Rascunhos de Um primeiro Amor. escrita por villarino


Capítulo 8
Capítulo 8 - Losing It.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora mais uma vez, é que estou em provas :S



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Capítulo 8 - Losing It.

Entrelaçamos a mão mais uma vez, sorrindo uma à outra. Ela me deixava feliz. Eu conseguia a fazer feliz. Continuamos subindo as infinitas escadas, desta vez mais animadas do que antes. Nós pertencíamos uma a outra, agora. Não havia mais tanto medo. Não havia tantas preocupações. Nós aproveitávamos o que a vida tinha de melhor naquela hora, naquele momento. 

Assim que chegamos mais próximo à casa dos meus avós, estava tudo fechado. Obrigada vovó, por me deixar uma chave, agradeci em pensamento. Porque sinceramente, descer todas as escadas e os ajudar no porto não era definitivamente para uma garota desajeitada como eu. Paramos em frente ao portãozinho e perguntei se Nathalie gostaria de entrar. Ela recusou, mesmo eu insistindo. Não havia ninguém em casa e eles não chegariam tão cedo. Ainda assim, não quis.

- É muita tentação para mim. Principalmente num dia só. Quem sabe de noite eu dou uma passada aqui... -disse ela.

Sorri, ao ouvir que ela queria me ver mais e mais vezes. Afinal, nosso tempo estava acabando, mesmo que não quiséssemos lembrar. Aquilo era um namoro, afinal? Como eu falaria aos meus pais que beijei uma garota? Como falaria aos meus avós que namoro uma mulher? 

- Nathalie, posso te perguntar uma coisa? -pedi.

- Outra? -disse, rindo

-Pode, claro.

- Nós... Na-na-na... Namoramos? -murmurei, não queria sair.

Ela se assustou um pouco com a pergunta. Talvez nem ela mesma sabia. Talvez para ela sim, e para mim não. No Brasil existem as ficadas sérias e tudo mais... Era confuso. Sorriu, depois de um tempo, e provou dos meus lábios mais uma vez.

- Sim, estamos. -afirmou.

Não estava acreditando. Meus comentários eram possessivos, porém eu tinha nas mãos o coração de quem amava. E ela tinha o meu. Não sabia nem como conseguia expressar tudo que sentia por ela, assim... Pessoalmente. Nos seus olhos.  

- Enfim, acho melhor você entrar agora. Logo seus avós irão chegar e se não te virem em casa, está ferrada. -disse, brincando.

- Vá também, seus pais devem estar preocupados. -disse, passando a mão em seus cabelos curtos na altura de sua nuca.

- Sempre preocupada... 

- Olha quem fala. -revidei.

Ela deu uma leve risada num soltar de um suspiro e sorriu maliciosamente para mim. Aquele sorriso... Me possuía! Argh!. Nathalie era doida, mas eu amava que ela fosse assim. Ela provava que era capaz de coisas só para me encontrar. Não, não estava sendo convencida. Eu estava sendo realista. Estava começando a ver a realidade que ela queria me mostrar.

Elevou um pouco a cabeça rapidamente, como se me mandasse entrar. A abracei, não querendo ir. Ela retribuiu, ainda assim, não deixou-me ficar mais um pouco. Tentei até expressões de choro, porém nada a convencia. Revirei os olhos, beijei seu rosto, dei meia volta e entrei em casa.

Olhei para trás, ela continuava olhando e não sairia dali enquanto eu não fechasse a porta. Também, se eu fechasse a porta, não sairia mais. Ficaria deitada na cama, sonhando acordada ou não, com ela. Incrível, que era incansável. Assim que fechei, o rádio da cozinha tocava uma dessas músicas gregas românticas, e comecei a dançar sozinha. Estava, pela primeira vez nas férias da Grécia, feliz. 

Tirei meus tênis molhados, os coloquei em cima da janela, próximo ao sol. As meias estavam encharcadas, porém continuei andando até o banheiro, tomar um banho para esquentar meu corpo que estava afim de congelar. Longe dela, eu sentia o frio. Perto dela, eu não conseguia sentir mais nada além dos batimentos descoordenados e fortes do meu coração. Era coisa de filme. Eu estava com certeza delirando. Sacudi a cabeça, para ver se ela saía dali de dentro e talvez eu conseguisse pensar em outra coisa por algum momento.

Falha. Mais uma vez, falha. Desisti e tirei minhas roupas enquanto a água esquentava. Olhei me no espelho, completamente nua e com o corpo gélido. Pés, coxas, quadril, cintura, seios, ombros, pescoço, rosto. Havia algo diferente comigo. Eu parecia mais... Bonita. Eu estava feliz, Nathalie me fazia bem. Em todas as formas.   

Entrei debaixo do chuveiro, e a água quente foi retirando todo o frio de meu corpo, o sal do mar, o cheiro dela. Parei por um tempo ainda debaixo d’água, abri o vidro do Box e peguei uma das peças de roupa. Cheirei. Mesmo com a água do mar e aquele sal, a umidade e tudo mais, tinha o perfume dela. Cheirei mais uma vez e coloquei a peça em cima da mesinha que havia com as outras. Voltei para o banho que tomava, não me importando se demoraria ou não.

Quando minha avó chegasse, com certeza ela bateria na porta e perguntaria se eu estava ali. Ela tinha certos medos, por eu ser destrambelhada, de morrer no banho. 

Lavei os cabelos, meu corpo, murmurei cantos enquanto a água quente caía, esfreguei meus pés uns nos outros. Fechei a torneira, sequei-me com a toalha limpa que havia pego, enrolei meus cabelos nela e saí do Box. Eu estava nua mais uma vez em frente ao espelho. Me vi diferente mais uma vez. Peguei o roupão verde atrás da porta, vesti, peguei as roupas úmidas com cuidado e saí do vapor quente estava o banheiro trancado. Meus avós não haviam chegado. Fui para meu quarto e a janela estava aberta.

Encostei minhas mãos à beirada, apoiando-me. Procurei por ela, retirando a toalha de meus cabelos e os esfregando para que secassem mais. Não encontrei. Fiquei pensando qual era o hotel que ela estava hospedada. Devia ser por aqui, claro. Mas, onde?

Ouvi barulhos de chaves, porta batendo e sacolas plásticas que vinham do andar debaixo. Nikos, vovô e vovó havia chegado. Meus avós começaram a falar grego um com o outro, coisa que eu não entendia direito, e meu irmão subia as escadas sem delicadeza nenhuma, com cheiro de peixe e chinelos com areia.

- Cheguei, mana. 

- Olá, Nikos.

- E então? Quem é a tal garota que você passou o dia inteiro hoje? -perguntou, mais uma vez.

- Uma amiga, seu chato.

- Amiga? Sei...

- Que foi, Nikos? AGORA ACHA QUE ELA É MINHA NAMORADA? -tive que mentir. 

- Eu vi. 

Assustei-me. Ele viu. Viu o quê? O beijo? As carícias? O que ele viu? Engoli seco, querendo me desesperar. Meu coração acelerou, o sangue de meu rosto correu mais rápido. Entrei em estado de transe, porém saí rapidamente, não querendo me entregar.

- O que você viu? -perguntei.

- Vocês duas.

- Novidade. -disse, revirando os olhos.

- Quando caíram do penhasco. Vocês se beijaram? -perguntou, fazendo uma expressão de nojo.

- Não! Está louco?

- Só perguntei. Sabe que isso é contra tradições judaicas, não é?

- Foda-se as tradições. Ela é minha amiga, e pronto. -menti, novamente.

Ele estava começando a desconfiar. Eu queria gaguejar, e segurara muito para que não acontecesse. Nikos me conhece desde que nasci, sabia quando mentia.

Pedi para que ele saísse, eu precisava colocar uma roupa limpa. Assim que saiu, fechou a porta e sentei-me na cama, aliviada. Ele não havia reparado nas mentiras, por enquanto. Logo ele começaria a perceber que éramos diferentes. Nikos tinha um faro incrível para desvendar as coisas. Principalmente as minhas.

Coloquei uma roupa mais quente, pois estava escurecendo e a brisa do mar vinha forte. Achei um casaco enorme, devia ser do meu irmão, ainda assim coloquei. Me sentia confortável, me lembrava Nathalie. Era quente como ela, era gostoso de se abraçar, como ela. Era uma breve ilusão de que ela estava em mim. 

Desci, mais calma, levando as roupas para secar, não querendo lavá-las e perder aquele cheiro bom que Nathalie tinha. Minha avó colocava a mesa para um lanche lá fora e, desta vez, meu avô estava totalmente carinhoso e a ajudara. Era bonito ver como eles se amam depois de tanto tempo juntos. 

Por um momento me senti sozinha, e agarrei o casaco gigante. Minha cabeça estava baixa, no meio do corredor que dava à cozinha e à uma passagem para a varanda. Meus pensamentos não saíam dela. Era... Engraçado. Nathalie, virou meu mundo de ponta cabeça, me apaixonei perdidamente. Agora, não vivo nem mesmo segundos sem estar ao seu lado. 

 


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