Finlândia, 1996
Aniversário de 5 anos de Paolla Smithd

Crianças para todo lado, palhaços correndo, adultos rindo e uma menina chorando.

Essa é Paolla, apelidada carinhosamente de Lola. Ela morre de medo de palhaços, e eles estão por toda parte, assustando-a.

– Pai, eu quero ir embora! Agora!

Marco se sentou no chão ao lado da filha e a colocou em seu colo.

– Mas, filha... Essa é a sua festa.

– Eu quero ir embora!

– Tudo bem. Vamos só cantar parabéns, depois iremos, ok?

– Ok, só não me deixe sozinha, pai. Por favor.

Lola se agarrava ao pai e pressentia que algo de muito ruim estaria para acontecer, só não sabia exatamente o quê, até que aconteceu.

Todos cantavam parabéns, exceto a aniversariante, que não tirava os olhos do pai; até o momento em que ouviu uma voz atrás de si, chamando-a. Virou-se e pensou estar vendo a mãe – o que lhe parecia inacreditável, uma vez que Kati morrera há bastante tempo.

Quando se virou outra vez, voltando sua atenção à festa, o caos estava instalado. Pessoas corriam para todos os lados e ouviam-se gritos vindos de várias direções.

– LOLA!

Foi a última palavra que saiu da boca de Marco Vianna.

Um vulto negro surgiu no meio da multidão e sacou um pedaço de madeira de dentro de suas vestes.

Nessa hora só restavam três pessoas na sala: Marco, Paolla e o assassino, de olhos tão negros como a noite.

Foi suficiente apenas um feixe de luz verde, exatamente no meio da testa do homem que havia se colocado na frente da filha para protegê-la.

Paolla não conseguia desviar o olhar do homem à sua frente; pelo visto, ele tampouco. Mas a polícia escolheu aquele momento para chegar. As sirenes alertaram a menina, fazendo-a espiar a entrada por um segundo, tempo suficiente para o assassino de seu pai conseguir fugir.

Ela correu até o local por onde provavelmente ele teria escapado e lá avistou uma estranha nuvem negra. Reconheceu uma caveira e uma cobra, mas o desenho não lhe parecia familiar. Na verdade, não lhe parecia com nada que pudesse ser considerado “normal”. Observou atentamente várias vezes à procura de algo que ajudasse a polícia na procura pelo tal homem mascarado. Mas não havia identificação alguma, apenas a imagem distorcida.