Dolce escrita por makkori


Capítulo 1
Único




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— 16:16. Rápido, fale um número!

 

— 568.

 

— Não assim seu bobo, entre 1 e 26.

 

— Ok então, 2.

 

— 2 é B... Hey! Não vale, você fez de propósito!

 

— Eu só queria tornar a brincadeira mais realista.

 

— Como assim?

 

— Eu gosto de você, consequentemente não consigo evitar pensar sobre isso toda hora.

 

Assim, dessa maneira repentina, o simples e direto Byou se declarou. O simples e direto e desbocado e indiferente e honesto e perfeito Byou se declarou para o estranho Manabu.  O estranho sem noção de geografia de uma elevada baixa-estima e burro mesmo parecendo o contrário Manabu.

 

— Ok.

 

E Manabu corou e imaginou um Manabu-dois pegando aquela lixeira ali do lado e batendo fortemente na cabeça do burroburroburro Manabu-um até seus miolos se espalharem por não conseguir pensar numa resposta melhor.

 

Porém, entretanto, contudo, todavia, Byou já previu essa resposta da boca do menor, afinal, se ele realmente estivesse esperando uma resposta coerente ou com mais de 5 palavras, não seria Manabu ali naquele momento.

 

E também porque Byou achava Manabu gracioso até em sua idiotice.

 

O que reforçou a idéia de ele estar gostando muitomasmuitomesmo do mais novo, já que normalmente numa situação com uma pessoa assim qualquer ele iria ser sarcástico ou meter a cabeça numa árvore ou numa parede ou no próprio indivíduo, torcendo para que ele mesmo ou o outro fique inconsciente.

 

Ele sorriu de lado e balançou a cabeça achando graça do próprio pensamento enquanto Manabu ainda se matava em sua imaginação, o que deu bastante tempo para Byou ver e analisar e decorar e amar cada traço do seu perfil corado e seus óculos caindo pelo delicado nariz e pescoço esguio e cabelos macios e olhos e boca e nossa, Byou sentiu a necessidade de monopolizar todo o organismo vivo chamado Manabu.

 

E Manabu, já ressuscitado, sentiu a necessidade de falar alguma coisa. Mas só porque era uma necessidade altamente necessária não queria dizer que ele tinha que fazer. Muitas coisas no mundo foram negligenciadas e continuam sendo urgentes. Mas aquilo não se tratava de questões políticas e muito menos ecológicas ou sociais, porém era mais conveniente pensar dessa maneira. Manabu era só mais um garoto envergonhado.

 

Que acabou de descobrir que outro garoto nem um pouco envergonhado gosta dele.

 

A questão é que Manabu gostava dele também, mesmo achando que soube esconder bem isso até esse fatídico momento.

 

Outro fator que Byou achava gracioso, mas que ficava no caminho quase sempre.

 

E já que todas as questões foram resolvidas e todo mundo gosta de todo mundo e o amor é lindo e tudo que o mundo e nós precisamos é amor assim como aquela canção chiclete dos Beatles ensinou, Byou cansou de esperar.

 

— Eu vou te beijar agora.

 

Não, não foi uma pergunta muito menos uma piada, Byou constatou e Byou ia fazer aquilo mesmo e não importava muito porque Byou sempre fazia as coisas que queria na hora que queria e da maneira que queria.

 

E Manabu passivamente concordou porque nunca fazia as coisas que queria na hora que queria e da maneira que queria.

 

Mas isso ele queria, e muito.

 

— Ok.

 

E foi com essa resposta, com a palpitação do coração alheio e um singelo sorriso que Byou tinha descoberto a chave para todas as outras respostas do enigma Manabu.

 

E ele sorriu também.


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Notas finais do capítulo

Alguém mais brinca disso com as horas?



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