Quando finalmente comecei a acordar eu desejei poder continuar desacordada. Primeiro porque comecei a sentir sede,fome e dores pelo corpo inteiro, como se eu tivesse caído de um prédio e sido esquecida viva sem movimentos por lá e segundo porque quando eu abri os olhos eles arderam com a luz do sol no meu rosto

Assim que meus olhos se acostumaram com a luz eu procurei saber onde eu estava, mas só tinha mato e árvores a minha volta. Lembrei da minha desventura de antes de desmaiar. Nunca mais eu faria uma coisa daquela novamente sem um ótimo motivo. Era uma promessa comigo mesma. Levantei-me e fiquei até aliviada quando percebi que ainda estava com minhas roupas e armas brancas.

Acredite ou não eu fiquei realmente surpresa ao notar que tinha uma cauda listrada preta e vermelha, pelos negros sobre todo meu corpo, garras e orelhas de um felino. Não soube exatamente que raça era... Parecia uma mistura de cachorro com onça... Imaginei que fosse coisa do falecido Marverik. Comecei a andar pela floresta procurando algum caminho ou lugar para me orientar no lugar.

Passei dias andando e nem vi uma poça d'água, lago, ou qualquer coisa que tenha água. Parei pra descansar um pouco, minhas pernas já estava começando a doer, quando comecei a ouvir um barulho de passos no lugar. Levantei-me rapidamente já com a minha adaga numa mão e a outra pronta para defender qualquer ataque surpresa.

Do meio das árvores surgiram quatro humanos meio animais como eu. Eles não pareciam nada amigáveis. O primeiro e mais alto era um chacal vermelho de olhos laranja, o segundo era só um pouco mais baixo que o primeiro sendo ele um urso, o terceiro e o quarto eram dois guepardos.

-Olha o que encontramos aqui- o homem urso falava com um leve sorriso no rosto- Uma pequena jaguaquitã perdida na floresta hahaha

-Parece que tiramos a sorte grande meu rapaz! -Agora o chacal vermelho que falava - Os jaguaquitãs estão cada vez mais raros no mercado negro. E nós acabamos de encontrar uma e sozinha nas nossas terras. Garotos? A diversão é toda de vocês.

Os dois guepardos então avançaram de uma só vez. Eu fui mais rápida e saltei para trás tentando correr para longe dali, mas um deles segurou minha perna com a cauda me fazendo cair no chão. Depois ele segurou minhas duas mãos nas costas me levando até o chacal vermelho.

-Me solta!Eu to avisando!Não quero machucar vocês

- Hahahahaha que pena. Porque agente quer machucar você!-o chacal então me deu um tapa no rosto

Aquilo foi a gota d'água. (ò_ó)

Não sei exatamente porque ou como aconteceu, mas naquele momento vi e ouvi milhões de corpos empilhados num banho de sangue e medo na minha frente fedendo a morte.Eu ri.Não porque eu quisesse ,era como se algo me controlasse naquele momento .Uma raiva se apoderando de mim  e controlando cada um dos meus músculos em movimentos que eu nem fazia idéia que eu conhecia.
Primeiro eu consegui me livrar do guepardo que me prendia saltando para suas costas e usando minhas mãos para girar e quebrar o pescoço dele. Depois que o primeiro caiu corri rente ao chão para morder firmemente o pescoço do segundo guepardo. Senti o liquido quente passando por minha garganta saciando uma sede que eu não acreditava que tinha até sentir o gosto de sangue na minha boca.

Era um alívio não ter mais sede tanto de água quanyo de sangue, porém não queria que fosse daquele jeito. Tudo parecia um pesadelo que nunca acabaria.

Recuperei os meus movimentos, mas meu sentimento de angústia foi mais forte. Minhas pernas ficaram bambas e sem forças eu me ajoelhei olhando para o chão esperando que tudo se dissipasse numa névoa branca. Queria que tudo não tivesse passado de um sonho ruim.Os outros três fugiram por sorte antes que eu terminasse com os guepardos.
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Continuei andando para achar algum lugar para dormir que não fosse a copa de uma árvore. Achei uma árvore de tronco oco perto de uma planta de folhas grandes e lisas que dava frutas parecidas com pequenas maçãs verdes.

Assim que anoiteceu uma chuva forte começou a cair. Fiquei feliz por ter encontrado a árvore oca e por não cair um pingo de água sequer dentro dela. Acabei dormindo com o barulho que a chuva fazia e tive o mesmo pesadelo que estive tendo durante todas as noites desde que cheguei naquele mundo.

O sonho começa sempre num enorme campo de batalha com várias bandeiras quebradas, corpos mortos no chão, sangue e fogo pra todo lado.  Quase todos os guerreiros lutavam com uma única ruiva de armadura como eu. Todos os guerreiros eram derrotados com os poucos e sutis movimentos que ela fazia com a adaga em forma de raio. Pude notar também que ela sorria a cada grunhido de dor que os homens faziam ao serem cortados por ela como se aquilo fosse seu maior prazer em vida.

-Olhem lá! Ela também está ali!- um dos guerreiros apontava para mim - Matem-na antes que seja tarde para todos nós e para nossas famílias!

Todos os homens pararam de atacar-se para tentar me atacar. Somente a ruiva que sorria com a chacina começou a defender-me. Num único momento pude ver seu rosto de olhos vazios. Aquela que me defendia no momento era ninguém menos do que eu mesma.