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Playground school bell rings again
Rain clouds come to play again
Has no one told you she's not breathing?
Hello I'm your mind giving you
Someone to talk to
Hello

O sinal tocou outra vez. Antes desse som atormentador a pracinha da escola fora um lugar mágico, onde as crianças brincavam de infinitos mundos diferentes... Depois do sinal, todos voltaram à sala de aula. Com exceção de duas meninas.

Uma delas, que está em pé, olhando estarrecida, tem dez anos e belos cabelos castanhos. A outra, que está caída no chão, tem nove; chama-se Rachel. A maior é Cecília.

– Ninguém lhe contou? – disse uma voz vindo de trás dela. Aquela voz que começava a soar em seus ouvidos sempre que alguém morria. Aquela voz bonita e calma, de quem não tem com o que se preocupar. Aquela voz... masculina. – Ela não está mais respirando.

Cecília virou-se de repente, já sabendo o que veria, e, de fato, lá estava ele: aquele homem de aparência jovem; pele clara, olhos verdes e longos cabelos louros presos para trás em uma trança. Ela olhou bem para ele, com os olhos bem abertos, por algum tempo. Já fazia pelo menos três anos que esse homem aparecia. A primeira vez fora quando a mãe de Cecília morrera. Ela se lembrava de outras ocasiões, mas era quando a menina via alguém morrer que ele estava lá, para conversar.

– Você veio de novo, Shino. Então Rachel está morta mesmo? – ela disse.

Shino abaixou-se diante da garota, tirando-lhe uma mecha de cabelo da frente do rosto.

– Sim; ela está morta – respondeu, com a mesma naturalidade de quem diz É claro que podemos sair para tomar sorvete.

– Ah – fez Cecília. Já estava acostumada com a morte quase tanto quanto ele. Olhou para o céu.

Nuvens cinzentas começavam a amontoar-se, preparando a chuva. Cecília gostava de chuva; mal podia esperar para vê-la cair...

If I smile and don't believe
Soon I know I'll wake from this dream
Don't try to fix me I'm not broken
Hello I'm the lie living for you so you can hide
Don't cry

A menina sorriu para o homem, porque ele era seu amigo; não que quisesse mesmo sorrir. Viu-o sorrir de volta; um sorriso bonito, deleitoso.

– Não está triste por sua amiga? Ao menos sabe por que, ou como ela morreu?

– Não. Não me conte, Shino, estou cansada de saber disso! – seu sorriso sumiu, ela não estava brincando. Mas Shino era compreensivo e não estendeu o assunto.

– Tudo bem – disse apenas, agora ficando sério também, sem mudar o tom de voz.

Depois de silenciar por um momento, Cecília voltou a falar:

– Isto é um sonho, não é? E eu vou acordar logo dele, eu sei.

– Não, Cecília, não é um sonho, desta vez é verdade. Mas eu estou aqui para ajudar você.

– Pare de me dizer essas coisas, Shino, você sabe que eu não gosto! E pare de mentir, eu não agüento mais ouvir suas mentiras! – ela começou a chorar ante a própria incapacidade de tornar em mentira o que ele dizia e irritada pelo modo como ele falava, tão sereno, tão... inalterável.

Tudo que ele fez foi acariciar o rosto da menina com as costas da mão, sua mão quente, de dedos longos e delgados, elegantes. Tentou limpar as lágrimas cristalinas que insistiam em cair, mas Cecília não deixou, afastando o toque dele com sua mão pequena e fria.

Suddenly I know I'm not sleeping
Hello I'm still here
All that's left of yesterday

– Você não está dormindo, Cecília. E eu não estou mentindo, você sabe. Já deveria estar acostumada, não acha? – ela não quis mais olhar para ele. – Escute: Cecília, pare de chorar. Você já viu isto antes, não é novo para você.

A garota se virou de novo, para olhar a amiga morta no chão. Olhou por um longo tempo, tentando aceitar, os cabelos escuros de Rachel espalhados pelo chão...

– Shino, eu – ela disse, voltando-se para o lado em que ele deveria estar, mas Shino desaparecera.

E, enquanto ela era deixada em silêncio, a chuva começou a umedecer a terra...


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