Minha Nova Razão escrita por Carol14


Capítulo 4
You closer to me. Or not so much.




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Ah, como eu amo tocar piano. É um som tão lindo, calmo; mas também tão agressivo. Realmente, isso me relaxava, não importa o que eu estivesse sentindo. Minha mãe me ensinou a tocar, antes de ter morrido. É uma coisa que me faz lembrar de como ela era doce e sensível, assim como o som que percorria toda a sala de estar.

Eu realmente amo tocar piano, até o meu pai chegar em casa. Ele chama a música de ''barulho'', o piano de ''trambolho'', e me chama de ''irresponsável''. Quando minha mãe era viva, ele gostava. E eu sinto falta desse pai.

Boa tarde, filha. - Ele entrou pela porta da frente, já jogando as chaves em cima da mesa, e indo em direção a cozinha. Parei imediatamente de tocar, e respondi.

Boa tarde, pai.

Como foi a aula ?

Normal. - Respondi, seca, e apenas por educação, perguntei. - E o trabalho ?

Cansativo. Você pode levar o lixo para fora pra mim ? Vou almoçar correndo e voltar para o trabalho.

Não respondi. Peguei o lixo que já estava separado na cozinha, e me dirigi à porta da frente. Coloquei o lixo na lata, e quando ia entrar novamente, ouvi uma voz conhecida me chamando.

Rachel ? É você ?

Brian ? - Perguntei, surpresa. - O que você está fazendo aqui ?

Bom, eu moro à um quarteirão daqui, só estava conhecendo o bairro. E você, mora aí ?

Tive vontade de responder : ''Não, só estou colocando o lixo da minha casa, que por acaso é em outro bairro aqui, nesta casa que eu nunca vi na minha vida'', mas não o fiz. Ele foi simpático comigo na escola e estava sendo agora, portanto, não tinha motivos nenhum pra isso. Mesmo assim, ele ainda é um ponto de interrogação gigantesco pra mim. Eu ainda estava me sentindo confusa sobre a forma como tratá-lo, e o que fazer pra me livrar dessas sensações que, de um jeito ou de outro, ele me fazia sentir. Então, preferi ser eu mesma.  

Moro sim. Está gostando da casa nova ?

Tem certeza disso ?

Do quê ? - Perguntei, confusa.

Que vai querer puxar assunto comigo... Rach, - ele colocou suas mãos sobre os meus ombros, e então continuou – eu percebi que você não falou direito comigo o dia inteiro hoje. Dessa forma, concluí que você não foi com a minha cara, ou sei lá o quê. Eu sei que eu sou novo, e não devo cobrar nada de você, mas todos os outros me trataram super bem, e eu sei que você faria o mesmo, mas por algum motivo não fez. Além do mais, eu sabia onde era a sala da coordenadora hoje mais cedo. Mas eu só queria ver se tirava uma impressão ruim da qual você provavelmente têm sobre mim. - o olhei meio assustada, abri a boca pra tentar dizer algo, mas ele não deixou. - Então, me desculpe, não quero forçar amizade, porque sei que isso é muito chato. Mas, saiba que você me pareceu ser bem simpática, além de ser uma garota linda. - Ele sorriu. Ok, já estava demorando muito pra ele dar esse sorriso.

Ele ficou olhando pra mim, talvez esperando uma resposta que eu não conseguia dar. Idiota. Eu era uma completa idiota. Ele estava pensando tudo o que eu não queria que ele pensasse. A chegada dele foi de repente, e por alguma razão, ele mexeu tanto comigo que eu me assustei. Eu nunca havia sentido algo assim antes, e por não saber disso, acabei fazendo com que Brian pensasse algo errado sobre mim.

Bom Rach, vou continuar andando por aí. Até mais. - Ele me deu um beijo no rosto, virou-se e foi embora. Eu queria que ele ficasse, queria me desculpar, mas minha voz não saía. Tudo o que pude fazer foi ficar vendo ele indo embora, provavelmente chateado comigo.

Entrei em casa ainda sob o efeito do que tinha acabado de acontecer, mas alguém interrompeu meus pensamentos.

Por que a demora, filha ? Era só colocar o lixo na lata e voltar. Não pedi algo tão difícil assim, não é ? - Meu pai disse, com um tom de arrogância.

Desculpe pai, eu fiquei meio... distraída. - Ótimo, nem pra pensar em uma desculpa viável eu conseguia.

Sei. Com aquele menino, não é ? E antes que você pergunte ''Que menino, pai ?'', eu vi vocês dois conversando, Rach. Não sou idiota. - Não papai, idiota é uma coisa que você não é. Talvez arrogante, insensível, chato, hipócrita, repugnante, desprezível...

Ah, ele é um aluno novo da minha escola, veio me perguntar sobre o dever de matemática. Acabou o interrogatório ? - Respondi, com sarcasmo.

Não, mas como sei que você vai me deixar falando sozinho, vou trabalhar. - Ele disse, abrindo a porta da frente. Segundos depois, o ouvi dar partida no carro e indo embora.

Ótimo. O que mais me faltava acontecer hoje ?

Antes que, de novo, pudesse pensar, o telefone tocou.

Alô ?

Oi bebê. - Era Matt, claro. Ele me chama de bebê desde... sempre. Ele me faz um bem incrível, mas eu realmente não queria conversar com ele agora.

Oi Matt. O que foi ?

Bom, isso sou eu que te pergunto, dona Rach. Antes de mais nada, sou seu melhor amigo, lembra ? Posso não ser um mutante como a Val, que sabe até os momentos do dia em que você vai ao banheiro – ele riu, e me fez rir também. Depois continuou – mas eu sei que têm alguma coisa errada com você.

Ah Matt, o de sempre. Meu pai...

Não, não é só o seu pai. Há dias que você está assim. E todo mundo já percebeu. Eu te amo, Rach. Me preocupo com você.

Como explicar pra ele o que eu tenho, se nem mesma eu sei ? Ele merecia uma resposta, afinal, ele é meu namorado. Eu sei que fico estranha às vezes, e não quero que ele se sinta mal por minha causa.

Matt, me escuta. Eu não sei o que anda acontecendo comigo, realmente não sei... Só queria pedir desculpas por estar agindo assim, e eu vou tentar melhorar, tá ?

Eu entendo bebê... quer que eu passe aí ? Eu posso te pegar pra gente ir em algum lugar, talvez te faça bem.

Desculpa Matt, não vai dar. - Ora, mas é claro que dava. Por que eu estava dizendo o contrário ? - Meu pai quer que eu fique em casa hoje, e você sabe como ele fica se eu não o obedeço. Eu te ligo mais tarde, pode ser ?

Pode sim. Fica bem, ok ?

Vou tentar. Tchau.

Tchau. Eu te amo.

Eu também.

Desliguei o telefone com um aperto em meu coração. Era horrível ignorar uma pessoa que me faz tão bem, uma pessoa que faz de tudo pra me ver feliz... Mas eu ainda estava com a cena do Brian na cabeça. Eu tenho que arranjar uma forma de me desculpar, mas não sei como. Eu precisava desabafar. Peguei o telefone novamente, e disquei o número que já era tão conhecido por mim. Alguns segundos depois, aquela voz que sempre me ajudava atendeu o telefone.

Alô ?

Val, você e a Michelle podem passar aqui em casa ? Tipo, agora ?

Claro, Rach. - Ela respondeu num tom de dúvida. - Aconteceu alguma coisa ?

Só... venham pra cá.

Tudo bem, vou chegar aí o mais rápido possível. Tchau.

Tchau.

Desliguei o telefone e olhei para a janela. Fiquei observando os pássaros e o céu, era um dia radiante. Mas eu não me sentia assim.


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Notas finais do capítulo

Essa semana está corrida, HAHA. Enfim espero que gostem, hm. Mandem reviws, ok? *-* Beijos :*



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