Ela olhou para o relógio: estava quase na hora de seu encontro. Ainda não sabia o porquê dessa ideia; uma parte sua não queria namorar mais ninguém.

Ela ainda se lembrava das horas que gastou preparando-se para seu primeiro encontro com ele.

E, mesmo depois de tudo que passaram, de todos os problemas e do triste fim do namoro – que nenhum dos dois sabia como ou porque havia acontecido, pois terminaram no calor de uma briga qualquer e seus orgulhos escolheram permanecer assim – ela ainda sentia-se comprometida.

Mas já havia chegado a hora de esquecê-lo. Ele não a queria mais.

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Ele andava pela calçada; tinha mais um encontro. Desde que terminou com ela, não conseguia mais se manter em relacionamentos por muito tempo.

Nenhuma mulher o fazia sentir como ela fazia. Nenhuma tinha o charme dela, nenhuma tinha a personalidade que completava a dele – como a dela completava. Nenhuma parecia compreendê-lo completamente, como ela compreendia. 

Mas ele não podia mais voltar.

Ela não o queria mais.

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Katara começou a se vestir. Não estava tão animada, nem mesmo sentia o frio na barriga usual.

A ideia de se encontrar com qualquer pessoa que não fosse ele não tinha a menor graça; não a deixava ansiosa, tampouco a excitava. Seria apenas um encontro de duas pessoas, que desejavam um pouco de diversão para acalentar sua solidão. Não chegava a ser algo romântico ou empolgante...
Pelo menos ela via a situação assim.

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Zuko caminhava lentamente, mecanicamente. Seus pés já tinham aquele caminho decorado. 

Já havia perdido as contas das vezes em que errou o caminho para chegar em casa, mas jamais conseguiu errar o caminho para chegar na casa dela.

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Vestia-se lentamente: primeiro colocou uma camisa branca, mas ao olhar-se no espelho lembrou-se que a usara no dia daquele passeio ao parque de diversões com ele.

Descartou a peça, tentou outra e mais outra; todas a faziam recordar dele. Estava ficando irritada, parecia que não havia nenhuma roupa naquele armário que não estivesse relacionada ao rapaz de olhos cor de mel, cabelos escuros e cicatriz no rosto.

Decidiu colocar a blusa que ela usou quando foram assistir àquele filme trash na casa de um amigo dele, combinando então com a saia verde que usara quando ela, seu irmão e ele foram ver um filme de animação no cinema. Foi o melhor que conseguiu: pelo menos, as lembranças envolveriam outras pessoas também.
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Ele fitou o prédio: lembrava-se, como se fosse hoje, do dia que ela veio recebê-lo em sua casa pelo primeira vez.

Os cabelos castanhos dela estavam presos numa bela trança e seus olhos azuis pareciam cintilar.

Fechou os olhos para afastar a lembrança incômoda; tinha de aprender a pensar em outras pessoas, como, por exemplo, na mulher que iria encontrá-lo dali a alguns minutos.

Entrou no prédio e mais um turbilhão de lembranças dela vieram à sua mente. Isso estava deixando-o louco; não entendia por que o destino insistia em lhe levar às moradoras daquele prédio.

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Ela terminou de se aprontar e olhou no relógio: estava na hora. Deu um longo suspiro e ouviu seu celular tocar. Seu companheiro a estava esperando na frente do prédio. 

Pegou sua bolsa e saiu do apartamento. Entrou no elevador e apertou o botão para o térreo.

A irritante musiquinha começou. Ela nunca entendeu o porquê de colocar tal música no elevador, não a fazia relaxar nem um pouco. Muito pelo contrário. 

As portas se abriram e, esperando o elevador, do lado de fora, estava quem ela mais menos queria ver naquele momento.

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Ele apertou duas vezes o botão para chamar o elevador. Queria sair o mais rápido possível de onde estava, na esperança de não precisar pensar nela.

Porém, parecia que o destino não queria isso: o elevador não demorou para chegar, mas lhe trouxe uma bela surpresa.
- Katara? – ele indagou ao vê-la, tão bonita quanto se lembrava.

- O que faz aqui? – os dois falaram juntos e se encararam por alguns instantes.

- Eu moro aqui – ela respondeu como se fosse algo óbvio – e o que você faz aqui?

- Eu vim... – ele parou, queria dizer que veio para buscar a nova garota com quem estava saindo, mas não conseguiu. Uma voz em sua cabeça pedia para que ele resolvesse logo o problema entre eles, de uma vez por todas. Não aguentava mais aquela tensão.

- Veio... – ela tentou o encorajar a falar.

- Vim resolver algo que está na minha cabeça há muito tempo – ele se decidiu, não tinha realmente nada a perder. Se ela o recusasse, ainda teria seu encontro – Katara, perdoe-me. Eu fui insensível e injusto com você. 

- Eu também não fui muito justa com você – ela desviou o olhar, e a essa altura nem se lembrava mais que alguém a esperava do lado de fora.

- Eu te amo, e isso não mudou. Do jeito que penso em você – sempre – garanto que vai continuar assim por muito tempo – ele passou as costas dos dedos no rosto dela – me perdoe, por favor.

Ele ainda a queria.

- Eu te perdôo – ela deu um passo para frente e o beijou.

Ela ainda o queria.