Único - Eu... G-g-osto de v-você, Gaara-kun

O menino Sabaku dirigia lentamente. Enquanto na poltrona atrás dele, Naruto discutia fervorosamente com Sasuke – o que não era novidade – o ruivo observava o carro ao lado. O bmw de Neji não era humilde – tratando-se de Neji, nada era humilde – mas ele deixava que sua namorada, TenTen, o dirigisse tranqüilamente.

Olhou para a menina que se encontrava ao lado de TenTen no banco da frente. A mesma possuía os cabelos azulados presos em um rabo de cavalo, e tentava, a muito custo, ler um livro. Mas como Gaara conseguia ouvir os berros da Yamanaka e da Haruno de seu próprio carro, imaginou que Hinata não conseguiria estar lendo nada. Afinal, sabia que a Hyuuga só conseguia ler com tranqüilidade. Com silêncio.

Era realmente de se impressionar como sabia tantos detalhes da Hyuuga. Ele mesmo se impressionava, afinal, ela nunca lhe dera muita bola. Sempre estivera olhando para o loiro de olhos azuis que se encontrava no banco de trás do carro de Gaara.

Gaara olhou para o banco de trás, discretamente. Naruto tinha colado um chiclete no cabelo de Sasuke, fazendo o mesmo se irritar com o loiro. Gaara assustava-se com o fato de saber que alguém tinha se encantado com Naruto. Em sua opinião, ele não era nada encantador.

-         Ei Gaara... – começou Shikamaru, também do banco de trás – Quanto falta para...

-         Cinco minutos – antecipou o ruivo.

-         Não agüento mais esses dois brigando – Shikamaru bufou. – Neji, você é um cara de sorte. Isso aqui atrás está tão problemático.

-         Que sorte? – reclamou o Hyuuga que estava ao lado de Gaara – Não sou surdo. Posso ouvir tudo perfeitamente daqui. Infelizmente posso.

-         Bah – Shikamaru bufou – mas você não está o lado das criaturas.

Exatamente como o ruivo preveu, cinco minutos se passaram e estavam em seu destino. Entraram na casa que se encontrava em sua frente. Temari estava feliz ali para recebe-los, e Gaara notou que todos ficaram realmente impressionados com a casa e a recepção que tiveram. O ruivo apenas jogou sua mochila no sofá, e foi para o jardim. Aquilo ali não o interessava.

O jardim era realmente belo. Possuía belas árvores fortes e robustas, um chafariz em seu centro. Gaara lembrou-se de quando era criança. Que era ali que gostava de ir quando estava com medo. Quando estava com raiva. Quando estava alegre.

Resumindo: O ruivo gostava do lugar. Não sabia se era por sua beleza, ou pelo fato dele ter sempre lhe parecido acolhedor. Por todas as vezes que fora lá, e o céu pareceu-lhe acolhedor. Era nostálgico. Fazia-lhe bem.

No entanto, o Sabaku queria mais. Era sedento de algo que nunca tivera. Mesmo com Temari, mesmo com Kankuro. A palavra amor não pertencia ao seu dicionário. Ninguém gostava do mesmo. Ninguém o amava.

Mesmo que os outros tivessem topado viajar para sua casa. Tinha sido um convite de Temari, apenas de Temari, e ele aceitara conduz-los até lá simplesmente porque não tinha mais nada o que pudesse fazer.

Sentiu a presença de alguém no ambiente. Virou-se, com uma certa frieza no olhar. Viu a menina Hyuuga com seu livro na mão, aproximando-se. Ela estava corada, claramente, por estar na presença de um menino. E se fosse Naruto então? Já teria desmaiado.

O olhar frio e congelante de Gaara se desfez ao vê-la. O que aquela menina tinha? Que eram opostos, tanto Gaara quanto Hinata poderiam afirmar. Fogo e Gelo.Ying e Yang. A boneca que quebra e o boneco inquebrável. Mesmo assim... Mesmo assim os olhos pérola que agora encaravam Gaara, confusos, atingiam o seu coração de algum modo. De algum modo que ele mesmo não entendia.

-         O... O que quer, Hyuuga? – perguntou frio, como sempre.

-         Gaara-kun... Não vai se juntar a nós?

Gaara olhou para Hinata. Ela brincava com os dedos, insegura. Aquelas palavras tinham assustado-o. Então... Ela se importava com ele? Queria vê-lo junto de todos? Com todos?

-         Porque eu iria? – perguntou o ruivo mais para si mesmo do que para a menina.

-         P-p-porque... – ela hesitou – p-porque gostamos de você, Gaara-kun.

Gaara gargalhou. Não acreditava naquelas palavras tolas da menina. As pessoas não gostavam dele. Não costumavam amá-lo.

A Hyuuga encolheu-se com a gargalhada estridente do mesmo. Viu que o menino tinha um ódio no olhar, um ódio que nunca entenderia o porque. Mais sentia que queria, a todo custo, extermina-lo. Era isso mesmo. Queria extrair toda a dor que Gaara sentia.

-         Alguém gostando... De mim? – perguntou ele, dessa vez, encarando a Hyuuga. Estava frente a frente com ela, corpo a corpo. Ainda ria sinistramente, o que fazia Hinata se esquivar, mais logo assumir uma postura firme – todos sempre me odiaram, Hyuuga. Eu já estou acostumado com a dor. Com a solidão. E... – ele engoliu a saliva, nervoso – não preciso que... Gostem de mim. Também por que sei que isso não é verdade.

Gaara a encarou, furiosamente. Viu que os olhos da menina estavam marejados. Seu ódio, sua raiva, todos sumiram. Queria toca-la. Queria acolhe-la. Dizer que estava ali com ela. Sentiu arrependimento. Sentiu culpa.

Hinata pegou as mãos do ruivo, e as apertou.

-         Eu... G-g-osto de v-v-ocê, Gaara-kun.

O ruivo foi surpreendido por um beijo leve. Seu cérebro dizia para afastar a Hyuuga, para não deixar que fizesse isso com o mesmo. Mais o seu coração dizia algo diferente. O impediu. Fez com que o ruivo fizesse ao contrário. Retribui-se aquele beijo tímido, delicado.

Depois de um tempo, separaram-se. A Hyuuga abaixou a cabeça, e sorriu. Pegou a mão do Sabaku, e disse-lhe:

-          Venha. Antes que o dia termine, vou fazer todos gostarem de você.