Caminhou pelo corredor, até chegar ao quarto, onde se sentou sobre a cama, voltando o olhar para a lua que estava encoberta por nuvens negras, estas derramavam pequenas gotas de chuva contra o vidro da janela.

Lembrou-se daqueles olhos azulados, que um dia desperdiçou milhares de lagrimas por sua culpa.

Hoje, já não lembrava o motivo pelo qual fez aquela jovem sofrer. Voltava-lhe a memória, aquele lindo sorriso, que esbanjava felicidade e que, por ele, não existe mais.

 Já não mais compreendia como pode trocar a felicidade por uma ilusão. Como pode destruir aquele mundo que, hoje, era considerado por ele, perfeito. Fora tão imaturo, tão ambicioso, tão cretino.

Neste momento, lagrimas tomavam-lhe o rosto, deixava cair gotas de desgosto, juntamente com a chuva lá fora. Mas era o que realmente merecia, por ter correspondido amor com mentiras, carinho com traição.

Carrega hoje nos ombros, o peso de uma vida, que não suportou tanta decepção.

Lembrou-se da jovem ruiva que enganou, praticamente reviveu a cena, onde o brilho dos olhos azuis foram se apagando lentamente, derramando suas ultimas lagrimas de sofrimento, enquanto ele apenas assistia.

Segurou firme algo, levando ao peito. Um pequeno colar, com um pingente arredondado de prata, com a palavra “Angel” gravada num dos lados. Foi a única lembrança material que restara para ele.

A corrente que, um dia, pertenceu a seu verdadeiro anjo protetor. Pertenceu a quem sempre esteve a seu lado quando ele precisou, que por amar demais e não querer ser um estorvo, abriu mão da própria vida e que, com certeza, olha por ele até hoje, onde quer que esteja.

“Eu sempre te amarei, não importa o que aconteça...”

Hoje ele tinha certeza disso. Essa frase atormenta-o todas as noites, juntamente com o brilho daqueles lindos olhos azuis, que foram tão desprezados na época, mas hoje tem tamanha importância.