Tortura!

Estudar com ele está sendo uma tortura!

Oito dias são o meu limite...

Quem ele pensa que é para me tratar desse jeito?

Ele pensa que com aqueles olhos, aquele cabelo, aquele corpo... Aquela boca...

Foco, Sakura! Foco!

Eu preciso relaxar.

Os dias passam e nada de chegar o dia do racha. Sinto tanta falta do meu carrinho.

-... fora que o sobrenome dele é estranho. Sakura, o que você acha?

-O que eu acho do quê, Ino?

-Do carinha que eu te falei.

-Que cara?

-Você ouviu o que eu estava falando?

-Sinceramente? Não.

-Você está muito estranha...

-É aquele idiota do Uchiha. Ele é arrogante, metido, estúpido, ignorante, grosso... A única coisa que ele me causa é... É... É...

-Amor?

-Ódio, Ino! Ódio! E a única coisa que ele é... É... É...

-Um deus grego?

-Idiota! Um completo idiota!   -respira e ignore a sua amiga.

-Sakura, quando ele te beijou, o que você sentiu?

-Asco!   -tesão.

-Hum... Com o tempo vocês vão se entender. Ah! E não adianta dizer que sentiu asco quando, realmente, você ficou excitada.   –como ela... Aff!

-Quem pode ser o baka que está me ligando agora? Alô!  -fui grossa.

-Esqueceu que tínhamos que estudar hoje?  -era o babaca.

-Me dá o seu endereço.

-Três ruas atrás do Ichiraku. Sabe onde fica?

-Sei sim. Daqui a pouco eu chego.

-Traga as apostilas e o caderno.

-Eu sei muito bem o que tenho que levar.  –desliguei.

Troquei de roupa, colocando uma bermuda jeans, blusa vermelha e uma bota preta.

Peguei minha mochila, prendi meu cabelo e sai de casa.

Quando estava na rua indicada, o vi parado no portão e com os braços cruzados sobre o peito.

-Está atrasada.  –ficou de costas para mim e foi em direção a casa. Estacionei a moto e o segui.

-Pelo que sei não combinamos horário.  –fui tirando o capacete e encarando as costas dele. Arrogante!

-Tire a bota, a jaqueta e me dê o capacete. Coloque tudo aqui.  –apontou para uma pequena estante ao lado da porta. Sakura, não esqueça que você está no domínio Uchiha agora. Respira...

-Toma o capacete.  –entreguei e ele o guardou num pequeno compartimento sobre a porta, ao lado de um capacete. Quer dizer que o Uchiha também tem uma moto...

-Me siga.  –ele foi andando pelo corredor e entrou em uma porta. A sala era bem ampla e não tinha muito “toque oriental”. Era simples e até bonita. Nos sentamos no chão e começamos a estudar durante toda à tarde.

-Quer beber alguma coisa?  -pensei que nunca perguntaria.

-Quero algo forte, Uchiha.

-Está bem.  –se levantou e quando voltou, vi que segurava uma garrafa de saquê e dois copos.  –Aqui.

-Que cavalheiro.  –ironia. Ele apenas ignorou e encheu meu copo.

-Sou educado quando quero ou preciso.

-Obrigado Teme.  –estendi o copo e ele me serviu novamente.

-Não fique bêbada.

-Eu preciso relaxar um pouco. 

-Terminamos por hoje? –virei todo o liquido e me deitei no chão.

-Por mim...  –dei de ombros e vi que tudo ficava escuro e meu corpo leve.

• • •

-Onde estou?  -me sentei e percebi que estava sobre uma cama. Como vim parar aqui e que quarto é esse?

-Você dormiu no chão da minha sala e resolvi te trazer para cá.  –ouvi a voz dele e percebi que estava encostado no batente da porta, me observando.

-Eu já vou...  –tentei me levantar. É, apenas tentei. Minha cabeça girou e me senti sem chão. Minha visão escureceu muito rápida e quase cai. Quase, pois ele foi agiu e tentou me segurar, mas acabou caindo abaixo de mim.

-Esse é o problema dos amadores... Não sabem beber e ficam cambaleando após tomar dois copos de saquê.  –reclamou e me colocou sobre a cama e verificou minha pressão arterial pelo pulso.  –Você comeu alguma coisa hoje?

-Não que eu me lembre...  –detesto admitir, mas estou me sentindo fraca demais.

-Tome um banho e coloque estas roupas enquanto eu preparo alguma coisa para você comer.  –me entregou algumas peças e saiu do cômodo. Notei que meu corpo estava levemente suado e preferi tomar o banho, gelado de preferência.

Quando terminei o banho e me vesti, senti um cheiro maravilhoso e o segui. Dei alguns passos e me deparei com a porta da cozinha.

Ele estava de costas para a porta, apenas mexendo nas panelas, mas notou a minha presença.

-Sente-se.  –obedeci.   –Coma isso e depois te levarei para sua casa.

-Não precisa.

-Eu não quero discutir com você. Coma logo.

-Aff!  -hum... Ele cozinha bem.  –Está gostoso...

-Obrigado.  –sorriu de canto.

-Queria saber por que você é... assim.  –murmurei.

-Assim como?

-Grosso e arrogante.

-Eu simplesmente sou assim. E você também complica muito as coisas com o seu temperamento.

-Meu temperamento?

-Você é estressada e complicada.

-Eu não sou assim! É você que me estressa com esse jeito “Eu sou superior”.  –fiz aspas e enfatizei.

-E você é uma pirralha irritante!

-Quer saber, eu vou pra casa! Você poderia pelo menos fazer o favor de me entregar meu capacete?

-Toma.

-Adeus Uchiha!

-Até a aula... Haruno.

• • •

-Vai querer?  -Hinata me estendeu uma lata de refrigerante.

-Não to afim.

-O que deu nela, Ino?

-Ta assim desde que chegou da casa do Uchiha ontem à noite.

-O que você foi fazer na casa dele?  -Temari entrou na conversa.

-Fui estudar e me arrependi amargamente.

-Não foi o que pareceu...

-Como assim. Ino?

-Meninas, a nossa amiga voltou tarde da noite, com as roupas dele e de cabelo molhado.

-Rolou festinha, foi?  -Temari e seus comentários.

-Eu apenas passei mal.

-Isso é o que você diz.  –até a Hinata?

-Eu não acredito.  –as loiras falaram juntas e se entreolharam.

-Haruno, posso falar com você?  -falando nele...

-Seja rápido.  –o levei até um canto afastado do refeitório e o coloquei contra a parede.  –Eu não tenho tempo.

-O seu livro e suas roupas.

-Depois eu te entrego suas coisas, agora tchau.  –peguei o pacote e virei de costas, mas ele me puxou.

-Qual o motivo do seu ódio por mim?

-Simplesmente não vou com a sua cara.  –sorriu.

-Não se esqueça que temos que hoje.

-Eu estudei sozinha e acho que pode fazer o mesmo. Com licença.