Seu rosto estava molhado pelas gotas amargas das lagrimas, não agüentava mais a humilhação que sofria por ser diferente. Todo santo dia uma raspadinha de sabor diferente, já estavam acabando os sabores, logo os jogadores iam ter que começar a repetir.

A essa altura Kurt já havia desistido de tudo e todos a sua volta, apenas uma coisa o incomodava naquele momento: Finn e Rachel. Não que ele ainda estivesse esperando que Finn viesse a ser seu príncipe encantado, mas ceder estava fora de cogitação ainda mais para a Rachel.

Nem o banheiro era mais seu refugio, agora se escondia na sala usada pelo coral, talvez ali nada o importunasse. O único problema era que naquele momento aquela sala só o trazia péssimas lembranças. Fora ali que Finn o havia dado esperanças e fora ali que as havia arrancado.

Fazia uma semana que a coisa mais inesperada da vida de Kurt havia acontecido, seu amor havia sido aparentemente correspondido. Afinal, o motivo pelo qual Kurt chorava naquele momento não eram raspadinhas ou jogadores de futebol metidos a machões, a única coisa que o estava fazendo chorar era a coisa que mais o fazia chorar desde que havia entrado para aquele bendito clube do coral: Finn. Nesse mesmo dia Finn e Rachel haviam oficializado uma relação e naquela sala diante de todo o clube do coral e do pequeno e frágil Kurt qualquer chance de seu amor ser correspondido fora anulada.

E então Kurt lembrava transtornado do beijo que havia acontecido entre ele e Finn na semana anterior.

[FLASH BACK]

Lá estava o pequeno e frágil Kurt escondido novamente, seu salvador Finn não estivera lá para o ajudar daquela vez. Em seu rosto ainda havia sangue e chorar era tudo que ele conseguia fazer naquele momento, se sentindo ridículo por ser quem era, por ser uma vergonha que só servia pra apanhar.

Então, a pessoa de quem mais havia precisado e ainda precisava naquele momento apareceu, aparentemente preocupado e a sua procura. Finn bateu a porta da sala bruscamente e correu pra perto de Kurt.

- Ah, meu deus! Como você está? Eles te machucaram muito? Me diz exatamente quem foi que eu arrebento ele, você vai ver não vai sobrar um – Finn falava rápido, por preocupação e certo desespero. Mas aquilo tudo e a doçura do garoto bruto faziam com que Kurt já se sentisse um pouco melhor, se era pra ter Finn preocupado com ele apanhar um pouco de vez em quando não seria um preço tão alto a se pagar.

- Não, ta tudo bem. Nem foi tão grave assim – o menor sorriu fraco sentindo as mãos de Finn tocarem seu rosto com cuidado, não queria machucá-lo ainda mais.

Depois disso não houve mais reação de Kurt, o garoto maior passou a beijá-lo no rosto numa tentativa carinhosa de fazer com que o menor se sentisse protegido. Beijou-lhe a bochecha, a testa, a ponta do nariz, ate que enfim chegou as lábios. De inicio o contato foi tímido, meio superficial e amedrontado, mas logo foi se aprofundando. A língua de Finn adentrou a boca de Kurt e a explorava com desejo, o menor nunca havia sentido algo assim na sua vida.

O beijo de certa forma era apaixonado, Kurt sentia borboletas brigando em seu estomago e seu coração batia mais acelerado do que nunca. Quando o beijo enfim parou os dois foram em busca de ar, sem se afastarem muito. Finn selou seus lábios com o de Kurt novamente, com um selinho e um sorriso. Kurt pisava em nuvens

O pequeno garoto já não conseguia compreender muita coisa, mas de uma coisa tinha certeza: Rachel iria sofrer, porque Finn ainda olhava encantado para Quinn. E bem, aquele beijo tinha realmente acontecido, o coração de Finn não era de uma pessoa só, portanto não era dele e também não era de Rachel, muito menos de Quinn, e Kurt jamais perderia a chance de fazer com que Finn se decidisse, se decidisse por amá-lo.

Kurt levantou-se e se retirou da sala, não esperaria que outro momento como o da semana passada acontecesse assim do nada novamente, mas tinha certeza que voltaria a acontecer, mas dessa vez planejado mais longo e mais intenso. Porque Kurt não só queria como amava Finn e sabia que naquele momento já não era como um amigo ou um irmão que Finn o via. E aquilo tudo de repente lhe parecia inesperado, mas não era, já estava acontecendo a muito tempo.