Sweet Dreams escrita por Tartalita


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

" ... Não é como se você não soubesse
Eu disse que a amava e juro que ainda amo
Deve ter sido péssimo
Pois viver comigo deve ter quase matado você ... "

(How You Remind Me - Nickelback)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/94365/chapter/2

Melissa não sabia o que estava acontecendo, não conseguia controlar as lágrimas. Quando parou de correr, viu que estava no parque que brincava com Felipe quando era criança. Sentou-se no balanço, enxugou as lágrimas e começou a lembrar de um certo episódio de sua infância.


Ela tinha 5 anos e estava sentada no balanço tentando, em vão, se balançar sozinha. Felipe, que estava sentado no balanço ao lado, viu o esforço que a irmã estava fazendo, riu e foi até ela. E ao chegar começou a empurrá-la sem que ela percebesse. E ficou feliz ao ver o quanto a irmãzinha dele ficou feliz por conseguir se balançar. Mas o que não sabia era que Melissa tinha percebido tudo e que o verdadeiro motivo da felicidade da menina não era ter conseguido se balançar, era ter visto o quanto o irmão mais velho, que ela tanto admirava, se importava com ela.

Ela percebeu que estava sorrindo enquanto lembrava de tudo isso. Viu que estava escurecendo e decidiu que já era hora de voltar pra casa. Ao sair do balanço, ficou paralisada e surpresa com o que vira. Na entrada do parque, Felipe estava parado, olhando para ela. Melissa não conseguiu decifrar a expressão que havia no rosto do irmão, já era noite e não havia lua. Ela quis ir ao encontro dele, mas ele se virou e foi embora caminhando lentamente, como se dissesse: "Eu não importo, portanto, não me siga".

Começou a chover muito e ela ficou apenas parada, sem ação, enquanto a chuva embaçava seus olhos, até que não pode mais ver nem a silhueta de seu irmão.

"É. Eu sou uma idiota por pensar que ele ainda se importa comigo. Tenho certeza de que só estava voltando pra casa e decidiu ver o quanto deprimente eu estava." Pensou ela, e foi caminhando pelo caminho de casa, sentindo a chuva fria molhar seu corpo e congelar sua alma.

Ao chegar no portão de casa percebeu o quão devagar havia andado, já eram dez horas da noite e sua mãe a esperava impaciente na porta com uma toalha numa mão e o telefone na outra. "Acho que ela já iria ligar para a polícia. Eu a assustei", pensou, entrando para o quintal.

Desde que seu pai morrera naquele acidente horrível, sua mãe vivia triste, porém, fizera de todo o possível para criar bem o dois filhos e para lhes dar todo o conforto e educação de que necessitavam. Melissa lembrou que foi por causa daquele acidente que tiveram de mudar de cidade. Alguma coisa aconteceu naquele dia assustador, alguma coisa muito horrível, mas ela não se lembrava. Nem a mãe nem o irmão gostavam de tocar nesse assunto e sempre que ela perguntava eles mudavam o rumo da conversa. Então, com o tempo ela aprendeu a deixar isso pra lá. Mas às vezes, enquanto dormia, tinha pesadelos horríveis com aquele dia, e acordava assustada, com os olhos cheios lágrimas e com um estranho desespero dentro do coração.

E agora, vendo sua mãe tão abalada como estava, ela se sentiu tão culpada como nunca havia se sentido antes.

-- Me desculpe mãe, por não avisar que iria chegar tarde. - disse enquanto sua mãe a abraçava.

-- Ande logo e vá tomar um banho, olhe como está encharcada.! Conversaremos depois. Vá depressa.!

Melissa tomou um banho bem quente e demorado, depois foi conversar e se desculpar com a mãe.

-- Milli, pelo amor de Deus. - disse a mãe, que estava com um misto de preocupação, amor e nervosismo nos olhos. - Promete pra mim que nunca mais fará uma coisa dessas. Tem noção do quanto fiquei preocupada.?? Se algo acontecesse a você ou seu irmão não sei o que seria de mim. Milli, eu te peço, nunca mais faça isso comigo. Agora vá para o seu quarto. Terá que limpar seu quarto e lavar o banheiro por um mês. E agradeça por eu não te deixar de castigo, sem sair de casa por três meses. Seu irmão já chegou faz tempo, já deve estar dormindo, portanto, não faça nenhum barulho para acordá-lo, já está tarde. Agora vá. Boa noite.

-- Boa noite mãe, eu te amo. - disse ela se levantando e dando um beijo em sua mãe. - E mais uma vez, me perdoe. - sorriu - Até amanhã e durma bem.

A mãe a abraçou e deu um tapinha em suas costas enquanto Milli subia para o quarto. "Essa menina não tem jeito mesmo." Pensou, sorrindo.

Melissa passou em frente ao quarto do irmão e pensou consigo mesma: "Eu sou mesmo uma tonta. Gostaria de saber porque fiquei tão abalada daquele jeito. Ele nem ao menos se preocupou em saber se eu estava bem. Deve estar dormindo e tendo ótimos sonhos. Espero que eu também tenha ótimos sonhos."

-- Tenha uma boa noite. - ela disse em voz alta. - Que diferença faz, você não está ouvindo mesmo. - e foi direto para o seu quarto.

Estava cansada e adormeceu rapidamente. Teve um sono pesado e sem sonhos. Não acordou com a forte tempestade ou com os raios e trovões que caíram naquela noite.

E também não acordou quando, silenciosamente, a porta do seu quarto se abriu e por ela entrou uma silhueta alta e de cabelos negros como aquela noite, caídos sobre a pele branca daquele rosto quase angelical.

Ele caminhou até a cama em que Melissa estava adormecida, se ajoelhou ao seu lado, colocou as mãos sobre as dela e sussurou em seu ouvido:

-- Ah, Milli... Minha querida Milli... Por favor, não me assuste dessa maneira. Não suma da minha vida, pelo amor de Deus, não me deixe sozinho. Não saia correndo de mim com os olhos cheios de lágrimas e o rosto tão desfigurado daquela maneira. Me desculpe por todas as coisas ruins que faço e digo à você. Só Deus sabe o que eu sinto e como eu me sinto quanto te vejo triste. Por favor, meu amor, me perdoe. - com o rosto molhado por causa da tristeza que escorria pelo seus olhos, Felipe encostou os lábios no rosto de sua irmã e lhe deu um suave beijo. - Tenha uma boa noite e espero que tenha bons sonhos.

Ele a cobriu com mais uma coberta e fechou a janela pela qual entrava um vento frio. Caminhou até a porta e antes de sair olhou para aquela menina dormindo, deu um sorriso, forçando colocar nele o restante de felicidade que ainda existia em seu coração por contemplar aquela cena, e fechou a porta.

Naquela noite, Melissa dormia tão profundamente, que não percebeu o breve sorriso que se formava em seu rosto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

*-* Por favor.. Me digam o que estão achando.. =)

Beijinhooos..
=*