

— Oh, então você é a donzela fantasma? É muito bonita para ser chamada de fantasma por aí, sabia? – E, folgadamente, contornou o pescoço desta com um braço, sorrindo a poucos centímetros da face dela. Surpreendida, a garota arqueou as sobrancelhas, pois não esperava aquilo de alguém que sequer conhecia.

— Demyx, dá uma folga pra garota. – Disse Axel, que já estava acostumado com o amigo dando encima de várias garotas.

— Ah, mas ela é tão bonitinha. – Demyx a contemplou um tanto triste, como quem não queria se afastar de um brinquedinho novo e fofinho.

— Será que você poderia deixá-la em paz? – Riku, com o rosto fechado, encarou o loiro nos olhos friamente. Entendendo de imediato, afastou-se dela, postando-se mais uma vez ao lado do ruivo, ambas as duplas se encarando.

— Sabe, a feira de esportes se aproxima, sabia, capitão Riku?

— Eu sei perfeitamente disso, capitão Axel.

— E, até onde sei, três de seus jogadores principais formaram-se ano passado, logo o seu time está desfalcado. Afinal, não é preciso cinco integrantes para um time de basquete? Desse jeito, o seu “tão forte time” sequer poderá entrar na liga escolar! Haha, boa sorte com isso, Riku, você vai precisar! – Dando as costas e indo caminhar pela praia, o ruivo deixou os dois para trás, sendo seguido por Demyx, que acenava alegremente para Nina.

— Nossa! O Axel havia sido tão educado comigo, não imaginei que ele pudesse ser arrogante dessa forma! – Nina surpreendeu-se com aquelas atitudes.

— Ele só é assim comigo, sequer com Sora ele implica mais. É mais uma rixa entre os times de basquete e os de vôlei, mas também não posso negar que é um pouco pessoal.

— Então... O seu time está realmente desfalcado? – Nina perguntou, encostando-se a uma árvore e observando o garoto.

— Sim, na verdade, sequer há alguém além de mim. – Ele suspirou, encostando-se também na árvore, ao lado de Nina. – Três se formaram, um machucou a perna semana passada. Enfim, sobrou apenas eu, um capitão sem time.

— Mas isso não é justo! Como você vai entrar na liga escolar?

— Preciso arrumar um time inteiro até a segunda-feira, que é o dia de inscrição, caso contrário, só ano que vem poderei dar um jeito nisso. – E, observando o garoto, Nina suspirara. Desviara o olhar rapidamente e então sorriu como quem tinha uma idéia brilhante.

— Já sei! – Disse animadamente. – E se você pedir ao Sora para te ajudar a montar o time? Ele mesmo poderia já fazer parte da equipe e poderiam falar com garotos que ainda não tem clubes escolares!

— Você sabia que está bem encima da hora pra arrumar quatro pessoas dispostas a querer jogar fervorosamente contra as outras duas escolas? – Riku cruzara os braços e suas feições mantinham-se distorcidas, estranhando o que a garota falara.

— Vai desistir sem ao menos tentar? – Parecia bastante surpresa. O rapaz, fechando os olhos e suspirando, enfim a fitou diretamente aos olhos, delineando sobre os próprios lábios finos um sorriso leve ao canto.

— Okay, então você vai me ajudar. Nesse fim de semana, vamos nós dois procurar pessoas para montar um time!

 

Agitados com aquela idéia, os dois saíram correndo da praia.

Poderia ele aproveitar aqueles dias para descobrir mais sobre Nina?


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Notas finais do capítulo

Como eu posso dar tantas esperanças a vocês com tanta demora?
De desculpem, de verdade.



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