Nunca te esquecerei

Capítulo 4 – Lembras-te de mim?

Kisshu continuou a olhar para Ichigo até esta desaparecer da sua vista, suspirando tristemente o alien, de olhos âmbar, baixou a cabeça.

 

“Aquela rapariga de cabelo ruivo não parava de olhar para o Kisshu” comentou Taruto ao olhar para Nadia e Kisshu, que permanecera num silêncio profundo. Nadia baixou-se ao nível do alien mais novo.

 

“Aquela era Ela, Taruto…” murmurou Nadia ao ouvido do pequeno alien, os olhos laranja de Taruto arregalaram-se em surpresa e sussurrou também:

 

“Queres dizer…a amiga do Kisshu?”

 

Nadia assentiu e voltou a levantar-se, olhou para Kisshu que continuava a olhar para baixo, escondendo as lágrimas que ameaçavam cair a qualquer momento. A rapariga de cabelo azul olhava para ele preocupada por este ainda não ter reagido à chegada de Ichigo, por isso tentou animá-lo:

 

“Eu acho que ela se lembrou de ti”

 

“….”

 

“Quero dizer…foste a primeira pessoa que ela olhou e ela só estava a olhar para ti durante tanto tempo…isso quer dizer alguma coisa, não achas? É óptimo que após doze anos, ela ainda se lembre d-“

 

“Não é verdade…” sussurrou finalmente Kisshu ao limpar as lágrimas dos seus olhos dourados e olhar de novo para cima.

 

“Huh?”

 

“Ela…ela não se lembra de mim Nadia…ela não…sabe quem eu sou…”

 

“Kish, ela estava a olhar para ti, eras a única pessoa para quem ela estava a olhar!” exclamou Nadia, Kisshu abanou a cabeça em negação com tristeza.

 

“Não…tu não entendes…eu conheço-a desde que ela nasceu Nadia…se ela se lembra-se de mim ela não se importaria quem estava a olhar e teria simplesmente saltado para cima de mim tal como ela fazia quando era pequena…”

 

“Kish…”

 

“Mas tu tinhas razão Nadia…eu não posso desistir assim…simplesmente vou começar tudo do inicio, vou ter com ela e perceber se ela esqueceu tudo sobre mim…se assim for, começarei tudo do inicio tal como tu me disseste para fazer…”

 

Nadia sorriu levemente para o seu amigo, ele estava a tentar ser forte, ele nunca gostou de mostrar fraqueza desde a morte dos seus pais, sempre tentando sorrir e ser forte mesmo quando no fundo ele não estava feliz e estava a sofrer e neste momento ela sabia que ele estava triste, ela sabia que Ichigo era importante para ele apenas não sabia a quão importante ela era na sua vida…Nadia também sabia que Kisshu faria tudo pela gatinha, até mesmo morrer por ela…

 

“Bom…acho que vou andando…” disse Kisshu e com isso dito começou a andar para longe dos seus amigos, ele precisava acima de tudo de aclarar a sua mente antes de se encontrar com Ichigo de novo. O alien caminhou sozinho na direcção do rio, o mesmo lugar onde ele se encontrava antes da chegada de Ichigo á vila, o mesmo lugar onde as memórias dele e Ichigo a brincarem em crianças se mantinham vivas, pelo menos para ele…

 

Mas antes que ele lá pudesse chegar, uma vozinha irritante interrompeu os seus pensamentos e parou-o de continuar a andar para o rio.

 

“Kiiiiiiissssssshhhhhuuuuu!!!”

 

Era uma voz feminina que Kisshu conhecia bastante bem, ele fechou os olhos e suspirou, um par de braços abraçaram-no à volta do pescoço e um peso foi colocado, de repente, contra as suas costas.

 

“Kish! Onde é que estivestes, fofinho? Ainda não te tinha visto hoje por aqui!” disse a rapariga de longo cabelo azul-bebé e olhos rosa.

 

“Louhi…sai…de cima de mim…” murmurou ele, Louhi era a irmã mais nova de Nadia que estava perdidamente apaixonada por ele e ele sabia disso mas não retribuía tais sentimentos para com a jovem.

 

“Awww porquê? Eu gosto de estar junto a ti, meu amor!”

 

“Eu disse sai de cima de mim AGORA!” gritou ele de repente para ela, isto chocou-a e ela soltou-o.

 

“Porque é que estás a ser tão rude para mim?” disse ela enquanto armava beicinho

 

“Não quero falar com ninguém, Louhi…”

 

“Awww Kish mas eu amo-te! Sabes que me podes dizer!”

 

“Quando é que vais perceber isto, já estou farto de te dizer isto todos os dias! Eu não tenho qualquer tipo de sentimentos para contigo!” disse o jovem alien, tentando permanecer o mais calmo possível.

 

“Tch, tch, tch…rejeição só quer dizer que tu gostas de mim, Kish-kun!” disse ela, Kisshu quase explodiu mas não o fez, simplesmente olhou para ela zangado.

 

“Olha eu não estou com paciência para falar contigo, por isso deixa-me em paz!” disse ele e com isso dito, teletransportou-se para longe, para longe dela, para longe de todos…

 

Entretanto o grupo tinha acabado de chegar ao apartamento onde iam ficar, neste momento estavam à espera da dona do apartamento para os levar até aos seus quartos para poderem instalar-se.

 

“Sejam muito bem-vindos à nossa vila, espero que gostem de cá viverem. Só tínhamos este apartamento livre e não temos dez quartos, por isso receio que vocês tenham de dividir os quartos uns com os outros” disse uma senhora, loira, humana com o ADN de uma raposa do Árctico.

 

“Não há problema com isso” disse o rapaz loiro

 

“Muito bem…mas primeiro gostaria de saber os vossos nomes” disse ela

 

“Oh mas é claro, pedimos desculpa pela nossa rudeza. O meu nome é Keiichiro Akasaka e este jovem loiro aqui é o meu companheiro, Ryou Shirogane” disse o homem de longo cabelo castanho, Ryou tomou a mão da mulher delicadamente e beijou-a, isto fê-la corar levemente mas rapidamente se recuperou e olhou para os outros adolescentes que se encontravam atrás de Keiichiro e Ryou, estes fizeram uma pequena vénia antes de se começarem a apresentar, um por um:

 

“Sou a Ringo Akai” disse a rapariga anjo vestida de vermelho

 

“Masaya Aoyama” disse o rapaz anjo, e o único rapaz do grupo sem contar com Keiichiro e Ryou.

 

“Berry Shirayuki” disse a jovem rapariga, metade coelho, metade gato

 

“Zakuro…Zakuro Fujiwara…” disse a rapariga lobo

 

“Eu sou a Pudding Fong, Na no da!” disse a macaquinha

 

“R-Retasu M-Midorikawa” disse a rapariga de cabelo verde

 

“Mint Aizawa” disse a rapariga com o ADN de um pássaro

 

“E eu sou a Ichigo Momomiya” disse a rapariga de cabelo ruivo

 

“É um prazer conhece-los a todos, eu vou deixar-vos a sós agora para poderem desempacotar as vossas coisas e instalarem-se à vontade” e com essas palavras ditas a mulher abandonou o apartamento. O grupo agarrou nas suas malas e entraram para escolherem os seus quartos.

 

“Zakuro onee-sama, posso dividir o quarto contigo?” perguntou Mint, Zakuro apenas assentiu em respostas e as duas entraram no quarto escolhido.

 

“Bom, acho que podemos dividir o nosso quarto um com o outro, ne Pudding-chan?” disse Retasu

 

“Claro que sim, Na no da!” disse a macaquinha e as duas foram para o seu quarto, Ichigo tinha escolhido o seu quarto e estava prestes a entrar lá dentro quando Masaya se aproximou dela, com a sua mala.

 

“Ichigo!” disse ele, Ichigo olhou para ele

 

“Oh, Masaya” (A/N: Espero que entendam que a Ichigo não está apaixonada pelo Masaya nesta fanfic mas ele está apaixonado por ela!)

 

“Podemos dividir o nosso quarto?” ele perguntou, ela não sabia o que responder e simplesmente olhou para o chão.

 

“U-Uh…eu…”

 

“Desculpa, Masaya! Mas ela já está comigo!” disse Berry, aparecendo do nada o que assustou de certo modo os dois adolescentes.

 

“Oh bem, então eu fico com a Ringo” disse ele soando de certa forma desapontado mas acabou por se ir embora, Ichigo deixou escapar um suspiro de alívio assim que ela e Berry entraram no quarto.

 

“Muito obrigada Berry! Salvaste-me!” disse ela, Berry riu-se e piscou-lhe o olho

 

“Não tens de quê!” disse ela, as duas começaram a tirar os seus pertences de dentro da mala e a arrumá-los e começaram a decidir qual era a cama que era delas, qual o lado do armário, entre outras coisas durante longas horas…até Ryou bater na porta e entrar no quarto delas.

 

“Já acabaram?” perguntou ele

 

“Ela já, eu estou quase!” disse Berry

 

“Óptimo, Ichigo preciso de ti”

 

“E para quê?”

 

“Preciso que vás ao mercado e compres comida para o jantar e algumas tintas para pintarmos as paredes dos quartos amanhã” disse ele enquanto lhe entregava o dinheiro e a lista

 

“Está bem mas…só eu?”

 

“Visto que és a única que já desempacotou tudo, sim”

 

“O quêeeeeeeee?! Ryou isso não é justo! Eu tenho de esperar que alguém também acabe de arrumar as coisas para vir comigo! Sozinha não consigo carregar comida e tintas ao mesmo tempo!”

 

“Desculpa gatinha mas o mercado está quase a fechar, o sol está a pôr-se e nós precisamos das coisas agora, por isso despacha-te e vai” disse o loiro enquanto começava a caminhar para fora do quarto.

 

“Espera aí! Eu nem sei onde é que o mercado fica!” disse ela, Ryou continuou a andar mas respondeu-lhe

 

“Pergunta às pessoas onde fica, agora despacha-te” e com isso abandonou o quarto, deixando para trás Berry a rir-se e Ichigo a deitar fumo das orelhas.

 

“EU ODEIO-TE RYOU!!”

 

Ela então suspirou e acalmou-se, vendo que não tinha escolha começou a andar para o mercado mas durante o caminho todo só reclamava sobre Ryou.

 

 “Eu nem sei onde é que o raio do mercado é! Quem é que o Ryou pensa que eu sou?! A escrava dele?!” reclamou ela e continuou assim até acidentalmente embater contra alguém, ela teria caído ao chão se a pessoa que ela embateu não a tivesse agarrado pelo braço.

 

“P-Peço desculpa! Eu não estava a olhar para onde andava!” disse ela assim que ganhou novamente equilíbrio

 

“Não, a culpa foi minha, também não vi por onde andava!” disse a pessoa, um rapaz pelo som da voz, Ichigo abriu os seus olhos e apercebeu-se que a pessoa que embatera era o alien de cabelo esmeralda, o rapaz que ela tinha olhado durante tanto tempo esta tarde, quando saiu do carro.

 

“És tu…” murmurou ela, Kisshu também abriu os seus olhos âmbar e viu Ichigo, os seus olhos arregalaram-se em surpresa

 

“Ichigo…” murmurou ele num tom baixo mas foi suficiente para Ichigo ouvir visto que ela estava muito perto dele, ao ouvir isto ela ficou confusa.

 

“Hum…desculpa mas…como é que sabes o meu nome?” perguntou ela e isto surpreendeu Kisshu, ele não estava à espera que ela o ouvisse a sussurrar o seu nome.

 

“E-Eu…uh…” ele não sabia o que dizer, será que ele devia dizer-lhe a verdade? Que eles tinham sido melhores amigos durante a infância, que se conheciam desde que nasceram? Ela provavelmente não se lembraria dele mas…o que é que ele iria ganhar ao mentir-lhe? O que é que ele poderia fazer para faze-la recuperar as suas memórias com ele…? Ele nunca tinha mentido na sua vida, ele suspirou…ele nunca mentiu antes e não era agora que ia começar a fazê-lo…especialmente a ela.

 

“Não estou surpreendido que não te recordes de mim, Ichigo…apesar de tudo…já passaram doze anos desde a última vez que nos vimos, tinhas apenas três anos na altura…” disse ele enquanto esboçava um sorriso falso, tentando não soar triste, Ichigo piscou os olhos e continuou a olhar para ele, ainda confusa mas ao mesmo tempo, curiosa.

 

“Hum…tens razão eu não me recordo quem tu és mas…não sei porquê…os teus olhos…tu és-me muito familiar, não sei porquê mas sinto que estamos ligados!” disse ela, Kisshu foi apanhado de surpresa ao ouvir isto, ele era-lhe familiar? Talvez…talvez a esperança não era de todo falsa…

 

“Como te chamas?” perguntou ela e ele sorriu

 

“Nós conhecemo-nos desde que nascemos e éramos os melhores amigos…adoravas provocar-me ao chamares-me Kishi…mas o meu nome é Kisshu”

 

Assim que ele lhe disse o seu nome, memórias começaram a surgir na cabeça de Ichigo, um por um e ela não sabia porquê…

 

“Bem, bem, bem o que é nós temos aqui? Esta gatinha perdeu a mamã e o papá foi?” disse um rapaz enquanto segurava nas suas mãos a boneca de uma menina com a idade por volta dos três anos.

“D-Devolve-me a boneca, por favor!” disse ela enquanto saltava para cima e para baixo tentando apanhar a boneca mas o rapaz e os seus amigos simplesmente seguraram a boneca ainda mais alto e começaram a atira-la uns para os outros, fazendo a rapariga andar a correr às voltas, claro que isto fazia-os rir e ela estava quase a chorar…

“Awww a gatinha está a chorar é?”

“P-Por favor…por favor devolvam-me a boneca!”

“E se eu não devolver?”

“Se não devolveres eu juro que dou cabo de ti e dos teus amiguinhos até fazer-vos correr para debaixo das saias das vossas mamãs…” disse de repente uma nova voz, todos se voltaram para ver um pequeno alien, de cabelo esmeralda e olhos âmbar, a idade por volta dos cinco anos. Ele olhou para os rapazes e estendeu a mão.

“Dá-me a boneca…”

“Oh com quem então temos aqui um rapazinho que se gosta de armar em bom? Então vem aqui e mostra-me do que és capaz, alienzinho!” disse o rapaz que segurava a boneca, Kisshu sorriu de certa maneira malévola e quando o rapaz menos esperava ele estava atrás das suas costas e a segurar-lhe os braços atrás das costas com força.

“Gaaaahhh! Larga-me! Larga-me! Isso dói!” gemeu o rapaz em dor, Kisshu sorriu e arrancou-lhe a boneca das mãos e depois soltou-o.

“Vão-se embora agora e nunca mais se metam com ela ou da próxima vez não serei tão gentil…” disse ele num tom frio, o grupo de rapazes correu para longe o mais depressa que conseguiram. Kisshu só esboçou um sorriso vitorioso e virou-se para a rapariga que estava atrás dele, ele devolveu-lhe a boneca e uma vez que a tinha nas mãos, Ichigo saltou para cima dele e abraçou-o.

“Obrigada, Kishi!”

“Uhhh…sim pois…”

~.~.~

“Não é justo! Fizeste batota! Pensei que te tinhas magoado a sério!”

“Awww estavas preocupado comigo, Kishi?” disse a menina enquanto abraçava o rapaz mas foi de tal maneira forte que os dois voltaram a cair à água.

“Não me chames Kishi! Já te disse que o meu nome é Kisshu!” reclamou o rapaz

“Está bem, Ki-ssu!” disse a rapariga enquanto se ria

~.~.~

“Eles não precisam de tomar conta dela…eu é que vou tomar conta dela, eu prometi isso à mãe dela e vou cumprir…”

“Ela não precisa de mais ninguém, ela tem-me a mim…e se ela for, eu vou também…”

~.~.~

“Não! Ichigo!”

“KISH! KISSHU!!!” gritou a menina de cabelo vermelho assim que o carro arrancou

“ICHIGO!!!”

~.~.~

Os olhos de Ichigo arregalaram-se

 

“Hey, estás bem?” perguntou Kisshu, Ichigo olhou para ele, levemente boquiaberta e começou a sentir lágrimas nos olhos e quando os dois deram conta, ela estava nos braços dele, abraçando-o à volta da cintura e escondendo a sua cara no peito dele, agarrando-se à sua camisa…Kisshu vou apanhado desprevenido por isto, ela estava chocado, ele não fazia a mínima ideia que ela se lembraria dele quando ele simplesmente lhe disse o seu nome…depois de doze anos…ainda chocado mas feliz, Kisshu abraçou também de uma forma protectora a sua gatinha, ele não a queria soltar, não agora, nunca…ele queria ter a certeza que tudo isto não era um sonho mas sim real…devagar ele olhou para a rapariga nos seus braços…

 

“K-Kish…és…és mesmo tu…?” perguntou ela, as suas orelhas de gatinha descaídas e a sua cauda enrolada à volta da cintura de ambos, pequenas lágrimas na ponta dos seus olhos de avelã, Kisshu sorriu e agarrou-lhe o queixo, levitando-o e com um dedo limpou os olhos da gatinha.

 

“Sim minha gatinha, sou eu…” ela sorriu e voltou a esconder a sua cara no peito dele, os dois ficaram assim agarrados um ao outro durante uns bons minutos até se separarem os dois.

 

“Senti tanto a tua falta…eu peço desculpa por não me ter lembrado de ti mas aconteceu tanta coisa nestes últimos doze anos que e-“ ela parou de falar quando ele colocou um dedo nos seus lábios, ela corou quando ele fez isto.

 

“Está tudo bem minha Koneko (A/N: para quem não sabe, quer dizer gatinha em japonês e é o termo que ele usa no anime para com ela) …eu sabia que ia ser difícil para ti, lembrares-te de mim visto que tu tinhas apenas três anos quando foste levada…eu vou dizer a verdade…eu julgava que tu não te lembravas nem um bocadinho de mim…eu nunca imaginei que tu irias lembrar-te de mim quando eu te disse o meu nome…eu nunca te esqueci Ichigo, todos os dias da minha, todas as semanas, todos os anos eu lembrava-me de ti…”

 

“Kish…”

 

“Desculpa…eu estou a ficar um bocado lamechas…” disse ele e ela riu-se

 

“Onde é que ias antes de embatermos um no outro?” perguntou ele

 

“Oh meu deus! Esqueci-me completamente! Eu tenho de ir ao mercado e comprar comida e tintas!” disse ela, Kisshu riu-se

 

“Suponho que t não faças a mínima ideia onde fica o mercado” disse ele e ela corou e olhou para baixo, ele riu-se outra vez e pegou-lhe na mão.

 

“Anda, eu levo-te lá antes que feche e creio que vás precisar de ajuda a carregar essas coisas, consigo prever que tu a carregares comida e tintas ao mesmo tempo não vai ter um final feliz” disse ele e ela amuou para depois deitar-lhe a língua de fora. Kisshu levou-a ao mercado e ajudou-a a comprar as coisas necessárias e a carrega-las, no caminho de volta ao apartamento os dois decidiram parar num café para beberem qualquer coisa.

 

“Então quem eram aquelas pessoas que vinham contigo no carro?” perguntou ele assim que se sentaram e beberam as suas bebidas.

 

“Oh, amigos meus”

 

“Quem eram os três anjos e o loirinho?” perguntou ele

 

“Oh a anjo vestida de vermelho era a Ringo, o rapaz mais novo era o Masaya e o anjo mais velho era o Keiichiro, o rapaz com o ADN de um gato cinzento era o Ryou, o Keiichiro e ele são os filhos dos dois homens que me levaram á doze anos atrás” disse ela e Kisshu arrepiou-se ao lembrar-se, Ichigo mexeu a bebida e continuou a falar:

 

“As outras raparigas também faziam parte do grupo das crianças que foram levadas por eles, a rapariga com ADN de um pássaro é a Mint, a de cabelo verde é a Retasu que apesar de não parecer tem o ADN de um golfinho, a macaquinha é a Pudding, ela é sempre muito hiperactiva, a rapariga com o ADN de um lobo é a Zakuro e a última, a com o ADN de dois animais é a Berry, que descobri que é a minha meia-irmã!” disse Ichigo, Kisshu quase se engasgou com a sua bebida ao ouvir isto (A/N: lembram-se quando eu disse no primeiro capitulo que o pai da Ichigo tinha o ADN de um Gato Andino? É por isto que escrevi isso!).

 

“T-Tua m-meia-irmã?!”

 

“Sim aparentemente o meu pai esteve casado antes de ter conhecido a minha mãe e vivia numa outra vila, essa mulher tinha o ADN de um Coelho de Amami, é raro uma criança cujo os pais têm diferentes ADNs nascerem com metade cada, normalmente a criança ou nasce com o ADN do pai ou da mãe mas a Berry não é a única com dois ADNs, é raro isso acontecer mas não é a única. De qualquer maneira, quando o meu pai conheceu a minha mãe, ele tinha-se divorciado à pouco tempo da mãe da Berry que na altura tinha um…quase dois anos de idade, os meus pais entretanto casaram-se, vieram viver para esta vila e então eu nasci” disse ela

 

“Estou a ver e tu conheceste-a no lugar para onde aqueles dois homens te levaram…?”

 

“Sim, ela fazia parte do grupo das crianças órfãs, ao que parece os demónios não só atacaram a nossa aldeia como também a dela, a mãe da Berry morreu na batalha e por isso eles levaram-na connosco”

 

“Essa memória assombra-me todas as noites…aquele dia em que foste levada…” disse Kisshu enquanto tremia levemente, Ichigo sorriu-lhe e tomou-lhe a mão.

 

“Mas eu estou aqui agora, não estou?” disse ela, Kisshu retribuiu o sorriso mas depois desviou o olhar para evitar que ela visse o súbito corar que lhe apareceu na cara, os dois acabaram as bebidas e voltaram a andar para o apartamento.

 

“Bom é aqui, obrigada pela ajuda Kish” disse ela enquanto os dois entravam na cozinha e colocavam os sacos em cima da mesa.

 

“De nada…vocês vão pintar as paredes dos vossos quartos?” perguntou ele e Ichigo assentiu

 

“Bom se precisarem de ajuda eu posso ajudar, não tenho nada melhor para fazer” ofereceu-se ele

 

“Isso seria óptimo! Começamos amanhã de manhã!”

 

“Cá estarei então. Oh é verdade quase que me esquecia, ainda tenho comigo um objecto que pertenceu á tua mãe, tenho a certeza que o queres não é?”

 

“Sim…é claro que gostava” disse ela num tom triste ao recordar-se dos seus queridos pais

 

“Eu vou buscá-la então” disse ele e com isso teletransportou-se para fora da cozinha, enquanto ele estava fora Ichigo começou a arrumar as coisas e a preparar o jantar. Passado algum tempo, Kisshu voltou com uma caixinha cor-de-rosa e dourada (A/N: esta caixinha originalmente pertence ao anime Ashita no Nadja, para os que quiserem ouvir a musica basta procurarem no youtube “Nadja music box”), ele colocou o objecto em cima da mesa para que ela pudesse vê-lo melhor.

 

“Isto é…” começou ela por dizer mas não acabou a frase, simplesmente ficou a olhar para a caixa e pouco tempo depois abriu-a e de lá saiu uma melodia suave…enquanto ouviam a melodia, os dois sentaram-se nas cadeiras, a mão dele sobre a dela…

 

“Isto…isto trás tantas memórias de volta…” disse Ichigo, Kisshu riu-se levemente da memória que lhe passou pela mente naquele momento.

 

“Lembras-te quando as nossas mães usaram esta melodia para nos fazer dormir, quando eu e a minha família passámos a noite na vossa casa?” disse ele e Ichigo riu-se ao recordar-se e assentiu

 

“Sim nós éramos tão teimosos e não queríamos dormir…”

 

“Mas esta caixa de musica era a arma definitiva delas contra a nossa teimosia, eu acho que nós adormecemos pouco tempo depois de termos ouvido a melodia” disse Kisshu, Ichigo sorriu e fechou a caixinha de música, ambos se levantaram dos seus lugares e antes que ele se fosse embora, ao teletransportar-se, ela abraçou-o e escondeu a sua cara no peito dele uma vez mais, ele corou levemente mas retribuiu o abraço, uma mão à volta da sua cintura e outra na sua cabeça…

 

“Obrigada, Kish” disse ela

 

“Quando queiras, minha gatinha…quando queiras…

 

TBC…